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Renato Lopes Moreira
ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO
ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES
NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA
E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002
VIÇOSA – MG
NOVEMBRO – 2003
2
SUMÁRIO
Página
RESUMO................................................................................................................. v
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01
1.1 – JUSTIFICATIVA..................................................................................... 04
1.2 – OBJETIVOS............................................................................................. 05
2 – REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 06
2.1 – A ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA SÃO CAETANO................................. 06
2.1.1 – HISTÓRICO.......................................................................................... 06
2.1.2 – FATOS ADMINISTRATIVOS............................................................. 07
2.2 – O CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA..................................... 13
2.1.2 – HISTÓRICO.......................................................................................... 13
2.2.2 – FATOS ADMINISTRATIVOS............................................................. 13
2.3 – AS MEDIDAS PROVISÓRIAS E A NOVA REALIDADE PARA O
FUTEBOL BRASILEIRO........................................................................ 29
3 – METODOLOGIA.............................................................................................. 32
4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO CRÍTICA DOS FATOS........................................ 34
4.1 – RESULTADOS APRESENTADOS PELOS CLUBES........................... 34
4.2 – ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DOS CLUBES.............................. 37
4.3 – TRANSIÇÃO DOS CLUBES À REALIDADE PROPOSTA PELA
MEDIDA PROVISÓRIA.......................................................................... 39
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 41
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 44
3
Renato Lopes Moreira
ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO
ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES
NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA
E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002
Monografia apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, Departamento de
Educação Física, como requisito para
Aprovação na disciplina EFI – 497
Seminário de Monografia
APROVAÇÃO: ___/___/____
___________________________ __________________________
Prof. Adílson Osés Prof. Newton Sanches Milani
Prof. Avaliador Prof. Avaliador
_________________________
Prof. Paulo Lanes Lobato
Prof. Orientador
4
Renato Lopes Moreira
ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO
ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES
NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA
E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002
VIÇOSA – MG
NOVEMBRO – 2003
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RESUMO
A realização do presente estudo teve como objetivo realizar um estudo da
estrutura administrativa do futebol brasileiro para saber como será a transição dos clubes
brasileiros proposta pela Medida Provisória (MP) do congresso, que propõe a transformação
dos clubes em clube-empresa, com apresentação de balancetes anuais de suas receitas para
terem benefícios fiscais, empréstimos e financiamentos do governo, caso contrário os
dirigentes poderão ser punidos. Os sujeitos do estudo foram o Clube de Regatas Vasco da
Gama, um clube considerado “grande” do futebol brasileiro, e a Associação Desportiva São
Caetano, um clube considerado “emergente”. O instrumento de estudo foi uma análise de fatos
administrativos relacionados aos dois clubes no período entre 1997-2002 onde procurou
observar se houve alguma influência nos resultados dos times dentro dos campeonatos e em
sua estrutura e como será a transição do clube para transformar-se em clube empresa.Através
dessa análise chegou-se a consideração de que os clubes “grandes” que apresentam uma
estrutura administrativa passional e amadora têm que modificar sua estrutura se quiser tornar-
se clubes empresas e desfrutar dos benefícios oferecidos pelo governo e os clubes
“emergentes” que já têm uma administração mais profissional se adaptarão melhor à
transformação em clube-empresa.
6
Renato Lopes Moreira
ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO
ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES
NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA
E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002
Monografia apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, Departamento de
Educação Física, como requisito para
aprovação na disciplina EFI – 497
Seminário de Monografia
.
VIÇOSA – MG
NOVEMBRO – 2003
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por cada dia de vida que tive desde a hora em
que nasci, a minha família e amigos, a meus professores e colegas, desde o maternal até a
universidade, pelos conselhos, aulas, convívios, conversas, brincadeiras, brigas, discussões e
qualquer outro tipo de relacionamento que me ajudaram a crescer e me tornar o que sou hoje.
8
Dedico esta monografia à Rogério Moreira Campos e Melide Paoli Lopes Moreira, meus pais,
pela educação que me deram e por serem meus exemplos de vida para todo o sempre.
9
10
1. INTRODUÇÃO
O futebol no Brasil, há anos, deixou de ser somente um esporte qualquer e tem-
se tornado cada vez mais parte da nossa cultura com milhões de adeptos e torcedores. Não é
difícil achar campos de várzea ou até mesmo improvisados em ruas ou terrenos baldios,
crianças com camisas de seus ídolos, discussões em bares ou esquinas temperadas pela paixão
clubista que move o povo brasileiro. Se isso tudo já era visto naturalmente, após a conquista
do Pentacampeonato pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002 serviu para
impulsionar ainda mais este sentimento de euforia e afirmação do futebol brasileiro como o
melhor do mundo dentro das “quatro” linhas.
