2. Supremo Tribunal Federal. E, sobre eles, se jogasse o supremo desafio de abrir a caixa de Pandora da
corrupção brasileira sem destruir completamente a economia e as instituições brasileiras.
O que se tem, agora, na grande tragédia brasileira.
Peça 1 – o poder Judiciário
Pelos diálogos publicados pela Veja, trata-se de uma filha típica da alta aristocracia brasiliense, arrotando
ligações íntimas com o Poder e se dispondo ao trabalho sujo.
Pelo teor dos diálogos, tem-se duas possibilidades. A primeira, da compra efetiva de votos de
desembargadores. A segunda, o golpe da “taxa de sucesso”, muito comum em Brasília. O sujeito se
apresenta como intermediário do desembargador e pede um pagamento para conseguir o voto favorável.
Há 50% de possibilidade de se adivinhar a sentença: ou o juiz votará a favor ou contra. Votando a favor,
o falsário embolsa o dinheiro e o juiz fica sob suspeita.
Quais dos casos vazados se enquadram na primeira hipótese; quais os da segunda hipótese?
Houvesse um PGR maduro, esse material seria utilizado para abrir investigações sigilosas, nas quais se
levantariam as provas contra os culpados e se inocentariam os inocentes. Afinal, é o MPF que possui
poderes constitucionais para investigar, não a revista Veja.
No país da Lava Jato, o primeiro tribunal é o da mídia, com resultados previsíveis: destrói os honestos,
pela mera exposição da suspeita; fortalece os criminosos, por estarem no mesmo balaio dos honestos.
Um dos implicados nas conversas, desembargador João Otávio Noronha, corregedor do Conselho
Nacional de Justiça. Há um ano, ao tomar posse no cargo de corregedor, fez um discurso duro contra a
república dos procuradores.
Segundo matéria do Estadão
"Lemos todos os dias nos jornais a censura a quem vota a favor ou contra determinado
investigado. Não se pode um juiz ser refém do Ministério Público, da Polícia Federal, de quem
quer que seja. O magistrado existe para garantir os direitos fundamentais", disse ministro.
Segundo ele, o seu papel no CNJ é "de proteger, é de blindar a magistratura das influências
externas, fazer com que o juiz exerça a magistratura na mais plena liberdade, fazer com que juiz
não tenha medo da mídia, mídia que se tornou um poder".
Nas conversas divulgadas pela PGR para Veja, a advogado insinua a cumplicidade de Noronha. A
reportagem constata que a demanda da JBS não foi atendida. Pouco importa, Noronha está exposto
definitivamente ao julgamento público.
Na outra ponta, surgem as indicações óbvias da influência de
Gilmar Mendes na captação de patrocínios para o IDP (Instituto
Brasiliense de Direito Público), através de Dalide Correa, seu
braço direito na instituição. Como disse Gilmar sobre a relação
Miller-Janot, os patrocínios ao IDP por parte de empresas
interessadas em votos favoráveis de Gilmar, nem segredo de
carochinha são: fatos públicos, documentados. Mas o bravo MPF
prefere investigar as flores recebidas pela sra. Gilmar.
Como fica, agora? A irresponsabilidade de Janot joga uma bomba
de hidrogênio no colo de sua sucessora, Raquel Dodge. Ela não
terá a tranquilidade para uma investigação séria e profissional,
como é de seu estilo. Cada passo será acompanhado pela mídia
e sujeita a toda sorte de pressão por parte dos tribunais.
Conseguiu-se, com o vazamento, colocar todos os tribunais superiores sob suspeita.
Peça 2 – a mídia e o Executivo
Na edição em que noticia a descoberta de R$ 51 milhões em dinheiro vivo de Geddel Vieira Lima, o Globo
divulga vídeo em que, nas passeatas do impeachment, ele deblatera contra a corrupção. Obviamente a
3. reportagem deixa de relatar que a Globo foi a madrinha da entrega do poder nacional ao mais deslavado
esquema de corrupção política da história, comandado pelo próprio presidente da República, Michel
Temer.
Como fica agora? Os bandidos de dentro do bunker, podendo utilizar a artilharia pesada das Medidas
Provisórias, das negociatas em todas as linhas. E o nosso Asmodeu da selva, dando flechadas a torto e a
direito, inclusive, no próprio pé.
E a mídia perdida entre atender à demanda dos leitores, de denúncias contra Temer, e ser submissa às
verbas da Secom, já que a Lava Jato, com o auxílio precioso de Dilma-Levy e de Temer-Meirelles,
desmontou a economia e o fôlego que havia no setor privado.
Peça 3 – a continuidade do golpe
Desde o ano passado sabia-se que Antônio Palocci já estava negociando a delação premiada com a Lava
Jato. Com José Dirceu ainda preso, Palocci já tinha sido transferido para uma ala do presídio dedicada aos
futuros delatores.
Agora, o anjo da morte ressurge em cima dos pecados do partido e sopra seu hálito pesado sobre a
candidatura Lula.
Repete-se o mesmo modelo de outras delações, de acordo com os manuais da “teoria do choque”
adotado por várias polícias políticas. O sujeito fica detido e torturado (no caso de Palocci, a tortura moral
da expectativa de prisão duradoura) até entregar os pontos. Depois, a “omertá”, a prova de sangue para
garantir sua lealdade à “famiglia” Lava Jato: declarações bombásticas de fundo político, como afirmar que
Lula e Emilio Odebrecht tinham um “pacto de sangue”.
Como disse Joesley Batista na conversa auto-grampeada com Ricardo Sur, para os acordos o MPF exige
palavras fortes, falar de “bandidos”, “organizações criminosas” já que o grande tribunal é a mídia.
Comentando a delação de Palocci, mesmo a mídia tradicional tem divulgado a receita do bolo das
delações da Lava Jato, vendo no seu comportamento o padrão típico de delação exigida pela Lava Jato. O
método ilegal tornou-se carne de vaca. Todos comentam, menos os tribunais superiores, com a
tranquilidade de um país que aprendeu a conviver com a ilegalidade no crime e na luta contra o crime.
A delação de Delcídio do Amaral demonstrou amplamente as leviandades que são ditas sob a pressão da
tortura moral. Pouco importa se mais adiante a delação de Palocci cair no vazio, por falta de provas.
Matar-se-ão dois coelhos com uma só cajadada: politicamente, a Lula; penalmente, cassando os
benefícios de Palocci com a delação.
Peça 4 – os mercadores da ética
As instituições estão tão
desmoralizadas que os agentes dessa
barafunda, juiz e procuradores da Lava
Jato, se locupletam dos frutos do
trabalho em palestras regiamente
pagas. E, pior, para setores
potencialmente sensíveis às
investigações da Lava Jato – como o
financeiro. Ou então, com parentes
sendo remunerados por advogados
investigados pela operação, como é o
caso da senhora Moro, recebendo do
doleiro Tacla Duran.
Nas empresas afetadas, montou-se a
maior das maracutaias legalizadas da
história.