Este documento discute a obesidade, definindo-a como o acúmulo excessivo de gordura corporal e analisando sua classificação, causas, impactos na saúde e abordagens para tratamento, incluindo prescrição de exercícios e dieta. É apresentada a história da obesidade, sua prevalência crescente mundialmente e fatores associados como estilo de vida sedentário. São descritos testes para avaliação de obesos e recomendações para exercícios e perda de peso de forma segura e efetiva
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Prescrição Alguns esportes aonde obesos
treinamento de se destacam
força para obesos
Prof. Luis Mascarenhas
Definição
Obesidade - é definida como o acúmulo
excessivo de gordura corporal.
Consiste no aumento do tecido gorduroso
do organismo, causando elevação de peso.
Excesso de gordura corporal, resultando no
aumento de peso corpóreo, acima do peso
ideal.
Na Antiguidade Contemporâneo
A obesidade nem sempre foi vista como um Pré-Industrial
mal;
Algumas civilizações da Antiguidade ser Obesidade = riqueza/saúde
obeso era considerado um sinal de
sucesso;
Sociedade Industrial
Na Europa, a obesidade era fundamentada
no pecado capital da gula, um pensamento
ainda vigente. Obesidade = doença
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OBESIDADE? Classificação etiológica da obesidade
Enfermidade causada pelo acúmulo excessivo de
gordura corporal, associada a problemas de saúde. Endógena 2%
Exógena
g 98%
Sociedades Ocidentais → Padrão de beleza vigente: Culto ao corpo
magro
Tipos de tecido adiposo
Obesos → transgressores desse padrão
O corpo humano apresenta 2 tipos de tecido
↓ adiposo:
PRECONCEITO
1 Tecido Adiposo Branco
1.
↓
2. Tecido Adiposo Marrom
Julgamento Moral Implícito
1 2
↓
Glutoneria (gula)
↓
Violação das Regras da Divisão dos Alimentos
Biogênese do tecido Adiposo Biogênese do tecido Adiposo
• É um tecido conjuntivo Surge no feto por volta dos 3 meses e meio
composto por células adiposas de gestação,
separadas por uma matriz de Aumenta rapidamente nos últimos 2 meses
fibras colágenas e elásticas de gestação,
amarelas;
Ao nascer corresponde aproximadamente
0,5kg do peso do recém-nascido termo,
• Esses adipócitos derivam, no
embrião, dos lipoblastos que
são células derivadas do MALINA et al.,
mesênquima. (2002)
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Mas como se dá o
desenvolvimento do tecido
adiposo branco?
Biogênese do tecido Adiposo
Um aumento acelerado nos primeiros seis
meses da fase pós-natal (1° Pico),
Aumentando lentamente até por volta dos 8
anos de idade.
Nova aceleração durante a puberdade (2°
Pico),
Modelo de indução da hipertrofia e
Biogênese do tecido Adiposo
hiperplasia do tecido adiposo branco
O indivíduo normal eleva suas reservas Adipoblastos
através de duas formas:
• Hipertrofia: aumento de reserva de
Fator de Pré-adipócitos
p
gordura nos adipócitos já existentes.
d di ó it i t t
diferenciação
• Hiperplasia: aumento do número de
(adipogênico)
células que ocorrem até a maturidade; Adipócitos
Equilíbrio positivo de
energia
Aumento de
tamanho dos
adipócitos
Biogênese do tecido Adiposo Biogênese do tecido Adiposo
Os obesos possuem em geral, os Crescimento do adipócito é limitado (10 x
adipócitos 50% maior e 3 vezes mais volume inicial) → multiplicação do n° de
adipócitos do q os não obesos.
p que adipócitos
p
Assim, a principal diferença de massa de Nº de adipócitos não declina com a perda
tecido adiposo é dada pelo número de de peso → predisposição a novo ganho de
adipócitos.
peso
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TECIDO ADIPOSO E REGULAÇÃO HORMONAL DO
Biogênese do tecido Adiposo BALANÇO ENERGÉTICO
SISTEMA NERVOSO CENTRAL TECIDO ADIPOSO
A maior parte da gordura corporal (95%)
está armazenada na forma de triglicerídeos
( gordura neutra);
(ou g ); GRELINA
• O restante está acumulado na forma de LEPTINA
fosfolipídeos, glicolipídeos e lipoproteínas.
