O documento discute a importância do lúdico e dos jogos no processo de alfabetização e aprendizagem das crianças. Apresenta diferentes abordagens teóricas sobre o tema e destaca que, através de atividades lúdicas, as crianças desenvolvem habilidades como raciocínio, criatividade e socialização. Também discute tipos de jogos e como eles podem ser usados pelo professor para estimular diferentes aprendizagens.
2. Lúdico, do latim ludus, originalmente
associado à brincadeira, ao jogo, ao
divertimento. Essencial ao
desenvolvimento humano.
O LÚDICO faz parte do cotidiano das crianças.O LÚDICO faz parte do cotidiano das crianças.
A discussão sobre o relacionamento entre lúdico e
sala de aula deve-se à influência de diferentes
abordagens teóricas.
3.
4. De acordo com os estudos de Piaget
(1984), a atividade lúdica é um princípio
fundamental para o desenvolvimento
das atividades intelectuais da criança
sendo, por isso, indispensável à pratica
educativa.
5. Em contraste, na constituição da
cultura escolar, o lúdico foi
excluído durante muito tempo,
pois o aprender não combinava
com brincar, rir e se divertir.
6.
7. “A ludicidade nos estimula no sentido de
desenvolvermos diferentes habilidades nos
campos da expressão (oral, corporal, etc.) e da
criatividade. Livres para criar, é brincando que
as crianças (re)traduzem seus universos e
significam jogos e brincadeiras,
(re)descobrindo letras e fonemas, (re)
escrevendo histórias, que retratam vidas”
(SILVA; LIMA, 2012, p. 11)
8. Destacamos que ao tratarmos das brincadeiras e jogos, não
nos referimos apenas aos que ajudam na aprendizagem do
sistema alfabético, mas também aos que auxiliam na
aprendizagem de todos os conteúdos dos outros
componentes curriculares.
9. Na escola, esses jogos podem auxiliar muito o aprendizado da língua
materna, além de facilitar o acesso das crianças à leitura autônoma, pois
antecede o trabalho de decodificação do texto escrito, aproxima os
estudantes das situações vivenciadas fora da escola.
10. JOGOS
-expressão cultural de diferentes grupos sociais, do
campo e da cidade;
- evidenciam a importância da dimensão lúdica,
entendida como dimensão do prazer, do entretenimento,
da diversão, para as pessoas e grupos;
- através dos jogos, crianças e/ou adultos se engajam
num mundo imaginário, regido por regras próprias que,
geralmente, são construídas a partir das próprias regras
sociais de convivência.
11. Os jogos ou atividades de análise
fonológica levam os aprendizes a
pensar nas palavras em sua
dimensão não só semântica, mas
também sonoro-escrita.
Refletir sobre a relação entre a
escrita e a pauta sonora ajuda os
estudantes a estabelecer e
sistematizar as relações entre letras
ou grupos de letras e os fonemas
com mais eficiência, princípio
fundamental na alfabetização.
12. JOGOS DE CONSTRUÇÃO
auxiliam no desenvolvimento de
múltiplas habilidades como as
noções de equilíbrio, de
diferenciação de espaços e formas,
dentre outras.
13. CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS
(BRANDÃO, 2009 apud SILVA; LIMA, 2012)
JOGOS DE REGRAS
o objetivo é atender às regras que foram
compartilhadas, embora as mesmas, muitas vezes,
estejam vinculadas a um mundo construído no
imaginário dos jogadores. Contribui,
consideravelmente, para desenvolver, nos jogadores
(indivíduos e grupos), não só atitudes sociais, morais
e éticas, mas também o princípio de colaboração e
solidariedade, sobretudo, nos jogos em equipe.
14. JOGOS DE ENREDO O foco são as
representações de situações, narrativas e a vivência
de histórias, muitas vezes, fundamentadas em
recortes da vida cotidiana, ou mesmo em contos,
mitos e lendas. A importância desse tipo de jogo
está no seu funcionamento com instrumento de
desvelamento do mundo, visando ao enfrentamento
da realidade, na medida em que amplia “as
possibilidades de ação e compreensão do mundo”.