Fora das “quatro” linhas não é bem o que se tem visto. Atualmente o futebol brasileiro
vem atravessando uma séria crise financeira. Os altos investimentos feitos por algumas
multinacionais não trouxeram o resultado esperado, provocando uma retração financeira do
mercado brasileiro. Isso tudo leva a uma reflexão sobre como os clubes são administrados, o
que pode ser melhorado, se o modelo administrativo atual é o ideal ou se deve haver uma
modernização administrativa do futebol brasileiro.
A administração esportiva do futebol brasileiro torna-se assunto discutível por alguns
acontecimentos nos últimos anos como Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI’s),
denúncia contra dirigentes e técnicos, guerra de liminares, viradas de mesa, campeonatos
estaduais deficitários, problemas salariais, mídia, calendário e arbitragens suspeitas. Esse é o
retrato do futebol brasileiro. Um futebol que chegou a ter várias multinacionais, Parmalat,
Hicks Muse, ISL, Nations Bank entre outras, atuando em parceria com clubes mas que, por
causa da ação de dirigentes que viam a parceria como mais uma mina a ser explorada,
acabaram deixando o mercado brasileiro conseqüência do modelo de administração esportiva
brasileira que ainda é amadora e passional aonde os dirigentes, desde os de grandes clubes até
os pequenos, ainda não entenderam que o futebol se tornou um grande negócio, necessitando
11
de melhor planejamento estratégico, e como produto, se oferecido com qualidade, pode dar um
excelente retorno.
Um projeto desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas, sob encomenda da CBF em
2001, resultou em um diagnóstico para o futebol brasileiro e as seguintes recomendações para
a modernização:
- Transparência e ética
- Modernização organizacional
- Mudanças na legislação
- Melhoria na infraestrutura (estádios, transporte, segurança)
- Profissionalização e qualificação de dirigente
- Ranking nacional de clubes
- Racionalização do calendário
Diante desse quadro verificou-se a necessidade de mudança no perfil da atividade
administrativa esportiva brasileira. Porém a tentativa de transformar os clubes brasileiros em
empresas, como aconteceu na Europa, por meio de leis, as Leis Zico (Lei 8.672) e Pelé (Lei
9.615) e a mais recente a MP, encontram sérias dificuldades pois os dirigentes tentam manter a
situação atual aonde podem gerir/manipular os recursos com o mínimo de responsabilidade, o
que não será aceito em um clube empresa. (D’ANGELO, 2002)
Um clube ao se transformar em empresa deve ter um planejamento estratégico a curto,
médio e longo prazo aonde torna-se necessário o controle e a avaliação do clube na parte das
finanças, marketing e recursos humanos, além de uma administração mais profissional.
Também deixa de lado o imediatismo de resultados, tão cobrado atualmente. Quando um
clube se transforma em empresa torna-se obrigatório a apresentação dos balanços financeiros
anuais para que ele possa ter benefícios fiscais, empréstimos e financiamentos do governo. De
acordo com a Medida Provisória 39 apresentada pelo governo, se não houver responsabilidade
nas aplicações das receitas e despesas, os dirigentes podem ser punidos. Ainda serão
processados aqueles clubes empresas que não recolherem os tributos e que não estiverem em
dia com a Receita Federal. Porém, ao invés de se adaptarem à essa medida os dirigentes
12
querem que o governo crie um mecanismo de ajuda aos clubes. No Brasil já há alguns clubes
empresas caso do União São João, desde 1994, do Vitória, desde 1997 e do Bahia, desde 1998.
Hoje em dia, o gerador de receitas para o futebol brasileiro é o direito de transmissão
de seus jogos, ficando os clubes presos à TV Globo, que é vista pelos próprios clubes como
parceira. Outra fonte de receita é a venda de jogadores para o exterior. Após a conquista do
penta mais de 700 jogadores deixaram o país para jogar em outros países, principalmente
México, Rússia e Ásia. Mas por que deixar o Brasil para atuar em países de menor
representação esportiva mundial? É que, apesar de apresentar os mesmos problemas
financeiros que o Brasil, esses países tem o futebol administrado profissionalmente. Um
exemplo a ser considerado é o Barcelona, da Espanha. Ele apresenta pelo menos 10 diferentes
fontes de receitas, sendo que apenas 30% são provenientes da transmissão de jogos, enquanto
70% vêem de bilheterias, sócios, patrocínios, publicidade entre outros. O Barcelona não
apresenta patrocínio em sua camisa há décadas e consegue ser um dos clubes mais ricos do
mundo. Só para efeito comparativo, conforme publicado na Revista Sports Magazine na sua
edição de número 3, com o modelo administrativo de clube empresa, o Manchester United da
Inglaterra, com 17 milhões de torcedores espalhados pelo mundo, lucrou U$ 184 milhões de
dólares em 2000, enquanto o Flamengo, com o modelo administrativo passional e amador
brasileiro, com 25,6 milhões de torcedores espalhados somente no Brasil apresentou uma
dívida de R$ 200 milhões de reais no mesmo ano. Olhando pelo lado financeiro e
administrativo, o futebol europeu é melhor que o brasileiro, que apresenta maior
potencialidade que o europeu mais que não é explorada da maneira correta.
