SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  25
Télécharger pour lire hors ligne
NATAL BRASILEIRONATAL BRASILEIRO
Na Época do Primeiro ImpérioNa Época do Primeiro Império
Pintura de Jean Baptiste Debret
Clique para avançar
Pode-se ter uma idéia de como eram
as comemorações do Natal na época do
Império de D.Pedro I, através dos relatos
de Jean Baptiste Debret no
livro
Voyage pittoresque et historique au Brésil.
Membro da missão francesa contratada para introduzir o ensino de artes plásticas no Brasil, Debret
aqui permaneceu de 1816 a 1831, freqüentando a Corte e fazendo diversas viagens de
estudo pelo País. São famosas suas pinturas retratando cenas do cotidiano.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Narrativa de Debret
As festas do Natal e da Páscoa, sempre favorecidas no Brasil por
um tempo magnífico, constituem épocas de divertimentos tanto mais
generalizados quanto provocam mais de uma semana de interrupção
no trabalho das administrações e nos negócios do comércio.
O descanso é igualmente aproveitado pela classe média e pela
classe alta, isto é, a dos diretores de repartições e dos ricos
negociantes, todos proprietários rurais e interessados, portanto,
em fazer essa excursão em visita às suas usinas de açúcar
ou plantações de café, a sete ou oito léguas da capital.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
Quanto aos artífices, reunidos na casa de seus parentes ou amigos,
proprietários de sítios vizinhos da cidade, aproveitam essas festas
para gozar em liberdade os prazeres que essas curtas e pouco
dispendiosas excursões lhes permitem.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
Basta-lhes, com efeito, mandar levar sua esteira
e sua roupa pelo seu escravo.
À noite, à hora de dormir, as esteiras desenroladas
no chão, cada qual com seu pequeno travesseiro, formam
leitos de emergência, distribuídos pelas três ou quatro
salas do rés-do-chão, que constituem uma residência
desse tipo.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
Pintura de Johann Moritz Rugendas
No dia seguinte, ao romper do dia,
ergue-se o acampamento, e os mais
ativos se separam para ir passear ou
banhar-se nos pequenos rios que
descem das montanhas vizinhas.
O exercício da manhã abre o apetite;
volta-se para almoçar, mas inventam-se
divertimentos mais tranqüilos para o
momento do sol forte, até uma hora
da tarde, quando se janta.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Das quatro às sete dorme-se e, depois da ave-maria,
dança-se durante toda a noite ao som do violão.
Deliciosos momentos de fresca, empregados pelos velhos
na narrativa de suas aventuras do passado e pelos moços em
dar origem a alguns episódios felizes, cuja recordação
encantará um dia a sua velhice.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Este ligeiro esboço dá entretanto apenas uma pobre idéia das
brilhantes recepções realizadas na mesma época nas imensas
propriedades dos ricos, que, por vaidade, reúnem numerosa
sociedade, tendo o cuidado de convidar poetas sempre dispostos
a improvisar lindas quadrinhas e músicos encarregados de
deleitaras senhoras com suas modinhazinhas.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Os donos da casa também escolhem, por sua vez, alguns amigos
distintos, conselheiros acatados do proprietário na exploração da
fazenda, que visitam demoradamente com ele, ao passo que, ao
contrário, os jovens convidados, ágeis e turbulentos, entregam-se
a essa louca alegria sempre tolerada do interior.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
Aí, todos os dias começam, para os homens, com uma caçada,
uma pescaria ou um passeio a cavalo; as mulheres ocupam-se
de sua toalete para o almoço das dez horas.
À uma hora todos se reúnem e se põem à mesa; depois de saborear,
durante quatro a cinco horas, com vinhos do Porto, Madeira ou
Tenerife, as diferentes espécies de aves, caça, peixes e répteis
da região, passam aos vinhos mais finos da Europa.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Então o champanha estimula o poeta, anima o músico, e os
prazeres da mesa confundem-se com os do espírito, através
do perfume do café e dos licores.
A reunião prossegue em torno das mesas de jogo; à meia-noite
