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Design de Moda - Habilitação em Estilismo
Materiais Têxteis I
Professora Mitiko Medeiros Kodaira
1° Semestre
GUIA DE TECIDOS
SENAC
Março de 2018
Bruna Conceição Carvalho
Elaine Cristina Santana da Silva
Lívia Bonato de Oliveira
Marina Frota e Silva
Vivian Vianna Leal Kenski
"In order to be irreplaceable one must always be different."
Coco Chanel
ÍNDICE
1 - Introdução
2 - Tecidos Planos
2.1 - Brim
2.2 - Cambraia
2.3 - Cetim
2.4 - Chambray
2.5 - Chiffon
2.6 - Chita
2.7 - Crepe
2.8 - Denim
2.9 - Gabardine
2.10 - Lamê
2.11 - Linho
2.12 - Laise
2.13 - Musseline
2.14 - Organza
2.15 - Piquê
2.16 - Seda
2.17 - Shantung
2.18 - Tafetá
2.19 - Tricoline
2.20 - Tweed
2.21 - Veludo
2.22 - Viscose
3 - Padronagens
3.1 - Chevron
3.2 - Espinha de peixe
3.3 - Quadriculado
3.4 - Xadrez
3.4.1 - Principe-de-gales
3.4.2 - Pied-de-poule
3.4.3 - Tartan
3.4.4 - Vichy
4 - Tecidos de Malha
4.1 - Gorgurão
4.2 - Helanca
4.3 - Jersey
4.4 - Lamê
4.4 - Liganete
4.5 - Meia malha
4.6 - Moletom
4.7 - Tule
4.8 - Viscolycra
5 - Tecidos laçada
5.1 - Renda
6 - Tecidos especiais
6.1 - Neoprene
7 - Tecidos para forro
8 - Aviamentos
8.1 - Botões
8.2 - Cochetes
8.3 - Cordões e vivos
8.3 - Elástico
8.4 - Entremeio
8.5 - Entretela
8.6 - Fitas
8.7 - Ilhós
8.8 - Paetês e lantejoulas
8.9 - Passamanaria
8.10 - Sianinha
8.11 - Soutache
8.12 - Velcro
8.13 - Zíper
9 - Dicas finais
9.1 - Painel de inspiração
9.2 - Passadoria
10 - Referências
-- 1 --
I N T R O D U Ç Ã O
O conhecimento de diferentes tecidos e o entendimento de como aplicar suas diversas
qualidades é uma habilidade fundamental para um designer de moda. Cada tecido tem sua
própria personalidade estética, a qual pode proporcionar inspiração por meio de sua aparência,
sensação tátil e manuseio.
Para alguns estilistas, o tecido é o ponto de partida das pesquisas e dita o tema ou a atmosfera
da coleção. Outros, decifram a pesquisa primeiro e, ao longo da jornada, interpretam as
informações em tecidos e cores.
Os tipos de tecidos para o processo de confecção da roupa devem ser escolhidos de acordo
com a intenção criativa. Ao fazer essa escolha, é necessário considerar, além da paleta de
cores e o tema da coleção, as características dos tecidos, como toque, caimento e elasticidade.
Existe uma ampla gama de
tecidos disponíveis. Eles têm
diferentes tratamentos, pesos,
texturas e propriedades que são
específicas para certos desenhos
de vestuário, setores do mercado
e estações do ano. Os tecidos
escolhidos para uma coleção
devem ser apropriados para o
propósito das peças.
Por isso, a escolha do tecido é a
chave para a construção de uma
coleção harmônica e adequada
aos objetivos que se deseja
atingir, ao uso proposto para as
roupas e ao público-alvo que se
tem em vista.
Uma sugestão dada por Jennifer
Prendergst, no livro Técnicas de Costura, para evitar alguns problemas que podem surgir
durante o processo de seleção do tecido é contatar o fornecedor, pois muitos deles oferecem
pequenas amostras para que sua adequação possa ser avaliada.
- 2 -
T E C I D O S P L A N O S
Os tecidos planos podem ter diferentes pesos, desde os mais leves, passando pelos médios,
até os mais pesados. Grande parte é feita de fibras naturais, como algodão, seda e linho, mas
também há as misturas sintéticas. Geralmente, são muito duráveis e podem ser cortados e
costurados mais facilmente, pois têm pouca elasticidade.
A característica principal dos tecidos planos é seu entrelaçamento, formado por dois conjuntos
de fios em ângulos de 90o . Um desses conjuntos, o urdume, é composto por fios dispostos no
sentido longitudinal do tecido; o outro, a trama, fica disposto no sentido transversal,
perpendicular ao urdume. Os tecidos planos apresentam, basicamente, quatro variedades
principais:
Tecido liso: Apresenta aspecto uniforme, em qualquer estampa. Ligamento tafetá, sarja ou
cetim. A parte mais importante destes tecidos é o acabamento, que deve dar valor aos fios, à
padronagem e ao toque final. Exemplos: cambraia, cetim, crepe, brim, gaze, veludo.
Maquinetado: Tem aspecto mais fantasioso, o qual pode ser obtido pela trama de fios ou por
tratamento de acabamento. Exemplos: xadrez, listrado, barrado, shantung.
Jacquard: Mostra o efeito decorativo reproduzido por meio da tecelagem. Os inúmeros
desenhos surgem do entrelaçamento dos fios, que variam na cor e no brilho. Seu aspecto final
resulta no cruzamento livre dos fios do urdume e de trama, geralmente tintos ou fantasia.
Estampado: Aquele que na fase do acabamento recebe a aplicação de desenhos e cores.
Ao utilizar alguns tecidos planos, como os de algodão, é preciso assegurar-se de que tenha
sido pré-encolhido antes de ser cortado. Caso contrário, a peça encolherá após ser passada ou
lavada, o que causará problemas com ajustes e tamanhos.
2.1. BRIM
É um tecido forte, com trama em sarja (estrutura de tecelagem que possui repetição mínima de
três fios urdume e trama, e distingue-se por sua diagonal bem definida), de algodão (origem
vegetal – fibra curta, derivada de semente). Assemelha-se ao coutil, jeans e denim. Apresenta
um aspecto liso simples e grosso e, por ser um tecido firme, tem a capacidade de se sujar
menos e é mais prático e resistente.
Originário de Nimes, França, era fabricado antes de 1800 e utilizado para fazer roupas baratas
e resistente para os trabalhadores. Os seus primeiros importadores foram os italianos, que
confeccionavam com o material os uniformes dos marinheiros que trabalhavam no porto de
Gênova.
É um tecido 100% de algodão e, atualmente, tem suas variações: brim com elastano, com
lycra®, com strech, com brilho, peletizado, acetinado, leve, pesado, entre outros.
A qualidade do algodão, matéria prima do brim, varia por conta do tipo de algodoeiro, já que
apresentam diversidades de fibras, que podem ser mais compridas que outras. Entretanto, o
conceito de qualidade do algodão sofreu modificações no passado em função das
determinações tecnológicas.
O brim é muito usado na confecção de calças, bermudas, uniformes, etc e também em
decoração e roupa de casa almofadas, toalhas de mesa, etc.
Atualmente, o tecido apresenta diversos modelos e cores, inclusive o preto, que é bastante
usado pelos góticos.
2.2. CAMBRAIA
Tecido fino, leve e transparente, de toque agradável. É composto de algodão, algodão de
origem mista ou linho. É produzido por ligamento tafetá e recebe tratamento de goma.
Tem peso médio e é composto por fios de urdume brancos e fios de trama coloridos
contrastantes. Quando produzido em linho, tem a tendência de amassar bastante.
No século XIX e início do século seguinte, era muito usado para fazer roupas íntimas e blusas
delicadas.
Com aparência despojada, compõe atualmente looks casuais. A cambraia de linho é um tecido
nobre, frequentemente usado para a confecção de roupas de bebês para batizados e festas.
Também está disponível a cambraia de lã, com ligamento sarja, usada em ternos elegantes.
2.3. CETIM
O cetim pode ser feito de fibras de seda, algodão, poliéster, acetato ou viscose e composição
com elastano. É um tecido de textura suave e, devido à sua estrutura de trama fechada
(urdume por cima da trama ou vice-versa) é muito brilhante e sedoso.
Originário da China. Seu nome veio de Quanzhou (antes conhecida como Zaitun), uma cidade
portuária da China. Os chineses usavam o cetim na confecção de túnicas. No século XII foi
disponibilizado na Itália e no século XIV para toda a Europa. Porém, por ser um tecido de alto
custo, apenas a nobreza o utilizava.
Esse tecido apresenta algumas variações:
De seda: tecido mais pesado, brilhante e encorpado.
Duchess: cetim firme, encorpado, estruturado e com brilho intenso.
Com Elastano: brilhante, aspecto mais contemporâneo e confortável, encorpado; justa no
corpo, tornando a silhueta sexy e acentuando uma sensualidade velada.
O cetim é utilizado em lingeries, vestuários formais, forros de jaquetas e casacos, vestidos de
noiva, roupas de festa, figurino e fantasia, sapatos e sapatilhas de ballet e na decoração em
estofados e roupas de cama.
O cetim duchess é utilizado em alta costura, especialmente para vestidos de noivas ou peças
estruturadas. Já o cetim com elastano é ideal para confecção de qualquer peça sofisticada.
2.4. CHAMBRAY
Chambray é um tecido plano, feito a partir de um fio colorido no urdume e um fio branco na
trama, entrelaçando-se entre si. Seu lado avesso assemelha-se com sua face. Ele pode
apresentar tanto um peso leve, usado em criações mais sofisticadas e também casuais, quanto
ser mais pesado, usado em trajes mais casuais e com maior durabilidade. Quando comparado
ao denim, o chambray é mais leve e maleável.
Sua composição original é 100% algodão, mas existem misturas com outras matérias primas.
Pode juntar-se a seda ou misturá-los.
Foi criado perto da cidade de Chambray, França, pelo tecelão Jean-Baptiste Chambray. No
século XVIII, proibiram a importação do Chambray francês para a Inglaterra, assim outros tipos
de algodão se tornaram comuns no local. Depois que a marinha autorizou o uso do tecido, em
1901, o tecido tornou-se popular.
O chambray era utilizado, antigamente, em peças eclesiásticas, vestuário infantil, babados,
camisas, lenços, entre outros. Atualmente é usado em camisaria, bermudas, jaquetas, vestidos,
tênis e acessórios.
2.5. CHIFFON
Com apenas 12 a 15 gramas por metro, o chiffon de seda é um tecido plano com um leve toque
de crepe e trama aberta, diáfana, obtida pelo uso alternado de fios torcidos em S e em Z. Pode
ser produzido com pesos maiores (cerca de 17 gramas por metro) e em duas cores.
O nome significa ‘trapo’ em francês, porém é um tecido que possui alta qualidade, além de ser
muito fino e transparente de seda ou de fibras químicas sintéticas (normalmente poliéster ou
poliamida) e tem aspecto encrespado, resistente e com fios com grande torção (feito com um
fio solto fortemente torcido e um fio liso solto), e mesmo assim possui muita leveza. Devido a
sua delicadeza requer atenção na lavagem.
Desde o início do século XX, lenços de chiffon têm entrado e saído da moda.Embora seja leve,
o chiffon aguenta bordados pesados e, por isso, é uma escolha comum de estilistas para a
confecção de roupas de noite luxuosas.
O termo chiffon quando combinado com outro nome de tecido, significa dizer que este possui
leveza, exemplo: crepe chiffon, tafetá chiffon, veludo chiffon.
2.6. CHITA
Tecido leve de algodão cardado,
geralmente estampado em
diversas cores e com desenhos
de flores, composto de algodão
e poliéster.
Chintz era originariamente um
tecido estampado produzido na
Índia de 1600 a 1800. Por volta
d e 1 6 0 0 , m e r c a d o r e s
portugueses e holandeses
levaram a chintz para a Europa,
onde era comercializado como
um tecido raro e de alto custo.
Veio para o Brasil com os
europeus a partir de 1800 e,
após um longo processo
burocrático, passou a ser
produzido aqui no Brasil, o que
acarretou no barateamento do
s e u c u s t o e n a s u a
popularização.
Modelos de chita criados pela estilista
Zuzu Angel nos anos 1970. A brasileira
foi responsável por dar visibilidade ao
tecido que se tornou a cara do Brasil.
2.7. CREPE
Tecido com aspecto granulado e toque áspero, obtido pela alta torção de seus fios químicos ou
naturais. A elevada torção provoca encolhimento dos fios durante o tingimento, proporcionando
o aspecto opaco e seco.
Clássico e leve, pode ser feito tanto em ponto tafetá quanto em ponto de cetim. Possui grande
variedade de espessuras e pode ser produzido com ou sem elastano. O crepe quando utilizado
em vestimentas, costuma exigir forro.
Seu nome é derivado da palavra francesa crêpe, que significa “crespo”. Foi bastante usado no
final do século XVII, quando o luxo marcou a sociedade francesa. Porém o estilo sofreu uma
reviravolta com a queda de Luís XVI e Maria Antonieta, com a Revolução Francesa, tornando
simplicidade a palavra- chave da época, fazendo com que os tecidos mais finos como o crepe
fossem deixados de lado. Obtém destaque na moda novamente nos anos 1940.
Características:
● Leve e fino
● Maleável
● Superfícies diferenciadas como ásperas ou enrugadas
● Não encolhe
● Diferentes pesos e graus de pureza
● Resistente e fácil para cortar e costurar
● Fluído
Alguns tipos de crepe disponíveis são:
Crepe Triacetato: com grande aceitação por ser ótimo tanto para alfaiataria quanto para ser
mesclado com mais tecido nobres (georgette e seda). É um tecido ideal para roupas de festas,
pois é fácil de conservar e não amassa fácil. Composição: 71% acetato, 21% poliéster.
Crepe romain: originário da Itália, é um tecido de seda mais encorpado e fechado que o
georgette. Aplicado em peças elaboradas, modelando facilmente e com excelente caimento.
Crepe acetato: encorpado, excelente caimento sendo perfeito para alfaiataria e vestidos.
Crepe da China: tecido de seda ou fibras químicas sintéticas (em especial o poliéster, fino e
leve). Em seu urdume são mostrado fios com menor torção e a trama é construída de fios
retorcidos dispostos alternados: dois fios com torção em S e dois fios no sentido Z.
Crepe de lã: feito de lã penteada, com a tecelagem de fios sobretorcidos tanto no urdume
quanto na trama, alternados.
Crepe georgette: produzido de seda, poliéster, viscose, com superfície levemente crespada.
Trata-se de um musseline mais pesado, transparente ou não, com um lado áspero.
Crepe changeant: parecido com o crepe chiffon ou musseline, tem efeito furta-cor no lado
direito e fosco no avesso.
Crepe chiffon: semelhante ao musseline, geralmente de poliéster, sendo muito leve e
transparente, com textura levemente enrugada, macio e fluido.
Crepe madame ou chanel: tecido grosso, acetinado, efeito fosco no avesso, podendo ser
utilizado dos dois lados.
Crepe marrocain: originário do Marrocos, similar ao crepe da China, porém é mais pesado e
granulação acentuada. Tecido feito de seda ou fibras químicas sintéticas, em especial o de
poliéster.
2.8. DENIM
O denim se tornou um clássico na moda. Atemporal e popular, está presente no guarda-roupas de pessoas de
praticamente todos os estilos e classes. Hoje, é usado até mesmo na criação de modelos de alta costura, como
neste vestido da coleção primavera/verão 2017 de Carolina Herrera.
O denim é um tecido de algodão com trama de sarja. A denominação vem de fato de ter sido
feito originalmente em Nimes, na França. De “serge de Nimes” sendo simplificado para denim.
A história desse marco da moda, teve início em 1847, quando Levi Strauss deixou a Alemanha
para tentar fortuna nos Estados Unidos, levando o para oeste, durante a “Corrida do Ouro”. No
início, vendia uma espécie de lona para os mineradores cobrirem suas carroças. Observou a
necessidade de calças mais resistentes devido ao trabalho nas minas, assim utilizou a lona que
comercializava para confeccionar as primeiras calças jeans. Em 1860, as calças índigo blue
substituíram as de lona e, em 1877, para maior resistência, ganharam rebites nos bolsos (o
clássico jeans Levi’s 501).
No início do século XX, a calça confeccionada com denim, como as dos marinheiros de
Gênova, era usada para o trabalho pesado. Principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, o
denim começou a ser utilizado na moda para uso diário, que incluía calças para diversas
atividades, inclusive o lazer.
Com a entrada definitiva na moda, o tecido ganhou variações. Nas cores, predominam os tons
de azul, do escuro até o délavé bem clarinho e, em menor escala o preto. Na tecelagem, a
composição é feita principalmente de algodão (uma mecha de fibra de algodão branco para
cada três filamentos de azul índigo),o algodão puro muitas vezes é combinado a outros fios,
principalmente a Lycra®.
Denim também é classificado pela sua cor, pelo qual sua intensidade é medida em “DIP”,
abreviação de deep, que literalmente significa “mergulho”. Quanto maior o tempo de mergulho
nas caixas de corante índigo, mais intensa será a cor azul do jeans.
Atualmente, alguns tipos de denim disponíveis são:
Délavé: tecido com visual mais macio que o simples estimado, devido ao processo de lavagem
com aplicação de clareamento e alvejamento químico.
Destroyed: processo para dar características de envelhecimento - obtido por meio de atrito
mecânico feito com as próprias peças e pedras ou também por meio da ação enzimática,
deixando a peça com aspecto destruído - e contraste de azul (urdume) e o branco (trama).
Estonado: lavagem feita em tambores indústrias com pedras de argila chamadas sinasitas,
adicionadas às peças já confeccionadas, acrescentando a aparência de gastas. O jeans
estonado torna-se mais macio.
Com desgaste localizado: acabamento feito peça a peça para obter diversos efeitos em partes
pré-determinadas. Partes da peça são clareadas com o uso de pistola. Uma lixa é utilizada
para desgastar os locais de abrasão. No detonado, a peça recebe picotes feitos com esmeril
antes de ser lavada.
Jeans resinado: resinas são utilizadas para preservar a cor original do tecido, obtendo visual
mais sofisticado. Garantem melhor toque e brilho, além de texturas diferentes, como o
emborrachado.
2.9. GABARDINE
Pode ser um tecido de algodão, lã ou fio sintético, com textura aparente de sarja 2x1, 3x1 ou
múltipla, em ângulo de 45°, o que produz aspecto diagonal. É um tecido muito apreciado no
Brasil, pois tem caimento para alfaiataria, vestidos, trench coats (capa de chuva) e é ideal para
o clima tropical. Também é ótimo para receber estampas e, combinado com o elastano, obtém
grande flexibilidade.
A palavra em espanhol significa “sobretudo impermeável” ou “capa de chuva”. A associação da
gabardine com a capa de chuva nasceu do senso de observação do inglês Thomas Burberry
no fim do século XIX. Burberry, notando que os pastores e fazendeiros usavam aventais de
linho, que eram frescos no verão e quentes no inverno, tentou aplicar os mesmos princípios
para outras roupas.
Em 1879, desenvolveu um tecido à prova d’água cujo fio passava por um processo especial
antes da tecelagem. Tratava-se de uma fórmula secreta, aplicada também à peça pronta. O
novo material era extremamente resistente e impermeável, ao mesmo tempo que fresco e
respirável. Burberry o chamou de gabardine e registrou a palavra como marca. A primeira capa
de chuva em gabardine da Burberry apareceu na virada do século XX.
O nome também é dado à peça de vestuário feita com este tecido impermeabilizado usada
como proteção da chuva.
2.10. GORGURÃO
É um tecido plano de fibra mista que apresenta a mais simples das armações, já que sua base
apresenta 2 tramas e dois fios. É encorpado, leve, liso, brilhante e com efeito canelado, tanto
no sentido da trama quanto no urdume. Para o enchimento, os relevos podem ser compostos
por fio mais grossos e em maior quantidade ou tensão diferente.
A composição do gorgurão pode ser algodão (fibra natural, derivado das sementes; curta) e
poliéster (fibra química sintética). Os percentual da sua matéria-prima provoca variações do
tecido, deixando-o mais fino ou mais grosso.
Diversas texturas e comportamento do tecido podem ser obtidos, dependendo de sua
composição, da quantidade da matéria-prima usada, da quantidade de fios no urdume, do tipo
de tingimento e da aplicação de produtos de impermeabilização:
- Fino, macio e flexível;
- Fino, áspero e rígido;
- Grosso, áspero, maleável;
- Encorpado, emborrachado e rígido.
Pode ser encontrado como Gorgurinho, Acqua Block, Wall Decor e Jacquard e Fita de
Gorgurão.
No século XIX, o gorgurão era muito aplicado em peças de decoração para cobrir a mobília. A
entrada dos tecidos para a decoração aumento gradativamente com a ajuda da industrialização
do pós-guerra.
Ainda hoje, o gorgurão é muitas vezes utilizado em decoração, para revestimentos, artesanato,
toalhas, cortinas e estofados. Na confecção, pode ser usado em calças, sandálias, bolsas e
outros.
2.11. LINHO
Nome dado a qualquer tecido feito de fibra extraída da planta de mesmo nome, o linho varia em
peso e textura. Dependendo da tecelagem, é possível fabricar linho tão fino quanto cambraia
ou tão grosso quanto lona.
É a fibra mais antiga de que se tem notícia, e exemplos de tecidos de linho foram encontrados
em sítios arqueológicos de 30 mil anos. Vestia faraós, rainhas egípcias, gregos e romanos.
Sendo assim, foi a primeira fibra têxtil fabricada na Europa. O Santo Sudário é constituído de
linho puro e foi tecido em tear manual, com padrão espinha de peixe 3x1.
Características
Entre as principais características do tecido de linho estão a durabilidade, maciez e
sofisticação.
O linho tem sido muito valorizado há muitos séculos por seu incomparável toque e apelo visual
único. Ele incorpora um luxo desejável, autêntico e discreto que transcende os caprichos da
fast-fashion. Se tornou sinônimo de uma elegância clássica e relaxada e é a escolha perfeita
para se ter conforto em temperaturas quentes, por ser fresco e ter propriedades de absorção
incomparáveis a qualquer outro material.
Tem um apelo tátil muito específico, macio e lustroso tanto ao toque quanto visualmente, a fibra
é quase uma seda quanto à textura, embora tenho uma frescura flexível. Também pode
expressar uma personalidade robusta em tramas mais pesadas, que geram um drapeado
denso. Ao contrário, as tramas mais leves podem ter um aspecto que evoca aos drapeados das
culturas do Egito e da Grécia antigos.
O desenvolvimento de novas misturas e acabamentos para o linho garantem que essa fibra
ancestral permaneça relevante às demandas do consumidor moderno. Misturas sintéticas
diminuem os amassados, criando novas texturas e oferecem um aspecto que agrada tanto ao
mercado premium quanto a mercados com preços competitivos, que buscam trazer
experiências antes restritas a produtos de luxo.
Misturas comuns são com a viscose e o algodão. As variações deste tecido existem de acordo
com a sua composição, podemos ter um 100% linho (puro) ou um linho com porcentagem de
viscose (misto). Porém a nobreza de um tecido de linho puro é única.
Mercado e indústria
A indústria têxtil representa o principal mercado para as fibras de linho (fibras longas). No setor
têxtil, 50% do linho é utilizado no vestuário, 20% em roupas de casa e 13% na decoração de
interiores. Atualmente sua maior produtora é a Rússia, porém o linho de melhor qualidade vem
da Bélgica.
Com aparência diversificada por tratamentos especiais acrescidos de valores positivos
referentes a conforto, estética e funcionalidade, o linho atualmente é visto como material nobre.
Esmero no branqueametno, ne tintura e no acabamento garantem a boa qualidade final dos
produtos de linho, correspondendo às exigências do mercado. Essse tecido nobre é também
antialérgico e antibactericida, usado como auxiliar em tratamentos de doenças da pele, de
forma a acelerar a cura.
Aplicações
O linho é um tecido resistente e os soldados gregos já usavam roupas de linho como proteção.
Jaquetas de linho acolchoadas eram usadas sob as armaduras de cavaleiros medievais como
proteção contra flechas. Simbolo de pureza, também é usado em vestes religiosas de judeus e
cristãos.
A estrutura do linho tramado é perfeita para todos os tipos de bordado. Os rufos no século XVI
eram feitos de linho muito engomados. Durante todo o século XIX, foi utilizado em roupas
íntimas. No século XX, tornou-se popular em blusas, paletós, saias e outras peças externas.