A transformação dos clubes em empresas não é solução única. Em Portugal, os clubes
foram obrigados a se tornarem S/A’s e o Benfica, por exemplo, tornou-se inexpressivo e luta
contra suas dívidas. Na Itália, enquanto Napoli e Sampdoria lutam contra a falência o Juventus,
por exemplo, continua poderoso e rico. Na Inglaterra, aonde os exemplos são mais
empolgantes, os clubes lançaram ações na bolsa de valores devido ao sucesso de sua estrutura.
A transformação dos clubes brasileiros em empresa deve ser acompanhada de várias outras
iniciativas, principalmente relacionados à modernização das gestões e moralização do futebol.
Para um melhor estudo da administração esportiva brasileira, foram escolhidos dois
clubes de futebol com modelos administrativos diferentes. O primeiro foi o Clube de Regatas
13
Vasco da Gama, 4 vezes campeão brasileiro, que é conhecido por ter uma administração
autoritária e polêmica pelos atos de seus dirigentes e o outro foi a Associação Desportiva São
Caetano, um clube considerado de menor porte, mas com uma administração muito elogiada.
1.1 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO:
A administração esportiva do futebol brasileiro é um tema atual e tem sido bastante
discutida, principalmente após grandes clubes mal administrados vem apresentando
desempenho ruim nos últimos anos. Enquanto isso, times de menor expressão ou considerados
“pequenos” vem se firmando cada vez mais como forças do futebol brasileiro e mundial, tudo
isso fruto de uma administração competente e responsável.
Pesa também a favor deste estudo a mudança proposta no final do ano passado pelo
Congresso, com a aprovação da Medida Provisória 39 que visa regularizar a situação dos
clubes brasileiros adequando-os a uma administração mais profissional.
A mudança de calendário também colabora para isso, pois agora com o Campeonato
Brasileiro de 9 meses acabam-se os “times de semestre” e os clubes serão obrigados a fazer
um melhor planejamento, pois a arrecadação dependerá mais do que nunca do público nos
estádios.
Este estudo torna-se discutível para ver se o modelo atual administrativo utilizado
pelos clubes, sejam eles “grandes” ou “pequenos”, servirá para adaptar-se ao novo modelo
proposto ou se terá que haver mudanças.
14
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO:
1.2.1 OBJETIVO GERAL
Este estudo visa analisar a administração do futebol brasileiro a partir de um estudo de
dois casos distintos: O “poderoso” Vasco da Gama, cheio de títulos, que possui uma
administração considerada autoritária e polêmica por suas atitudes e o “emergente” São
Caetano, nova força do futebol brasileiro, cuja administração é vista como modelo e que vem
servindo de exemplo para outros clubes do Brasil.
1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
a. Verificar como os clubes brasileiros são administrados atualmente
b. Relatar acontecimentos administrativos ocorridos nos clubes no período de 1997-
2002
c. Diagnosticar possíveis problemas administrativos existentes nestes clubes no período
referido acima
d. Verificar se a adaptação do clube para se tornar clube-empresa será tranqüila ou se o
clube terá que passar por uma mudança administrativa para alcançar tal objetivo
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo, foi examinada a administração dos clubes Vasco e São Caetano julgada
relevante para a elaboração do presente estudo. O capítulo está dividido em três partes. A
primeira referiu-se à Associação Desportiva São Caetano, aonde foi mencionado um breve
histórico com o relato de fatos administrativos pertinentes ao clube. A segunda referiu-se ao
Clube de Regatas Vasco da Gama, sendo feita nos mesmos moldes da primeira parte. A
terceira parte referiu-se à MP 39, proposta pelo governo aonde foram feitas considerações
sobre a mesma.
2.1 – A ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SÃO CAETANO
2.1.1 HISTÓRICO
A Associação Desportiva São Caetano foi fundada em 04 de dezembro de 1989 após
uma fusão do SAAD Esporte Clube com a Sociedade Esportiva e Recreativa Jabaquara. Após
uma rápida ascensão às divisões paulistas o clube passou por um período de ostracismo, mas
recuperou-se depois.
Apareceu para o Brasil em 2000, quando disputou a final da Copa João Havelange
contra o Vasco, apresentando um futebol considerado ofensivo e alegre e um time com um
conjunto muito forte, mas sem estrelas. Em 2001, começou a se firmar como força do futebol
brasileiro ao disputar sua segunda final de Campeonato Brasileiro consecutiva, desta vez
contra o Atlético Paranaense. Em 2002, veio a afirmação novamente com uma boa campanha
no Campeonato Brasileiro e, principalmente, com o vice-campeonato da Taça Libertadores da
América.