“Os jogos de enredo, portanto, fazem com que as
crianças experimentem a vida em sociedade e
exerçam papéis sociais diversos, de modo que as
regras sociais são o alicerce da brincadeira”
(BRANDÃO, 2009 apud SILVA, LIMA 2012, p.19).
15. Para Leal, Albuquerque e Leite (2005 apud SILVA;
LIMA, 2012, p. 19),” os jogos podem auxiliar em
diferentes etapas do processo de alfabetização.
Destacamos, dentre estas etapas, a descoberta
das propriedades do sistema de escrita, na
reflexão fonológica ou na apropriação do SEA.
Nesse sentido, tais autoras reforçam que “lançar
mão da bagagem cultural desses alunos e da
disposição que eles têm para brincar com as
palavras é uma estratégia que não se pode
perder de vista, se quisermos um ensino
desafiador lúdico e construtivo” (LEAL,
ALBUQUERQUE;LEITE, 2005, apud SILVA;
LEITE, 2012, p.19).
16. “Nos momentos de jogo, as crianças mobilizam
saberes acerca da lógica de funcionamento da
escrita, consolidando aprendizagens já realizadas
ou se apropriando de novos conhecimentos nessa
área. Brincando, elas podem compreender os
princípios de funcionamento do sistema alfabético
e podem socializar seus saberes com os colegas.
No entanto, é preciso estar atento que nem tudo se
aprende e se consolida durante a brincadeira”
(SILVA; LIMA, 2012, p. 21).
19. Através dos jogos o professor poderá
compreender também se o aluno
compreende os textos lidos pela professora
e consegue apreender o sentido global, se
lê textos curtos com autonomia, se
demonstra interesse em ler, entre outras
habilidades.
20. “OS JOGOS NÃO SÃO APENAS UMA FORMA DE DESAFOGO OU
ENTRETENIMENTO, PARA GASTAR A ENERGIA DAS CRIANÇAS, MAS
MEIOS QUE ENRIQUECEM O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL”
21. No jogo as crianças têm oportunidade de
incrementar suas capacidades de
memorização, enumeração, socialização,
articulação, entre outras.
22. “[...] a experiência do brincar ‘não é
simplesmente reproduzida, e sim recriada a
partir do que a criança traz de novo, com o seu
poder de imaginar, criar, reinventar e produzir
cultura’ (BORBA, 2012, p.36). Além disso, “o
brincar envolve, portanto, complexos
processos de articulação entre o já dado e o
novo, entre a experiência, a memória e a
imaginação, entre a realidade e a fantasia”.
(BORBA, 2012, p.38).
23. “O brincar é uma atividade humana criadora,
na qual imaginação, fantasia e realidade
interagem na produção de novas
possibilidades de interpretação, de
expressão e de ação pelas crianças, assim
como de novas formas de construir relações
sociais com outros sujeitos, crianças e
adultos” (VYGOTSKY, 1987, p.37)
24. O lúdico vai além do jogar ou
brincar, mas poderia ser entendido
como aquilo que é feito de forma
espontânea ou livre e, sobretudo, que
resulta numa experiência de
plenitude, alegre e agradável
(LUCKESI, 2000 apud SILVA; LIMA,
2012, p. 11).
25. Diferentes correntes teóricas (construtivistas,
sociointeracionistas) apontam a importância do
lúdico para a aprendizagem das crianças. É
possível afirmar que, desde o nascimento, as
crianças, de alguma forma, brincam.
Mas como aproveitar esta aptidão
nata das crianças para
potencializar a alfabetização no
universo escolar?
26. Nesse universo, as crianças devem assumir um papel
ativo no contato direto com os objetos com os quais
brinca, definindo e cumprindo regras, almejando
alcançar objetivos pré-estabelecidos. Ao educador cabe
um papel de mediador, que, ao mesmo tempo em que
acompanha o envolvimento da criança, do grupo, no
brincar, pode problematizar a brincadeira, propor
elementos ainda não despertados pelos brincantes.
Mas que tipo de brincadeiras
poderia estimular o processo de
alfabetização?