Além da fabricação de vestuários, é usado também em roupas de cama e para decoração, na
produção de guardanapos e cortinas. O tecido pode ser de 100% linho ou possuir misturas.
2.12. LAISE
Com origem na França, o laise é um tecido de
algodão, cambraia, elastano ou seda (nesta
versão rara no Brasil) e é caracterizado pelos
desenhos abertos e aerados, em forma de
bordados vazados, com relevo, tradicionalmente
branco, mas podendo ser colorido ou
estampado.
Em francês, o tipo de tecido que chamamos de
laise é conhecido como broderie anglaise, que
seria o bordado inglês. No Brasil, esse nome é
dado apenas ao barrado que usa o tipo de
bordado vazado.
O tecido é geralmente feito de algodão ou linho
com desenhos geométricos ou florais. O trabalho
consiste em espaços abertos trabalhados,
variando em tamanho e formato. O desenho é
traçado em tecidos com trama fechada.
Na execução, o ponto corrido é o primeiro a ser
feito em torno de ilhoses redondos ou ovais.
Cada furinho é feito de acordo com o andamento
do trabalho, cortado ou furado com um estilete.
As bordas são então costuradas com ponto de
casa de botão.
Nos últimos anos, o PuntoArt (laboratório de
bordados) também revisitou o broderie anglaise
com um toque moderno, por meio da técnica do
laser, que se adequa muito bem a este estilo de
bordado, criando um efeito semelhante a ele.
É um de tecido leve, amassa pouco, não é muito
resistente e agradável ao toque, sendo muito
utilizado no verão, em saídas de praia, saias,
blusas, vestidos e roupa infantil. Também é
aplicado em peças de enxovais e decoração.
A Duquesa de Cambridge com vestido de broderie anglaise.
2.13. MUSSELINE
Trata-se de um tecido leve e transparente, com toque macio e fluido, produzido em seda ou
algodão. Algumas musselines são conhecidas como crepe chiffon.
Apesar da origem do nome indicar o local onde comerciantes encontravam o tecido, na cidade
de Mossul, Iraque, este tipo de fibra tem sua origem em outros locais: há quem afirme que vem
de Masulipatão, na Índia. Outros afirmam que vem de Dhaka, Bangladesh.
Sua estrutura é semelhante a do tafetá e sua matéria prima pode ser tanto animal quanto
vegetal. Como todo tecido, possui suas variações, como musseline pesada, musseline de seda
pura e crepe de musseline.
2.14. ORGANZA
É um tecido fino e transparente, feito de filamentos contínuos. É encorpado, flutuante, forte,
fácil de tingir e estampar. É bem semelhante ao organdi, mas difere-se pelo fato de ser mais
encorpado e armado.
Originou-se na Rússia, na região do antigo Turquistão, lugar famoso pelo comércio de seda na
antiguidade. Antigamente, era comum ser produzido somente de algodão ou seda, mas hoje
em dia é também produzido com fios de poliamida. Pode ser customizado com cores,
bordados e texturas.
Por conta de ser um tecido leve e ao mesmo tempo resistente, a organza é muito utilizada para
a confecção de vestidos de festa, detalhes em vestidos de noivas, roupa infantis e artigos para
casamentos. É fácil de modelar e costurar é bastante usado para fazer peças que necessitam
de volume, já que é um tecido extremamente armado. É indicado para fazer uma saia por baixo
de saias de tule, por exemplo..
Essa característica faz com que seja comumente aplicada para fazer babados, caracóis e
godês. Também é usada na confecção de vestidos de daminhas e debutantes e ainda pode
aparecer na decoração de ambientes, por ser um tecido de custo baixo e com leve brilho.
Possui muitas variações, dentre elas Organza bordada, Organza cristal, Organza fantasia,
Organza Laminada, Organza Glitter.
2.15. PIQUÊ
O tecido piquet é de origem francesa, com um toque macio e que traz grande conforto.
Apresenta saliências em formato de losango ou casa de abelha em alto relevo, distribuídos de
maneira uniforme.
Composto 100% por algodão, é bastante confortável e recomendado para finalidades que
exijam requinte e maciez. Utiliza-se em sua composição fios de algodão contendo finas
nervuras. Quando observado de perto, nota-se as listras firmemente levantadas.
Apesar de geralmente o piquet ser composto totalmente por algodão, também pode conter
poliéster e elastano. Pode utilizar fibras naturais (animal: lã e a seda; vegetal: algodão; ou
mineral: crisotila) ou fibras sintéticas (produtos químicos; poliéster e poliamida).
O pique é usado na confecção de toalhas, roupão de banho, enxovais de bebê, colchas,
decoração, camisas polo e sociais, vestidos, shorts e blazers.
2.16. SEDA
Apesar de a fibra da seda ser a base para a produção diversos tipos de tecido, seda é o nome
popularmente dado ao tecido que recebe a mesma denominação da fibra natural animal
constituída essencialmente de uma proteína, a fibroína.
A fibra da seda
Há um encanto especial nesse produto, que há séculos vem fascinando os homens - desde o
surgimento da matéria-prima, passando pela minúcia da elaboração do fio até a arte da
tecelagem e a diversidade de textura final. É percebida como a mais bonita e elegante de todas
a as fibras naturais, ainda mais em um século em que se tenta produzir um substituto feito pelo
homem, nenhuma fibra sintética chegou perto de replicar as propriedades tão especiais da
seda ou a gama de aplicações que ela oferece. Os tecidos naturais costumam ser as eleitas
pelos estilistas, mas a seda permanece como o material de seus sonhos.
É uma fibra sedutora, luxuosa e desejada, que algumas vezes na história já excedeu o preço
do ouro. Tem uma cintilância magnífica, que expressa uma personalidade suntuosa e
exuberante quando tramada em preciosos cetins, jacquards e brocados. Também proporciona
um drapeamento com o luxo em lingeries e vestidos de noite.
A fibra de seda é obtida do bicho-da-seda (Bombyx mori). Esse inseto produz um casulo de
onde se tira o fio, que pode medir de 400 metros a 1400 metros. A classificação do bicho-da-
seda se dá por origem, cor, comprimento e forma e textura do casulo. Para se obter um quilo
de seda bruta são necessários de sete quilos a nove quilos de casulos frescos.
Embora seja um entre os diversos produtos comercializados há milhares de anos, a seda, por
si só, abrange de forma mais completa a história da troca econômica e cultural entre asiáticos e
europeus ao longo da Rota da Seda. Tendo surgido há mais de 4 mil anos, seu valor lhe
assegurou poderes muito especiais. Inicialmente utilizado em trocas, chegou a ocupar lugar de
moeda corrente entre os povos da Antiguidade. Tornou-se símbolo de poder político e religioso,
expressou também status, distinguindo membros de classes sociais abastadas.
Hoje, o preço relativo a uma unidade de seda crua é de aproximadamente vinte vezes ao do
algodão. A cultura da seda é feita em mais de 50 países, incluindo o Brasil. A China lidera, com
76% de participação.
As principais propriedades da seda são:
Efeito do calor: assim como a lã, decompõe-se a 130oC e, ao ser aproximada da chama, funde
e enrola-se.
Efeito da luz: Enfraquece com a exposição à luz.
Intempéries: Depois de 200 horas de exposição, perde 50% da resistência.
Combustão: No fogo, queima lentamente, mas não mantém a chama. Exala cheiro de material
orgânico em combustão.
Convenção internacional da seda
Para proteger a marca da seda no mercado mundial, em 1931 foi promulgada uma lei que
determina como diferenciar a seda da fibra raiom, que possui características similares às da
seda (brilhante, macia e leve) e é também conhecida como seda artificial. A lei estabelece que
é permitido usar o nome "seda" somente para produtos originários de casulos sericígenos.
Existem duas marcas para a seda: a pura e a mista. No caso da seda pura, é consentido um
incremento de no máximo 5% do próprio peso (pela absorção de colorantes e outras
substâncias no processo industrial); para a seda mista, admite-se um incremento de 25% do
próprio peso (pela absorção de sais minerais).
O tecido
Tipo de fio, espessura e entrelaçamento - esses três itens influem na aparência do tecido:
fosco, brilhante, transparente, liso, àspero, com bom caimento, armado, pesado, leve,
levíssimo, etc.
Dependendo do tipo de trama, a fibra de seda pode originar tecidos diversos, como tafetá,
crepe georgette, chiffon, surah, raso de seda, crepe satin, jersey, jacquard e damasco. Com 1
quilo de fio de seda fabricam-se apenas 3 metros de tussor, ou 30 metros de organza, ou 40
metros de musseline.
Cuidados
Apesar de ser um tecido extremamente forte, a seda é delicada. Se tratada de maneira correta,
manterá sua aparência de nova por muito tempo. Quando suja em demasia, corre o risco de ter
os filamentos rompidos. Alguns artigos de seda podem ser lavados delicadamente com água e
sabão neutro, sem torcer e deixando secar à sombra. Outros, somente poderão ser limpos por
lavagem à seco.
Nunca friccione um tecido de seda para retirar manchas nem utilize alvejantes. Também não
ferva ou deixe de molho. Não se recomenda o uso de máquina de lavar ou secar.
2.17. SHANTUNG OU XANTUNGUE
Feito de fibra de seda, foi batizado com o nome de uma província no leste da China, onde era
fabricado a partir da lagarta Bombyx croesi. Essas lagartas são alimentadas não com folhas de
amoreira, mas sim com aquelas do carvalho, castanheiro ou nogueira, mais fortes e densas.
Consequentemente, o fio da seda com a qual se produz o shantung é mais grosso e irregular,
principal característica do shantung sauvage, uma das sedas mais caras e utilizadas na alta
costura.
Tem textura desigual e aparência de ter sido feito em tear manual. Mais tarde, passou a ser
produzido com resíduos de seda em teares mecânicos de Xangai e do Japão no período
entreguerras. Tem diversas característica afins com a seda dupion, mas é mais fino e
apresenta menos nozinhos em relevo.
No século XX, o shantung era feito geralmente com seda misturada com algodão ou raiom.
Isso cria um tecido mais pesado que o original, o qual hoje em dia é pouco encontrado.
Ambos os tecidos tradicionalmente têm sido usados em roupas toalete, principalmente entre as
décadas de 1940 e 1950 e entre os anos 1961 e 1980.
2.18. TAFETÁ
O nome tafetá é usado para designar tanto um tipo de ligamento simples quanto o tecido
lustroso e armado, de seda ou poliéster, com trama finíssima, superfície lisa, textura regular e
leve nervura no sentido da trama.
Embora o tafetá seja feito originalmente de fibras de seda, está também disponível em misturas
que incorporam fibras sintéticas. Esse tecido macio cujo nome vem da palavra Persa ‘taftah’ -
que significa pano de seda - é facilmente identificável pelo brilho cintilante no lado direito do
tecido.
Tanto a Pérsia (Irã) quanto a China são considerados berços da seda e dos tecidos.
Costumava ser um tecido de luxo usado pelas mulheres ricas, mas atualmente pode ser usado
por qualquer pessoa, já que pode ser encontrado em fibras sintéticas com valor mais acessível.
Tem boa resistência e durabilidade, sendo também resistente à abrasão e produtos químicos,
além de aceitar facilmente corantes. Sua rigidez depende da forma como é tecido.
Características do tecido:
•Tafetá é facilmente danificado por alfinetes, agulhas e rasgos (aconselha-se usar agulhas
muito finas ou pesos para prender os moldes na hora de cortar)
•Alguns tafetás emaranham e desfiam bastante.
•Tafetás são suscetíveis a deslizamento de costura.
•As costuras cortadas são frequentemente um problema.
•Tafetá marca facilmente e pode ser danificado permanentemente ao dobrar.
•Tafetás são difíceis de serem feitos.
•São facilmente danificados ao pressionar.
•Alguns padrões moiré não são permanentes.
•Alguns tafetás mancham com água e muitos mostrarão manchas de transpiração
Tipos de tafetá:
Antique tafetá: é um tecido rígido com nervuras na trama, feito de seda Dupioni ou fibras
sintéticas.
Faille tafetá: tem cruzamentos mais pronunciados. É frequentemente tramado em fios básicos.
Iridescent tafetá : é tramado com uma cor de fio no urdume e outra cor na trama.
Moiré tafetá ou moiré faille: é facilmente identificado por seu padrão ondulado de marca d’água,
que pode ou não ser permanente. É feito de rayon ou seda.
Paper tafetá: é um tafetá muito leve com cruzamentos muito finos. Tafetá pigmentado é um
tafetá opaco.
Tissue tafetá: é um tafetá puro leve. Em comparação ao paper tafetá, é mais macio.


2.19. TRICOLINE
O tricoline é um tecido de algodão puro ou misto (algodão e poliéster), feito de construção em
tela, produzido com a leveza e a resistência de finos e suaves fios de algodão penteado
mercerizado (tratamento dado ao fio ou tecido de algodão para aumentar seu brilho, maciez e
sua afinidade às tinturas). Pode ser liso, estampado ou obter padrões com fio tinto, como
xadrezes e listrados. Seu peso é um pouco maior que o da cambraia.
É caracterizado por ser leve, porém resistente e amassar com facilidade. Obtém bom caimento
e oferece conforto térmico com absorção do suor e quando misturado com elastano
proporciona maior conforto.
Foi criado intencionalmente, como uma estratégia de mercado, por uma empresa britânica no
início do século XX. Devido à queda dos investimentos da indústria têxtil como resultando das
depressões de guerra no ano de 1913, a James Nelson Ltd., investiu mais do que nunca, em
1914, para contornar a crise. Assim, desenvolveu com um conversor de Manchester chamado
Whitworth e Mitchellum um popeline superfino, que foi registrado por eles como “Tricoline” e
tornou-se seu tecido mais vendido.
O tricoline é a base da camisaria do mundo todo, atendendo a um mercado cada vez mais
exigente e sofisticado no que diz respeito a tecidos leves. Pode, ainda, obter elasticidade
quando combinado com elastano. Utilizado basicamente na linha de camisaria, tanto masculina
quanto feminina.
Tricoline com elastano: tecido leve, produzido com fio fino e suave de algodão ou linho que e
sua composição recebe uma porcentagem de elastano.
Tricoline vichy: tecido resistente de algodão que apresenta em sua superfície o xadrez com fios
de duas cores e efeito quadriculado miúdo.
Tricoline maquinetado: é um tricoline com textura, produzido em máquinas que levantam ou
abaixam os fios da urdidura ou aqueles que correm no comprimento do tecido, para criar
padrões, como listras, xadrez e desenhos.
2.20. TWEED
Tecido feito com fio de lã, de textura áspera e efeito boutonné colorido (espécie de bolinhas
produzidas pelo processo de fiação ou retorção). É composto por ligamentos tafetá ou sarja
grosseiro, que, por sua vez, vão formar padronagem quadriculada ou em espinha de peixe,
respectivamente.
É conhecido por seus sutis efeitos de cores, originados quando fios de lã com cores diferentes
são torcidos juntos para criar dois ou três conjuntos de fios para tecer.
Os fios que dão o aspecto característico do tweed são chamados de fios espumados de lã e
passam por processos de tratamento e cardagem. Como resultado desses processos, suas
fibras tendem a ficar para todas as direções, dando uma aparência difusa e texturizada. As
fibras utilizadas são espessas e pouco homogêneas, deixando o tecido com uma superficie
texturizadas com alto interesse tátil.
Acredita-se que a palavra tweed seja uma leitora errônea de tweel, a pronúncia escocesa de
twill (sarja). No entanto, também é associado à região do rio Tweed, que separa a Inglaterra da
Escócia, grande centro da indústria têxtil no século XIX.
Inicialmente produzido na Escócia e na Irlanda e por tradição associado às atividades ao ar
livre da aristocracia, por ser durável e resistente à água, no século XX, o material - sobretudo
no paletó Norfolk - foi adotado pela classe média em ascensão. Deixou de ser apreciado na
década de 1960, quando tecidos mais leves ganharam popularidade, mas volta na década de
1990. No começo do século XXI, a jaqueta esportiva de tweed passa a fazer parte do look
hipster "desleixado".
Por ser um tecido pesado, o corte reto é o mais indicado é o enviesado deve ser evitado, pois
irá causar volume na peça e eliminará a natureza da mesma. É indicado para tailleurs, ternos,
blazers, calças, casacos, mantôs, saias, pelerines, jaquetas, xales, vestidos secos. Etc.
Os tweeds mais conhecidos são Bannockburn, English, Irish, Linton, Manx, Scotch, Donegal;
no entanto, o mais especial deles é o chamado tweed Harris, tecido com a lã virgem das
Highlands, na Escócia. Harris e Donegal são tecidos históricos, valorizados pelo tingimento
natural e pelas complexas padronagens obtidas com a mistura de fibras.
Coco Chanel adorava a tradição e a praticidade dos tweeds britânicos e colaborou com os
fabricantes para modernizá-los com fios mais leves e cores inesperadas. Um dos tipos de
tweeds que usava em suas peças era o Linton tweed. Hoje, tweeds estão disponíveis em
versões leves em todas as cores da moda.
Tweed Donegal
Tweed tecido à mão, originário do condado de Donegal, na Irlanda. No século XX, o nome era
dado a uma variedade de tweed tecido à máquina com pedaços de fios coloridos entremeados.
Tweed Harris
Tweed macio e espesso, originalmente feito em tear manual usando fios de lã fiados e tintos
com corantes vegetais pelos habitantes das ilhas Barra, Harris, Lewis e Uist, no arquipélago
das Hébridas, na Escócia. Durante a década de 1940, o tecido chegou ao restante do Reino
Unido e, desde aquela época, é usado para fazer casacos, paletós e ternos masculinos e
femininos.
2.21. VELUDO
Apresenta no lado direito um aspecto peludo, macio e brilhante. Esses pelos são curtos,
densos, de pé, que resultam da trama cortada. O veludo pode mostrar, pelo avesso, dois tipos
de armação: tafetá ou sarja.
Qualquer trama simples ou composta pode ser elaborada como veludo introduzindo uma
urdidura suplementar sobre uma série de varetas na tecelagem. Isso forma pequenos loops
que podem ser cortados.
O nome tem origem na palavra latina vellus, que significa “pelo” ou “pelo em tufos”. Foi criado
na antiga Índia, de onde foi importado por muito tempo por países europeus. Começou a ser
produzido na Itália nos séculos XIV e XV para suprir a demanda da burguesia europeia. Até o
século XIX, foi total ou parcialmente produzido com seda, mas no século XX passou a ser
fabricado com acetato, raiom e algodão, tornando-se artigo popular.
Algumas variedades de veludo são:
Veludo cotelê: estriado, de algodão ou raiom, muitas vezes expandido de fio stretch em sua
trama, conferindo maior conforto.
Veludo alemão: de seda, possui aspecto bem liso, briho intenso, é o mais caro dos veludos.
Veludo cristal ou molhado: produto sintético, com base de malha, oferecendo maciez e bom
caimento. O brilho é similar ao do veludo alemão.
Veludo lavrado ou dévoré: tecido no qual a superfície coberta por fios aparados ocupa só
determinadas zonas, formando desenhos em relevo sobre o fundo transparente obtido por
corrosão. Inicialmente é composto por dois grupos de fios fiados com fibras têxteis diferentes. A
destruição pela ação de produtos químicos de um desses grupos é o que revela o desenho.
2.22. VISCOSE
A fibra viscose deu origem ao nome do tecido com ela produzido. A fibra artificial viscose é
obtida de uma solução viscosa que resulta do tratamento químico da celulose O método de
obtenção desta fibra surgiu em 1892, e a produção comercial dos fios teve início em 1905.
Os fios e fibras da viscose são semelhantes ao algodão em absorção de umidade, resistência à
tração, maciez do toque e caimento, porém a fibra torna-se pouco resistente quando molhada.
A viscose pode ser usada pura ou em combinação com outras fibras, nas mais diferentes
proporções e tipos de misturas. O tecido de viscose apresenta suas variações, podendo ser
liso, estampado ou trabalhado.
É um tecido leve e fresco, que apresenta um bom caimento, mais usado para a confecção de
roupas do dia-a-dia. É altamente indicado para o verão e para roupas esportivas, mas também
aparece sempre em saias longas, vestidos, blusinhas, regatas e camisetes.
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P A D R O N A G E N S
Este terno de tartan de lã tradicional de marca de Nova York Rag & Bone representa um uso contemporâneo do
tradicional e icônico tecido britânico. O uso desse tartan Royal Stewart comunica instantaneamente uma conexão
com a província escocesa, dando um apelo clássico ao modelo. Também são usadas nas peças as padronagens
espinha-de-peixe e dois outros tipos de xadrez.
Do latim pator (de "patrono"), o termo ”padrão" significa, originalmente, "forma primária": o
desenho inicial. A característica que define a padronagem é a repetição, seja manual ou com
auxílios mecânicos como estêncils ou blocos de madeira.
A origem e o desenvolvimento de todos os padrões estão relacionados à cultura de um país; o
auge dos tecidos estampados com blocos de madeira ocorreu na Índia, no início do século XIX,
e nenhuma outra nação exerce uma influência tão duradoura na estamparia.
Dentro do princípio Bauhaus de que "a forma segue a função", a padronagem pode ser
compreendida, em termos modernistas, como o antidesign - a decoração é irrelevante quando
uma roupa é bem desenhada. O desejo pelas estampas, porém, é inato; uma das formas mais
antigas de aplicação de figuras ao corpo é a tatuagem. A padronagem pode animar o tecido
mais comum, tornar atraente o vestido mais sem graça e deixar mais dinâmica uma silhueta
conservadora.
Sejam incorporados à trama, estampados ou tingidos, há uma infinidade de possibilidades de
desenhos possíveis em cada tonalidade possível, e muitos foram marcantes em algum ponto
da história da moda.
Alguns padrões tornaram-se clássicos, o que significa que possuem uma raiz histórica e que,
após séculos de existência, ainda se mantêm vivos. Incluem-se nessa categoria listras,
cashmere, xadrez (incluindo madras, príncipe de gales, pied-de-poule, vichy e tartans), tweeds,
olho de perdiz, risca de giz, espinha-de-peixe e poás
3.1. CHEVRON
Pode ser feita no tear, bordada ou estampada. Quando feita no tear, tem a mesma estrutura da
trama espinha de peixe e consiste em camadas de listras que formam vários V sobrepostos.
Também podem ser bordadas com ponto em zigue-zague, usadas como borda decorativa ou
desalinhadas, criando um efeito de ruptura e desequilíbrio. A grife italiana de luxo Missoni é
conhecida pelos padrões de chevron de tricô produzidos em tear raschel.
Desse tear, que pode fabricar uma infinidade de padrões, deriva-se uma técnica de malharia de
urdume que recebe o mesmo nome. A malharia de urdume é muito mais rígida, plana e fechada
e tem baixo risco de desfiar, por causa dos fios que correm no sentido do comprimento, mas
em padrão zigue-zague, para que as laçadas se formem pelo cruzamento de duas carreiras,
em lugar de uma.
O aparelho raschel tem uma ou duas barras de agulhas das quais o material é puxado para
baixo. Tricôs raschel são em geral usados em peças esportivas ou roupas íntimas, com fios
que incluem spandex.
3.2. ESPINHA-DE-PEIXE
O padrão espinha-de-peixe é obtido na tecelagem por meio de um tipo de armação derivada da
sarja, ou, como é chamada, sarja quebrada. Essa construção resulta em um efeito de várias
letras V, formando um zigue-zague semelhante às espinhas de peixe. Esse efeito pode ser
visto em tecidos de lã, algodão, seda ou linho. O mais comum é o de lã, utilizado em calças,
coletes, jaquetas, blazers e até bonés, para homens e mulheres.
O efeito visual é mais visível em tecidos pesados. Ao contrário, em tecidos leves, as costelas
diagonais dificilmente serão vistas.
O mais antigo tecido espinha-de-peixe do qual se tem conhecimento é o Santo Sudário de
Turim: peça medindo 4,36m x 1,10m, feita em tear manual, padrão derivado da sarja 3x1, típico
do Mediterrâneo. Estudos microscópicos realizados confirmaram que o padrão espinha-de-
peixe foi obtido com fios de linho e alguns traços de algodão.
3.3. QUADRICULADO
Uma das estampas gráficas mais arrojadas, este design consiste em faixas verticais e
horizontais cruzadas, com duas ou mais cores, produzidas por tecelagem ou impressão. A
grade utilizada para criar esse desenho normalmente possui listras verticais e horizontais
uniformes, enquanto o xadrez, em geral, tem listras de várias larguras.