Controle energético
GRELINA Hormônio estimulador
LEPTINA Hormônio inibidor
Produção de GH
Ingestão alimentar
Produzido no estômago
Dieta – hipo ou hipercalórica
[Leptina]
[L ti ] Hormonais
Regulação
Insulina
Nutricionais
Corticoesteróides
[Grelina] Jejum Após a alimentação
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OBESIDADE
Alterações deletérias no metabolismo lipídico
Colesterol total
LDL-c HDL-c
Triglicerídeos
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC)
IMC ( kg/m² ) DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
Classificação e Avaliação ≤ 16.0
16.0 – 16.99
17.0 – 18.49
Desnutrição grau 3 ( grave)
Desnutrição grau 2 ( moderada )
Desnutrição grau 1 ( leve )
18.5 – 24.9 Eutrofia
Mundo 25.0 – 29.9 Pré – obesidade
30.0 - 34.9 Obesidade grau 1
Taxa da obesidade dobra a cada 5 ou 10 anos 35.0 – 39.9
≥ 40.0
Obesidade grau 2
Obesidade grau 3
Em 1995 → 200 milhões de adultos obesos
Os pontos de corte para o diagnóstico nutricional de desnutrição e eutrofia são propostos por “World Health Organization”, 1995.
Em 2000 → 300 milhões de adultos obesos Os pontos de corte para o diagnóstico nutricional de obesidade são propostos por “World Health Organization”, 1997.
PESO ( kg )
IMC =
Estados Unidos - Lidera Ranking Mundial ESTATURA² ( m )
66% dos adultos estão com sobrepeso Pontos de corte de IMC adotados para o idoso.
22% dos adultos são obesos
Pontos de corte Classificação do estado nutricional
< 22 kg/m 2 Desnutrição
22 - 27 kg/m 2 Eutrofia
2003-2004 NHANES > 27 kg/m 2 obesidade
Fonte: Lipschitz (1994)
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Distribuição do IMC pelo Paises
Distribuição do IMC pelo Mundo
Subdesenvolvidos
OMS, 1995
Padrões percentuais de gordura corporal para homens e
Classificação e Avaliação mulheres.
Brasil
6º lugar no Ranking Mundial da
Obesidade
40% da população está com sobrepeso
20% (30 milhões de brasileiros) são
obesos:
Em SC há 250 mil obesos, ou seja, 5%
da população.
Lohman, 1992
Razão Cintura-Quadril / Circunferência da Cintura Recomendações do ACSM para
Cintura manutenção do peso corporal
RCQ =
Quadril
RCQ CC
Homens > 0,95 >94 cm
> 102 cm
Mulheres > 0,85 >80 cm
> 88 cm
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Obesos, ACSM 2005, 7 edição
Componentes do Freqüência Intensidade Duração Atividade
programa
de treinamento
Cardiorrespiratório 3–5X 40% - 85% FCR 20-60 Grandes
semana ou VO2R min. grupamentos
55% -90% FCmax musculares,
Perc Esf. 12-16 atividade
dinâmica
di â i
Resistência 2–3X Perc Esf 19-20 até 1 serie 8-10
semana fadiga ou com 3-20 exercícios,
2-3 repetições repetiçõe grandes
com Perc Esf. 16 s grupos
musculares
Flexibilidade Mínimo Alongamento até 15-30sec. Estático,
2-3 X a amplitude 2–4X grandes
Ideal de 5 a 7 máxima sem dor. grupos
X semana
Cuidados com os teste Prescrição Exercício
De uma maneira geral todos os teste Individualidade
podem ser aplicados aos indivíduos
Atividades aeróbias, associada com
obesos.
exercícios resistidos
Escolhas testes com carga inicial baixa e
Intensidade moderada (40-60% FCR ou
com progressão inferior a 0,5 ou 1 MET.
VO2R)
Associação de co-morbidades
Gasto energético > 2000 Kcal-semana =
(hipertensão, problemas ortopédicos)
200-300 minutos de atividade por semana
adaptar os testes.
Perguntar sobre uso de medicamentos.
Perda de Peso Peso corporal esperado
Objetivos a longo prazo. IMC = peso / altura2 → Peso? = IMC x
Introduzir atividade física e dieta altura2
alimentar associados. Peso Corp. = 20 x 1 82 → 64 8 kg
Corp 1,8 64,8
5% a 10% do peso corporal = 25 x 1,8 2 → 81 kg
Redução da ingesta de gorduras para
<30% do consumo calórico.
Prover balanço negativo de 500 a 1000
Kcal-dia.
1kg = 7700 kcal
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Volume Calórico Volume Calórico