16
2.1.2 FATOS ADMINISTRATIVOS
O jornalista GOMIDE (2001) publicou na revista Sports Magazine, em sua segunda
edição em 2001, que foi em 1997 com a volta de Luís Olinto Tortorello à prefeitura de São
Caetano do Sul que o clube passasse por um processo de reestruturação total visando a disputa
da série A-3. A administração do clube, nas mãos de Nairo de Souza, seria voltada para o
cumprimento de objetivos estabelecidos juntamente com a política esportiva desenvolvida pela
prefeitura da cidade. Luís Olinto Tortorello acabou nomeado Vice-Diretor de Futebol. Com o
alicerce administrativo de volta o São Caetano buscou fortalecer-se ainda mais estruturalmente
e, assim, fechou contrato com a Datha Representações. A empresa tinha como missão buscar
contrato de publicidades e um patrocínio forte para o clube. Estava criado o projeto “São
Caetano 2000”, que tinha como objetivo inserir o clube entre as principais forças do futebol
paulista e brasileiro até a virada do século. Pelo projeto o clube teria ajuda da prefeitura nas
categorias de base e no futebol profissional.
Os jornalistas FONTENELLE e XAVIER FILHO (2001) também escreveram à
Revista Placar, edição de janeiro de 2001, a matéria “Miragem Azul” que dizia que com um
projeto estrutural planejado, os objetivos traçados e estrutura para isso, o estádio Anacleto
Campanella com 15.000 lugares que é propriedade da prefeitura da cidade, e um patrocinador
forte arranjado pela Datha, a Cônsul, uma empresa internacional que rende ao clube R$ 150
mil mensais, o São Caetano esperava não ter fim igual a Internacional de Limeira em 1986 e
Bragantino em 1990, que chegaram a ser campeões paulistas mas, sem uma estrutura sólida,
praticamente desapareceram.
“O São Caetano garante que veio para ficar. Mas nada indica que ele possa superar o
destino efêmero dos bragantinos da vida”. (FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001, p.56).
Em 1998 e 1999, impulsionados pelo sucesso do projeto 2000 e de sua estrutura o São
Caetano tem novamente um crescimento meteórico nas divisões paulistas e brasileiras.
17
Mas, foi em 2000 o ápice do sucesso do São Caetano no futebol brasileiro. Após um
primeiro semestre razoável no paulista, o clube disputou o módulo amarelo da Copa João
Havelange, chegando à final contra o Paraná e ganhando assim o direito de disputar a fase
final contra as equipes da 1ª divisão ou módulo azul.
O prefeito Luís Tortorello, aproveitando a boa campanha do clube e usando-a como
cabo eleitoral, reelegeu-se prefeito com 78% do voto popular. Ele é considerado o principal
sustentáculo do clube por todos dentro do clube, conforme notou-se na afirmação do
supervisor Carlinhos Baptista indagado sobre o futuro do São Caetano quando Luís Tortorello
deixar prefeitura de São Caetano do Sul:
“O Futuro a Deus pertence, mas ainda bem que o mandato dele está só se iniciando”.
(FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001, p.56)
Como seu estádio não atendia às especificações de 30 mil lugares, o São Caetano teve
que mandar seus jogos no Parque Antártica. Após eliminar Fluminense, Palmeiras e Grêmio,
chegava a final contra o “todo poderoso” Vasco da Gama. Após um empate em 1x1 no
primeiro jogo, durante a segunda partida, ocorrida dia 30/12, o alambrado de São Januário
cedeu ferindo 300 pessoas e com o árbitro encerrando a partida, apesar do comum acordo
entre dirigentes dos clubes em continuá-la. Os dirigentes do São Caetano poderiam recorrer
judicialmente para o clube ser declarado o campeão, mas a afirmação do seu vice-presidente,
Luiz de Paula, publicada na matéria do jornalista RIBEIRO (2001) entitulada “A Casa Caiu”
na Revista Placar edição de janeiro traduz o pensamento do clube:
“Se o Vasco é campeão, o São Caetano é vice. Estamos na Taça Libertadores que era tudo
que queríamos. Vamos comemorar de qualquer jeito”. (RIBEIRO, 2001 p.54)
Uma segunda partida é disputada no dia 18/01/2001 e o Vasco vence por 3x1. Após a
derrota, muitos jornalistas esportivos classificaram o São Caetano como “meteoro”, duvidando
do futuro do clube. Estas foram publicadas pelos jornalistas FONTENELLE e XAVIER
FILHO (2001) pela Revista Placar em janeiro de 2001:
18
“(...) A vez é do São Caetano. Em três anos saiu da Terceirona paulista para a final do
Brasileiro. Como os antecessores, o Azulão teve ascensão meteórica, mas não tem tradição de
títulos nem grande torcida. Se despencar, ninguém segura (...)”. (FONTENELLE E XAVIER
FILHO, 2001 p. 56)
“O São Caetano vitorioso: Cena que voltaremos a ver nos próximos anos? ” (FONTENELLE
E XAVIER FILHO, 2001 p. 57)
Afirmação essa que logo foi rebatida pelo presidente do clube, Nairo de Souza,
publicada na mesma Revista Placar de Janeiro de 2001:
“Não somos o Bragantino. O São Caetano veio para ficar”. (FONTENELLE E XAVIER
FILHO, 2001 p. 56)
A primeira parte do projeto estava concluída.