Os designers japoneses têm tradição em criar interessantes desenhos quadriculados desde o
século XVIII. Alguns desses padrões de tornaram tão consagrados que adquiriram nomes
próprios, como o quadriculado de buffalo, que tem blocos de duas ou três cores contrastantes.
O estilo foi popular na década de 1960, quando as linhas gráficas ousadas do movimento Op
Art foram adotadas no visual dos jovens londrinos.
3.4. XADREZ
O xadrez é uma padronagem que nasceu em primitivos teares, resultante da trama simples de
fios de uma ou mais cores. O padrão xadrez engloba uma infinidade de variações, com
destaque para o madras, o príncipe-de-gales, o pied-de-poule, o vichy e os escoceses, com
seus tradicionais tartans, que incluem o registrado pela Burberry.
Vestido de xadrez para
o dia (1857)
A saia em formato de
sino deste vestido de
tafetá xadrez é usada
sobre uma crinolina de
metal com aros
flexíveis. Este vestido é
feito de tafetá de seda
com fios tingidos, um
tecido leve e liso que
permite o volume mais
estruturado da saia.
Tecido: Faixas
alternadas de fios
coloridos são tecidos
com os ângulos retos
da trama e da urdidura
se encaixando uma na
outra. No ponto onde
as diferentes cores se
cruzam, novas cores
aparecem da mistura
das originais. (Tudo
sobre moda, p.152 e
153)
3.4.1. Príncipe-de-gales
É um xadrez escocês tradicional do vale Urquhart, geralmente tecido em preto e branco e
apresentando uma janela de cor sobreposta.
Obtido, desde sua origem, pela trama dos fios de lã nos teares, essa variação de escocês
tornou-se moda graças à elegância de Eduardo VII quando era príncipe de Gales.
O padrão permaneceu durante muito tempo como um desenho exclusivo da moda masculina.
Hoje, no entanto, veste tanto homens como mulheres, além de poder surgir como estampa em
outros tipos de tecidos, incluindo a seda.
O padrão tradicional escocês,
geralmente associado à alfaiataria, é
modernizado por meio da modelagem
atual na coleção de Simone Rocha.
3.4.2. Pied-de-poule
Esse impressionante
pied-de-poule em escala
aumentada perde sua
conotação de alfaiataria
quando apresentada em
paetês oversized.
Coleção Fall/Winter de
Ashish.
De origem escocesa, produzido em diversas fibras, o pied-de-poule é um dos principais
padrões com efeito desenho/cor entre os tecidos clássicos de alfaiataria. O xadrez pequeno
bicolor é criado com por meio do entrelaçamento dos fios do urdume com os da trama,
agrupadas respectivamente em blocos de quatro e em cores alternadas.
Seu nome é dado porque a imagem que surge da trama lembra uma pequena pegada de
galinha. Quando os desenhos formados são maiores, é chamado de pied-de-coq (pé de galo).
Aparece, normalmente, em tecidos de lã e a padronagem mais tradicional é formada por fios
nas cores bege e marrom, mas pode ser encontrada em cores diferentes.
É associado à alta costura dos anos 1950 e às coleções de Sonia Rykiel, mas ficou popular na
aristocracia inglesa anteriormente, em trajes de inverno no século XIX. Coco Chanel o
eternizou na moda feminina, nos anos 1920 e 1930, e foi muito usado por Christian Dior,
inclusive na embalagem do perfume Miss Dior, em 1947.
Na estamparia, pode ser aplicado a qualquer tipo de tecido e aparece em calçados, bolsas,
lenços, entre outros acessórios.
3.4.3. Tartan
O nome tartan é dado ao tecido de trama fechada, de lã ou algodão, originário da Escócia,
onde padrões diferentes são usados para identificar os clãs. Antes de designar um estilo de
xadrez, tartan era o nome da famosa saia usada pelos escoceses.
Embora haja muitos tecidos xadrezes, os tartans escoceses apresentam características
específicas. O verdadeiro é feito de lã, em ligamento sarja 2/2, com as mesmas faixas nos
eixos da urdidura e da trama. A distribuição dos fios coloridos na urdidura de um tartan
individual tem uma repetição regular, dentro da qual há pontos em que a sequência de cor é
espelhada. Quando a mesma sequência é inserida entre o urdume diagonal, a padronagem fica
simétrica. O processo de tecelagem forma linhas diagonais visíveis, em que se cruzam cores
distintas, conferindo a aparência de novas cores que emergem dos fios existentes. Os blocos
resultantes do desenho se repetem nos sentidos vertical e horizontal, fazendo surgir uma
sequência própria de linhas e quadros conhecida como sett.
O sett de um tartan é a sequência de cores e o arranjo dos fios, definido pelo número exato de
fios necessários para cada urdume de faixa colorida. Em tartans tecidos, o número exato de de
cores e a sequência devem ser mantidos tanto na trama quanto no urdume, de modo a criar um
xadrez equilibrado.
O tartan tem uma história longa e, por vezes, romanceada, mas ao que parece, foi a partir de
meados de 1800 que começou a ser associado a determinados clãs e famílias escocesas. Na
década de 1840, as visitas frequentes da rainha Vitória a sua propriedade em Bamoral, na
Escócia, incentivaram a moda das roupas de tartan e o gosto pela padronagem se espalhou
rapidamente pela Inglaterra e outros países de língua inglesa.
Tartan Rob Roy no desfile outono/
inverno 2012 de Michael Kors
Um dos tipos mais clássicos de tartan é o Rob Roy, formado por duas cores e denominado
assim em função do herói homônimo do famoso romance de Walter Scott. Essa padronagem
existia muito antes de os clãs terem seus próprios tartans.
Após a segunda Guerra Mundial, kilts e saias de tartan tornaram-se populares. Nos anos 1980,
calças de tartan foram lançadas por vários estilistas e nos invernos subsequentes o tecido foi
utilizado, geralmente de maneira pouco convencional.
Originalmente, todos os tartans eram tecidos, mas hoje existem também estampas de tartan
impressas.
O tartan da Burberry: Com mais de 80 anos de existência como marca registrada, o famoso
xadrez Burberry apareceu na moda como forro das capas de chuva da grife em 1924. Thomas
Burberry desenhou o famoso trench coat em 1901, mas foi a beleza de seu forro, formado pelo
xadrez bege, preto, vermelho e branco, que se tornou internacionalmente sinônimo da
Burberry.
3.4.4. Vichy
É um tecido de peso leve ou
médio, a princípio feito de linho e
depois de algodão. O padrão
popularmente conhecido com
" x a d r e z p i q u e n i q u e " , é
confeccionado com fios tintos e
mostra um quadriculado pequeno,
mas não miúdo, formado por
branco e uma segunda cor,
sempre em tom pastel: rosa, azul,
lilás, amarelo, etc.
Seu nome vem da cidade francesa
de Vichy, famosa por ser um
centro de produção de tecidos
axadrezados, onde surgiu.
Foi popular em vestidos de verão
no século XIX e entrou na moda
nos anos 1940 e 1950, em
vestidos, blusas, saias playsuits e
biquinis. Tornou-se famoso no fim
da década de 1950, quando
Brigitte Bardot usou em seu
casamento um modelo em xadrez
vichy rosa e branco, enfeitado
com bordado inglês.
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T E C I D O S D E M A L H A
Os tecidos de malha são mais elásticos, pois são feitos por laçadas, ao invés de uma trama
plana. Podem ser produzidos com fibras naturais, sintéticas ou ambas. A malha não resulta de
um trabalho de tecelagem no qual os fios se cruzam, mas sim do entrelaçamento de laçadas de
um ou mais fios. Exemplo: jersey, tricô. Podem ser divididos em três tipos:
Malhas de trama: obtidas pelo entrelaçamento de um único fio, podendo resultar num tecido
aberto ou circular.
Malhas de teia no urdume: um ou mais conjuntos de fios são colocados lado a lado, lembrando
os fios do urdume em um tear comum.
Malhas mistas: malha de tela ou urdume, na qual é feita a inserção periódica de um fio na
trama, com objetivo de dar mais firmeza ao produto
As malhas mais leves são usadas em lingeries, as mais pesadas destinam-se às linhas casuais
de sportswear, uma vez que são confortáveis de vestir.
4.2. HELANCA
Tecido elástico, produzido da texturização do fio de poliamida por falsa torção, geralmente
colocado na trama. É usualmente é composto por 100% de poliamida. Possui base
petroquímica, matérias-primas não naturais e é uma fibra lisa e com alta resistência.
Conceituado como um dos tecidos mais práticos, maleáveis e versáteis, possui entre suas
características elasticidade, não amassar e grande durabilidade por resistir ao atrito, ao tempo
seco, água e a lavagem na máquina.
Historicamente é um tecido recente, sendo produzido por meio de um processo desenvolvido
pelo americano Rudolph H. Kagi em 1931, e originalmente aplicado a fibras de viscose.
Pesquisas mostram sua origem de fabricação na Escócia e também na Suíça, pela empresa
Heberlin & Co, que adquiriu de Kagi os direitos ao processo, que patentearam e desenvolveram
para produção. Desde 1932, é produzido pela empresa.
No Brasil, é encontrado em grande quantidade e possui bom custo benefício ao consumidor.
A helanca é utilizada com elevada quantidade de fins, desde roupas sociais (formais) até
roupas do dia a dia e principalmente esportivas e uniformes.
4.3. JERSEY
É um tecido de malha leve e ligamentos simples. Inicialmente, a lã era usada em sua produção.
Atualmente, também é encontrado em algodão, seda, fibras sintéticas ou na combinação
desses materiais.
O tecido jersey possui uma única face e repousa ao entrelaçamento de pontos na mesma
direção, no lado direito, ao passo que no avesso nota-se as laçadas produzidas de forma
semicircular. Sua produção é feita em máquinas que possuem um único conjunto de agulhas
(frontura). Contudo, também pode-se tecê-lo em máquinas que disponham de dois conjuntos
de agulhas (dupla frontura).
Fabricado em malharia circular, com microfilamentos de poliamida, os fios finos resultam em
um tecido sedoso, com tricotagem firme que recebe bem a estamparia. É um material
extremamente confortável, que pode receber porcentagens de algodão, raiom, seda e até
mesmo lã, conferindo-lhe grande maleabilidade. Tem ótimo caimento e capacidade de formar
pregas, drapeados e franzidos.
O nome do tecido veio do lugar em que foi fabricado pela primeira vez, a Ilha de Jersey, na
Inglaterra, onde era usado em roupas de pescadores.
Jersey apresenta as variações:
Malha jersey 100% viscose: caimento em vestidos e drapeados espetaculares.
Jersey simples: tecido leve feita na máquina de monofrontura, ideal para camisetas e lingerie.
Jersey duplo: malha lisa, dupla e reversível, feita em máquina de dupla frontura. Ideal para
casacos e roupas pesadas.
É bastante utilizado para confecção de vestidos, blusas, shorts, saias, macacões e lingerie.
4.4. LAMÊ
É um tecido de malha, liso ou jacquard, que utiliza fios metálicos de ouro, prata, cobre e outros
em sua trama para dar tanto ao padrão quanto ao fundo um efeito brilhante. Sua superfície é
plana e laminada. Também pode ser bordado com linha metálica.
O termo vem do francês lamé e corresponde à ideia de tecido brilhoso por nele se
entremearem fios ou adornos metálicos dourados e prateados.
É um material maleável e com bom caimento e extremamente confortável. Desde a década de
1930, é usado em trajes de noite e formais requintados. Foi bastante popular na Era Disco, nos
anos 1970 e 1980, mas por ter um brilho metalizado muito intenso, saiu de moda.
Recentemente, alguns estilistas voltaram a usar o lamê em seus vestidos de noite.
Também em em decoração de eventos, fantasias e artesanato.
4.5. LIGANETE
Composta normalmente em poliamida ou poliéster, com ou sem mistura de elastano, a liganete
é um tecido gelado de malha fina.
A disposição de suas fibras na construção o torna resistente no comprimento e com
propriedades elásticas na largura. Por essas características, é o material eleito para a
realização de números de acrobacias aéreas muito comuns em circos já que confere
plasticidade e leveza aos movimentos por oferecer pouco atrito e diminuir os "trancos" próprios
de materiais mais rígidos, sem elasticidade.
Sua flexibilidade proporciona um ótimo caimento às peças de vestuário. Apesar de fino, é
bastante resistente e durável. Sua textura proporciona boa absorção térmica e conforto, por
isso é utilizada na confecção de peças com o intuito de serem confortáveis e maleáveis,
principalmente de verão.
Por ser confortável e leve, é um tecido apreciado para a confecção de modelos plus size
femininos, já que as consumidoras apreciam peças com características como facilidade de
vestir, absorção de suor, tecidos leves e elastano.
É também bastante usada na fabricação de anáguas, pijamas, lingeries e diferentes modelos
de roupas femininas.
4.6. MEIA MALHA
A meia malha é obtida por meio de um ligamento simples, considerada o ponto mais básico da
malharia. Todas as laçadas nela desenhadas ficam apenas de um lado do tecido. Sua face e
avesso são bem definidos. Por ser fabricada em máquinas circulares, o tecido tem um toque
macio e suave.
A malharia foi criada devido à laçada das redes de pescar e de armadilhas feitas pelos povos
antigos, que desenvolveram o ofício de entrelaçamento do fio, formando assim um tecido a
partir de laços conectados por meio da mão ou agulhas mecanizadas. Até 1589, as malhas
eram fabricadas manualmente. O reverendo inglês Willian Lee inventou uma máquina que
possibilitava malhar meia e, no final do século XVI, os tecidos de ponto começaram a ser
mecanizados.
Esse tecido é leve, versátil, flexível, elástico, poroso, possui baixa estabilidade dimensional e
tem a tendência de enrolar nas bordas quando esticado na horizontal.
A composição e as variações da meia malha são as seguintes:
Meia malha cardada: fios 100% algodão, toque agradável e confortável (permiti a troca de
calor, retém mais o suor). Pelo fato do fio cardado possuir fibras curtas, ele tem uma tendência
maior na formação de bolinhas (pilling). Utiliza-se em camisetas de uniformes.
Meia malha penteada: fios 100% algodão, melhor aparência em relação à cardada, maciez e
conforto. Fibras curtas e impuras (como cascas) retiradas, tornando o tecido mais limpo e
resistente. Utilizada em camisetas em linhas .
Meia malha PV: composta com poliéster e Viscose, não desbota, grande durabilidade e encolhe
pouco. É macia e recomendada para uniformes, sendo mais agradáveis em clima frio, retendo
pouco suor. Não amassa e tem tendência menor ao pilling. Contra indicada para quem possui
alergias.
Meia malha PA: composta com 50 %poliéster e 50% Algodão. É considerada uma das malhas
mais usadas. Apresenta a durabilidade do poliéster e um pouco da troca de calor que é uma
característica do algodão.
4.7. MOLETOM
Trata-se de um tecido de malha com um tipo de entrelaçamento que faz com que um dos seus
lados fique “felpudo”. Pode ser de algodão ou lã e proporciona aquecimento ao corpo, sendo
muito utilizado no inverno e no /outono. É um tecido confortável e versátil e pode ter
gramaturas diferentes, deixando-o mais grosso ou mais fino.
Composto geralmente de algodão cardado, poliéster, viscose e lã, com uma maior
porcentagem de algodão, sendo portanto uma mescla de fibras naturais e químicas. É
trabalhado com um fio mais grosso no avesso, o que lhe garante um toque agradável.
É um tecido de origem francesa. Seu nome significa mole e suave ao toque (“molleton”). As
primeiras peças de moletom foram criadas em 1920, para fins esportivos. Na década de 40 a
Le Coq Sportif, uma marca de vestuário esportivo, apresentou um conjunto feito do tecido que
ficou popularmente conhecido como “uniforme de domingo”. Entre 1960 e 1970 o moletom
começou a ser mais utilizado pela camada jovem da população e a partir da década de 90 o
uso do tecido em diversas peças de roupa já havia sido disseminado para grande parte da
população. O moletom está sempre na moda e já apareceu em desfiles mais de uma vez.
É utilizado na produção de calças, casacos, camisetas, shorts e até mesmo bolsas, mochilas e
calçados.
O tecido apresenta diversas variações, podendo ser liso, mercerizado, flanelado e estampado.
4.8. TULE
É um tecido feito de seda, algodão ou poliéster. Também pode ser sintético, e tem como
características ser leve, armado, fino, delicado, muito resistente e transparente, tipo rede,
semelhante ao filá de algodão, com malha redonda ou poligonal.
O tule nasceu na França, na cidade de Tulle. Com a escolha da Rainha Victória de usar esse
tecido em um vestido de casamento, o uso do tule passou a ser frequentes em vestidos de do
tipo. Com o passar do tempo, o tecido popularizou na moda por meio dos chapéus de véu na
alta sociedade da França.
Sua transparência varia devido à composição:
- Tule Sintético
- Tule Ilusão
- Tule Francês
- Tule Americano
- Microtule
Por volta do século XVIII, o tule era usado em figurinos de balé, produzindo o tutu, que era
composto por várias camadas de tule. No início do século XX, começou a ser utilizado em
vestidos de festa, lingeries e cortinas.
4.9 - VISCOLYCRA
A viscolycra é um tecido de malha construída pela fusão da fibra de elastano com o fio de viscose,
gerando um tecido leve e confortável, usado principalmente em países de clima quente. A malha
contém, em média, entre 90% e 93% de fios de viscose e entre 7% e 10% de fios de elastano. O
elastano proporciona caimento leve e elasticidade ao tecido.
O empréstimo lycra no nome viscolycra (“tecido mesclado de fios de viscose e lycra”) gerou uma
palavra por composição caracterizada pela junção de duas bases: a forma reduzida visco, de
viscose, e o nome lycra. O uso de viscolycra motivou o surgimento de um novo significado para a
palavra vernacular existente, viscose, cujo significado não era coincidente ao de viscolycra. Viscose
somente possuía a acepção de “substância densa, obtida da dissolução de celulose em soda
cáustica, com a qual se produzem os filamentos do tecido viscose”. (Moda Ilustrada de A a Z, 2003,
p.678)
Muitos produtos de viscolycra são confeccionados sem acabamento. Neste caso, as peças podem
ser feitas com corte a fio nas extremidades, pois este tipo de tecido não desfia. Além disso, esta
prática deixa o visual mais limpo (sem costuras) e ainda elimina operações no processo produtivo.
Essa malha leve e fresquinha é muito usada em camisetas, blusas e calças femininas, saias,
vestidos e roupas de praia. É encontrada em todas as cores, e dependendo da cor pode apresentar
transparência.
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T E C I D O S L A Ç A D A
São tecidos compostos pela associação entre o processo de entrelaçamento usado na malha
com a tecelagem comum. O s fio, em determinadas etapas, realizam laçadas completas (nós)
que formam a base da amarração. Na malha, as laçadas são feitas sem que o nó seja
executado.
Exemplos: rendas, cobertores e outros.
5.1. RENDA
A renda é um tecido vazado cujos fios, trabalhados manualmente ou em máquina, se
entrelaçam e formam desenhos (tanto os buracos abertos quanto os pontos são importantes
para o desenho). Apresenta um comportamento maleável, leve e texturizado.
O nome da renda variava conforme a região onde era produzida. Com base em cada
localidade, houve vários tipos de desenhos, como renda de Argentan, renda de Alençon, renda
de Valenciennes, renda de Chantilly e renda de Veneza.
Os principais tipos de renda foram Bilros o qual veio da Bélgica na região de Flandres no final
do século XV, sendo considerada importante na indústria belga até os dias atuais. O outro tipo
foi de Agulha de origem italiana, especialmente de Veneza, e de alguns lugares da França.
Ambas surgiram no final do século XVI e eram consideradas o tipo mais caro de ornamentação
da época.
Na renda de bilros é feita através de numeroso fios e cada um deles fica preso a um bilro. Já
na renda de agulha, desenhava-se como seria a renda em papel-pergaminho e sua confecção
surgia a cada laçada com o fio, sendo feita com pontos simples ou complexos e com uma
extremidade presa a uma agulha e outra presa a uma base.
Sua composição é de linho (fibra vegetal, longa), algodão (fibra vegetal semente, curta), seda
(fibra animal, secreção) e Ouro (fibra metálica, base petroquímica).
No começo, seu uso era exclusivo para os mantos do clero e da realeza. Depois, nos séculos
XVII e XVIII, a renda começou a ser utilizada em adornos de cabeça, babados, aventais e
enfeites de vestidos.No século XIX, foi muito inserida em vestidos de chá, véus, lenços e xales,
luvas e acessórios como os adornos de guarda-sóis, entre outros. Atualmente a renda é
utilizada em lingeries, vestidos, vestidos de noivas, calças, redes.
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T E C I D O S E S P E C I A I S
São os tecidos que apresentam estrutura mista de tecidos comuns ou malhas e os nãotecidos.
Esta categoria inclui ainda os que receberam aplicações de soluções específicas, como
laminados, emborrachados, plastificados.
Os nãotecidos, também conhecidos por não texturizados, são obtidos sem o uso de tear.
Provêm de elementos fibrosos compactados por meio mecânico, físico ou químico, formando
uma folha contínua. Podem ser obtidos pelo entrelaçamento das fibras ou pela ação de
adesivos na fusão das fibras. Ao contrário dos têxteis obtidos em teares, em um nãoteciso as
fibras não têm sentido de direção; não há necessidade de serem orientadas.
6.1 - NEOPRENE
É um tipo de borracha sintética utilizada na indústria da moda. O neoprene é geralmente
associado a roupas de banho, mas hoje é aplicado em diversos outros produtos de moda,
como roupas calçados e acessórios.
AriapreneTM é a alternativa biodegradável ao neoprene. Ele não contém solventes nem
ingredientes tóxicos e também está disponível em uma ampla seleção de tecidos leves com
borracha. Foi desenvolvido na virada deste século e foi desenvolvida para ser reutilizado várias
vezes, dentro do processo de reciclagem de loop fechado, depois do que vai se decompor com
segurança.
História
Experimentos com borracha sintética aconteceram na Alemanha e na Rússia na virada do
século XX, mas foi o aumento do preço da borracha natural de látex que estimulou as
pesquisas para encontrar um substituto sintético barato, levando ao desenvolvimento do
neoprene pela DuPont. A invenção foi baseada no trabalho de pesquisa de Julius Nieuwland,
da Universidade de Notre Dame, de quem a DuPont comprou os direitos de patente. Arnold
Collins, um químico da unidade de Wallace Carother, produziu o neoprene pela primeira vez
enquanto investigava subprodutos de divinilacetileno.
O nome neoprene foi adotado no final dos anos 1930; é um nome genérico e não comercial, já
que ele é vendido como um material cru para ser misturado e não como um produto final.
Depois de uma campanha de marketing intensiva, o neoprene teve uma grande demanda no
final da mesma década.
Louis Vuitton, Chanel, Michael Kors, Balenciaga, Lanvin e Vera Wang já usaram borracha
sintética em suas coleções.
Propriedades
A borracha sintética é um elastômero feito da polimerização de uma variedade de monómeros
à base de petróleo. Em esportes, a borracha sintética é frequentemente usada como um
componente para absorver impactos e frequentemente é ligado a tecidos de malha, como
jersey e veludo. Laminar o neoprene a tecidos leves instáveis agrega estabilidade e força, por
isso permite usos alternativos que não seriam possíveis somente com o tecido de base. A
borracha sintética e os tecidos laminados com borracha sintética podem ser costurados,
colados ou selados com calor dependendo da finalidade para a qual o produto vai ser utilizado.
Ela não se degrada no sol e resiste a danos ao ser torcido e dobrado. É usado como tecido de
isolamento para esportes aquáticos, como em trajes de banho para mergulho.
Os produtos químicos utilizados na fabricação do neoprene proporcionam à fibra resistência a
calor, chamas, abrasão e óleo. O processo de produção pode provocar alergias, já que inclui
solventes químicos e metais pesados. Já o AriapreneTM é hipoalergênico, inodoro e livre de
solventes.
As qualidades esculturais e a leveza do neoprene o tornam
adequado para a produção de peças estruturadas, como no
vestido peplum ondulado do vestido vermelho da coleção
outono 2012 de Lanvin. As qualidades esculturais do material
permite ao estilista criar formas que se destacam do corpo
sem a necessidade de um fortalecimento extra.
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T E C I D O S P A R A F O R R O
Alguns tecidos são específicos para serem
utilizados como forro das roupas, embora cetim,
tafetá, shantung, chiffon e crepe também tenham essa aplicação. Utilizados por baixo do tecido
principal, ajudam a dar a acabamento, volume e garantem conforto as peças.