Peso real = 100 kg Vol. Cal. = 146.300 kcal
Peso esperado = 81 kg ↓ ⇓
Diferença = 19 kg 75% dieta 25% exercício
1 kg = 7700 kcal ↓ ⇓
Vol. Cal. = 19 x 7700 = 146.300 kcal 109.725 Kcal 36.575 kcal
Volume Calórico Volume Calórico
Exercício físico - 36.575 kcal Dieta - 109.725 Kcal
Período de 6 meses = 24 semanas Período de 6 meses = 24 semanas
Gasto total semanal = 1524 kcal Gasto total semanal = 4571 kcal
Assumindo gasto energético por sessão de Redução dia = 653 kcal
600 Kcal.
1524 / 600 = 2,5 dias ou 3 dias
Gasto energético com Carga Carga Otimizada
Tempo = G.E. Kcal CO estimado = carga submáxima (kg)
0,100 x Peso corporal (mulher) 100-(2x repetições)/ 100
p
Exemplo:
0,116
0 116 x peso corporal (homem)
Rosca com 8kg = 10 repetições
GE (kcal) = tempo X (peso x 0,1 ou 0,116)
CO = 8 = 8 = 10kg ou 80%
100- (20) / 100 0,8
Recomendado entre 50 a 60% da carga ou 15 a
20 repetições para trabalhos iniciais com obesos
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Publicações sobre obesidade infanto-juvenil
Pesquisas A década de progressos 1990-1999
500
Número de estudos
450
400
e
350
300
250
200
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000
Anos
Goran, Am J Clin Nutr 2001:73:158-71
Diagnóstico de Obesidade infanto-juvenil IMC da criança em relação ao IMC na Idade Adulta
Curvas IMC (peso/altura2)
>850 - 950 percentil
Sobrepeso
> 950 percentil
Obesidade
Guidelines for Overweight in Adolescent Preventive
Services ,Am J Clin Nutr 1994
Expert Committee Recomendations
Pediatrics, 1998
Assessment of Chilhood and Adolescent Obesity
Am J Clin Nutr, 1999
Guo & Chumlea; Am J Clin Nutr 1999
Comportamento sedentário relacionado Comportamento sedentário relacionado ao
ao sobrepeso e obesidade sobrepeso e obesidade
SILVA et al., 2010 SILVA et al., 2010
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Obesidade x Freqüência Cardíaca
Objetivo: comparar respostas cardiorrespiratória.
129 obesos – IMC >45 – 12 a 17 anos
Controle 38 eutroficos – 12 a 17 anos
Realizaram teste no cicloergômetro
NORMAN et al., Pediatrics, 2005 NORMAN et al., Pediatrics, 2005
Objetivo: Comparar efeito exercício aeróbio
continuo com anaeróbio intermitente.
28 adolescentes obesos (13 anos média)
13 exercício caminhada
15 exercício corrida intermitente (16 semanas)
JABBOUR et al., 2011
Amostra de 107
mulheres.
Treino:
1. Fase :3 semanas – 15
repetições ou 65% RM.
RM
2. Fase : 5 semanas – 12
repetições ou 70% RM.
3. Fase: 9 semanas, 8 a
10 repetições ou 75-
80% RM.
4. Fase: 8 semanas – 10-
12 repetições ou 70-
75% RM
10
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Conclusão: Grupo com restrição calórica (CR) + Exercício
resistido (RT) obteve maior perda de gordura em especial
do tronco do que apenas CR.
CR+RT não foram associados a melhoras metabólicas
quando comparadas com CR.
Amostra: Durante 12 semanas, 22 mulheres obesas
(IMC>30 kg/m2).
O exercício resistido combinação de pesos livres e
aparelhos específicos de musculação.
musculação
Foram realizadas três séries de 15 repetições a uma
intensidade entre 60-70% do número de repetições
máximas (1RM).
ROCCA et al., 2008
Conclusão: não por promover redução da
massa corporal total, mas em diminuir
fatores de risco para o desenvolvimento de
p
doenças crônicas.
ROCCA et al., 2008 ROCCA et al., 2008
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Amostra: 50 mulheres foram aleatoriamente divididas em
dois grupos, mas apenas 26 terminaram.
ER - 15 estações de treinamento de pesos em circuito
para os principais grupos musculares com 30 segundos de
execução (10 a 20 repetições por exercício) e alternados
com 30 segundos de caminhada ou jogging.
jogging foi realizado na pista de atletismo com o indivíduo
fazendo o exercício continuamente por 45 minutos na
intensidade programada de 70 a 80% da Freqüência
Cardíaca de Reserva .
Ambos os protocolos melhoram a DCV e os fatores de
risco metabólicos.
Os ER apresentaram mudanças favoráveis no perfil
lipídico
o JOGG apresentou mudanças favoráveis sobre a
glicose, razão cintura/quadril e pressão arterial.
Esses resultados sugerem que treinamento de pesos
em circuito combinados com exercícios aeróbicos
devem ser considerados para indivíduos obesos.
Alterações morfofuncionais causadas pelo Alterações morfofuncionais causadas pelo
treinamento de força no meio líquido treinamento de força no meio líquido
Amostra: 13 homens e 7 mulheres (22-+7 Conclusão:
anos). Não alterou a composição corporal.
12 semanas 3 sessões semanais. 2 séries
semanas, semanais Melhora na força máxima de ambos os
de 15 repetições ou 90 segundos, intervalo membros.
de 30s. Melhora na flexibilidade, potência abdominal
e VO2max.
Rocha et al , 2007 Rocha et al , 2007
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