27. “É preciso compreender que nenhuma das
brincadeiras propostas traz conhecimentos
prontos e, portanto, não pode ser utilizada
como única estratégia para alfabetizar. O seu
uso deve ser combinado com outras
estratégias didáticas e, em todas as situações,
o educador tem o papel de avaliar a sua
eficácia, a partir do objetivo proposto”
(SILVA; LIMA, 2012, p. 14)
28. Ensinar o SEA, leitura e produção de textos, de modo
integrado às aprendizagens relativas a todos os
componentes curriculares.
29.
30. Direitos de aprendizagem em
Matemática
O ensino da Matemática é previsto na Lei
9.394/96, e no artigo 32, é proposto que é
necessário garantir “o desenvolvimento
da capacidade de aprender, tendo
como meios básicos o pleno domínio
da leitura, da escrita e do cálculo”
(BRASIL, 1996).
31. Direitos gerais de aprendizagem: Síntese
Ano 1 Ano 2 Ano 3
NÚMEROS E OPERAÇÕES
- Identificar os números em diferentes
contextos e funções;
- utilizar diferentes estratégias para quantificar, comparar
e comunicar quantidades de elementos de uma coleção,
nas brincadeiras e em situações nas quais as crianças
reconheçam sua necessidade.
-Elaborar e resolver problemas de estruturas
aditivas e multiplicativas utilizando estratégias próprias
como desenhos, decomposições numéricas e palavras.
I A A
32. Direitos gerais de aprendizagem: Síntese
Ano 1 Ano 2 Ano 3
GEOMETRIA
- Explicitar e/ou representar informalmente a posição de
pessoas e objetos, dimensionar espaços, utilizando
vocabulário pertinente nos jogos, nas brincadeiras e nas
diversas situações nas quais as crianças considerarem
necessário essa ação, por meio de desenhos, croquis,
plantas baixas, mapas e maquetes, desenvolvendo
noções de tamanho, de lateralidade, de localização, de
direcionamento, de sentido e de vistas.
-Descrever, comparar e classificar
verbalmente figuras planas ou espaciais por
características comuns, mesmo que apresentadas em
diferentes disposições (por
translação, rotação ou reflexão), descrevendo a
transformação com suas próprias palavras.
I A A
33. Direitos gerais de aprendizagem: Síntese
Ano 1 Ano 2 Ano 3
GRANDEZAS E MEDIDAS
- Comparar grandezas de mesma natureza,
por meio de estratégias pessoais e uso de instrumentos
de medida adequado com compreensão do processo de
medição e das características do instrumento escolhido.
- Fazer estimativas;
- Reconhecer cédulas e moedas que circulam no Brasil.
I A A
34. Direitos gerais de aprendizagem: Síntese
Ano 1 Ano 2 Ano 3
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
- Ler, interpretar e transpor informações
em diversas situações e diferentes configurações
(anúncios, gráficos, tabelas, propagandas), utilizando-as
na compreensão de fenômenos sociais e na comunicação,
agindo de forma efetiva na realidade.
- Formular questões, coletar, organizar,
classificar e construir representações próprias para a
comunicação de dados coletados.
I A A
35. O ENSINO DE HISTÓRIA (S) E
DA MATEMÁTICA: em ritmo
dos jogos e das brincadeiras
Maria
Thereza Didie
Rosinalda Teles
37. Durante muito tempo o significado mais comum da
disciplina História estava associado ao estudo de
datas, fatos e pessoas ligadas a acontecimentos de
um passado remoto.
Atualmente alguns historiadores compreendem que
existem várias maneiras de narrar e ensinar história,
considerando as narrativas como caminhos
importantes de elaborar as nossas maneiras de
estar no mundo.
38. Nessa perspectiva, o cotidiano e as
pessoas comuns começam a ser
vistos como partes da História e
tudo o que as pessoas produzem
no seu dia a dia pode ser tomado
como possibilidade para se pensar
a História.