Os tecidos de forro são encontrados em fibras naturais ou sintéticas e são usados em casacos,
paletós, calças, saias e vestidos. O forro proporciona acabamento limpo e profissional no
interior da roupa e encobre as bordas brutas, entretelas e partes da peça.
Forros de poliéster são oferecidos em uma grande variedade de pesos, mas também é possível
encontrar tecidos de forro em seda e algodão.
Alguns tipos de tecido são comumente usados para forro:
Bember: utilizado em forro de saia, vestido e alfaiataria em geral, é um tecido sintético, muito
usado por ter um custo menor, não muito confortável termicamente, pois não absorve o suor.
Por isso, é indicado para peças que não ficam em contato com a pele.
Cetim com ou sem elastano: tem um toque agradável, muito utilizado em moda festa e vestidos
de noiva.
Algodão: é indicado para roupas infantis e roupas que necessitam de conforto térmico, pois
possui uma boa absorção em relação ao suor.
Malha: é utilizado em roupas de malha, principalmente vestidos e saias. Pode também ser
usado em forração de blazers, jaquetas e peças de uniformes.
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A V I A M E N T O S
Os aviamentos são materiais necessários à conclusão de uma peça de roupa, no que diz
respeito à funcionalidade ou decoração da peça.
O uso inteligente dos acabamentos é uma forma criativa de se expressar. Isso pode ser visto
ao longo de muitas coleções de moda e pode causar um grande impacto.
De um botão a um zíper, usado de forma funcional ou decorativa, sutil ou exagerado: qualquer
que seja a escolha, a seleção deve ter em vista os tecidos, a peça em si e o acabamento
estético como um todo.
8.1. BOTÕES
Os botões são os fechos mais antigos, datados de antes da Era do Bronze. Originalmente eram
usados como enfeites e só mais tarde passaram a ser incorporados no vestuário.
Podem ser encontrados tanto em materiais naturais quanto sintéticos e seu acabamento varia
desde formas bastante simples até padrões rebuscados e decorativos. Os de estilo vintage
podem ser obtidos se necessário e são bem simples de fazer. Possuem diversas formas e
tamanhos e, se a intenção é causar impacto é aconselhável que sejam desenvolvidos ainda na
fase de criação, uma vez que isso pode tomar algum tempo até que o estilo certo para a
coleção seja encontrado.
Os botões são comercializados em uma imensa variedade de materiais, como plástico, metal,
madeira e até conchas. A maioria tem formato circular, mas formas quadradas, retangulares,
triangulares e outros formatos também são encontrados. Alguns botões têm abertura, outros
têm um pé (um pequeno gancho preso na parte de trás). Os botões com pé são
frequentemente usados em roupas mais pesadas, como sobretudos, pois facilitam o
movimento.
Botões são o tipo mais comum de fecho e, ainda assim, são os mais interessantes. No entanto,
há alguns pontos a serem considerados sobre o uso dos botões:
- Sempre combine a cor da linha de fixação do botão com a cor da roupa, a menos que
deseja um acabamento contrastante.
- Botões leves e botões pesados devem ser usados com seus tecidos equivalentes, isso
porque um botão leve não será estável o suficiente para um tecido pesado e um botão
pesado em um tecido leve poderá causar um efeito indesejável, deformando a peça.
- Se a ideia é combinar os botões com o tecido, o ideal é ter uma amostra para confrontá-
los.
- É indicado experimentar diferentes tipos de botões, como os forrados, os de couro, os
metálicos, etc.
- É necessário sempre considerar o tamanho do botão antes de fazer as casas, pois é
difícil corrigí-las depois de prontas. Conferir se estão uniformemente espaçadas,
marcando a posição do botão com alfinetes primeiro também é recomendado. Para que
a abertura da casa seja suficiente para acomodar o botão, mas não fique muito grande,
a medida recomendada é de 3mm a mais que a largura do botão.
Botões de pressão: também conhecidos como botão de encaixe e rebites, possuem forma de
disco e se fecham quando um lado é inserido no outro - os lados são chamados de "macho" e
"fêmea". São presos à roupa usando-se a prensa, um equipamento que aplica quantidade
correta de pressão, garantindo que os botões permaneçam no lugar, sem danificar a peça.
Também podem ser aplicados um a um com um alicate manual. Ao prender os botões de
pressão, é preciso garantir que suas posições estejam cuidadosamente marcadas, pois os
lados macho e fêmea precisam ser alinhados corretamente.
Botão bombê ou forrado: é um botão composto de duas partes, sendo uma base ou pé com
furos para passar a linha e a parte superior, feita geralmente em alumínio, que é forrada com o
próprio tecido da roupa e prensado em uma máquina. Para esse processo utilizam-se matrizes,
que variam conforme o tamanho do botão.
Botões fixos e flexíveis: utilizados em peças jeans, são botões de pé, que facilitam o
abotoamento. Para tecidos mais pesados utiliza-se o botão flexível, que tem uma base móvel,
para que o ato de abotoar seja mais facilitado ainda.
Botões Invisíveis: esses botões são geralmente metálicos e têm um ímã interno, fazendo com
que as duas partes se unam facilmente. É muito utilizado em acessórios como bolsas, pois é
prático e não aparece do lado externo.
8.2. COLCHETES
Tipo de fecho que utiliza um pequeno gancho de um lado e um colchete de tecido ou metal do
outro. Geralmente, colchetes e ganchos possuem diferentes formas e tamanhos. É essencial
sempre marcar a posição onde serão presos para garantir que os dois lados do fecho estejam
corretamente alinhados.
O modelo mais estável é o colchetão de gancho de metal, sólido e mais adequado para a
região da cintura, que sofre maior pressão.
Ganchos e colchetes arredondados são mais delicados e utilizados principalmente como
fechos de vestidos, inclusive de noiva, desde o centro das costas até a região da nuca.
Também são bastante usados em decotes e lingeries, como sutiãs, corsets e espartilhos.
São costurados à mão, exceto o colchete de cós de calça, que é preso no tecido por garras. Os
colchetes também podem vir já aplicados em fitas de tecidos, que são utilizadas para
fechamento de peças.
8.3. CORDÕES E VIVOS
Cordões e vivos têm bordas orladas e são imprensados entre dois pedaços de tecido na linha
de costura. Uma borda orlada é uma aba achatada de tecido ou de fita que é presa à
extremidade do cordão para facilitar a aplicação.
Podem ter uso decorativo ou funcional, no caso de ajustar a roupa. São oferecidos em diversos
modelos, composições e espessuras.
Atualmente, a indústria disponibiliza cordões em polipropileno, algodão e poliéster nos modelos
trançados ou agulhados. Os cordões são disponibilizados em carretéis ou cortados na medida
da necessidade do cliente.
Os cordões e vivos podem complementar as roupas de diferentes modos, agregando estilo e
praticidade aos produtos que integram.
Os tipos mais comuns de vivo e cordão incluem os seguintes:
Cordão vivo: acabamento bastante usado em projetos de decoração para o lar. Uma borda
deste aviamento tem um cordão torcido e a outra borda e uma aba. A aba e costurada ao
cordão e você pode removê-la puxando o final da linha de ponto corrente.
Cordão para preenchimento: Esse cordão preenche o meio do vivo, que e enrolado e costurado
com tecido. Está disponível em uma ampla gama de larguras.
Vivo: o vivo e puramente decorativo. É usado para adornar bordas de bolsos, punhos, golas e
palas nas costuras.
Os cordões funcionais, agulhados em poliéster coloridos, em suas diversas espessuras, são
usados para fechamento de bolsas, ajustes em biquínis, sungas, bermudas, uniformes
profissionais e esportivos, aventais, moda masculina, feminina, infantil, mochilas, entre outros.
8.4. ELÁSTICO
O elástico tem uma estrutura de trançado que pode ter em sua composição fios de algodão ou
sintéticos, juntamente com fios de borracha ou outras fibras elásticas. É medido em
milímetros(mm).
Os elásticos classificam-se alguns tipos mais comuns:
Para cós: esta malha elástica tem um cordão passando pelo seu centro, ideal para o uso em
bermudas de cordão e calças de moletom.
Cordão elástico: parece um galão sutache, mas que estica. Ê usado em punhos ou cinturas. O
elástico para roupas de banho é um cordão elástico com tratamento para resistir ao desgaste
pela água salgada ou clorada. De embutir : elásticos que ficam escondidos, embutidos na
roupa. Esses elásticos são achatados e podem ter várias larguras.
Externos ou aparentes (decorados): são feitos para aparecer e decorar a peça de vestuário, por
isso são estampados e coloridos.
Roliços: é um cordão mais pesado que o fio elástico e pode ser ziguezagueado para um
acabamento mais macio e elástico dos punhos. Há também os elásticos roliços muito utilizados
no segmento surfwear.
Linha elástica ou lastex: os lastex são utilizados para franzir o tecido, costurando com linha e
com o próprio elástico.
Fita elástica: é macia e extremamente elástica. Quando o elástico trançado é esticado
enquanto se costura, a agulha desliza através das laçadas da malha, de modo que o elástico
não estrague ou fique maior do que o comprimento cortado durante a aplicação.
8.5. ENTREMEIO
Técnica empregada para unir dois pedaços de material com a inserção de um ponto, criando
uma tira vazada entre ambos. Tradicionalmente feito à mão, foi mais usado na confecção de
lingerie e peças infantis de tecidos delicados, como seda, cetim, linho e algodão. Era popular
nas roupas de verão nos anos 1920 e 1930.
Menos usual, materiais mais grossos também podem receber entremeios, embora isso crie um
efeito mais robusto.
8.6. ENTRETELA
A entretela é um aviamento aplicado entre a roupa e o forro que forma a estrutura básica,
usada para para estruturar, estabilizar e enrijecer o tecido. Também dá corpo, reforça as
costuras e evita que o modelo se alargue e perca a forma.
Geralmente, é aplicada nas áreas que mais se desgastam em uma roupa, como golas, punhos,
aberturas frontais e traseiras, cós, bainhas, entre outros. A aplicação da entretela faz toda a
diferença na estruturação da peça e deixar de usá-la pode fazer com que o tecido
simplesmente não se sustente, colarinhos e punhos podem franzir, por exemplo.
Encontra-se disponível em algodão, TNT (tecido nãotecido), viscose, lã ou malha, com
características diferentes:
Em malha: feita de malha de poliamida, é ideal para usar com tecidos de malha, pois tem a
mesma elasticidade. É necessário dispor as partes para que a elasticidade fique na mesma
direção da do tecido.
Nãotecido: essa entretela é a mais fácil de usar, pois pode ser disposta em qualquer direção.
Tecida: deve ser disposta ao longo da mesma linha do fio do tecido. Se a peça do molde de
tecido for cortada em sentido longitudinal ao fio, a peça do molde da entretela deve ser cortada
da mesma forma.
Alguns modelos possuem cola adesiva, que adere ao tecido quando selada com calor e
proporciona um acabamento mais profissional. Outros devem ser costurados.
Antes de usar entretela, é necessário verificar a espessura para assegurar que não esteja
muito grossa ou muito fina para o tecido escolhido. Além disso, as entretelas termocolantes
precisam ser encolhidas antes da aplicação, a não ser que sejam feitas de nãotecido. Do
contrário, a peça ficará deformada após ser lavada, enrugando o tecido ou resultando em uma
aparência dura.
8.7 - FITAS
O termo "fita" refere-se a tiras estreitas de tecidos de tecido, muitas vezes com uma orla visível
em cada lado que os ajuda a manter sua forma.
As fitas podem ser feitas de qualquer fibra e geralmente são tecidas em tecidos de cetim, liso,
gaze, sarja e veludo.
Já no período neolítico, as pessoas teceram tiras de tecido muito estreitas, densas, muitas
vezes utilitárias em teares portáteis. Impressões de faixas de tecelagem planas de urdidura que
remontam a 6000 a.C. foram escavados do sítio arqueológico turco de Çatal Hüyük.
Embora seu propósito fosse principalmente funcional, algumas evidências sugerem que fitas
também poderiam ser usadas para fins mais decorativos. Elizabeth Wayland Barber sugeriu
que os dançarinos balançavam tiras de tecido já na Idade do Bronze Médio. Existe evidência
de que, nas culturas do Egeu de 2000 até 1200 a.C., tecelãs especializadas usaram um tear
vertical ponderado de urdidura para tecer bordos e faixas decorativas para enfeitar e cortar
roupas.
Hoje, as fitas estão disponíveis em incontável número de opções de cores, larguras, e materiais
naturais e sintéticos e são usadas com fins funcionais e decorativos.
8.8 - ILHÓS
São pequenos círculos de metal aplicados aos tecidos por pressão, usados para passar
cordões, cadarços e fitas, ou simplesmente com função decorativa.
Podem ser fabricados em vários tipo de metais em variados tamanhos, cores e modelos.
Para a sua aplicação é necessário o uso de matrizes que variam de acordo com o tamanho do
ilhós. São aplicados com prensa ou com um alicate especial, mas também podem vir já
aplicados em tiras de tecido, que são utilizadas para o fechamento de peças.
8.9. PAETÊS E LANTEJOULAS
Ambos acrescentam um efeito lustroso e luzidio ao tecido. Paetês são enfeites longos,
achatados ou ovais, com um furo em cada ponta para serem parcialmente costurados à
vestimenta, preservando um certo movimento.
Lantejoulas por outro lado, são geralmente redondas, têm um orifício no centro e ficam bem
presas ao tecido. No início, eram feitas de conchas ou metal, mas depois passaram a ser
fabricadas com plástico.
8.10. PASSAMANARIA
Na França, no século XVI, foi criada a primeira Guilda de Passamaneiros, que documentou a
arte da passamanaria. Sua principal expressão era a borla, mas o trabalho também incluía
franjas (aplicadas, em vez de integrais), cordões ornamentais, galões, pompons e rosetas.
Borlas, galões e rosetas são enfeites em relevo; os outros são lineares.
Em meados do século XIX, o couturier Charles Frederick Worth abusou das passamanarias
para decorar crinolinas e saias com nesgas.
8.11. SIANINHA
Cordão ondulado que foi originalmente produzido em crochê no fim da década de 1800,
quando surgiram algumas variações.
É identificada como uma fita estreita em ziguezague, é encontrada em diversas larguras e
cores. Feita de uma cor única, geralmente contrastante com a base, e costurada pelo centro
com uma carreira única de pontos, a sianinha teve popularidade nos anos 1950, quando
decorava as saias rodadas de feltro das adolescentes.
É usada na superfície de peças de roupas para disfarçar vincos de bainhas que não foram
passadas ou deixando à mostra na beira de um bolso, na margem de costura, para um charme
extra. Feita de sarja é muito estável e, devido à essa característica pode ser usada para
estabilizar costuras nos ombros e em outras áreas de uma peça que possa esticar ou perder
sua forma.
Também está presente em trajes folclóricos, sobretudo durante a tendência relacionada ao
Oeste americano, na década de 1970.
8.12. SOUTACHE OU SUTACHE
Soutache é tipo de galão fino decorativo com uma cavidade central onde é passada a costura
que o prende ao tecido.
É um cordão estreito, plano, tradicionalmente feito de fios dourados ou prateados, de seda ou
uma mistura de seda e lã.
É muito utilizado na ornamentação das roupas para ocultar emendas e costuras externas,, criar
definição e enfatizar a estrutura. O soutache foi característico da decoração de uniformes
militares.
No século XX, começou a ser produzido com raiom e outras fibras sintéticas.
8.13. VELCRO
É um tipo de "colchete" em forma de tecido, feito de fibras artificiais como o poliéster. Foi criado
pelo engenheiro suíço Georges de Mestral, em 1948 - acredita-se que tenha se inspirado na
natureza e na forma como os minúsculos ganchos de um carrapicho se grudavam em seu
casaco. Da mesma forma, um dos lados da tira do velcro é feito de pequenos ganchos que
aderem à tira oposta, que exibe pequenas alças.
Prático e versátil, disponível em diversos pesos e tamanhos, é muito utilizado em roupas
esportivas e infantis. Também é ideal para tecidos de malha ou com fibras elásticas, que
facilmente se alargam e perdem a forma com o uso.
8.14. ZÍPER
Histórico
O "fecho de gancho" surgiu em Chicago, em 1893, inventado pelo engenheiro mecânico
Whitcomb Judson, mas a versão moderna, dentada, data de 1917, criada por Gideon
Sundback, funcionário da empresa de Judson, a Universal Fastener Company. As primeiras
versões da peça eram feitas de metais pesados e confinadas ao uso militar. Apenas nos anos
1930, no entanto, o mecanismo passou a ser utilizado em vestimentas, primeiro nas infantis. A
partir dessa década, com o surgimento de metais mais leves e seguros, foi adotado por
couturiers, mais notavelmente por Charles James, que o transformou em um elemento de
composição das roupas.
O zíper é composto por uma tira com duas fileiras de dentes protuberantes que se entrelaçam
quando está fechado e abrem ou fecham por meio de um cursor que desliza pela tira, e o
convencional tem sempre uma das extremidades fechada.
Tipos
A escolha do zíper irá depender do uso. Deve-se levar em conta se os tecidos são pesados ou
leves, escolhendo o tipo de fechamento mais adequado.
É aconselhável reservar um tempo para escolher o tipo de zíper, a fim de que possa
experimentar diversos tipos de técnicas de colocação. Além disso, é necessário levar em conta
se o zíper será usado por razões puramente estéticas ou funcionais, visando seu desempenho.
A maioria dos zíperes é feita de metal ou plástico. Há também fechos específicos para roupas à
prova d'água, feitos de material sintético, o que lhes permite ser fixados (colados ou selados
com calor) na roupa sem o uso de costura.
Quanto ao material:
Sintético com dentes de nylon: é um zíper leve e mais delicado, utilizado em roupas de tecidos
de leves à médios.
De algodão com dentes de metal – é um zíper mais pesado, por causa do metal. É utilizado em
roupas de tecidos médios a pesados.
Quanto ao modelo:
Comum: é o zíper médio, aquele que se adéqua à maioria das peças de roupa casuais, usadas
no dia-a-dia. É o mais vendido no mercado.
Zíper invisível: tipo moderno de zíper, feito para se ocultar dentro da costura, com o cursor
pequeno, fino e oval. É um zíper extremamente delicado, indicado para roupas igualmente
delicadas. Seus dentes ficam para o lado interno e, quando aplicado, este fecho é escondido
dentro da costura e os pontos não são visíveis pelo lado direito da roupa. São indicados,
portanto, para vestidos e saias que requerem uma costura mais limpa e arrematada e mais
utilizados no centro das costas e em costuras laterais. É fabricado em material sintético.
Zíper bidirecional: casacos, parcas e roupas esportivas utilizam esse zíper. São feitos para abrir
completamente e têm dois cursores, para facilitar o uso. Costumam ser mais pesados e feitos
de metal ou plástico.
Colocação
A seguir, constam as diversas maneiras de prender um zíper à carcela:
Braguilha com zíper frontal: A braguilha é uma forma muito elegante e durável de fechamento
que esconde o zíper em shorts, calças e saias, por meio de uma aba de tecido anexada.
Constitui o acabamento tradicional das calças masculinas, também usado em roupas femininas
modernas. Existe um longo histórico sobre o lado de fechamento da braguilha: para as
mulheres, vai da direita sobre a esquerda; para os homens, da esquerda sobre a direita.
Zíper centralizado: É o posicionamento mais comum e o ideal para o centro dianteiro ou
posterior de uma vestimenta, com os dentes do zíper colocados no meio da costura. Em geral,
usa-se uma margem de costura de 2,5 cm, onde a face do zíper é presa.
Zíper embutido: Método que oculta os dentes do zíper. Aplicado com a mesma técnica do
modelo centralizado, a única diferença é o posicionamento em relação à extremidade da
vestimenta. A costura do tecido de um lado do zíper recebe pontos próximos aos dentes, e o
outro lado se sobrepõe a eles, para ocultá-los. Zíperes embutidos são mais usados na costura
esquerda lateral de calças, saias e vestidos. Também é conhecido como zíper oculto.
Inserir um zíper é uma habilidade que requer prática. A chave é ter paciência, mas o ponto mais
importante é ter o zíper do comprimento correto para a abertura da roupa - se ele for muito
longo, terá de ser cortado. Além disso, é necessário certificar-se de estar usando o pé correto
na máquina e que esta esteja corretamente alimentada. Não é aconselhável usar alfinetes para
prender o zíper à peça antes de pespontar, pois eles podem causar problemas na máquina de
costura, principalmente se engancharem ou ficarem presos.
Colocar um zíper pode ser problemático, particularmente no topo, onde fica o cursor. Se ocorrer
problemas neste local, puxe o zíper para baixo antes de começar, para que o fecho esteja
aberto na hora de pespontar. Isso irá permitir que o cursor fique visível quando a roupa estiver
terminada e irá eliminar qualquer ponto desigual no topo da peça.
Em qualquer colocação de fecho, verifique ao final do processo se o zíper pode subir e descer
com facilidade. O problema a atentar, no caso de um zíper invisível, é assegurar que a costura
esteja próxima o suficiente para que o tecido do zíper não fique visível (ao final, deve parecer
uma costura contínua), mas não tanto ao ponto de atingir os dentes, pois isso impediria o fecho
de funcionar corretamente.
O zíper centrado normalmente apresenta problemas no topo do fecho, onde o cursor fica. Caso
os pontos fiquem desiguais nessa área, puxe o zíper para baixo, deixando-o aberto antes da
confecção.
Se do lado direito da costura o zíper estiver visível, é preciso descosturá-lo para consertar. Ao
colocar o pé do zíper, certifique-se de que ele esteja o mais próximo possível do dente, sob ele.
30 Tecidos
-- 9 --
D I C A S F I N A I S
9.1. PAINEL DE INSPIRAÇÃO
O conjunto de amostras é um ponto de referência para qualquer estilista, ele oferece a
liberdade de experimentar sem restrições e desenvolver ideias que podem ser trabalhadas ao
longo do processo de criação. O painel de inspiração faz parte do processo de pesquisa e
desenvolvimento de qualquer projeto. As ideias contidas nele podem ser simplesmente
amostras costuradas que representam uma imagem da atmosfera ou do quadro conceitual.
Trata-se de explorar possibilidades criativas por meio da prática tridimensional.
As imagens do painel de inspiração ficam ótimas ao lado de amostras de tecidos, croquis e
esboços, de modo a oferecer um ponto de referência para o estilista.
9.2. PASSADORIA
Alguns tecidos naturais e delicados, como o chiffon de seda, reagem melhor à passadoria a
vapor do que a ferro. Isso ocorre principalmente porque se um ferro está em temperatura ou
configuração incorreta, há riscos de o tecido ser danificado pelo calor ou por marcas de água,
caso seja usado vapor.
A vaporização (ou trato a vapor) é o uso do vapor de água quente para remover as dobras e
rugas das roupas. Esse equipamento elétrico consiste em um recipiente onde é colocada água
e aquecida à temperatura adequada. Uma vez concluída esta etapa, o vapor irá sair a partir de
um tubo de distribuição e as peças de roupa poderão ser vaporizadas de forma suspensa, em
vez de apoiadas numa superfície plana, como é feito quando são passadas a ferro.
-- 10 --
R E F E R Ê N C I A S
Bibliográficas
Angus, Emily. Dicionário de Moda. São Paulo: Publifolha, 2015. P. 22, 194, 209-213, 236-245,
291, 300-313, 288.
Callan, Georgina O'Hara. Enciclopédia da moda de 1840 à década de 90. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007. P. 66, 314, 340.
Chataignier, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras
Editora, 2006. P. 68-69, 138, 156, 158.
Daniel, Maria Helena. Guia Prático dos tecidos. São Paulo: Editora Novo Século, 2011. P.
156-162, 46, 56, 66, 68,70, 128-130.
Clive, Edward. Como compreender design têxtil: guia rápido para entender estampas e
padronagens. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. P. 192-202.
Fogg, Marnie. Tudo sobre moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. p. 33, 78, 148, 152-153.
Hallett, Clive e Johnson, Amanda. Fabric for Fashion: The complete guide. Londres: Laurence
King Publishing, 2014. P.17, 53, 69, 70-73, 75, 123, 162.
Harris, Jennifer. 500 years of textiles. Londres: The British Museus Press, 2004. p. 33, 85, 175,
180, 184
Lieger, Ilce. Moda em 360o: design, matéria prima e produção para o mercado global. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. P. 130-132, 135-136, 153-154.