serve-se o chá, depois do qual cada um se retira para o seu
aposento, onde não é raro deparar com móveis, perfeitamente
conservados, de fins do século de Luís XIV.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
No dia seguinte, para variar, vai-se visitar um amigo numa
propriedade mais afastada; tais cortesias aumentam ainda os
prazeres dessa semana, que sempre parece curta demais.
Alguns amigos íntimos, que dispõem de seu tempo, ficam com
a dona da casa, cuja estada se prolonga durante mais de seis
semanas ainda, em geral, depois do que todos tornam
a encontrar-se na cidade.
Pintura de Jean Baptiste Debret
A mulata representada aqui é da classe dos artífices abastados.
Sua filhinha abre a marcha conduzindo pela mão um negrinho,
bode expiatório a seu serviço particular; vem em seguida a
pesada mulata, em lindo traje de viagem, que se dirige a pé
para o sítio situado num dos arrabaldes da cidade
Mulata a caminho do sítio para as festas de Natal
Pintura de Jean Baptiste Debret
A negra criada de quarto a acompanha carregando o pássaro
predileto. A mulata contenta-se com uma criada de quarto
preta a fim de não comprometer a própria cor.
Vem logo depois da primeira negra de serviço, com o gongá,
cesto em que se coloca a roupa-branca.
Pintura de Jean Baptiste Debret
A terceira negra carrega o leito da senhora, elegante travesseiro
enrolado numa esteira de Angola (bastante bem imitada na Bahia).
A quarta, encarregada de trabalhos grosseiros, lavadeira quase
sempre grávida, carrega os trastes das outras companheiras; e
a negra nova acompanha humildemente o cortejo, carregando
a provisão de café torrado e a coberta de algodão com que
se envolve à noite para dormir.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Presentes de Natal
Dão-se presentes no Brasil especialmente por ocasião
das festas de Natal, de 1º do Ano e de Reis.
No dia de Natal e no dia de Reis, sobretudo, são de rigor os
presentes de comestíveis, caça, aves, leitões, doces, compotas,
licores, vinhos etc. Costuma-se renovar na mesma época a
roupa dos escravos, o que leva a conceder, em geral,
gratificações aos subalternos.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Entretanto, entre as pessoas de bem, os presentes de um gosto
mais apurado são mandados em bandejas de prata com toalhas
de musselina muito finas, pregueadas com arte e presas com laços
de fitas cuja cor é sempre interpretativa, linguagem erótica
complicada pela adição engenhosamente combinada
de algumas flores inocentes.
Pintura de Jean Baptiste Debret
A véspera do dia de Reis é igualmente festejada.
Com efeito, grupos de músicos organizam serenatas debaixo
do balcão de seus amigos, os quais, em troca, os convidam a
subir para tomar algum refresco e continuar o concerto
no salão até de madrugada.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Para a classe inferior, composta de mulatos e negros livres,
essa noite constitui um carnaval improvisado; fantasiados,
em pequenos grupos escoltados por músicos, percorrem
as ruas da cidade e, quando a noite é bela, prolongam sua
excursão pelos arrabaldes, onde acabam entrando numa
venda e aí ficando até o nascer da aurora.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
Outros, ao contrário, preferem organizar pequenos salões de baile,
onde se divertem ruidosamente, dançando uma espécie de lundu,
pantomima indecente que provoca os alegres aplausos
dos espectadores, durante toda a noite.
Pintura de Jean Baptiste Debret
Eis no que se transformou no Brasil
o aniversário da visita dos Reis Magos.
Pintura de Jean Baptiste Debret
o primeiro, carregado por três negros entrando por um portão,
traz a carta de congratulações entre as garrafas de vinho do Porto;
a apresentação do segundo, mais modesto e talvez galante,
é confiada à inteligência da negra encarregada de entregá-lo
num humilde rés-de-chão.
O desenho representa a entrega de dois presentes
de importância diversa:
Pintura de Jean Baptiste Debret
A cena se passa perto do Jardim Público, cujo muro,
que dá em parte para o Largo do Convento da Ajuda
e em parte para o mar, se percebe ao longe.
Autora dos Slides: Ria Ellwanger
Texto: Transcrito de NovoMilenio.InfBr Imagens:
Pinturas de Debret e Rugendas Música: Classical
Guitar - Away in a Manger