Salienta MELO NETO (1998) ”se o clube deixa de investir no futebol profissional, ele
deixa de faturar. A falta de vitórias afeta sua imagem projetada na mídia, as empresas
parceiras se ressentem e os associados deixam de pagar a mensalidade”.
Ainda segundo a reportagem “Miragem Azul”, publicada pela Revista Placar em
janeiro de 2001, a direção do São Caetano começou a colher os frutos da boa campanha que o
time havia realizado. Viu o valor de suas cotas de TV aumentarem de R$ 4 mil para R$ 150
mil, aumentou a arrecadação de sócios para R$ 37 mil, colocou placas no estádio, começou a
negociar jogadores com o exterior, casos de César vendido para a Lazio da Itália, Wagner para
o Cerezo Ozaka do Japão e Adhemar para o Stuttgart da Alemanha, além de já possuir dois
bingos, benefício da Lei Zico que o clube soube explorar, e arrumar um melhor contrato de
fornecimento de material esportivo. Com o dinheiro arrecadado o São Caetano contratou
jogadores baratos, mas do mesmo nível do que os que saíram e aumentou a capacidade do
Anacleto Campanella para 30 mil lugares, com a ajuda da prefeitura, adequando-se ás normas
da CBF. Essa parceria Prefeitura - São Caetano foi explica-se da seguinte forma em matéria
19
publicada pelo jornalista GOMIDE (2001) na revista Sports Magazine, em sua segunda edição:
A prefeitura fornece parte da infraestrutura para o futebol, como estádio, ônibus para
transporte entre outros e o clube arca com a manutenção.
A eliminação precoce no Campeonato Paulista, ficou em 5º lugar, e na Taça
Libertadores de 2001, eliminado nas oitavas de final pelo Palmeiras nos pênaltis, deixou o
futuro do São Caetano em dúvida. As reportagens referindo-se ao clube como “meteoro”
voltaram a aparecer, apesar dos dirigentes sempre estarem falando o contrário.
“Não tínhamos um plano correto no primeiro semestre, nos prejudicamos com as viagens e
por isso perdemos pontos que nos tiraram do Paulista e da Libertadores. Pode ter certeza que
estaremos mais fortes agora”. (PIZUTTO, 2001 p.100)
Disse o técnico Jair Picerni à Guia Placar de Julho.
O jornalista PIZUTTO (2001) na reportagem “São Caetano: Pela Porta da Frente”
publicada no Guia do Brasileiro de 2001 ainda colocava o time como incógnita.
“Repetir a campanha do ano passado, quando conseguiu o vice no Brasileiro
eliminando Fluminense, Palmeiras e Grêmio, não parece um sonho impossível para o São
Caetano, mesmo entrando direto na divisão principal neste ano (...)”. (PIZUTTO, 2001 p.100)
Com a manutenção do mesmo treinador, Jair Picerni que dirigia o time desde 1998, e
do mesmo elenco mais reforçado o São Caetano novamente chegou à final, mas agora contra o
Atlético Paranaense, outro clube emergente do futebol brasileiro. A diferença agora é que o
São Caetano decidiria o campeonato no Anacleto Campanella, fruto do investimento da
diretoria na estrutura do clube. O São Caetano foi mais uma vez vice-campeão, mas já era
encarado pela mídia como uma realidade do futebol brasileiro.
O Técnico Jair Picerni, em entrevista ao jornalista RIBEIRO (2001) da Revista Placar
em 29.10.01, falou sobre o clube:
20
“Ficamos entre os oito melhores da Libertadores e estamos entre os oito melhores do
Brasileiro deste ano, além do vice-campeonato do ano passado. São cinco anos de
profissionalismo, subindo de divisões, e já estamos nessa condição. Tudo isso que está
acontecendo é parte de um projeto que está dando resultado, de um clube intermediário que
quer chegar a ser grande. Esse trabalho vem dando resultado porque tem todo o respaldo da
diretoria. Não são algumas pessoas que fazem o São Caetano, mas sim uma filosofia.
Jogamos de igual para igual com todas as equipes consideradas grandes e em pouco tempo
seremos uma delas. ” (RIBEIRO, 2001 p.84)
O jornalista RIZEK (2001), da Revista Placar em sua edição de dezembro de 2001,
também falou sobre o São Caetano:
“Já escreveram que o Corinthians é uma torcida que tem um time. Pois já está na hora
de criar um bordão para o São Caetano, o time sem torcida que lotou um estádio” (RIZEK,
2001 p.44)
A afirmação do clube veio em 2002. Com uma estrutura administrativa modelo,
seguida por vários clubes emergentes do Brasil, segundo noticiado na revista Placar em 21 de
dezembro de 2001, o São Caetano foi vice-campeão da Taça Libertadores, 3º lugar no Rio São
Paulo e 6º lugar no Brasileiro.