Matharu, Gurmit. What is fashion design. Mies: RotoVision, 2010. P. 108-111.
Pezzolo, Dinah Bueno. Tecidos: História, tramas, tipos e uso. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2007. P. 206-217, 232-234, 229,230, 302, 303, 306-309,316, 318.
Prendergast, Jennifer. Técnicas de Costura: uma introdução às habilidades de confecção no
âmbito do processo criativo. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. p. 48-49, 68-69, 74-75, 78-81.
Saunders, Jan Maresh. Costura para Leigos. Rio de Janeiro: Alfa Books, 2013. P. 37, 50, 52,
233.
Udale, Jenny. Fundamentos do design de moda: tecidos e moda. Porto Alegre: Bookman, 2009.
P. 40 - 45
Artigos
Soares, Daniela Bento. A prática do tecido circense nas academias de ginástica da cidade de
Campinas-SP: o aluno, o professor e o proprietário. Revista Corpoconsciência, v. 15, nº2, jul./
dez., 2011. (http://www.periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3534)
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30 Tecidos

  • 1. Design de Moda - Habilitação em Estilismo Materiais Têxteis I Professora Mitiko Medeiros Kodaira 1° Semestre GUIA DE TECIDOS SENAC Março de 2018
  • 2. Bruna Conceição Carvalho Elaine Cristina Santana da Silva Lívia Bonato de Oliveira Marina Frota e Silva Vivian Vianna Leal Kenski
  • 3. "In order to be irreplaceable one must always be different." Coco Chanel
  • 4. ÍNDICE 1 - Introdução 2 - Tecidos Planos 2.1 - Brim 2.2 - Cambraia 2.3 - Cetim 2.4 - Chambray 2.5 - Chiffon 2.6 - Chita 2.7 - Crepe 2.8 - Denim 2.9 - Gabardine 2.10 - Lamê 2.11 - Linho 2.12 - Laise 2.13 - Musseline 2.14 - Organza 2.15 - Piquê 2.16 - Seda 2.17 - Shantung 2.18 - Tafetá 2.19 - Tricoline 2.20 - Tweed 2.21 - Veludo 2.22 - Viscose 3 - Padronagens 3.1 - Chevron
  • 5. 3.2 - Espinha de peixe 3.3 - Quadriculado 3.4 - Xadrez 3.4.1 - Principe-de-gales 3.4.2 - Pied-de-poule 3.4.3 - Tartan 3.4.4 - Vichy 4 - Tecidos de Malha 4.1 - Gorgurão 4.2 - Helanca 4.3 - Jersey 4.4 - Lamê 4.4 - Liganete 4.5 - Meia malha 4.6 - Moletom 4.7 - Tule 4.8 - Viscolycra 5 - Tecidos laçada 5.1 - Renda 6 - Tecidos especiais 6.1 - Neoprene 7 - Tecidos para forro 8 - Aviamentos 8.1 - Botões 8.2 - Cochetes 8.3 - Cordões e vivos 8.3 - Elástico
  • 6. 8.4 - Entremeio 8.5 - Entretela 8.6 - Fitas 8.7 - Ilhós 8.8 - Paetês e lantejoulas 8.9 - Passamanaria 8.10 - Sianinha 8.11 - Soutache 8.12 - Velcro 8.13 - Zíper 9 - Dicas finais 9.1 - Painel de inspiração 9.2 - Passadoria 10 - Referências
  • 7. -- 1 -- I N T R O D U Ç Ã O O conhecimento de diferentes tecidos e o entendimento de como aplicar suas diversas qualidades é uma habilidade fundamental para um designer de moda. Cada tecido tem sua própria personalidade estética, a qual pode proporcionar inspiração por meio de sua aparência, sensação tátil e manuseio. Para alguns estilistas, o tecido é o ponto de partida das pesquisas e dita o tema ou a atmosfera da coleção. Outros, decifram a pesquisa primeiro e, ao longo da jornada, interpretam as informações em tecidos e cores. Os tipos de tecidos para o processo de confecção da roupa devem ser escolhidos de acordo com a intenção criativa. Ao fazer essa escolha, é necessário considerar, além da paleta de cores e o tema da coleção, as características dos tecidos, como toque, caimento e elasticidade. Existe uma ampla gama de tecidos disponíveis. Eles têm diferentes tratamentos, pesos, texturas e propriedades que são específicas para certos desenhos de vestuário, setores do mercado e estações do ano. Os tecidos escolhidos para uma coleção devem ser apropriados para o propósito das peças. Por isso, a escolha do tecido é a chave para a construção de uma coleção harmônica e adequada aos objetivos que se deseja atingir, ao uso proposto para as roupas e ao público-alvo que se tem em vista. Uma sugestão dada por Jennifer Prendergst, no livro Técnicas de Costura, para evitar alguns problemas que podem surgir durante o processo de seleção do tecido é contatar o fornecedor, pois muitos deles oferecem pequenas amostras para que sua adequação possa ser avaliada.
  • 8. - 2 - T E C I D O S P L A N O S Os tecidos planos podem ter diferentes pesos, desde os mais leves, passando pelos médios, até os mais pesados. Grande parte é feita de fibras naturais, como algodão, seda e linho, mas também há as misturas sintéticas. Geralmente, são muito duráveis e podem ser cortados e costurados mais facilmente, pois têm pouca elasticidade. A característica principal dos tecidos planos é seu entrelaçamento, formado por dois conjuntos de fios em ângulos de 90o . Um desses conjuntos, o urdume, é composto por fios dispostos no sentido longitudinal do tecido; o outro, a trama, fica disposto no sentido transversal, perpendicular ao urdume. Os tecidos planos apresentam, basicamente, quatro variedades principais: Tecido liso: Apresenta aspecto uniforme, em qualquer estampa. Ligamento tafetá, sarja ou cetim. A parte mais importante destes tecidos é o acabamento, que deve dar valor aos fios, à padronagem e ao toque final. Exemplos: cambraia, cetim, crepe, brim, gaze, veludo. Maquinetado: Tem aspecto mais fantasioso, o qual pode ser obtido pela trama de fios ou por tratamento de acabamento. Exemplos: xadrez, listrado, barrado, shantung.
  • 9. Jacquard: Mostra o efeito decorativo reproduzido por meio da tecelagem. Os inúmeros desenhos surgem do entrelaçamento dos fios, que variam na cor e no brilho. Seu aspecto final resulta no cruzamento livre dos fios do urdume e de trama, geralmente tintos ou fantasia. Estampado: Aquele que na fase do acabamento recebe a aplicação de desenhos e cores. Ao utilizar alguns tecidos planos, como os de algodão, é preciso assegurar-se de que tenha sido pré-encolhido antes de ser cortado. Caso contrário, a peça encolherá após ser passada ou lavada, o que causará problemas com ajustes e tamanhos.
  • 10. 2.1. BRIM É um tecido forte, com trama em sarja (estrutura de tecelagem que possui repetição mínima de três fios urdume e trama, e distingue-se por sua diagonal bem definida), de algodão (origem vegetal – fibra curta, derivada de semente). Assemelha-se ao coutil, jeans e denim. Apresenta um aspecto liso simples e grosso e, por ser um tecido firme, tem a capacidade de se sujar menos e é mais prático e resistente. Originário de Nimes, França, era fabricado antes de 1800 e utilizado para fazer roupas baratas e resistente para os trabalhadores. Os seus primeiros importadores foram os italianos, que confeccionavam com o material os uniformes dos marinheiros que trabalhavam no porto de Gênova. É um tecido 100% de algodão e, atualmente, tem suas variações: brim com elastano, com lycra®, com strech, com brilho, peletizado, acetinado, leve, pesado, entre outros. A qualidade do algodão, matéria prima do brim, varia por conta do tipo de algodoeiro, já que apresentam diversidades de fibras, que podem ser mais compridas que outras. Entretanto, o conceito de qualidade do algodão sofreu modificações no passado em função das determinações tecnológicas. O brim é muito usado na confecção de calças, bermudas, uniformes, etc e também em decoração e roupa de casa almofadas, toalhas de mesa, etc. Atualmente, o tecido apresenta diversos modelos e cores, inclusive o preto, que é bastante usado pelos góticos.
  • 11. 2.2. CAMBRAIA Tecido fino, leve e transparente, de toque agradável. É composto de algodão, algodão de origem mista ou linho. É produzido por ligamento tafetá e recebe tratamento de goma. Tem peso médio e é composto por fios de urdume brancos e fios de trama coloridos contrastantes. Quando produzido em linho, tem a tendência de amassar bastante. No século XIX e início do século seguinte, era muito usado para fazer roupas íntimas e blusas delicadas. Com aparência despojada, compõe atualmente looks casuais. A cambraia de linho é um tecido nobre, frequentemente usado para a confecção de roupas de bebês para batizados e festas. Também está disponível a cambraia de lã, com ligamento sarja, usada em ternos elegantes.
  • 12. 2.3. CETIM O cetim pode ser feito de fibras de seda, algodão, poliéster, acetato ou viscose e composição com elastano. É um tecido de textura suave e, devido à sua estrutura de trama fechada (urdume por cima da trama ou vice-versa) é muito brilhante e sedoso. Originário da China. Seu nome veio de Quanzhou (antes conhecida como Zaitun), uma cidade portuária da China. Os chineses usavam o cetim na confecção de túnicas. No século XII foi disponibilizado na Itália e no século XIV para toda a Europa. Porém, por ser um tecido de alto custo, apenas a nobreza o utilizava. Esse tecido apresenta algumas variações: De seda: tecido mais pesado, brilhante e encorpado. Duchess: cetim firme, encorpado, estruturado e com brilho intenso. Com Elastano: brilhante, aspecto mais contemporâneo e confortável, encorpado; justa no corpo, tornando a silhueta sexy e acentuando uma sensualidade velada. O cetim é utilizado em lingeries, vestuários formais, forros de jaquetas e casacos, vestidos de noiva, roupas de festa, figurino e fantasia, sapatos e sapatilhas de ballet e na decoração em estofados e roupas de cama. O cetim duchess é utilizado em alta costura, especialmente para vestidos de noivas ou peças estruturadas. Já o cetim com elastano é ideal para confecção de qualquer peça sofisticada.
  • 13. 2.4. CHAMBRAY Chambray é um tecido plano, feito a partir de um fio colorido no urdume e um fio branco na trama, entrelaçando-se entre si. Seu lado avesso assemelha-se com sua face. Ele pode apresentar tanto um peso leve, usado em criações mais sofisticadas e também casuais, quanto ser mais pesado, usado em trajes mais casuais e com maior durabilidade. Quando comparado ao denim, o chambray é mais leve e maleável. Sua composição original é 100% algodão, mas existem misturas com outras matérias primas. Pode juntar-se a seda ou misturá-los. Foi criado perto da cidade de Chambray, França, pelo tecelão Jean-Baptiste Chambray. No século XVIII, proibiram a importação do Chambray francês para a Inglaterra, assim outros tipos de algodão se tornaram comuns no local. Depois que a marinha autorizou o uso do tecido, em 1901, o tecido tornou-se popular. O chambray era utilizado, antigamente, em peças eclesiásticas, vestuário infantil, babados, camisas, lenços, entre outros. Atualmente é usado em camisaria, bermudas, jaquetas, vestidos, tênis e acessórios.
  • 14. 2.5. CHIFFON Com apenas 12 a 15 gramas por metro, o chiffon de seda é um tecido plano com um leve toque de crepe e trama aberta, diáfana, obtida pelo uso alternado de fios torcidos em S e em Z. Pode ser produzido com pesos maiores (cerca de 17 gramas por metro) e em duas cores. O nome significa ‘trapo’ em francês, porém é um tecido que possui alta qualidade, além de ser muito fino e transparente de seda ou de fibras químicas sintéticas (normalmente poliéster ou poliamida) e tem aspecto encrespado, resistente e com fios com grande torção (feito com um fio solto fortemente torcido e um fio liso solto), e mesmo assim possui muita leveza. Devido a sua delicadeza requer atenção na lavagem. Desde o início do século XX, lenços de chiffon têm entrado e saído da moda.Embora seja leve, o chiffon aguenta bordados pesados e, por isso, é uma escolha comum de estilistas para a confecção de roupas de noite luxuosas. O termo chiffon quando combinado com outro nome de tecido, significa dizer que este possui leveza, exemplo: crepe chiffon, tafetá chiffon, veludo chiffon.
  • 15. 2.6. CHITA Tecido leve de algodão cardado, geralmente estampado em diversas cores e com desenhos de flores, composto de algodão e poliéster. Chintz era originariamente um tecido estampado produzido na Índia de 1600 a 1800. Por volta d e 1 6 0 0 , m e r c a d o r e s portugueses e holandeses levaram a chintz para a Europa, onde era comercializado como um tecido raro e de alto custo. Veio para o Brasil com os europeus a partir de 1800 e, após um longo processo burocrático, passou a ser produzido aqui no Brasil, o que acarretou no barateamento do s e u c u s t o e n a s u a popularização. Modelos de chita criados pela estilista Zuzu Angel nos anos 1970. A brasileira foi responsável por dar visibilidade ao tecido que se tornou a cara do Brasil.
  • 16. 2.7. CREPE Tecido com aspecto granulado e toque áspero, obtido pela alta torção de seus fios químicos ou naturais. A elevada torção provoca encolhimento dos fios durante o tingimento, proporcionando o aspecto opaco e seco. Clássico e leve, pode ser feito tanto em ponto tafetá quanto em ponto de cetim. Possui grande variedade de espessuras e pode ser produzido com ou sem elastano. O crepe quando utilizado em vestimentas, costuma exigir forro. Seu nome é derivado da palavra francesa crêpe, que significa “crespo”. Foi bastante usado no final do século XVII, quando o luxo marcou a sociedade francesa. Porém o estilo sofreu uma reviravolta com a queda de Luís XVI e Maria Antonieta, com a Revolução Francesa, tornando simplicidade a palavra- chave da época, fazendo com que os tecidos mais finos como o crepe fossem deixados de lado. Obtém destaque na moda novamente nos anos 1940. Características: ● Leve e fino ● Maleável ● Superfícies diferenciadas como ásperas ou enrugadas ● Não encolhe ● Diferentes pesos e graus de pureza ● Resistente e fácil para cortar e costurar ● Fluído Alguns tipos de crepe disponíveis são: Crepe Triacetato: com grande aceitação por ser ótimo tanto para alfaiataria quanto para ser mesclado com mais tecido nobres (georgette e seda). É um tecido ideal para roupas de festas, pois é fácil de conservar e não amassa fácil. Composição: 71% acetato, 21% poliéster. Crepe romain: originário da Itália, é um tecido de seda mais encorpado e fechado que o georgette. Aplicado em peças elaboradas, modelando facilmente e com excelente caimento. Crepe acetato: encorpado, excelente caimento sendo perfeito para alfaiataria e vestidos. Crepe da China: tecido de seda ou fibras químicas sintéticas (em especial o poliéster, fino e leve). Em seu urdume são mostrado fios com menor torção e a trama é construída de fios retorcidos dispostos alternados: dois fios com torção em S e dois fios no sentido Z. Crepe de lã: feito de lã penteada, com a tecelagem de fios sobretorcidos tanto no urdume quanto na trama, alternados. Crepe georgette: produzido de seda, poliéster, viscose, com superfície levemente crespada. Trata-se de um musseline mais pesado, transparente ou não, com um lado áspero.
  • 17. Crepe changeant: parecido com o crepe chiffon ou musseline, tem efeito furta-cor no lado direito e fosco no avesso. Crepe chiffon: semelhante ao musseline, geralmente de poliéster, sendo muito leve e transparente, com textura levemente enrugada, macio e fluido. Crepe madame ou chanel: tecido grosso, acetinado, efeito fosco no avesso, podendo ser utilizado dos dois lados. Crepe marrocain: originário do Marrocos, similar ao crepe da China, porém é mais pesado e granulação acentuada. Tecido feito de seda ou fibras químicas sintéticas, em especial o de poliéster.
  • 18. 2.8. DENIM O denim se tornou um clássico na moda. Atemporal e popular, está presente no guarda-roupas de pessoas de praticamente todos os estilos e classes. Hoje, é usado até mesmo na criação de modelos de alta costura, como neste vestido da coleção primavera/verão 2017 de Carolina Herrera.
  • 19. O denim é um tecido de algodão com trama de sarja. A denominação vem de fato de ter sido feito originalmente em Nimes, na França. De “serge de Nimes” sendo simplificado para denim. A história desse marco da moda, teve início em 1847, quando Levi Strauss deixou a Alemanha para tentar fortuna nos Estados Unidos, levando o para oeste, durante a “Corrida do Ouro”. No início, vendia uma espécie de lona para os mineradores cobrirem suas carroças. Observou a necessidade de calças mais resistentes devido ao trabalho nas minas, assim utilizou a lona que comercializava para confeccionar as primeiras calças jeans. Em 1860, as calças índigo blue substituíram as de lona e, em 1877, para maior resistência, ganharam rebites nos bolsos (o clássico jeans Levi’s 501). No início do século XX, a calça confeccionada com denim, como as dos marinheiros de Gênova, era usada para o trabalho pesado. Principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, o denim começou a ser utilizado na moda para uso diário, que incluía calças para diversas atividades, inclusive o lazer. Com a entrada definitiva na moda, o tecido ganhou variações. Nas cores, predominam os tons de azul, do escuro até o délavé bem clarinho e, em menor escala o preto. Na tecelagem, a composição é feita principalmente de algodão (uma mecha de fibra de algodão branco para cada três filamentos de azul índigo),o algodão puro muitas vezes é combinado a outros fios, principalmente a Lycra®. Denim também é classificado pela sua cor, pelo qual sua intensidade é medida em “DIP”, abreviação de deep, que literalmente significa “mergulho”. Quanto maior o tempo de mergulho nas caixas de corante índigo, mais intensa será a cor azul do jeans. Atualmente, alguns tipos de denim disponíveis são: Délavé: tecido com visual mais macio que o simples estimado, devido ao processo de lavagem com aplicação de clareamento e alvejamento químico. Destroyed: processo para dar características de envelhecimento - obtido por meio de atrito mecânico feito com as próprias peças e pedras ou também por meio da ação enzimática, deixando a peça com aspecto destruído - e contraste de azul (urdume) e o branco (trama). Estonado: lavagem feita em tambores indústrias com pedras de argila chamadas sinasitas, adicionadas às peças já confeccionadas, acrescentando a aparência de gastas. O jeans estonado torna-se mais macio. Com desgaste localizado: acabamento feito peça a peça para obter diversos efeitos em partes pré-determinadas. Partes da peça são clareadas com o uso de pistola. Uma lixa é utilizada para desgastar os locais de abrasão. No detonado, a peça recebe picotes feitos com esmeril antes de ser lavada. Jeans resinado: resinas são utilizadas para preservar a cor original do tecido, obtendo visual mais sofisticado. Garantem melhor toque e brilho, além de texturas diferentes, como o emborrachado.
  • 20. 2.9. GABARDINE Pode ser um tecido de algodão, lã ou fio sintético, com textura aparente de sarja 2x1, 3x1 ou múltipla, em ângulo de 45°, o que produz aspecto diagonal. É um tecido muito apreciado no Brasil, pois tem caimento para alfaiataria, vestidos, trench coats (capa de chuva) e é ideal para o clima tropical. Também é ótimo para receber estampas e, combinado com o elastano, obtém grande flexibilidade. A palavra em espanhol significa “sobretudo impermeável” ou “capa de chuva”. A associação da gabardine com a capa de chuva nasceu do senso de observação do inglês Thomas Burberry no fim do século XIX. Burberry, notando que os pastores e fazendeiros usavam aventais de linho, que eram frescos no verão e quentes no inverno, tentou aplicar os mesmos princípios para outras roupas. Em 1879, desenvolveu um tecido à prova d’água cujo fio passava por um processo especial antes da tecelagem. Tratava-se de uma fórmula secreta, aplicada também à peça pronta. O novo material era extremamente resistente e impermeável, ao mesmo tempo que fresco e respirável. Burberry o chamou de gabardine e registrou a palavra como marca. A primeira capa de chuva em gabardine da Burberry apareceu na virada do século XX. O nome também é dado à peça de vestuário feita com este tecido impermeabilizado usada como proteção da chuva.
  • 21. 2.10. GORGURÃO É um tecido plano de fibra mista que apresenta a mais simples das armações, já que sua base apresenta 2 tramas e dois fios. É encorpado, leve, liso, brilhante e com efeito canelado, tanto no sentido da trama quanto no urdume. Para o enchimento, os relevos podem ser compostos por fio mais grossos e em maior quantidade ou tensão diferente. A composição do gorgurão pode ser algodão (fibra natural, derivado das sementes; curta) e poliéster (fibra química sintética). Os percentual da sua matéria-prima provoca variações do tecido, deixando-o mais fino ou mais grosso. Diversas texturas e comportamento do tecido podem ser obtidos, dependendo de sua composição, da quantidade da matéria-prima usada, da quantidade de fios no urdume, do tipo de tingimento e da aplicação de produtos de impermeabilização: - Fino, macio e flexível; - Fino, áspero e rígido; - Grosso, áspero, maleável; - Encorpado, emborrachado e rígido. Pode ser encontrado como Gorgurinho, Acqua Block, Wall Decor e Jacquard e Fita de Gorgurão. No século XIX, o gorgurão era muito aplicado em peças de decoração para cobrir a mobília. A entrada dos tecidos para a decoração aumento gradativamente com a ajuda da industrialização do pós-guerra. Ainda hoje, o gorgurão é muitas vezes utilizado em decoração, para revestimentos, artesanato, toalhas, cortinas e estofados. Na confecção, pode ser usado em calças, sandálias, bolsas e outros.
  • 22. 2.11. LINHO Nome dado a qualquer tecido feito de fibra extraída da planta de mesmo nome, o linho varia em peso e textura. Dependendo da tecelagem, é possível fabricar linho tão fino quanto cambraia ou tão grosso quanto lona. É a fibra mais antiga de que se tem notícia, e exemplos de tecidos de linho foram encontrados em sítios arqueológicos de 30 mil anos. Vestia faraós, rainhas egípcias, gregos e romanos. Sendo assim, foi a primeira fibra têxtil fabricada na Europa. O Santo Sudário é constituído de linho puro e foi tecido em tear manual, com padrão espinha de peixe 3x1. Características Entre as principais características do tecido de linho estão a durabilidade, maciez e sofisticação. O linho tem sido muito valorizado há muitos séculos por seu incomparável toque e apelo visual único. Ele incorpora um luxo desejável, autêntico e discreto que transcende os caprichos da fast-fashion. Se tornou sinônimo de uma elegância clássica e relaxada e é a escolha perfeita para se ter conforto em temperaturas quentes, por ser fresco e ter propriedades de absorção incomparáveis a qualquer outro material. Tem um apelo tátil muito específico, macio e lustroso tanto ao toque quanto visualmente, a fibra é quase uma seda quanto à textura, embora tenho uma frescura flexível. Também pode expressar uma personalidade robusta em tramas mais pesadas, que geram um drapeado denso. Ao contrário, as tramas mais leves podem ter um aspecto que evoca aos drapeados das culturas do Egito e da Grécia antigos. O desenvolvimento de novas misturas e acabamentos para o linho garantem que essa fibra ancestral permaneça relevante às demandas do consumidor moderno. Misturas sintéticas diminuem os amassados, criando novas texturas e oferecem um aspecto que agrada tanto ao mercado premium quanto a mercados com preços competitivos, que buscam trazer experiências antes restritas a produtos de luxo. Misturas comuns são com a viscose e o algodão. As variações deste tecido existem de acordo com a sua composição, podemos ter um 100% linho (puro) ou um linho com porcentagem de viscose (misto). Porém a nobreza de um tecido de linho puro é única. Mercado e indústria A indústria têxtil representa o principal mercado para as fibras de linho (fibras longas). No setor têxtil, 50% do linho é utilizado no vestuário, 20% em roupas de casa e 13% na decoração de interiores. Atualmente sua maior produtora é a Rússia, porém o linho de melhor qualidade vem da Bélgica. Com aparência diversificada por tratamentos especiais acrescidos de valores positivos referentes a conforto, estética e funcionalidade, o linho atualmente é visto como material nobre. Esmero no branqueametno, ne tintura e no acabamento garantem a boa qualidade final dos produtos de linho, correspondendo às exigências do mercado. Essse tecido nobre é também
  • 23. antialérgico e antibactericida, usado como auxiliar em tratamentos de doenças da pele, de forma a acelerar a cura. Aplicações O linho é um tecido resistente e os soldados gregos já usavam roupas de linho como proteção. Jaquetas de linho acolchoadas eram usadas sob as armaduras de cavaleiros medievais como proteção contra flechas. Simbolo de pureza, também é usado em vestes religiosas de judeus e cristãos. A estrutura do linho tramado é perfeita para todos os tipos de bordado. Os rufos no século XVI eram feitos de linho muito engomados. Durante todo o século XIX, foi utilizado em roupas íntimas. No século XX, tornou-se popular em blusas, paletós, saias e outras peças externas. Além da fabricação de vestuários, é usado também em roupas de cama e para decoração, na produção de guardanapos e cortinas. O tecido pode ser de 100% linho ou possuir misturas.