Contenu connexe

Tendances

Trab Final Rita Sandra
Trab Final Rita SandraTrab Final Rita Sandra
Trab Final Rita SandraSandra Sousa
 
Testes sobre a cidade e as serras
Testes sobre a cidade e as serrasTestes sobre a cidade e as serras
Testes sobre a cidade e as serrasBriefCase
 
Pre modernismo.lobato.augusto&aranha
Pre modernismo.lobato.augusto&aranhaPre modernismo.lobato.augusto&aranha
Pre modernismo.lobato.augusto&aranhasandrahelenalmeida
 
Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Elisio Estanque
 
Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras
  Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras  Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras
Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serrasjulykathy
 
As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz
As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz
As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz Leandro Montino
 
Arroz do cã©u texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)
Arroz do cã©u   texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)Arroz do cã©u   texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)
Arroz do cã©u texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)Tita Carvalho'
 
A cidade e as serras material
A cidade e as serras materialA cidade e as serras material
A cidade e as serras materialrafabebum
 
Ziguinchor e o seu passado
Ziguinchor e o seu passadoZiguinchor e o seu passado
Ziguinchor e o seu passadoCantacunda
 
A cidade e as serras- personagens principais
A cidade e as serras- personagens principais A cidade e as serras- personagens principais
A cidade e as serras- personagens principais biamoreira__
 
A Cidade E As Serras
A Cidade E As SerrasA Cidade E As Serras
A Cidade E As SerrasKatitaKatita
 
Guiao de-leitura-arroz-do-ceu
Guiao de-leitura-arroz-do-ceuGuiao de-leitura-arroz-do-ceu
Guiao de-leitura-arroz-do-ceuGraça Viais
 
Debret
DebretDebret
DebretMaria
 
Pregão 2012 de Paulinho César Gonçalves
Pregão 2012 de Paulinho César GonçalvesPregão 2012 de Paulinho César Gonçalves
Pregão 2012 de Paulinho César GonçalvesJosé Ferreira
 

Tendances (19)

Trab Final Rita Sandra
Trab Final Rita SandraTrab Final Rita Sandra
Trab Final Rita Sandra
 
Testes sobre a cidade e as serras
Testes sobre a cidade e as serrasTestes sobre a cidade e as serras
Testes sobre a cidade e as serras
 
O cortiço 3ª b - 2011
O cortiço   3ª b - 2011O cortiço   3ª b - 2011
O cortiço 3ª b - 2011
 
Pre modernismo.lobato.augusto&aranha
Pre modernismo.lobato.augusto&aranhaPre modernismo.lobato.augusto&aranha
Pre modernismo.lobato.augusto&aranha
 
Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016
 
Gil vicente -_slides_ii
Gil vicente -_slides_iiGil vicente -_slides_ii
Gil vicente -_slides_ii
 
Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras
  Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras  Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras
Obras-literárias_-A_cidade_e_as_serras
 
As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz
As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz
As Cidades & as Serras | Eça de Queiróz
 
Arroz do cã©u texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)
Arroz do cã©u   texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)Arroz do cã©u   texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)
Arroz do cã©u texto e guiã£o de leitura (blog7 10-11)
 
A cidade e as serras material
A cidade e as serras materialA cidade e as serras material
A cidade e as serras material
 
O Cortiço..
O Cortiço..O Cortiço..
O Cortiço..
 
Ziguinchor e o seu passado
Ziguinchor e o seu passadoZiguinchor e o seu passado
Ziguinchor e o seu passado
 
Fls figuras reais
Fls figuras reaisFls figuras reais
Fls figuras reais
 
A cidade e as serras- personagens principais
A cidade e as serras- personagens principais A cidade e as serras- personagens principais
A cidade e as serras- personagens principais
 
Um auto de gil vicente
Um auto de gil vicenteUm auto de gil vicente
Um auto de gil vicente
 
A Cidade E As Serras
A Cidade E As SerrasA Cidade E As Serras
A Cidade E As Serras
 
Guiao de-leitura-arroz-do-ceu
Guiao de-leitura-arroz-do-ceuGuiao de-leitura-arroz-do-ceu
Guiao de-leitura-arroz-do-ceu
 
Debret
DebretDebret
Debret
 
Pregão 2012 de Paulinho César Gonçalves
Pregão 2012 de Paulinho César GonçalvesPregão 2012 de Paulinho César Gonçalves
Pregão 2012 de Paulinho César Gonçalves
 

Similaire à Natal Brasileiro no Império de D.Pedro I

Similaire à Natal Brasileiro no Império de D.Pedro I (20)

[Trovadorismo E Humanismo
[Trovadorismo E Humanismo[Trovadorismo E Humanismo
[Trovadorismo E Humanismo
 
Erico Veríssimo As aventuras de tibicuera (pdf) (rev)
Erico Veríssimo   As aventuras de tibicuera (pdf) (rev)Erico Veríssimo   As aventuras de tibicuera (pdf) (rev)
Erico Veríssimo As aventuras de tibicuera (pdf) (rev)
 