A matéria “São Caetano: Cadê o Fogo de Palha” escrita pelo jornalista PALLATA
(2002) para o Guia do Campeonato Brasileiro de 2002 da Revista Placar em agosto já
encarava o São Caetano como realidade do futebol brasileiro e um dos candidatos ao título.
“Vice nos últimos dois Brasileiros; finalista da Libertadores. O Azulão é favorito sim”.
(PALLATA, 2002 p.100)
“Obra do acaso? Os números estão aí para provar o contrário. Raio não cai duas
vezes no mesmo lugar? Pois caiu. E pode continuar caindo. O São Caetano perdeu a decisão
do Brasileirão de 2000 para o Vasco, mas não morreu. No ano passado, lá estava ele lá de
21
novo, decidindo com o Atlético Paranaense. Perdeu novamente, mas continuou firme. Tanto
que chegou às finais da Taça Libertadores deste ano, superando muita equipe com “mais
camisa”(...). (PALLATA, 2002 p.100)
“(...) na média, o Azulão é o melhor time do Brasil, disparado, nos últimos dois anos. E não
há o menor exagero nessa afirmação. A fórmula não mudou. Mesmo técnico, mesma base. Se
algum jogador é vendido, outra da posição, e teoricamente do mesmo nível, é contratado.
(...)” (PALLATA, 2002 p.100)
Mesmo com a mudança no comando da equipe, saindo Jair Picerni e entrando Mário
Sérgio, manteve-se a mesma filosofia do clube. O São Caetano chegou ainda a ser apontado
pelo ranking da ESPN Internacional como o 10º melhor time do mundo no mês de julho.
O presidente do clube, Nairo de Souza, se referiu assim quanto a sua administração à
frente do São Caetano para o jornalista GOMIDE (2001) da revista Sport Magazine de janeiro
de 2001:
“Administro o São Caetano como se fosse minha própria casa, o administrador
esportivo tem que gerir limitado à suas despesas”. (GOMIDE, 2001)
Tal afirmação pode parecer passional mas retrata, não mais que isso, a preocupação do
dirigente quanto ao clube que está a frente. O São Caetano é um clube gerado como uma
empresa com previsão e planejamento de gastos anuais e que não apresenta participação de
empresas parceiras ou co-gestoras. O clube conta hoje atualmente com 6.000 sócios, número
considerado ideal pela diretoria, apresenta uma folha salarial de R$ 200 mil e têm todos seus
salários em dias, inclusive os funcionários da área social.
22
2.2 – O CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA
2.2.1 HISTÓRICO
O Clube de Regatas Vasco da Gama foi fundado em 21 de agosto de 1898 e acumula
uma vasta história de títulos e conquistas. Além de ser um clube tradicional do Brasil, ainda
faz parte da história do futebol como sendo o primeiro clube carioca a admitir jogadores
negros e pobres em seu elenco, no ano de 1923.
É também o primeiro clube brasileiro a vencer uma competição internacional, a Copa
dos Campeões Sul Americanos em 1948 disputada no Chile. Este título veio de forma inédita e
o time vascaíno da época foi considerado o “Expresso da Vitória” sendo, inclusive, base para a
seleção vice-campeã mundial em 1950 na Copa do Mundo disputada no Brasil.
O Vasco hoje possui 22 títulos de Campeão Carioca, é tetra campeão brasileiro,
campeão da Libertadores e possui uma torcida com mais de 8 milhões de torcedores,
demonstrando sua grandeza no futebol brasileiro.
2.2.2 FATOS ADMINISTRATIVOS
A matéria da Revista Placar de Dezembro de 1996, “Porque o Rio Afundou no
Brasileiro”, publicada pelo jornalista GARCIA (1996) mostrava porque os times cariocas
entrariam no ano de 1997 como incógnitas. O Vasco entraria desacreditado em 1997 pela má
campanha no ano anterior, aonde apresentou um time formado por jogadores veteranos e
renegados, além de uma divisão política com o protesto da torcida chamando o vice-presidente
do clube, Eurico Miranda, de “Eurico, 171”, referência ao código penal por estelionato, o
clube parecia ter um futuro obscuro pela frente.
Logo no começo do ano, o clube foi prejudicado pela arbitragem durante a Copa do
Brasil, nas partidas contra o Atlético Paranaense. O Diretor Geral de Arbitragem da CBF,
Ivens Mendes, “vendeu” a arbitragem para o Atlético, com o intuito dela expulsar Edmundo,
principal jogador do Vasco, na partida de Curitiba. Foi então realizada uma CPI do Apito e
23
descobriu-se uma máfia da arbitragem com uma suspeita de participação do vice-presidente do
Vasco, Eurico Miranda. Essa matéria foi publicada pela Revista Placar na sua edição em julho
de 1997 pelo jornalista COELHO (1997).
Após o 2º lugar no Campeonato Carioca, o Vasco entrava no Campeonato Brasileiro
sem patrocinador e o time desacreditado tendo Edmundo como seu principal jogador.