  • 24. 2.12. LAISE Com origem na França, o laise é um tecido de algodão, cambraia, elastano ou seda (nesta versão rara no Brasil) e é caracterizado pelos desenhos abertos e aerados, em forma de bordados vazados, com relevo, tradicionalmente branco, mas podendo ser colorido ou estampado. Em francês, o tipo de tecido que chamamos de laise é conhecido como broderie anglaise, que seria o bordado inglês. No Brasil, esse nome é dado apenas ao barrado que usa o tipo de bordado vazado. O tecido é geralmente feito de algodão ou linho com desenhos geométricos ou florais. O trabalho consiste em espaços abertos trabalhados, variando em tamanho e formato. O desenho é traçado em tecidos com trama fechada. Na execução, o ponto corrido é o primeiro a ser feito em torno de ilhoses redondos ou ovais. Cada furinho é feito de acordo com o andamento do trabalho, cortado ou furado com um estilete. As bordas são então costuradas com ponto de casa de botão. Nos últimos anos, o PuntoArt (laboratório de bordados) também revisitou o broderie anglaise com um toque moderno, por meio da técnica do laser, que se adequa muito bem a este estilo de bordado, criando um efeito semelhante a ele. É um de tecido leve, amassa pouco, não é muito resistente e agradável ao toque, sendo muito utilizado no verão, em saídas de praia, saias, blusas, vestidos e roupa infantil. Também é aplicado em peças de enxovais e decoração. A Duquesa de Cambridge com vestido de broderie anglaise.
  • 25. 2.13. MUSSELINE Trata-se de um tecido leve e transparente, com toque macio e fluido, produzido em seda ou algodão. Algumas musselines são conhecidas como crepe chiffon. Apesar da origem do nome indicar o local onde comerciantes encontravam o tecido, na cidade de Mossul, Iraque, este tipo de fibra tem sua origem em outros locais: há quem afirme que vem de Masulipatão, na Índia. Outros afirmam que vem de Dhaka, Bangladesh. Sua estrutura é semelhante a do tafetá e sua matéria prima pode ser tanto animal quanto vegetal. Como todo tecido, possui suas variações, como musseline pesada, musseline de seda pura e crepe de musseline.
  • 26. 2.14. ORGANZA É um tecido fino e transparente, feito de filamentos contínuos. É encorpado, flutuante, forte, fácil de tingir e estampar. É bem semelhante ao organdi, mas difere-se pelo fato de ser mais encorpado e armado. Originou-se na Rússia, na região do antigo Turquistão, lugar famoso pelo comércio de seda na antiguidade. Antigamente, era comum ser produzido somente de algodão ou seda, mas hoje em dia é também produzido com fios de poliamida. Pode ser customizado com cores, bordados e texturas. Por conta de ser um tecido leve e ao mesmo tempo resistente, a organza é muito utilizada para a confecção de vestidos de festa, detalhes em vestidos de noivas, roupa infantis e artigos para casamentos. É fácil de modelar e costurar é bastante usado para fazer peças que necessitam de volume, já que é um tecido extremamente armado. É indicado para fazer uma saia por baixo de saias de tule, por exemplo.. Essa característica faz com que seja comumente aplicada para fazer babados, caracóis e godês. Também é usada na confecção de vestidos de daminhas e debutantes e ainda pode aparecer na decoração de ambientes, por ser um tecido de custo baixo e com leve brilho. Possui muitas variações, dentre elas Organza bordada, Organza cristal, Organza fantasia, Organza Laminada, Organza Glitter.
  • 27. 2.15. PIQUÊ O tecido piquet é de origem francesa, com um toque macio e que traz grande conforto. Apresenta saliências em formato de losango ou casa de abelha em alto relevo, distribuídos de maneira uniforme. Composto 100% por algodão, é bastante confortável e recomendado para finalidades que exijam requinte e maciez. Utiliza-se em sua composição fios de algodão contendo finas nervuras. Quando observado de perto, nota-se as listras firmemente levantadas. Apesar de geralmente o piquet ser composto totalmente por algodão, também pode conter poliéster e elastano. Pode utilizar fibras naturais (animal: lã e a seda; vegetal: algodão; ou mineral: crisotila) ou fibras sintéticas (produtos químicos; poliéster e poliamida). O pique é usado na confecção de toalhas, roupão de banho, enxovais de bebê, colchas, decoração, camisas polo e sociais, vestidos, shorts e blazers.
  • 28. 2.16. SEDA Apesar de a fibra da seda ser a base para a produção diversos tipos de tecido, seda é o nome popularmente dado ao tecido que recebe a mesma denominação da fibra natural animal constituída essencialmente de uma proteína, a fibroína. A fibra da seda Há um encanto especial nesse produto, que há séculos vem fascinando os homens - desde o surgimento da matéria-prima, passando pela minúcia da elaboração do fio até a arte da tecelagem e a diversidade de textura final. É percebida como a mais bonita e elegante de todas a as fibras naturais, ainda mais em um século em que se tenta produzir um substituto feito pelo homem, nenhuma fibra sintética chegou perto de replicar as propriedades tão especiais da seda ou a gama de aplicações que ela oferece. Os tecidos naturais costumam ser as eleitas pelos estilistas, mas a seda permanece como o material de seus sonhos. É uma fibra sedutora, luxuosa e desejada, que algumas vezes na história já excedeu o preço do ouro. Tem uma cintilância magnífica, que expressa uma personalidade suntuosa e exuberante quando tramada em preciosos cetins, jacquards e brocados. Também proporciona um drapeamento com o luxo em lingeries e vestidos de noite. A fibra de seda é obtida do bicho-da-seda (Bombyx mori). Esse inseto produz um casulo de onde se tira o fio, que pode medir de 400 metros a 1400 metros. A classificação do bicho-da- seda se dá por origem, cor, comprimento e forma e textura do casulo. Para se obter um quilo de seda bruta são necessários de sete quilos a nove quilos de casulos frescos. Embora seja um entre os diversos produtos comercializados há milhares de anos, a seda, por si só, abrange de forma mais completa a história da troca econômica e cultural entre asiáticos e europeus ao longo da Rota da Seda. Tendo surgido há mais de 4 mil anos, seu valor lhe assegurou poderes muito especiais. Inicialmente utilizado em trocas, chegou a ocupar lugar de moeda corrente entre os povos da Antiguidade. Tornou-se símbolo de poder político e religioso, expressou também status, distinguindo membros de classes sociais abastadas. Hoje, o preço relativo a uma unidade de seda crua é de aproximadamente vinte vezes ao do algodão. A cultura da seda é feita em mais de 50 países, incluindo o Brasil. A China lidera, com 76% de participação. As principais propriedades da seda são: Efeito do calor: assim como a lã, decompõe-se a 130oC e, ao ser aproximada da chama, funde e enrola-se. Efeito da luz: Enfraquece com a exposição à luz. Intempéries: Depois de 200 horas de exposição, perde 50% da resistência. Combustão: No fogo, queima lentamente, mas não mantém a chama. Exala cheiro de material orgânico em combustão. Convenção internacional da seda
  • 29. Para proteger a marca da seda no mercado mundial, em 1931 foi promulgada uma lei que determina como diferenciar a seda da fibra raiom, que possui características similares às da seda (brilhante, macia e leve) e é também conhecida como seda artificial. A lei estabelece que é permitido usar o nome "seda" somente para produtos originários de casulos sericígenos. Existem duas marcas para a seda: a pura e a mista. No caso da seda pura, é consentido um incremento de no máximo 5% do próprio peso (pela absorção de colorantes e outras substâncias no processo industrial); para a seda mista, admite-se um incremento de 25% do próprio peso (pela absorção de sais minerais). O tecido Tipo de fio, espessura e entrelaçamento - esses três itens influem na aparência do tecido: fosco, brilhante, transparente, liso, àspero, com bom caimento, armado, pesado, leve, levíssimo, etc. Dependendo do tipo de trama, a fibra de seda pode originar tecidos diversos, como tafetá, crepe georgette, chiffon, surah, raso de seda, crepe satin, jersey, jacquard e damasco. Com 1 quilo de fio de seda fabricam-se apenas 3 metros de tussor, ou 30 metros de organza, ou 40 metros de musseline. Cuidados Apesar de ser um tecido extremamente forte, a seda é delicada. Se tratada de maneira correta, manterá sua aparência de nova por muito tempo. Quando suja em demasia, corre o risco de ter os filamentos rompidos. Alguns artigos de seda podem ser lavados delicadamente com água e sabão neutro, sem torcer e deixando secar à sombra. Outros, somente poderão ser limpos por lavagem à seco. Nunca friccione um tecido de seda para retirar manchas nem utilize alvejantes. Também não ferva ou deixe de molho. Não se recomenda o uso de máquina de lavar ou secar.
  • 30. 2.17. SHANTUNG OU XANTUNGUE Feito de fibra de seda, foi batizado com o nome de uma província no leste da China, onde era fabricado a partir da lagarta Bombyx croesi. Essas lagartas são alimentadas não com folhas de amoreira, mas sim com aquelas do carvalho, castanheiro ou nogueira, mais fortes e densas. Consequentemente, o fio da seda com a qual se produz o shantung é mais grosso e irregular, principal característica do shantung sauvage, uma das sedas mais caras e utilizadas na alta costura. Tem textura desigual e aparência de ter sido feito em tear manual. Mais tarde, passou a ser produzido com resíduos de seda em teares mecânicos de Xangai e do Japão no período entreguerras. Tem diversas característica afins com a seda dupion, mas é mais fino e apresenta menos nozinhos em relevo. No século XX, o shantung era feito geralmente com seda misturada com algodão ou raiom. Isso cria um tecido mais pesado que o original, o qual hoje em dia é pouco encontrado. Ambos os tecidos tradicionalmente têm sido usados em roupas toalete, principalmente entre as décadas de 1940 e 1950 e entre os anos 1961 e 1980.
  • 31. 2.18. TAFETÁ O nome tafetá é usado para designar tanto um tipo de ligamento simples quanto o tecido lustroso e armado, de seda ou poliéster, com trama finíssima, superfície lisa, textura regular e leve nervura no sentido da trama. Embora o tafetá seja feito originalmente de fibras de seda, está também disponível em misturas que incorporam fibras sintéticas. Esse tecido macio cujo nome vem da palavra Persa ‘taftah’ - que significa pano de seda - é facilmente identificável pelo brilho cintilante no lado direito do tecido. Tanto a Pérsia (Irã) quanto a China são considerados berços da seda e dos tecidos. Costumava ser um tecido de luxo usado pelas mulheres ricas, mas atualmente pode ser usado por qualquer pessoa, já que pode ser encontrado em fibras sintéticas com valor mais acessível. Tem boa resistência e durabilidade, sendo também resistente à abrasão e produtos químicos, além de aceitar facilmente corantes. Sua rigidez depende da forma como é tecido. Características do tecido: •Tafetá é facilmente danificado por alfinetes, agulhas e rasgos (aconselha-se usar agulhas muito finas ou pesos para prender os moldes na hora de cortar) •Alguns tafetás emaranham e desfiam bastante. •Tafetás são suscetíveis a deslizamento de costura. •As costuras cortadas são frequentemente um problema. •Tafetá marca facilmente e pode ser danificado permanentemente ao dobrar. •Tafetás são difíceis de serem feitos. •São facilmente danificados ao pressionar. •Alguns padrões moiré não são permanentes. •Alguns tafetás mancham com água e muitos mostrarão manchas de transpiração Tipos de tafetá: Antique tafetá: é um tecido rígido com nervuras na trama, feito de seda Dupioni ou fibras sintéticas. Faille tafetá: tem cruzamentos mais pronunciados. É frequentemente tramado em fios básicos. Iridescent tafetá : é tramado com uma cor de fio no urdume e outra cor na trama. Moiré tafetá ou moiré faille: é facilmente identificado por seu padrão ondulado de marca d’água, que pode ou não ser permanente. É feito de rayon ou seda.
  • 32. Paper tafetá: é um tafetá muito leve com cruzamentos muito finos. Tafetá pigmentado é um tafetá opaco. Tissue tafetá: é um tafetá puro leve. Em comparação ao paper tafetá, é mais macio. 

  • 33. 2.19. TRICOLINE O tricoline é um tecido de algodão puro ou misto (algodão e poliéster), feito de construção em tela, produzido com a leveza e a resistência de finos e suaves fios de algodão penteado mercerizado (tratamento dado ao fio ou tecido de algodão para aumentar seu brilho, maciez e sua afinidade às tinturas). Pode ser liso, estampado ou obter padrões com fio tinto, como xadrezes e listrados. Seu peso é um pouco maior que o da cambraia. É caracterizado por ser leve, porém resistente e amassar com facilidade. Obtém bom caimento e oferece conforto térmico com absorção do suor e quando misturado com elastano proporciona maior conforto. Foi criado intencionalmente, como uma estratégia de mercado, por uma empresa britânica no início do século XX. Devido à queda dos investimentos da indústria têxtil como resultando das depressões de guerra no ano de 1913, a James Nelson Ltd., investiu mais do que nunca, em 1914, para contornar a crise. Assim, desenvolveu com um conversor de Manchester chamado Whitworth e Mitchellum um popeline superfino, que foi registrado por eles como “Tricoline” e tornou-se seu tecido mais vendido. O tricoline é a base da camisaria do mundo todo, atendendo a um mercado cada vez mais exigente e sofisticado no que diz respeito a tecidos leves. Pode, ainda, obter elasticidade quando combinado com elastano. Utilizado basicamente na linha de camisaria, tanto masculina quanto feminina. Tricoline com elastano: tecido leve, produzido com fio fino e suave de algodão ou linho que e sua composição recebe uma porcentagem de elastano. Tricoline vichy: tecido resistente de algodão que apresenta em sua superfície o xadrez com fios de duas cores e efeito quadriculado miúdo. Tricoline maquinetado: é um tricoline com textura, produzido em máquinas que levantam ou abaixam os fios da urdidura ou aqueles que correm no comprimento do tecido, para criar padrões, como listras, xadrez e desenhos.
  • 34. 2.20. TWEED Tecido feito com fio de lã, de textura áspera e efeito boutonné colorido (espécie de bolinhas produzidas pelo processo de fiação ou retorção). É composto por ligamentos tafetá ou sarja grosseiro, que, por sua vez, vão formar padronagem quadriculada ou em espinha de peixe, respectivamente. É conhecido por seus sutis efeitos de cores, originados quando fios de lã com cores diferentes são torcidos juntos para criar dois ou três conjuntos de fios para tecer. Os fios que dão o aspecto característico do tweed são chamados de fios espumados de lã e passam por processos de tratamento e cardagem. Como resultado desses processos, suas fibras tendem a ficar para todas as direções, dando uma aparência difusa e texturizada. As fibras utilizadas são espessas e pouco homogêneas, deixando o tecido com uma superficie texturizadas com alto interesse tátil. Acredita-se que a palavra tweed seja uma leitora errônea de tweel, a pronúncia escocesa de twill (sarja). No entanto, também é associado à região do rio Tweed, que separa a Inglaterra da Escócia, grande centro da indústria têxtil no século XIX. Inicialmente produzido na Escócia e na Irlanda e por tradição associado às atividades ao ar livre da aristocracia, por ser durável e resistente à água, no século XX, o material - sobretudo no paletó Norfolk - foi adotado pela classe média em ascensão. Deixou de ser apreciado na década de 1960, quando tecidos mais leves ganharam popularidade, mas volta na década de 1990. No começo do século XXI, a jaqueta esportiva de tweed passa a fazer parte do look hipster "desleixado". Por ser um tecido pesado, o corte reto é o mais indicado é o enviesado deve ser evitado, pois irá causar volume na peça e eliminará a natureza da mesma. É indicado para tailleurs, ternos, blazers, calças, casacos, mantôs, saias, pelerines, jaquetas, xales, vestidos secos. Etc. Os tweeds mais conhecidos são Bannockburn, English, Irish, Linton, Manx, Scotch, Donegal; no entanto, o mais especial deles é o chamado tweed Harris, tecido com a lã virgem das Highlands, na Escócia. Harris e Donegal são tecidos históricos, valorizados pelo tingimento natural e pelas complexas padronagens obtidas com a mistura de fibras.
  • 35. Coco Chanel adorava a tradição e a praticidade dos tweeds britânicos e colaborou com os fabricantes para modernizá-los com fios mais leves e cores inesperadas. Um dos tipos de tweeds que usava em suas peças era o Linton tweed. Hoje, tweeds estão disponíveis em versões leves em todas as cores da moda. Tweed Donegal Tweed tecido à mão, originário do condado de Donegal, na Irlanda. No século XX, o nome era dado a uma variedade de tweed tecido à máquina com pedaços de fios coloridos entremeados. Tweed Harris Tweed macio e espesso, originalmente feito em tear manual usando fios de lã fiados e tintos com corantes vegetais pelos habitantes das ilhas Barra, Harris, Lewis e Uist, no arquipélago das Hébridas, na Escócia. Durante a década de 1940, o tecido chegou ao restante do Reino Unido e, desde aquela época, é usado para fazer casacos, paletós e ternos masculinos e femininos.
  • 36. 2.21. VELUDO Apresenta no lado direito um aspecto peludo, macio e brilhante. Esses pelos são curtos, densos, de pé, que resultam da trama cortada. O veludo pode mostrar, pelo avesso, dois tipos de armação: tafetá ou sarja. Qualquer trama simples ou composta pode ser elaborada como veludo introduzindo uma urdidura suplementar sobre uma série de varetas na tecelagem. Isso forma pequenos loops que podem ser cortados. O nome tem origem na palavra latina vellus, que significa “pelo” ou “pelo em tufos”. Foi criado na antiga Índia, de onde foi importado por muito tempo por países europeus. Começou a ser produzido na Itália nos séculos XIV e XV para suprir a demanda da burguesia europeia. Até o século XIX, foi total ou parcialmente produzido com seda, mas no século XX passou a ser fabricado com acetato, raiom e algodão, tornando-se artigo popular. Algumas variedades de veludo são: Veludo cotelê: estriado, de algodão ou raiom, muitas vezes expandido de fio stretch em sua trama, conferindo maior conforto. Veludo alemão: de seda, possui aspecto bem liso, briho intenso, é o mais caro dos veludos. Veludo cristal ou molhado: produto sintético, com base de malha, oferecendo maciez e bom caimento. O brilho é similar ao do veludo alemão. Veludo lavrado ou dévoré: tecido no qual a superfície coberta por fios aparados ocupa só determinadas zonas, formando desenhos em relevo sobre o fundo transparente obtido por corrosão. Inicialmente é composto por dois grupos de fios fiados com fibras têxteis diferentes. A destruição pela ação de produtos químicos de um desses grupos é o que revela o desenho.
  • 37. 2.22. VISCOSE A fibra viscose deu origem ao nome do tecido com ela produzido. A fibra artificial viscose é obtida de uma solução viscosa que resulta do tratamento químico da celulose O método de obtenção desta fibra surgiu em 1892, e a produção comercial dos fios teve início em 1905. Os fios e fibras da viscose são semelhantes ao algodão em absorção de umidade, resistência à tração, maciez do toque e caimento, porém a fibra torna-se pouco resistente quando molhada. A viscose pode ser usada pura ou em combinação com outras fibras, nas mais diferentes proporções e tipos de misturas. O tecido de viscose apresenta suas variações, podendo ser liso, estampado ou trabalhado. É um tecido leve e fresco, que apresenta um bom caimento, mais usado para a confecção de roupas do dia-a-dia. É altamente indicado para o verão e para roupas esportivas, mas também aparece sempre em saias longas, vestidos, blusinhas, regatas e camisetes.
  • 38. -- 3 -- P A D R O N A G E N S Este terno de tartan de lã tradicional de marca de Nova York Rag & Bone representa um uso contemporâneo do tradicional e icônico tecido britânico. O uso desse tartan Royal Stewart comunica instantaneamente uma conexão com a província escocesa, dando um apelo clássico ao modelo. Também são usadas nas peças as padronagens espinha-de-peixe e dois outros tipos de xadrez.
  • 39. Do latim pator (de "patrono"), o termo ”padrão" significa, originalmente, "forma primária": o desenho inicial. A característica que define a padronagem é a repetição, seja manual ou com auxílios mecânicos como estêncils ou blocos de madeira. A origem e o desenvolvimento de todos os padrões estão relacionados à cultura de um país; o auge dos tecidos estampados com blocos de madeira ocorreu na Índia, no início do século XIX, e nenhuma outra nação exerce uma influência tão duradoura na estamparia. Dentro do princípio Bauhaus de que "a forma segue a função", a padronagem pode ser compreendida, em termos modernistas, como o antidesign - a decoração é irrelevante quando uma roupa é bem desenhada. O desejo pelas estampas, porém, é inato; uma das formas mais antigas de aplicação de figuras ao corpo é a tatuagem. A padronagem pode animar o tecido mais comum, tornar atraente o vestido mais sem graça e deixar mais dinâmica uma silhueta conservadora. Sejam incorporados à trama, estampados ou tingidos, há uma infinidade de possibilidades de desenhos possíveis em cada tonalidade possível, e muitos foram marcantes em algum ponto da história da moda. Alguns padrões tornaram-se clássicos, o que significa que possuem uma raiz histórica e que, após séculos de existência, ainda se mantêm vivos. Incluem-se nessa categoria listras, cashmere, xadrez (incluindo madras, príncipe de gales, pied-de-poule, vichy e tartans), tweeds, olho de perdiz, risca de giz, espinha-de-peixe e poás
  • 40. 3.1. CHEVRON Pode ser feita no tear, bordada ou estampada. Quando feita no tear, tem a mesma estrutura da trama espinha de peixe e consiste em camadas de listras que formam vários V sobrepostos. Também podem ser bordadas com ponto em zigue-zague, usadas como borda decorativa ou desalinhadas, criando um efeito de ruptura e desequilíbrio. A grife italiana de luxo Missoni é conhecida pelos padrões de chevron de tricô produzidos em tear raschel. Desse tear, que pode fabricar uma infinidade de padrões, deriva-se uma técnica de malharia de urdume que recebe o mesmo nome. A malharia de urdume é muito mais rígida, plana e fechada e tem baixo risco de desfiar, por causa dos fios que correm no sentido do comprimento, mas em padrão zigue-zague, para que as laçadas se formem pelo cruzamento de duas carreiras, em lugar de uma. O aparelho raschel tem uma ou duas barras de agulhas das quais o material é puxado para baixo. Tricôs raschel são em geral usados em peças esportivas ou roupas íntimas, com fios que incluem spandex.
  • 41. 3.2. ESPINHA-DE-PEIXE O padrão espinha-de-peixe é obtido na tecelagem por meio de um tipo de armação derivada da sarja, ou, como é chamada, sarja quebrada. Essa construção resulta em um efeito de várias letras V, formando um zigue-zague semelhante às espinhas de peixe. Esse efeito pode ser visto em tecidos de lã, algodão, seda ou linho. O mais comum é o de lã, utilizado em calças, coletes, jaquetas, blazers e até bonés, para homens e mulheres. O efeito visual é mais visível em tecidos pesados. Ao contrário, em tecidos leves, as costelas diagonais dificilmente serão vistas. O mais antigo tecido espinha-de-peixe do qual se tem conhecimento é o Santo Sudário de Turim: peça medindo 4,36m x 1,10m, feita em tear manual, padrão derivado da sarja 3x1, típico do Mediterrâneo. Estudos microscópicos realizados confirmaram que o padrão espinha-de- peixe foi obtido com fios de linho e alguns traços de algodão.