O Cavaleiro da Dinamarca - Síntese
O Cavaleiro da Dinamarca - SínteseO Cavaleiro da Dinamarca - Síntese
O Cavaleiro da Dinamarca - Síntese
 
Apresentação c. dinamarca
Apresentação c. dinamarcaApresentação c. dinamarca
Apresentação c. dinamarca
 
Apresentação c. dinamarca
Apresentação c. dinamarcaApresentação c. dinamarca
Apresentação c. dinamarca
 
337 an 22_junho_2011.ok
337 an 22_junho_2011.ok337 an 22_junho_2011.ok
337 an 22_junho_2011.ok
 
A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
A Rosa do Povo - Carlos Drummond de AndradeA Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
 
Carlos drumond de andrade
Carlos drumond de andradeCarlos drumond de andrade
Carlos drumond de andrade
 
Cronicas futuro
Cronicas futuroCronicas futuro
Cronicas futuro
 
Natalia Correia
Natalia CorreiaNatalia Correia
Natalia Correia
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Artur azevedo cavação
Artur azevedo   cavaçãoArtur azevedo   cavação
Artur azevedo cavação
 
Pamplona
PamplonaPamplona
Pamplona
 
literatura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.pptliteratura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.ppt
 
literatura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.pptliteratura_trovadorismo.ppt
literatura_trovadorismo.ppt
 
Zai Gezunt - Edição 28
Zai Gezunt - Edição 28Zai Gezunt - Edição 28
Zai Gezunt - Edição 28
 
Trovadorismo (2)
Trovadorismo (2)Trovadorismo (2)
Trovadorismo (2)
 
Luís Vaz de Camões - Vida e obra
Luís Vaz de Camões - Vida e obraLuís Vaz de Camões - Vida e obra
Luís Vaz de Camões - Vida e obra
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
 
Quinhentismo
QuinhentismoQuinhentismo
Quinhentismo
 

Plus de Fatima de Luzie Cavalcante (20)

Consenso sobre rinite
Consenso sobre riniteConsenso sobre rinite
Consenso sobre rinite
 
Cartilha do consumidor - Construtoras
Cartilha do consumidor  - ConstrutorasCartilha do consumidor  - Construtoras
Cartilha do consumidor - Construtoras
 
Origem dos nomes dos estados do brasil
Origem dos nomes dos estados do brasilOrigem dos nomes dos estados do brasil
Origem dos nomes dos estados do brasil
 
Rio de janeiro e seus arredores em 1948
Rio de janeiro e seus arredores em 1948Rio de janeiro e seus arredores em 1948
Rio de janeiro e seus arredores em 1948
 
Linguagem do corpo
Linguagem do corpoLinguagem do corpo
Linguagem do corpo
 
Zona sul 6
Zona sul 6Zona sul 6
Zona sul 6
 
Zona sul 5
Zona sul 5Zona sul 5
Zona sul 5
 
Zona sul 4
Zona sul 4Zona sul 4
Zona sul 4
 
Zona sul 3
Zona sul 3Zona sul 3
Zona sul 3
 
Zona sul 2
Zona sul 2Zona sul 2
Zona sul 2
 
Zona sul 1
Zona sul 1Zona sul 1
Zona sul 1
 
Unidades de conservação
Unidades de conservaçãoUnidades de conservação
Unidades de conservação
 
Tour pelas ruas e estátuas
Tour pelas ruas e estátuasTour pelas ruas e estátuas
Tour pelas ruas e estátuas
 
Tesouro da rua 1º de março
Tesouro da rua 1º de marçoTesouro da rua 1º de março
Tesouro da rua 1º de março
 
Segredos subterrâneos da igreja da lapa dos mercadores
Segredos subterrâneos da igreja da lapa dos mercadoresSegredos subterrâneos da igreja da lapa dos mercadores
Segredos subterrâneos da igreja da lapa dos mercadores
 