Conforme reportagem publicada pelo jornalista GARCIA (1997) na Revista Placar em
novembro de 1997 o Vasco chegava a final contra o Palmeiras, tendo a melhor campanha e
com Edmundo se destacando e tendo mordomias e regalias dadas pela diretoria, causando
descontentamento entre alguns jogadores durante o campeonato. A Revista Placar publicou em
janeiro de 1998 uma matéria intitulada “O Bacalhau Arrombou a Festa” aonde os jornalistas
GARCIA e DAFLON (1997) fizeram uma retrospectiva sobre o Brasileiro de 1997 e
abordaram a manobra política que ajudou o Vasco a sagrar-se tri-campeão brasileiro. Na 1ª
partida da final, a primeira jogada nos bastidores. Edmundo, que entrara pendurado com dois
cartões amarelos, receberia o 3º amarelo estando assim automaticamente suspenso da próxima
partida. Orientado pela comissão técnica e diretoria o jogador forçou o cartão vermelho, que
lhe daria direito a um julgamento. Três dias depois haveria o julgamento e por um placar de
6x1 Edmundo foi condenado a pagar R$ 120,00 de multa, estando assim livre para jogar a
partida decisiva. Beneficiado por essa manobra política o Vasco sagrou-se tri-campeão
brasileiro.
Ainda em 1997, o jornalista CUNHA (1997) do jornal O Globo publicou no dia
22/12/1997 que o Vasco vendeu Edmundo a Fiorentina da Itália por U$ 8 milhões dólares.
Em 1998 como era ano do seu centenário, o clube investiu cerca de U$ 19 milhões de
dólares em contratações de jogadores como Luisão e Donizete, e renovações de contratos para
reforçar seu elenco para a disputa da Taça Libertadores, eleita pela diretoria como competição
prioritária do primeiro semestre. Essa matéria foi publicada pela Revista Placar em sua edição
de fevereiro de 1998, no Guia dos Campeonatos Estaduais pelo jornalista GARCIA (1998).
Na edição do dia 08 de abril de 1998 a agência LANCEPRESS do jornal O LANCE!
publicou que o clube fecharia um contrato de parceria com o Nations Bank of América,
criando a Vasco da Gama Licenciamentos S/A que exploraria a marca Vasco da Gama e
24
administraria a parceria. Esta parceria será tratada de forma minuciosa mais à frente, quando
foram dadas melhores informações sobre a mesma.
O clube sagrou-se campeão carioca daquele ano, apesar das acusações de outros clubes
do estado quanto a um possível favorecimento ao clube da Federação Carioca de Futebol e de
seu presidente, Eduardo Vianna, amigo pessoal de Eurico Miranda conforme publicação do
jornal O Globo feita pelo jornalista CUNHA (1998) em 20 de abril de 1998 e pela Revista
Placar em sua edição de julho. Essa relação é considerada promíscua e nociva por todos da
imprensa carioca. O Vasco venceria a Taça Libertadores da América e adquiria assim o direito
de disputar o Mundial Interclubes contra o campeão europeu em dezembro. Essa matéria foi
publicada pelo jornalista DAFLON (1998) na Revista Placar de Setembro de 1998. Ainda
nesta edição da revista, trazia uma reportagem sobre dirigentes que usavam os clubes como
fonte eleitoral e acabou citando o nome de Eurico Miranda, que aproveitando das boas
campanhas do Vasco, elegeu-se deputado federal com 105.969 votos. O vice-presidente usava
o gabinete do presidente e São Januário, estádio do Vasco, como gabinete eleitoral, além de
conceder livre acesso aos seus cabos eleitorais em dia de jogo além de colocar funcionários do
clube utilizando jalecos ou blusas com seu número estampado.
A Revista Placar, em suas edições de novembro e dezembro de 1998 publicariam
matérias sobre o Vasco e sua preparação para o Mundial escritas pelo jornalista UNZELTE
(1998). O Clube ficaria em 10º lugar no Brasileiro, onde atuou com um time misto, e perderia
o Mundial Interclubes para o Real Madri, da Espanha, por 2x1. O clube havia viajado duas
semanas antes para o Japão para a disputa do Mundial para se adaptar, mas o sonho de ser
campeão mundial no ano do centenário estava acabado.
“Está Mais Fácil”, este foi o título da matéria publicada pelo jornalista GARCIA (1999)
da Revista Placar em fevereiro de 1999 sobre o Vasco no Guia dos Estaduais. A euforia
econômica do clube continuava e, logo em janeiro após gastar U$ 3,5 milhões de dólares em
reforços, o Vasco sagrava-se campeão do Torneio Rio – São Paulo. A equipe, a esta altura,
apresentava em sua base jogadores formados pelo clube desde 1997, jogadores contratados, o
mesmo técnico, Antônio Lopes dirigia a equipe desde 1996, e uma boa estrutura
administrativa.