  • 42. 3.3. QUADRICULADO Uma das estampas gráficas mais arrojadas, este design consiste em faixas verticais e horizontais cruzadas, com duas ou mais cores, produzidas por tecelagem ou impressão. A grade utilizada para criar esse desenho normalmente possui listras verticais e horizontais uniformes, enquanto o xadrez, em geral, tem listras de várias larguras. Os designers japoneses têm tradição em criar interessantes desenhos quadriculados desde o século XVIII. Alguns desses padrões de tornaram tão consagrados que adquiriram nomes próprios, como o quadriculado de buffalo, que tem blocos de duas ou três cores contrastantes. O estilo foi popular na década de 1960, quando as linhas gráficas ousadas do movimento Op Art foram adotadas no visual dos jovens londrinos.
  • 43. 3.4. XADREZ O xadrez é uma padronagem que nasceu em primitivos teares, resultante da trama simples de fios de uma ou mais cores. O padrão xadrez engloba uma infinidade de variações, com destaque para o madras, o príncipe-de-gales, o pied-de-poule, o vichy e os escoceses, com seus tradicionais tartans, que incluem o registrado pela Burberry. Vestido de xadrez para o dia (1857) A saia em formato de sino deste vestido de tafetá xadrez é usada sobre uma crinolina de metal com aros flexíveis. Este vestido é feito de tafetá de seda com fios tingidos, um tecido leve e liso que permite o volume mais estruturado da saia. Tecido: Faixas alternadas de fios coloridos são tecidos com os ângulos retos da trama e da urdidura se encaixando uma na outra. No ponto onde as diferentes cores se cruzam, novas cores aparecem da mistura das originais. (Tudo sobre moda, p.152 e 153)
  • 44. 3.4.1. Príncipe-de-gales É um xadrez escocês tradicional do vale Urquhart, geralmente tecido em preto e branco e apresentando uma janela de cor sobreposta. Obtido, desde sua origem, pela trama dos fios de lã nos teares, essa variação de escocês tornou-se moda graças à elegância de Eduardo VII quando era príncipe de Gales. O padrão permaneceu durante muito tempo como um desenho exclusivo da moda masculina. Hoje, no entanto, veste tanto homens como mulheres, além de poder surgir como estampa em outros tipos de tecidos, incluindo a seda. O padrão tradicional escocês, geralmente associado à alfaiataria, é modernizado por meio da modelagem atual na coleção de Simone Rocha.
  • 45. 3.4.2. Pied-de-poule Esse impressionante pied-de-poule em escala aumentada perde sua conotação de alfaiataria quando apresentada em paetês oversized. Coleção Fall/Winter de Ashish.
  • 46. De origem escocesa, produzido em diversas fibras, o pied-de-poule é um dos principais padrões com efeito desenho/cor entre os tecidos clássicos de alfaiataria. O xadrez pequeno bicolor é criado com por meio do entrelaçamento dos fios do urdume com os da trama, agrupadas respectivamente em blocos de quatro e em cores alternadas. Seu nome é dado porque a imagem que surge da trama lembra uma pequena pegada de galinha. Quando os desenhos formados são maiores, é chamado de pied-de-coq (pé de galo). Aparece, normalmente, em tecidos de lã e a padronagem mais tradicional é formada por fios nas cores bege e marrom, mas pode ser encontrada em cores diferentes. É associado à alta costura dos anos 1950 e às coleções de Sonia Rykiel, mas ficou popular na aristocracia inglesa anteriormente, em trajes de inverno no século XIX. Coco Chanel o eternizou na moda feminina, nos anos 1920 e 1930, e foi muito usado por Christian Dior, inclusive na embalagem do perfume Miss Dior, em 1947. Na estamparia, pode ser aplicado a qualquer tipo de tecido e aparece em calçados, bolsas, lenços, entre outros acessórios.
  • 47. 3.4.3. Tartan O nome tartan é dado ao tecido de trama fechada, de lã ou algodão, originário da Escócia, onde padrões diferentes são usados para identificar os clãs. Antes de designar um estilo de xadrez, tartan era o nome da famosa saia usada pelos escoceses. Embora haja muitos tecidos xadrezes, os tartans escoceses apresentam características específicas. O verdadeiro é feito de lã, em ligamento sarja 2/2, com as mesmas faixas nos eixos da urdidura e da trama. A distribuição dos fios coloridos na urdidura de um tartan individual tem uma repetição regular, dentro da qual há pontos em que a sequência de cor é espelhada. Quando a mesma sequência é inserida entre o urdume diagonal, a padronagem fica simétrica. O processo de tecelagem forma linhas diagonais visíveis, em que se cruzam cores distintas, conferindo a aparência de novas cores que emergem dos fios existentes. Os blocos resultantes do desenho se repetem nos sentidos vertical e horizontal, fazendo surgir uma sequência própria de linhas e quadros conhecida como sett. O sett de um tartan é a sequência de cores e o arranjo dos fios, definido pelo número exato de fios necessários para cada urdume de faixa colorida. Em tartans tecidos, o número exato de de cores e a sequência devem ser mantidos tanto na trama quanto no urdume, de modo a criar um xadrez equilibrado. O tartan tem uma história longa e, por vezes, romanceada, mas ao que parece, foi a partir de meados de 1800 que começou a ser associado a determinados clãs e famílias escocesas. Na década de 1840, as visitas frequentes da rainha Vitória a sua propriedade em Bamoral, na Escócia, incentivaram a moda das roupas de tartan e o gosto pela padronagem se espalhou rapidamente pela Inglaterra e outros países de língua inglesa.
  • 48. Tartan Rob Roy no desfile outono/ inverno 2012 de Michael Kors Um dos tipos mais clássicos de tartan é o Rob Roy, formado por duas cores e denominado assim em função do herói homônimo do famoso romance de Walter Scott. Essa padronagem existia muito antes de os clãs terem seus próprios tartans. Após a segunda Guerra Mundial, kilts e saias de tartan tornaram-se populares. Nos anos 1980, calças de tartan foram lançadas por vários estilistas e nos invernos subsequentes o tecido foi utilizado, geralmente de maneira pouco convencional. Originalmente, todos os tartans eram tecidos, mas hoje existem também estampas de tartan impressas.
  • 49. O tartan da Burberry: Com mais de 80 anos de existência como marca registrada, o famoso xadrez Burberry apareceu na moda como forro das capas de chuva da grife em 1924. Thomas Burberry desenhou o famoso trench coat em 1901, mas foi a beleza de seu forro, formado pelo xadrez bege, preto, vermelho e branco, que se tornou internacionalmente sinônimo da Burberry.
  • 50. 3.4.4. Vichy É um tecido de peso leve ou médio, a princípio feito de linho e depois de algodão. O padrão popularmente conhecido com " x a d r e z p i q u e n i q u e " , é confeccionado com fios tintos e mostra um quadriculado pequeno, mas não miúdo, formado por branco e uma segunda cor, sempre em tom pastel: rosa, azul, lilás, amarelo, etc. Seu nome vem da cidade francesa de Vichy, famosa por ser um centro de produção de tecidos axadrezados, onde surgiu. Foi popular em vestidos de verão no século XIX e entrou na moda nos anos 1940 e 1950, em vestidos, blusas, saias playsuits e biquinis. Tornou-se famoso no fim da década de 1950, quando Brigitte Bardot usou em seu casamento um modelo em xadrez vichy rosa e branco, enfeitado com bordado inglês.
  • 51. -- 4 -- T E C I D O S D E M A L H A Os tecidos de malha são mais elásticos, pois são feitos por laçadas, ao invés de uma trama plana. Podem ser produzidos com fibras naturais, sintéticas ou ambas. A malha não resulta de um trabalho de tecelagem no qual os fios se cruzam, mas sim do entrelaçamento de laçadas de um ou mais fios. Exemplo: jersey, tricô. Podem ser divididos em três tipos: Malhas de trama: obtidas pelo entrelaçamento de um único fio, podendo resultar num tecido aberto ou circular. Malhas de teia no urdume: um ou mais conjuntos de fios são colocados lado a lado, lembrando os fios do urdume em um tear comum. Malhas mistas: malha de tela ou urdume, na qual é feita a inserção periódica de um fio na trama, com objetivo de dar mais firmeza ao produto As malhas mais leves são usadas em lingeries, as mais pesadas destinam-se às linhas casuais de sportswear, uma vez que são confortáveis de vestir.
  • 52. 4.2. HELANCA Tecido elástico, produzido da texturização do fio de poliamida por falsa torção, geralmente colocado na trama. É usualmente é composto por 100% de poliamida. Possui base petroquímica, matérias-primas não naturais e é uma fibra lisa e com alta resistência. Conceituado como um dos tecidos mais práticos, maleáveis e versáteis, possui entre suas características elasticidade, não amassar e grande durabilidade por resistir ao atrito, ao tempo seco, água e a lavagem na máquina. Historicamente é um tecido recente, sendo produzido por meio de um processo desenvolvido pelo americano Rudolph H. Kagi em 1931, e originalmente aplicado a fibras de viscose. Pesquisas mostram sua origem de fabricação na Escócia e também na Suíça, pela empresa Heberlin & Co, que adquiriu de Kagi os direitos ao processo, que patentearam e desenvolveram para produção. Desde 1932, é produzido pela empresa. No Brasil, é encontrado em grande quantidade e possui bom custo benefício ao consumidor. A helanca é utilizada com elevada quantidade de fins, desde roupas sociais (formais) até roupas do dia a dia e principalmente esportivas e uniformes.
  • 53. 4.3. JERSEY É um tecido de malha leve e ligamentos simples. Inicialmente, a lã era usada em sua produção. Atualmente, também é encontrado em algodão, seda, fibras sintéticas ou na combinação desses materiais. O tecido jersey possui uma única face e repousa ao entrelaçamento de pontos na mesma direção, no lado direito, ao passo que no avesso nota-se as laçadas produzidas de forma semicircular. Sua produção é feita em máquinas que possuem um único conjunto de agulhas (frontura). Contudo, também pode-se tecê-lo em máquinas que disponham de dois conjuntos de agulhas (dupla frontura). Fabricado em malharia circular, com microfilamentos de poliamida, os fios finos resultam em um tecido sedoso, com tricotagem firme que recebe bem a estamparia. É um material extremamente confortável, que pode receber porcentagens de algodão, raiom, seda e até mesmo lã, conferindo-lhe grande maleabilidade. Tem ótimo caimento e capacidade de formar pregas, drapeados e franzidos. O nome do tecido veio do lugar em que foi fabricado pela primeira vez, a Ilha de Jersey, na Inglaterra, onde era usado em roupas de pescadores. Jersey apresenta as variações: Malha jersey 100% viscose: caimento em vestidos e drapeados espetaculares. Jersey simples: tecido leve feita na máquina de monofrontura, ideal para camisetas e lingerie. Jersey duplo: malha lisa, dupla e reversível, feita em máquina de dupla frontura. Ideal para casacos e roupas pesadas. É bastante utilizado para confecção de vestidos, blusas, shorts, saias, macacões e lingerie.
  • 54. 4.4. LAMÊ É um tecido de malha, liso ou jacquard, que utiliza fios metálicos de ouro, prata, cobre e outros em sua trama para dar tanto ao padrão quanto ao fundo um efeito brilhante. Sua superfície é plana e laminada. Também pode ser bordado com linha metálica. O termo vem do francês lamé e corresponde à ideia de tecido brilhoso por nele se entremearem fios ou adornos metálicos dourados e prateados. É um material maleável e com bom caimento e extremamente confortável. Desde a década de 1930, é usado em trajes de noite e formais requintados. Foi bastante popular na Era Disco, nos anos 1970 e 1980, mas por ter um brilho metalizado muito intenso, saiu de moda. Recentemente, alguns estilistas voltaram a usar o lamê em seus vestidos de noite. Também em em decoração de eventos, fantasias e artesanato.
  • 55. 4.5. LIGANETE Composta normalmente em poliamida ou poliéster, com ou sem mistura de elastano, a liganete é um tecido gelado de malha fina. A disposição de suas fibras na construção o torna resistente no comprimento e com propriedades elásticas na largura. Por essas características, é o material eleito para a realização de números de acrobacias aéreas muito comuns em circos já que confere plasticidade e leveza aos movimentos por oferecer pouco atrito e diminuir os "trancos" próprios de materiais mais rígidos, sem elasticidade. Sua flexibilidade proporciona um ótimo caimento às peças de vestuário. Apesar de fino, é bastante resistente e durável. Sua textura proporciona boa absorção térmica e conforto, por isso é utilizada na confecção de peças com o intuito de serem confortáveis e maleáveis, principalmente de verão. Por ser confortável e leve, é um tecido apreciado para a confecção de modelos plus size femininos, já que as consumidoras apreciam peças com características como facilidade de vestir, absorção de suor, tecidos leves e elastano. É também bastante usada na fabricação de anáguas, pijamas, lingeries e diferentes modelos de roupas femininas.
  • 56. 4.6. MEIA MALHA A meia malha é obtida por meio de um ligamento simples, considerada o ponto mais básico da malharia. Todas as laçadas nela desenhadas ficam apenas de um lado do tecido. Sua face e avesso são bem definidos. Por ser fabricada em máquinas circulares, o tecido tem um toque macio e suave. A malharia foi criada devido à laçada das redes de pescar e de armadilhas feitas pelos povos antigos, que desenvolveram o ofício de entrelaçamento do fio, formando assim um tecido a partir de laços conectados por meio da mão ou agulhas mecanizadas. Até 1589, as malhas eram fabricadas manualmente. O reverendo inglês Willian Lee inventou uma máquina que possibilitava malhar meia e, no final do século XVI, os tecidos de ponto começaram a ser mecanizados. Esse tecido é leve, versátil, flexível, elástico, poroso, possui baixa estabilidade dimensional e tem a tendência de enrolar nas bordas quando esticado na horizontal. A composição e as variações da meia malha são as seguintes: Meia malha cardada: fios 100% algodão, toque agradável e confortável (permiti a troca de calor, retém mais o suor). Pelo fato do fio cardado possuir fibras curtas, ele tem uma tendência maior na formação de bolinhas (pilling). Utiliza-se em camisetas de uniformes. Meia malha penteada: fios 100% algodão, melhor aparência em relação à cardada, maciez e conforto. Fibras curtas e impuras (como cascas) retiradas, tornando o tecido mais limpo e resistente. Utilizada em camisetas em linhas . Meia malha PV: composta com poliéster e Viscose, não desbota, grande durabilidade e encolhe pouco. É macia e recomendada para uniformes, sendo mais agradáveis em clima frio, retendo pouco suor. Não amassa e tem tendência menor ao pilling. Contra indicada para quem possui alergias. Meia malha PA: composta com 50 %poliéster e 50% Algodão. É considerada uma das malhas mais usadas. Apresenta a durabilidade do poliéster e um pouco da troca de calor que é uma característica do algodão.
  • 57. 4.7. MOLETOM Trata-se de um tecido de malha com um tipo de entrelaçamento que faz com que um dos seus lados fique “felpudo”. Pode ser de algodão ou lã e proporciona aquecimento ao corpo, sendo muito utilizado no inverno e no /outono. É um tecido confortável e versátil e pode ter gramaturas diferentes, deixando-o mais grosso ou mais fino. Composto geralmente de algodão cardado, poliéster, viscose e lã, com uma maior porcentagem de algodão, sendo portanto uma mescla de fibras naturais e químicas. É trabalhado com um fio mais grosso no avesso, o que lhe garante um toque agradável. É um tecido de origem francesa. Seu nome significa mole e suave ao toque (“molleton”). As primeiras peças de moletom foram criadas em 1920, para fins esportivos. Na década de 40 a Le Coq Sportif, uma marca de vestuário esportivo, apresentou um conjunto feito do tecido que ficou popularmente conhecido como “uniforme de domingo”. Entre 1960 e 1970 o moletom começou a ser mais utilizado pela camada jovem da população e a partir da década de 90 o uso do tecido em diversas peças de roupa já havia sido disseminado para grande parte da população. O moletom está sempre na moda e já apareceu em desfiles mais de uma vez. É utilizado na produção de calças, casacos, camisetas, shorts e até mesmo bolsas, mochilas e calçados. O tecido apresenta diversas variações, podendo ser liso, mercerizado, flanelado e estampado.
  • 58. 4.8. TULE É um tecido feito de seda, algodão ou poliéster. Também pode ser sintético, e tem como características ser leve, armado, fino, delicado, muito resistente e transparente, tipo rede, semelhante ao filá de algodão, com malha redonda ou poligonal. O tule nasceu na França, na cidade de Tulle. Com a escolha da Rainha Victória de usar esse tecido em um vestido de casamento, o uso do tule passou a ser frequentes em vestidos de do tipo. Com o passar do tempo, o tecido popularizou na moda por meio dos chapéus de véu na alta sociedade da França. Sua transparência varia devido à composição: - Tule Sintético - Tule Ilusão - Tule Francês - Tule Americano - Microtule Por volta do século XVIII, o tule era usado em figurinos de balé, produzindo o tutu, que era composto por várias camadas de tule. No início do século XX, começou a ser utilizado em vestidos de festa, lingeries e cortinas.
  • 59. 4.9 - VISCOLYCRA A viscolycra é um tecido de malha construída pela fusão da fibra de elastano com o fio de viscose, gerando um tecido leve e confortável, usado principalmente em países de clima quente. A malha contém, em média, entre 90% e 93% de fios de viscose e entre 7% e 10% de fios de elastano. O elastano proporciona caimento leve e elasticidade ao tecido. O empréstimo lycra no nome viscolycra (“tecido mesclado de fios de viscose e lycra”) gerou uma palavra por composição caracterizada pela junção de duas bases: a forma reduzida visco, de viscose, e o nome lycra. O uso de viscolycra motivou o surgimento de um novo significado para a palavra vernacular existente, viscose, cujo significado não era coincidente ao de viscolycra. Viscose somente possuía a acepção de “substância densa, obtida da dissolução de celulose em soda cáustica, com a qual se produzem os filamentos do tecido viscose”. (Moda Ilustrada de A a Z, 2003, p.678) Muitos produtos de viscolycra são confeccionados sem acabamento. Neste caso, as peças podem ser feitas com corte a fio nas extremidades, pois este tipo de tecido não desfia. Além disso, esta prática deixa o visual mais limpo (sem costuras) e ainda elimina operações no processo produtivo. Essa malha leve e fresquinha é muito usada em camisetas, blusas e calças femininas, saias, vestidos e roupas de praia. É encontrada em todas as cores, e dependendo da cor pode apresentar transparência.
  • 60. -- 5 -- T E C I D O S L A Ç A D A São tecidos compostos pela associação entre o processo de entrelaçamento usado na malha com a tecelagem comum. O s fio, em determinadas etapas, realizam laçadas completas (nós) que formam a base da amarração. Na malha, as laçadas são feitas sem que o nó seja executado. Exemplos: rendas, cobertores e outros.
  • 61. 5.1. RENDA A renda é um tecido vazado cujos fios, trabalhados manualmente ou em máquina, se entrelaçam e formam desenhos (tanto os buracos abertos quanto os pontos são importantes para o desenho). Apresenta um comportamento maleável, leve e texturizado. O nome da renda variava conforme a região onde era produzida. Com base em cada localidade, houve vários tipos de desenhos, como renda de Argentan, renda de Alençon, renda de Valenciennes, renda de Chantilly e renda de Veneza. Os principais tipos de renda foram Bilros o qual veio da Bélgica na região de Flandres no final do século XV, sendo considerada importante na indústria belga até os dias atuais. O outro tipo foi de Agulha de origem italiana, especialmente de Veneza, e de alguns lugares da França. Ambas surgiram no final do século XVI e eram consideradas o tipo mais caro de ornamentação da época. Na renda de bilros é feita através de numeroso fios e cada um deles fica preso a um bilro. Já na renda de agulha, desenhava-se como seria a renda em papel-pergaminho e sua confecção surgia a cada laçada com o fio, sendo feita com pontos simples ou complexos e com uma extremidade presa a uma agulha e outra presa a uma base. Sua composição é de linho (fibra vegetal, longa), algodão (fibra vegetal semente, curta), seda (fibra animal, secreção) e Ouro (fibra metálica, base petroquímica). No começo, seu uso era exclusivo para os mantos do clero e da realeza. Depois, nos séculos XVII e XVIII, a renda começou a ser utilizada em adornos de cabeça, babados, aventais e enfeites de vestidos.No século XIX, foi muito inserida em vestidos de chá, véus, lenços e xales, luvas e acessórios como os adornos de guarda-sóis, entre outros. Atualmente a renda é utilizada em lingeries, vestidos, vestidos de noivas, calças, redes.
  • 62. -- 6 -- T E C I D O S E S P E C I A I S São os tecidos que apresentam estrutura mista de tecidos comuns ou malhas e os nãotecidos. Esta categoria inclui ainda os que receberam aplicações de soluções específicas, como laminados, emborrachados, plastificados. Os nãotecidos, também conhecidos por não texturizados, são obtidos sem o uso de tear. Provêm de elementos fibrosos compactados por meio mecânico, físico ou químico, formando uma folha contínua. Podem ser obtidos pelo entrelaçamento das fibras ou pela ação de adesivos na fusão das fibras. Ao contrário dos têxteis obtidos em teares, em um nãoteciso as fibras não têm sentido de direção; não há necessidade de serem orientadas.
  • 63. 6.1 - NEOPRENE É um tipo de borracha sintética utilizada na indústria da moda. O neoprene é geralmente associado a roupas de banho, mas hoje é aplicado em diversos outros produtos de moda, como roupas calçados e acessórios. AriapreneTM é a alternativa biodegradável ao neoprene. Ele não contém solventes nem ingredientes tóxicos e também está disponível em uma ampla seleção de tecidos leves com borracha. Foi desenvolvido na virada deste século e foi desenvolvida para ser reutilizado várias vezes, dentro do processo de reciclagem de loop fechado, depois do que vai se decompor com segurança. História Experimentos com borracha sintética aconteceram na Alemanha e na Rússia na virada do século XX, mas foi o aumento do preço da borracha natural de látex que estimulou as pesquisas para encontrar um substituto sintético barato, levando ao desenvolvimento do neoprene pela DuPont. A invenção foi baseada no trabalho de pesquisa de Julius Nieuwland, da Universidade de Notre Dame, de quem a DuPont comprou os direitos de patente. Arnold Collins, um químico da unidade de Wallace Carother, produziu o neoprene pela primeira vez enquanto investigava subprodutos de divinilacetileno. O nome neoprene foi adotado no final dos anos 1930; é um nome genérico e não comercial, já que ele é vendido como um material cru para ser misturado e não como um produto final. Depois de uma campanha de marketing intensiva, o neoprene teve uma grande demanda no final da mesma década. Louis Vuitton, Chanel, Michael Kors, Balenciaga, Lanvin e Vera Wang já usaram borracha sintética em suas coleções. Propriedades A borracha sintética é um elastômero feito da polimerização de uma variedade de monómeros à base de petróleo. Em esportes, a borracha sintética é frequentemente usada como um componente para absorver impactos e frequentemente é ligado a tecidos de malha, como jersey e veludo. Laminar o neoprene a tecidos leves instáveis agrega estabilidade e força, por isso permite usos alternativos que não seriam possíveis somente com o tecido de base. A borracha sintética e os tecidos laminados com borracha sintética podem ser costurados, colados ou selados com calor dependendo da finalidade para a qual o produto vai ser utilizado. Ela não se degrada no sol e resiste a danos ao ser torcido e dobrado. É usado como tecido de isolamento para esportes aquáticos, como em trajes de banho para mergulho. Os produtos químicos utilizados na fabricação do neoprene proporcionam à fibra resistência a calor, chamas, abrasão e óleo. O processo de produção pode provocar alergias, já que inclui solventes químicos e metais pesados. Já o AriapreneTM é hipoalergênico, inodoro e livre de solventes.
  • 64. As qualidades esculturais e a leveza do neoprene o tornam adequado para a produção de peças estruturadas, como no vestido peplum ondulado do vestido vermelho da coleção outono 2012 de Lanvin. As qualidades esculturais do material permite ao estilista criar formas que se destacam do corpo sem a necessidade de um fortalecimento extra. -- 7 -- T E C I D O S P A R A F O R R O Alguns tecidos são específicos para serem utilizados como forro das roupas, embora cetim,
  • 65. tafetá, shantung, chiffon e crepe também tenham essa aplicação. Utilizados por baixo do tecido principal, ajudam a dar a acabamento, volume e garantem conforto as peças. Os tecidos de forro são encontrados em fibras naturais ou sintéticas e são usados em casacos, paletós, calças, saias e vestidos. O forro proporciona acabamento limpo e profissional no interior da roupa e encobre as bordas brutas, entretelas e partes da peça. Forros de poliéster são oferecidos em uma grande variedade de pesos, mas também é possível encontrar tecidos de forro em seda e algodão. Alguns tipos de tecido são comumente usados para forro: Bember: utilizado em forro de saia, vestido e alfaiataria em geral, é um tecido sintético, muito usado por ter um custo menor, não muito confortável termicamente, pois não absorve o suor. Por isso, é indicado para peças que não ficam em contato com a pele. Cetim com ou sem elastano: tem um toque agradável, muito utilizado em moda festa e vestidos de noiva. Algodão: é indicado para roupas infantis e roupas que necessitam de conforto térmico, pois possui uma boa absorção em relação ao suor. Malha: é utilizado em roupas de malha, principalmente vestidos e saias. Pode também ser usado em forração de blazers, jaquetas e peças de uniformes.