São cristóvão
São cristóvãoSão cristóvão
São cristóvão
 
Santa teresa
Santa teresaSanta teresa
Santa teresa
 
Rj séc xx
Rj séc xxRj séc xx
Rj séc xx
 
Praça xv
Praça xvPraça xv
Praça xv
 
Nova friburgo
Nova friburgoNova friburgo
Nova friburgo
 

Natal Brasileiro no Império de D.Pedro I

  • 1. NATAL BRASILEIRONATAL BRASILEIRO Na Época do Primeiro ImpérioNa Época do Primeiro Império Pintura de Jean Baptiste Debret Clique para avançar
  • 2. Pode-se ter uma idéia de como eram as comemorações do Natal na época do Império de D.Pedro I, através dos relatos de Jean Baptiste Debret no livro Voyage pittoresque et historique au Brésil. Membro da missão francesa contratada para introduzir o ensino de artes plásticas no Brasil, Debret aqui permaneceu de 1816 a 1831, freqüentando a Corte e fazendo diversas viagens de estudo pelo País. São famosas suas pinturas retratando cenas do cotidiano.
  • 3. Pintura de Jean Baptiste Debret Narrativa de Debret As festas do Natal e da Páscoa, sempre favorecidas no Brasil por um tempo magnífico, constituem épocas de divertimentos tanto mais generalizados quanto provocam mais de uma semana de interrupção no trabalho das administrações e nos negócios do comércio.
  • 4. O descanso é igualmente aproveitado pela classe média e pela classe alta, isto é, a dos diretores de repartições e dos ricos negociantes, todos proprietários rurais e interessados, portanto, em fazer essa excursão em visita às suas usinas de açúcar ou plantações de café, a sete ou oito léguas da capital. Pintura de Johann Moritz Rugendas
  • 5. Quanto aos artífices, reunidos na casa de seus parentes ou amigos, proprietários de sítios vizinhos da cidade, aproveitam essas festas para gozar em liberdade os prazeres que essas curtas e pouco dispendiosas excursões lhes permitem. Pintura de Johann Moritz Rugendas
  • 6. Basta-lhes, com efeito, mandar levar sua esteira e sua roupa pelo seu escravo. À noite, à hora de dormir, as esteiras desenroladas no chão, cada qual com seu pequeno travesseiro, formam leitos de emergência, distribuídos pelas três ou quatro salas do rés-do-chão, que constituem uma residência desse tipo. Pintura de Johann Moritz Rugendas
  • 7. Pintura de Johann Moritz Rugendas No dia seguinte, ao romper do dia, ergue-se o acampamento, e os mais ativos se separam para ir passear ou banhar-se nos pequenos rios que descem das montanhas vizinhas. O exercício da manhã abre o apetite; volta-se para almoçar, mas inventam-se divertimentos mais tranqüilos para o momento do sol forte, até uma hora da tarde, quando se janta.
  • 8. Pintura de Jean Baptiste Debret Das quatro às sete dorme-se e, depois da ave-maria, dança-se durante toda a noite ao som do violão. Deliciosos momentos de fresca, empregados pelos velhos na narrativa de suas aventuras do passado e pelos moços em dar origem a alguns episódios felizes, cuja recordação encantará um dia a sua velhice.
  • 9. Pintura de Jean Baptiste Debret Este ligeiro esboço dá entretanto apenas uma pobre idéia das brilhantes recepções realizadas na mesma época nas imensas propriedades dos ricos, que, por vaidade, reúnem numerosa sociedade, tendo o cuidado de convidar poetas sempre dispostos a improvisar lindas quadrinhas e músicos encarregados de deleitaras senhoras com suas modinhazinhas.
  • 10. Pintura de Jean Baptiste Debret Os donos da casa também escolhem, por sua vez, alguns amigos distintos, conselheiros acatados do proprietário na exploração da fazenda, que visitam demoradamente com ele, ao passo que, ao contrário, os jovens convidados, ágeis e turbulentos, entregam-se a essa louca alegria sempre tolerada do interior.
  • 11. Pintura de Johann Moritz Rugendas Aí, todos os dias começam, para os homens, com uma caçada, uma pescaria ou um passeio a cavalo; as mulheres ocupam-se de sua toalete para o almoço das dez horas. À uma hora todos se reúnem e se põem à mesa; depois de saborear, durante quatro a cinco horas, com vinhos do Porto, Madeira ou Tenerife, as diferentes espécies de aves, caça, peixes e répteis da região, passam aos vinhos mais finos da Europa.
  • 12. Pintura de Jean Baptiste Debret Então o champanha estimula o poeta, anima o músico, e os prazeres da mesa confundem-se com os do espírito, através do perfume do café e dos licores. A reunião prossegue em torno das mesas de jogo; à meia-noite serve-se o chá, depois do qual cada um se retira para o seu aposento, onde não é raro deparar com móveis, perfeitamente conservados, de fins do século de Luís XIV.