39. PAPEL DOCENTE NO TRABALHO NO
TRABALHO COM A LUDICIDADE
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA E MEDIAÇÃOINTERVENÇÃO PEDAGÓGICA E MEDIAÇÃO
Ação consciente
sobre uma
situação
Agir sobre determinada situação,
após diagnosticá-la, analisá-la,
planejar uma forma de ação,
desenvolvê-la e avaliar os seus
resultados.
41. - Seleção de recursos didáticos, em consonância com
seus objetivos ao alfabetizar;
- Avaliação das possibilidades de eficácia;
-Planejamento sistemático de ações para o melhor
aprendizado das crianças.
-Ação mediada
-Avaliação dos resultados
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICAINTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
42. Mrech (2003, p. 128) citado por
Brandão (2009, p.14) nos traz um
argumento interessante ao afirmar
que:
“brinquedos, jogos e materiais
pedagógicos não sãonão são objetos
que trazem em seu bojo um
saber pronto e acabado. Ao
contrário, eles são objetos que
trazem um saber em potencial.
Este saber potencial pode ou
não ser ativado pelo aluno”.
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43. Kishimoto (2003 apud LIMA;
SILVA, 2012, p. 31) destaca que:
“a utilização dos jogos
potencializa a exploração e
construção do conhecimento,
por contar com a motivação
interna, típica do lúdico, mas o
trabalho requer a oferta de
estímulos externos e a influência
de parceiros bem como a
sistematização de conceitos em
outras situações que não jogos”.
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44. A mediação docentemediação docente nas atividades com os jogos
Sob o entendimento de que os jogos são recursos que, por si só,
não trazem um saber acabado, é preciso considerar que os
conhecimentos mobilizados pelos jogos podem ou não serem ativados
pelas crianças. Compreendendo que a criança é um ser ativo e que a
aprendizagem da leitura e da escrita são processos que envolvem
processos mentais, ressaltamos que, nas situações em que as crianças
estão jogando, o professor assume um papel preponderante não só
por intermediar as trocas entre as crianças, mas, principalmente,
por potencializar os conflitos. Trata-se de relacionar a qualidade de
aprendizagem com a qualidade de mediação docente.
45. O professor:
-favorecerá a relação entre o estudante e o objeto de aprendizagem,
criando oportunidades e metodologias favoráveis para que o aprendizado
ocorra.
-dinamiza o grupo pela sua atitude de escuta, atenção e entusiasmo
diante do sucesso da criança e encorajamento diante da derrota
e ajuda na construção da noção de regra.
-desempenha um papel central no planejamento das situações,
e no acompanhamento dos estudantes durante as atividades.
46. - Explorar os jogos no momento oportuno, considerando os aspectos
que podem ser contemplados para que as crianças desenvolvam o
raciocínio e construam O conhecimento de forma descontraída.
-É sua função prever o quanto de aprendizagem determinado jogo
pode promover para determinado estudante.
-Entrega, dedicação e positividade são as três qualidades que não
podem faltar no professor que busca no educando um sujeito ativo,
Interativo e inventivo, sem esquecer de propiciar-lhe liberdade de ação.
47. -O professor, mediador e motivador da
aprendizagem, precisa ficar atento às
possibilidades e limitações no processo de
apropriação do conhecimento pela criança.
(ANTUNES, 1999).
“O professor desempenha papéis fundamentais,
mediando as situações e criando outras
situações extra-jogo para sistematização dos
conhecimentos”.
(LEAL et al 2005 apud LIMA; SILVA, 2012, p. 35)
48.
49. Ao brincar com as palavras, as crianças terão a
oportunidade de compreender a lógica do SEA.
Nesta perspectiva, os jogos se configuram como um recurso
em potencial para as crianças e uma alternativa didática para
o professor.
No entanto, ressaltamos que outras atividades para o ensino
de língua materna nos anos iniciais precisam estar
presentes na organização da rotina escola: “os jogos não
podem ser utilizados como únicos recursos didáticos no
processo inicial da aprendizagem da leitura e escrita, pois
eles, por si sós, não garantem a apropriação dos
conhecimentos visados”. tal como destacam
(SILVA;
MORAIS, 2011 apud LIMA; SILVA, 2012, p. 37).