1) O documento discute três argumentos principais usados para provar a existência de Deus: o argumento teleológico, o argumento cosmológico e o argumento ontológico.
2) Cada argumento é explicado e depois criticado, com questões levantadas sobre suas premissas e conclusões.
3) As críticas incluem a alegação de que a analogia no argumento teleológico é fraca, que a teoria da evolução contradiz esse argumento e que nenhum argumento prova necessariamente o Deus teí
2. Deus existe? Como provar a existência de Deus? Haverá boas razões que mostrem que há ou não tal Deus?
3.
4. ARGUMENTO TELEOLÓGICO (OU ARGUMENTO DO DESÍGNIO) É uma linha de argumentação baseada na observação directa do mundo. Parte de um efeito e infere a sua causa: observamos o efeito (o relógio ou o olho) e tentamos descobrir o que o causou (um relojoeiro ou um Relojoeiro Divino) a partir do exame que fizemos. O argumento apoia-se na ideia de que um objecto que tenha sido artificialmente concebido, como acontece com um relógio, é em certos aspectos muito semelhante a um objecto natural, como um olho. Porque as coisas naturais são concebidas de forma muito mais engenhosa do que um relógio, o Relojoeiro divino deve, por isso, ter sido mais inteligente do que o relojoeiro humano. Por conseguinte, faz sentido presumir que o Relojoeiro Divino terá sido o Deus tradicional dos teístas.
5. ARGUMENTO COSMOLÓGICO (OU ARGUMENTO DA CAUSA PRIMEIRA) Baseia-se apenas no facto empírico de o universo existir. Afirma que todas as coisas foram causadas por qualquer coisa que lhes é anterior. Não há factos contingentes sem causa. Porque sabemos que o universo existe, podemos seguramente presumir que toda uma série de causas e efeitos produziram o universo tal como é hoje. Porém, esta série de explicações não pode ser infinita. Deve terminar (ou começar) em algo cuja existência não necessite de nenhuma outra explicação. Assim, se seguirmos esta série retrospectivamente, encontra-remos uma causa original, a primeira causa de todas. Esta causa primeira, afirma o argumento cosmológico, é Deus.
6. ARGUMENTO ONTOLÓGICO É uma linha de argumentação que não se apoia em absoluto em nenhum facto contingente, mas apenas na análise do conceito de Deus. O argumento ontológico sustenta que a existência de Deus se segue necessariamente da definição de Deus como o ser supremo (omnisciente, omnipresente e omnipotente). Deus define-se como o ser mais perfeito que é possível imaginar. A existência seria um dos aspectos desta perfeição. Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse. Consequente-mente, da definição de Deus segue-se que Deus existe necessariamente, tal como da definição de um triângulo se segue que a soma dos seus ângulos internos será de 180 graus.
8. CRÍTICAS AO ARGUMENTO TELEOLÓGICO a) A analogia na qual se baseia o argumento teleológico é aceitável? Não será uma fraca analogia? b) Ao explicar a evolução da vida através do mecanismo da selecção natural, a teoria evolucionista de Charles Darwin não colocará em causa o argumento teleológico? c) De que Deus se prova a existência mediante este argumento? O Deus todo-poderoso, omnisciente e sumamente bom dos teístas? d) Este argumento permite concluir necessariamente que Deus é o criador da natureza?
9. CRÍTICAS AO ARGUMENTO COSMOLÓGICO a) Não será contraditório afirmar simultaneamente que não há causa que não tenha sido causada e que existe uma causa que não foi causada? b) Poderá existir uma regressão infinita na série de causas e efeitos que elimine a possibilidade de haver uma causa primeira? c) A teoria científica sobre a origem do universo, a chamada teoria do Big Bang, não elimina a necessidade de recorrer a Deus como explicação última da existência do universo? d) Apesar de poder ser convincente em relação à existência de Deus, este argumento terá razões suficientemente fortes para pensar que a causa primeira se identifica com o Deus perfeito dos teístas?
10. CRÍTICAS AO ARGUMENTO ONTOLÓGICO a) Este argumento não poderá conduzir-nos a consequências absurdas, tais como admitir a existência de objectos perfeitos apenas pelo facto de se pensar neles? b) A existência será necessariamente uma propriedade essencial? Não será a existência apenas uma condição de possibilidade para que algo tenha esta ou aquela propriedade? O termo “é” não será apenas um elemento que estabelece uma relação entre o predicado e o sujeito? c) Uma vez que o mal existe no mundo, quer o mal moral quer o mal natural ou metafísico, não haverá colisão com a possibilidade de existência de um Deus sumamente bom e poderoso?