  • 66. -- 8 -- A V I A M E N T O S Os aviamentos são materiais necessários à conclusão de uma peça de roupa, no que diz respeito à funcionalidade ou decoração da peça. O uso inteligente dos acabamentos é uma forma criativa de se expressar. Isso pode ser visto ao longo de muitas coleções de moda e pode causar um grande impacto. De um botão a um zíper, usado de forma funcional ou decorativa, sutil ou exagerado: qualquer que seja a escolha, a seleção deve ter em vista os tecidos, a peça em si e o acabamento estético como um todo.
  • 67. 8.1. BOTÕES Os botões são os fechos mais antigos, datados de antes da Era do Bronze. Originalmente eram usados como enfeites e só mais tarde passaram a ser incorporados no vestuário. Podem ser encontrados tanto em materiais naturais quanto sintéticos e seu acabamento varia desde formas bastante simples até padrões rebuscados e decorativos. Os de estilo vintage podem ser obtidos se necessário e são bem simples de fazer. Possuem diversas formas e tamanhos e, se a intenção é causar impacto é aconselhável que sejam desenvolvidos ainda na fase de criação, uma vez que isso pode tomar algum tempo até que o estilo certo para a coleção seja encontrado. Os botões são comercializados em uma imensa variedade de materiais, como plástico, metal, madeira e até conchas. A maioria tem formato circular, mas formas quadradas, retangulares, triangulares e outros formatos também são encontrados. Alguns botões têm abertura, outros têm um pé (um pequeno gancho preso na parte de trás). Os botões com pé são frequentemente usados em roupas mais pesadas, como sobretudos, pois facilitam o movimento. Botões são o tipo mais comum de fecho e, ainda assim, são os mais interessantes. No entanto, há alguns pontos a serem considerados sobre o uso dos botões: - Sempre combine a cor da linha de fixação do botão com a cor da roupa, a menos que deseja um acabamento contrastante. - Botões leves e botões pesados devem ser usados com seus tecidos equivalentes, isso porque um botão leve não será estável o suficiente para um tecido pesado e um botão pesado em um tecido leve poderá causar um efeito indesejável, deformando a peça. - Se a ideia é combinar os botões com o tecido, o ideal é ter uma amostra para confrontá- los. - É indicado experimentar diferentes tipos de botões, como os forrados, os de couro, os metálicos, etc. - É necessário sempre considerar o tamanho do botão antes de fazer as casas, pois é difícil corrigí-las depois de prontas. Conferir se estão uniformemente espaçadas, marcando a posição do botão com alfinetes primeiro também é recomendado. Para que a abertura da casa seja suficiente para acomodar o botão, mas não fique muito grande, a medida recomendada é de 3mm a mais que a largura do botão. Botões de pressão: também conhecidos como botão de encaixe e rebites, possuem forma de disco e se fecham quando um lado é inserido no outro - os lados são chamados de "macho" e "fêmea". São presos à roupa usando-se a prensa, um equipamento que aplica quantidade correta de pressão, garantindo que os botões permaneçam no lugar, sem danificar a peça. Também podem ser aplicados um a um com um alicate manual. Ao prender os botões de
  • 68. pressão, é preciso garantir que suas posições estejam cuidadosamente marcadas, pois os lados macho e fêmea precisam ser alinhados corretamente. Botão bombê ou forrado: é um botão composto de duas partes, sendo uma base ou pé com furos para passar a linha e a parte superior, feita geralmente em alumínio, que é forrada com o próprio tecido da roupa e prensado em uma máquina. Para esse processo utilizam-se matrizes, que variam conforme o tamanho do botão. Botões fixos e flexíveis: utilizados em peças jeans, são botões de pé, que facilitam o abotoamento. Para tecidos mais pesados utiliza-se o botão flexível, que tem uma base móvel, para que o ato de abotoar seja mais facilitado ainda. Botões Invisíveis: esses botões são geralmente metálicos e têm um ímã interno, fazendo com que as duas partes se unam facilmente. É muito utilizado em acessórios como bolsas, pois é prático e não aparece do lado externo.
  • 69. 8.2. COLCHETES Tipo de fecho que utiliza um pequeno gancho de um lado e um colchete de tecido ou metal do outro. Geralmente, colchetes e ganchos possuem diferentes formas e tamanhos. É essencial sempre marcar a posição onde serão presos para garantir que os dois lados do fecho estejam corretamente alinhados. O modelo mais estável é o colchetão de gancho de metal, sólido e mais adequado para a região da cintura, que sofre maior pressão. Ganchos e colchetes arredondados são mais delicados e utilizados principalmente como fechos de vestidos, inclusive de noiva, desde o centro das costas até a região da nuca. Também são bastante usados em decotes e lingeries, como sutiãs, corsets e espartilhos. São costurados à mão, exceto o colchete de cós de calça, que é preso no tecido por garras. Os colchetes também podem vir já aplicados em fitas de tecidos, que são utilizadas para fechamento de peças.
  • 70. 8.3. CORDÕES E VIVOS Cordões e vivos têm bordas orladas e são imprensados entre dois pedaços de tecido na linha de costura. Uma borda orlada é uma aba achatada de tecido ou de fita que é presa à extremidade do cordão para facilitar a aplicação. Podem ter uso decorativo ou funcional, no caso de ajustar a roupa. São oferecidos em diversos modelos, composições e espessuras. Atualmente, a indústria disponibiliza cordões em polipropileno, algodão e poliéster nos modelos trançados ou agulhados. Os cordões são disponibilizados em carretéis ou cortados na medida da necessidade do cliente. Os cordões e vivos podem complementar as roupas de diferentes modos, agregando estilo e praticidade aos produtos que integram. Os tipos mais comuns de vivo e cordão incluem os seguintes: Cordão vivo: acabamento bastante usado em projetos de decoração para o lar. Uma borda deste aviamento tem um cordão torcido e a outra borda e uma aba. A aba e costurada ao cordão e você pode removê-la puxando o final da linha de ponto corrente. Cordão para preenchimento: Esse cordão preenche o meio do vivo, que e enrolado e costurado com tecido. Está disponível em uma ampla gama de larguras. Vivo: o vivo e puramente decorativo. É usado para adornar bordas de bolsos, punhos, golas e palas nas costuras. Os cordões funcionais, agulhados em poliéster coloridos, em suas diversas espessuras, são usados para fechamento de bolsas, ajustes em biquínis, sungas, bermudas, uniformes profissionais e esportivos, aventais, moda masculina, feminina, infantil, mochilas, entre outros.
  • 71. 8.4. ELÁSTICO O elástico tem uma estrutura de trançado que pode ter em sua composição fios de algodão ou sintéticos, juntamente com fios de borracha ou outras fibras elásticas. É medido em milímetros(mm). Os elásticos classificam-se alguns tipos mais comuns: Para cós: esta malha elástica tem um cordão passando pelo seu centro, ideal para o uso em bermudas de cordão e calças de moletom. Cordão elástico: parece um galão sutache, mas que estica. Ê usado em punhos ou cinturas. O elástico para roupas de banho é um cordão elástico com tratamento para resistir ao desgaste pela água salgada ou clorada. De embutir : elásticos que ficam escondidos, embutidos na roupa. Esses elásticos são achatados e podem ter várias larguras. Externos ou aparentes (decorados): são feitos para aparecer e decorar a peça de vestuário, por isso são estampados e coloridos. Roliços: é um cordão mais pesado que o fio elástico e pode ser ziguezagueado para um acabamento mais macio e elástico dos punhos. Há também os elásticos roliços muito utilizados no segmento surfwear. Linha elástica ou lastex: os lastex são utilizados para franzir o tecido, costurando com linha e com o próprio elástico. Fita elástica: é macia e extremamente elástica. Quando o elástico trançado é esticado enquanto se costura, a agulha desliza através das laçadas da malha, de modo que o elástico não estrague ou fique maior do que o comprimento cortado durante a aplicação.
  • 72. 8.5. ENTREMEIO Técnica empregada para unir dois pedaços de material com a inserção de um ponto, criando uma tira vazada entre ambos. Tradicionalmente feito à mão, foi mais usado na confecção de lingerie e peças infantis de tecidos delicados, como seda, cetim, linho e algodão. Era popular nas roupas de verão nos anos 1920 e 1930. Menos usual, materiais mais grossos também podem receber entremeios, embora isso crie um efeito mais robusto.
  • 73. 8.6. ENTRETELA A entretela é um aviamento aplicado entre a roupa e o forro que forma a estrutura básica, usada para para estruturar, estabilizar e enrijecer o tecido. Também dá corpo, reforça as costuras e evita que o modelo se alargue e perca a forma. Geralmente, é aplicada nas áreas que mais se desgastam em uma roupa, como golas, punhos, aberturas frontais e traseiras, cós, bainhas, entre outros. A aplicação da entretela faz toda a diferença na estruturação da peça e deixar de usá-la pode fazer com que o tecido simplesmente não se sustente, colarinhos e punhos podem franzir, por exemplo. Encontra-se disponível em algodão, TNT (tecido nãotecido), viscose, lã ou malha, com características diferentes: Em malha: feita de malha de poliamida, é ideal para usar com tecidos de malha, pois tem a mesma elasticidade. É necessário dispor as partes para que a elasticidade fique na mesma direção da do tecido. Nãotecido: essa entretela é a mais fácil de usar, pois pode ser disposta em qualquer direção. Tecida: deve ser disposta ao longo da mesma linha do fio do tecido. Se a peça do molde de tecido for cortada em sentido longitudinal ao fio, a peça do molde da entretela deve ser cortada da mesma forma. Alguns modelos possuem cola adesiva, que adere ao tecido quando selada com calor e proporciona um acabamento mais profissional. Outros devem ser costurados. Antes de usar entretela, é necessário verificar a espessura para assegurar que não esteja muito grossa ou muito fina para o tecido escolhido. Além disso, as entretelas termocolantes precisam ser encolhidas antes da aplicação, a não ser que sejam feitas de nãotecido. Do contrário, a peça ficará deformada após ser lavada, enrugando o tecido ou resultando em uma aparência dura.
  • 74. 8.7 - FITAS O termo "fita" refere-se a tiras estreitas de tecidos de tecido, muitas vezes com uma orla visível em cada lado que os ajuda a manter sua forma. As fitas podem ser feitas de qualquer fibra e geralmente são tecidas em tecidos de cetim, liso, gaze, sarja e veludo. Já no período neolítico, as pessoas teceram tiras de tecido muito estreitas, densas, muitas vezes utilitárias em teares portáteis. Impressões de faixas de tecelagem planas de urdidura que remontam a 6000 a.C. foram escavados do sítio arqueológico turco de Çatal Hüyük. Embora seu propósito fosse principalmente funcional, algumas evidências sugerem que fitas também poderiam ser usadas para fins mais decorativos. Elizabeth Wayland Barber sugeriu que os dançarinos balançavam tiras de tecido já na Idade do Bronze Médio. Existe evidência de que, nas culturas do Egeu de 2000 até 1200 a.C., tecelãs especializadas usaram um tear vertical ponderado de urdidura para tecer bordos e faixas decorativas para enfeitar e cortar roupas. Hoje, as fitas estão disponíveis em incontável número de opções de cores, larguras, e materiais naturais e sintéticos e são usadas com fins funcionais e decorativos.
  • 75. 8.8 - ILHÓS São pequenos círculos de metal aplicados aos tecidos por pressão, usados para passar cordões, cadarços e fitas, ou simplesmente com função decorativa. Podem ser fabricados em vários tipo de metais em variados tamanhos, cores e modelos. Para a sua aplicação é necessário o uso de matrizes que variam de acordo com o tamanho do ilhós. São aplicados com prensa ou com um alicate especial, mas também podem vir já aplicados em tiras de tecido, que são utilizadas para o fechamento de peças.
  • 76. 8.9. PAETÊS E LANTEJOULAS Ambos acrescentam um efeito lustroso e luzidio ao tecido. Paetês são enfeites longos, achatados ou ovais, com um furo em cada ponta para serem parcialmente costurados à vestimenta, preservando um certo movimento. Lantejoulas por outro lado, são geralmente redondas, têm um orifício no centro e ficam bem presas ao tecido. No início, eram feitas de conchas ou metal, mas depois passaram a ser fabricadas com plástico.
  • 77. 8.10. PASSAMANARIA Na França, no século XVI, foi criada a primeira Guilda de Passamaneiros, que documentou a arte da passamanaria. Sua principal expressão era a borla, mas o trabalho também incluía franjas (aplicadas, em vez de integrais), cordões ornamentais, galões, pompons e rosetas. Borlas, galões e rosetas são enfeites em relevo; os outros são lineares. Em meados do século XIX, o couturier Charles Frederick Worth abusou das passamanarias para decorar crinolinas e saias com nesgas.
  • 78. 8.11. SIANINHA Cordão ondulado que foi originalmente produzido em crochê no fim da década de 1800, quando surgiram algumas variações. É identificada como uma fita estreita em ziguezague, é encontrada em diversas larguras e cores. Feita de uma cor única, geralmente contrastante com a base, e costurada pelo centro com uma carreira única de pontos, a sianinha teve popularidade nos anos 1950, quando decorava as saias rodadas de feltro das adolescentes. É usada na superfície de peças de roupas para disfarçar vincos de bainhas que não foram passadas ou deixando à mostra na beira de um bolso, na margem de costura, para um charme extra. Feita de sarja é muito estável e, devido à essa característica pode ser usada para estabilizar costuras nos ombros e em outras áreas de uma peça que possa esticar ou perder sua forma. Também está presente em trajes folclóricos, sobretudo durante a tendência relacionada ao Oeste americano, na década de 1970.
  • 79. 8.12. SOUTACHE OU SUTACHE Soutache é tipo de galão fino decorativo com uma cavidade central onde é passada a costura que o prende ao tecido. É um cordão estreito, plano, tradicionalmente feito de fios dourados ou prateados, de seda ou uma mistura de seda e lã. É muito utilizado na ornamentação das roupas para ocultar emendas e costuras externas,, criar definição e enfatizar a estrutura. O soutache foi característico da decoração de uniformes militares. No século XX, começou a ser produzido com raiom e outras fibras sintéticas.
  • 80. 8.13. VELCRO É um tipo de "colchete" em forma de tecido, feito de fibras artificiais como o poliéster. Foi criado pelo engenheiro suíço Georges de Mestral, em 1948 - acredita-se que tenha se inspirado na natureza e na forma como os minúsculos ganchos de um carrapicho se grudavam em seu casaco. Da mesma forma, um dos lados da tira do velcro é feito de pequenos ganchos que aderem à tira oposta, que exibe pequenas alças. Prático e versátil, disponível em diversos pesos e tamanhos, é muito utilizado em roupas esportivas e infantis. Também é ideal para tecidos de malha ou com fibras elásticas, que facilmente se alargam e perdem a forma com o uso.
  • 81. 8.14. ZÍPER Histórico O "fecho de gancho" surgiu em Chicago, em 1893, inventado pelo engenheiro mecânico Whitcomb Judson, mas a versão moderna, dentada, data de 1917, criada por Gideon Sundback, funcionário da empresa de Judson, a Universal Fastener Company. As primeiras versões da peça eram feitas de metais pesados e confinadas ao uso militar. Apenas nos anos 1930, no entanto, o mecanismo passou a ser utilizado em vestimentas, primeiro nas infantis. A partir dessa década, com o surgimento de metais mais leves e seguros, foi adotado por couturiers, mais notavelmente por Charles James, que o transformou em um elemento de composição das roupas. O zíper é composto por uma tira com duas fileiras de dentes protuberantes que se entrelaçam quando está fechado e abrem ou fecham por meio de um cursor que desliza pela tira, e o convencional tem sempre uma das extremidades fechada. Tipos A escolha do zíper irá depender do uso. Deve-se levar em conta se os tecidos são pesados ou leves, escolhendo o tipo de fechamento mais adequado. É aconselhável reservar um tempo para escolher o tipo de zíper, a fim de que possa experimentar diversos tipos de técnicas de colocação. Além disso, é necessário levar em conta se o zíper será usado por razões puramente estéticas ou funcionais, visando seu desempenho. A maioria dos zíperes é feita de metal ou plástico. Há também fechos específicos para roupas à prova d'água, feitos de material sintético, o que lhes permite ser fixados (colados ou selados com calor) na roupa sem o uso de costura. Quanto ao material: Sintético com dentes de nylon: é um zíper leve e mais delicado, utilizado em roupas de tecidos de leves à médios. De algodão com dentes de metal – é um zíper mais pesado, por causa do metal. É utilizado em roupas de tecidos médios a pesados. Quanto ao modelo: Comum: é o zíper médio, aquele que se adéqua à maioria das peças de roupa casuais, usadas no dia-a-dia. É o mais vendido no mercado. Zíper invisível: tipo moderno de zíper, feito para se ocultar dentro da costura, com o cursor pequeno, fino e oval. É um zíper extremamente delicado, indicado para roupas igualmente delicadas. Seus dentes ficam para o lado interno e, quando aplicado, este fecho é escondido dentro da costura e os pontos não são visíveis pelo lado direito da roupa. São indicados, portanto, para vestidos e saias que requerem uma costura mais limpa e arrematada e mais utilizados no centro das costas e em costuras laterais. É fabricado em material sintético.
  • 82. Zíper bidirecional: casacos, parcas e roupas esportivas utilizam esse zíper. São feitos para abrir completamente e têm dois cursores, para facilitar o uso. Costumam ser mais pesados e feitos de metal ou plástico. Colocação A seguir, constam as diversas maneiras de prender um zíper à carcela: Braguilha com zíper frontal: A braguilha é uma forma muito elegante e durável de fechamento que esconde o zíper em shorts, calças e saias, por meio de uma aba de tecido anexada. Constitui o acabamento tradicional das calças masculinas, também usado em roupas femininas modernas. Existe um longo histórico sobre o lado de fechamento da braguilha: para as mulheres, vai da direita sobre a esquerda; para os homens, da esquerda sobre a direita. Zíper centralizado: É o posicionamento mais comum e o ideal para o centro dianteiro ou posterior de uma vestimenta, com os dentes do zíper colocados no meio da costura. Em geral, usa-se uma margem de costura de 2,5 cm, onde a face do zíper é presa. Zíper embutido: Método que oculta os dentes do zíper. Aplicado com a mesma técnica do modelo centralizado, a única diferença é o posicionamento em relação à extremidade da vestimenta. A costura do tecido de um lado do zíper recebe pontos próximos aos dentes, e o outro lado se sobrepõe a eles, para ocultá-los. Zíperes embutidos são mais usados na costura esquerda lateral de calças, saias e vestidos. Também é conhecido como zíper oculto. Inserir um zíper é uma habilidade que requer prática. A chave é ter paciência, mas o ponto mais importante é ter o zíper do comprimento correto para a abertura da roupa - se ele for muito longo, terá de ser cortado. Além disso, é necessário certificar-se de estar usando o pé correto na máquina e que esta esteja corretamente alimentada. Não é aconselhável usar alfinetes para prender o zíper à peça antes de pespontar, pois eles podem causar problemas na máquina de costura, principalmente se engancharem ou ficarem presos. Colocar um zíper pode ser problemático, particularmente no topo, onde fica o cursor. Se ocorrer problemas neste local, puxe o zíper para baixo antes de começar, para que o fecho esteja aberto na hora de pespontar. Isso irá permitir que o cursor fique visível quando a roupa estiver terminada e irá eliminar qualquer ponto desigual no topo da peça. Em qualquer colocação de fecho, verifique ao final do processo se o zíper pode subir e descer com facilidade. O problema a atentar, no caso de um zíper invisível, é assegurar que a costura esteja próxima o suficiente para que o tecido do zíper não fique visível (ao final, deve parecer uma costura contínua), mas não tanto ao ponto de atingir os dentes, pois isso impediria o fecho de funcionar corretamente. O zíper centrado normalmente apresenta problemas no topo do fecho, onde o cursor fica. Caso os pontos fiquem desiguais nessa área, puxe o zíper para baixo, deixando-o aberto antes da confecção. Se do lado direito da costura o zíper estiver visível, é preciso descosturá-lo para consertar. Ao colocar o pé do zíper, certifique-se de que ele esteja o mais próximo possível do dente, sob ele.
  • 84. -- 9 -- D I C A S F I N A I S 9.1. PAINEL DE INSPIRAÇÃO O conjunto de amostras é um ponto de referência para qualquer estilista, ele oferece a liberdade de experimentar sem restrições e desenvolver ideias que podem ser trabalhadas ao longo do processo de criação. O painel de inspiração faz parte do processo de pesquisa e desenvolvimento de qualquer projeto. As ideias contidas nele podem ser simplesmente amostras costuradas que representam uma imagem da atmosfera ou do quadro conceitual. Trata-se de explorar possibilidades criativas por meio da prática tridimensional. As imagens do painel de inspiração ficam ótimas ao lado de amostras de tecidos, croquis e esboços, de modo a oferecer um ponto de referência para o estilista. 9.2. PASSADORIA Alguns tecidos naturais e delicados, como o chiffon de seda, reagem melhor à passadoria a vapor do que a ferro. Isso ocorre principalmente porque se um ferro está em temperatura ou configuração incorreta, há riscos de o tecido ser danificado pelo calor ou por marcas de água, caso seja usado vapor. A vaporização (ou trato a vapor) é o uso do vapor de água quente para remover as dobras e rugas das roupas. Esse equipamento elétrico consiste em um recipiente onde é colocada água e aquecida à temperatura adequada. Uma vez concluída esta etapa, o vapor irá sair a partir de um tubo de distribuição e as peças de roupa poderão ser vaporizadas de forma suspensa, em vez de apoiadas numa superfície plana, como é feito quando são passadas a ferro.
  • 85. -- 10 -- R E F E R Ê N C I A S Bibliográficas Angus, Emily. Dicionário de Moda. São Paulo: Publifolha, 2015. P. 22, 194, 209-213, 236-245, 291, 300-313, 288. Callan, Georgina O'Hara. Enciclopédia da moda de 1840 à década de 90. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. P. 66, 314, 340. Chataignier, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras Editora, 2006. P. 68-69, 138, 156, 158. Daniel, Maria Helena. Guia Prático dos tecidos. São Paulo: Editora Novo Século, 2011. P. 156-162, 46, 56, 66, 68,70, 128-130. Clive, Edward. Como compreender design têxtil: guia rápido para entender estampas e padronagens. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. P. 192-202. Fogg, Marnie. Tudo sobre moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. p. 33, 78, 148, 152-153. Hallett, Clive e Johnson, Amanda. Fabric for Fashion: The complete guide. Londres: Laurence King Publishing, 2014. P.17, 53, 69, 70-73, 75, 123, 162. Harris, Jennifer. 500 years of textiles. Londres: The British Museus Press, 2004. p. 33, 85, 175, 180, 184 Lieger, Ilce. Moda em 360o: design, matéria prima e produção para o mercado global. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012. P. 130-132, 135-136, 153-154. Matharu, Gurmit. What is fashion design. Mies: RotoVision, 2010. P. 108-111. Pezzolo, Dinah Bueno. Tecidos: História, tramas, tipos e uso. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007. P. 206-217, 232-234, 229,230, 302, 303, 306-309,316, 318. Prendergast, Jennifer. Técnicas de Costura: uma introdução às habilidades de confecção no âmbito do processo criativo. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. p. 48-49, 68-69, 74-75, 78-81. Saunders, Jan Maresh. Costura para Leigos. Rio de Janeiro: Alfa Books, 2013. P. 37, 50, 52, 233. Udale, Jenny. Fundamentos do design de moda: tecidos e moda. Porto Alegre: Bookman, 2009. P. 40 - 45 Artigos Soares, Daniela Bento. A prática do tecido circense nas academias de ginástica da cidade de Campinas-SP: o aluno, o professor e o proprietário. Revista Corpoconsciência, v. 15, nº2, jul./ dez., 2011. (http://www.periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3534)