  • 13. Pintura de Johann Moritz Rugendas No dia seguinte, para variar, vai-se visitar um amigo numa propriedade mais afastada; tais cortesias aumentam ainda os prazeres dessa semana, que sempre parece curta demais. Alguns amigos íntimos, que dispõem de seu tempo, ficam com a dona da casa, cuja estada se prolonga durante mais de seis semanas ainda, em geral, depois do que todos tornam a encontrar-se na cidade.
  • 14. Pintura de Jean Baptiste Debret A mulata representada aqui é da classe dos artífices abastados. Sua filhinha abre a marcha conduzindo pela mão um negrinho, bode expiatório a seu serviço particular; vem em seguida a pesada mulata, em lindo traje de viagem, que se dirige a pé para o sítio situado num dos arrabaldes da cidade Mulata a caminho do sítio para as festas de Natal
  • 15. Pintura de Jean Baptiste Debret A negra criada de quarto a acompanha carregando o pássaro predileto. A mulata contenta-se com uma criada de quarto preta a fim de não comprometer a própria cor. Vem logo depois da primeira negra de serviço, com o gongá, cesto em que se coloca a roupa-branca.
  • 16. Pintura de Jean Baptiste Debret A terceira negra carrega o leito da senhora, elegante travesseiro enrolado numa esteira de Angola (bastante bem imitada na Bahia). A quarta, encarregada de trabalhos grosseiros, lavadeira quase sempre grávida, carrega os trastes das outras companheiras; e a negra nova acompanha humildemente o cortejo, carregando a provisão de café torrado e a coberta de algodão com que se envolve à noite para dormir.
  • 17. Pintura de Jean Baptiste Debret Presentes de Natal Dão-se presentes no Brasil especialmente por ocasião das festas de Natal, de 1º do Ano e de Reis. No dia de Natal e no dia de Reis, sobretudo, são de rigor os presentes de comestíveis, caça, aves, leitões, doces, compotas, licores, vinhos etc. Costuma-se renovar na mesma época a roupa dos escravos, o que leva a conceder, em geral, gratificações aos subalternos.
  • 18. Pintura de Jean Baptiste Debret Entretanto, entre as pessoas de bem, os presentes de um gosto mais apurado são mandados em bandejas de prata com toalhas de musselina muito finas, pregueadas com arte e presas com laços de fitas cuja cor é sempre interpretativa, linguagem erótica complicada pela adição engenhosamente combinada de algumas flores inocentes.
  • 19. Pintura de Jean Baptiste Debret A véspera do dia de Reis é igualmente festejada. Com efeito, grupos de músicos organizam serenatas debaixo do balcão de seus amigos, os quais, em troca, os convidam a subir para tomar algum refresco e continuar o concerto no salão até de madrugada.
  • 20. Pintura de Jean Baptiste Debret Para a classe inferior, composta de mulatos e negros livres, essa noite constitui um carnaval improvisado; fantasiados, em pequenos grupos escoltados por músicos, percorrem as ruas da cidade e, quando a noite é bela, prolongam sua excursão pelos arrabaldes, onde acabam entrando numa venda e aí ficando até o nascer da aurora.
  • 21. Pintura de Johann Moritz Rugendas Outros, ao contrário, preferem organizar pequenos salões de baile, onde se divertem ruidosamente, dançando uma espécie de lundu, pantomima indecente que provoca os alegres aplausos dos espectadores, durante toda a noite.
  • 22. Pintura de Jean Baptiste Debret Eis no que se transformou no Brasil o aniversário da visita dos Reis Magos.
  • 23. Pintura de Jean Baptiste Debret o primeiro, carregado por três negros entrando por um portão, traz a carta de congratulações entre as garrafas de vinho do Porto; a apresentação do segundo, mais modesto e talvez galante, é confiada à inteligência da negra encarregada de entregá-lo num humilde rés-de-chão. O desenho representa a entrega de dois presentes de importância diversa:
  • 24. Pintura de Jean Baptiste Debret A cena se passa perto do Jardim Público, cujo muro, que dá em parte para o Largo do Convento da Ajuda e em parte para o mar, se percebe ao longe.
  • 25. Autora dos Slides: Ria Ellwanger Texto: Transcrito de NovoMilenio.InfBr Imagens: Pinturas de Debret e Rugendas Música: Classical Guitar - Away in a Manger