25
Em abril, A revista Placar traz uma matéria escrita pelos jornalistas OTTONI e
RODRIGUES (1999) entitulada “Cheguei! ”, dizendo que com o dinheiro da parceria, o Vasco
repatriaria Edmundo da Fiorentina por U$ 13,5 milhões de dólares. A parceria Vasco-Nations
Bank funcionava da seguinte forma: O clube recebia dinheiro do banco para seus
compromissos, mas o dinheiro era usado para contratar jogadores, negociar salários, e teria sua
imagem explorada. Segundo o vice-presidente Eurico Miranda esse era o melhor contrato de
parceria já firmado por um clube no Brasil. Os valores exatos da parceria nunca foram
divulgados, destoando versões:
“Já pagamos U$ 45 milhões de dólares por um contrato de 13 anos” dizia Fernando
Antônio Gonçalves, presidente da Vasco da Gama Licenciamentos S/A. (OTTONI e
RODRIGUES, 1999 p.40)
“O contrato é de 15 anos. Recebemos U$ 30 milhões de dólares no ato e mais R$ 15
milhões de reais meses depois” segundo Antônio Soares Calçada, presidente do Vasco da
Gama. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.41)
“Sou o único a não falar em números. Assinamos por 25 anos. Valores é que nunca
saíram da minha boca”, afirmava Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco da Gama.
(OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.41)
“Eu sei que R$ 17 milhões de reais foram depositados em conta de terceiros” versão
de Agathyrno Gomes, ex-presidente do Vasco da Gama em matéria publicada na revista Placar
na edição de novembro de 2001 pelo jornalista ROMANO (2001) dando sua versão sobre a
parceria.
“É preciso ter muito cuidado para não abalar as finanças do clube. Mas o Edmundo é
maior jogador do Brasil, ama o Vasco e é amado pela torcida, que grita seu nome em todos os
jogos e conta os dias para a volta.”. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.40)
26
Justificava o presidente Antônio Soares Calçada, nesta mesma matéria sobre o possível
retorno de Edmundo ao Vasco. Tal preocupação se tornava válida já que o Vasco era a menor
folha salarial dos quatro clubes grandes do Rio de Janeiro, pagando em média entre R$ 800
mil à R$ 1 milhão de reais de salários, com um teto salarial de R$ 60 mil reais e prêmios por
conquistas de até R$ 1 milhão de reais para serem divididos entre o elenco. Edmundo voltou
em 30 de abril recebendo um salário entre U$ 125.000 e U$ 166.000 mil dólares mensais.
(OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.41)
O Vasco, ainda em abril, anunciaria um contrato de patrocínio com a Proctors &
Gamble no valor de R$ 250 mil dólares mensais segundo noticiados no jornal O LANCE! pela
agência LANCEPRESS.
Mas tanto investimento não deu o retorno esperado. O Vasco chegaria a final do
Campeonato Carioca contra o Flamengo mais sairia derrotado, assim como na Copa do Brasil
e Taça Libertadores, eliminado em ambas nas oitavas-de-final por Goiás e Palmeiras
respectivamente.
Mesmo diante de todos esses fracassos a Revista Placar, em seu Guia do Campeonato
Brasileiro publicado em Julho, ainda trazia o Vasco como força maior do futebol brasileiro ao
colocar como título “Cada Vez Mais Forte”, fruto dos investimentos feitos pelo time em
matéria publicada pelo jornalista FASANELLO (1999). Durante a disputa do Campeonato
Brasileiro, em jogo contra o Paraná em São Januário, após ter dois jogadores do Vasco
expulsos, o vice-presidente Eurico Miranda invadiu o campo aos 35 minutos do segundo
tempo acabando com o jogo conforme noticiou o repórter SIMON (1999) do jornal O LANCE!
em sua edição de 23 de setembro de 1999. O clube ainda entraria com um recurso pedindo
uma punição para o árbitro Paulo César de Oliveira. Após classificar-se em 3º na fase
classificatória o Vasco enfrentaria o Vitória pelas quartas-de-final. Porém, segundo publicado
na edição do dia 13 de novembro de 1999, Edmundo acabou afastado do time 15 dias por
indisciplina, reclamou publicamente de salários atrasados, pelo vice-presidente Eurico
Miranda. Sem seu melhor jogador o Vasco acabou eliminado em casa e terminou o
campeonato em 6º lugar.
2000 seria um ano importante para o Vasco por ser ano eleitoral. O vice-presidente
Eurico Miranda seria candidato à presidente da situação. O presidente Antônio Calçada,
27
aproveitando disso e da disputa do Mundial de Clubes da FIFA, contratou Romário, desafeto
de Edmundo, além de outros jogadores de nome, tornando o time, no papel, quase imbatível
segundo o que dizia na reportagem do Jornal O LANCE! no Guia do Primeiro Mundial de
Clubes da FIFA, publicado em 05 de Janeiro de 2000. A folha salarial pulou para U$ 2,6
milhões de dólares. Após uma primeira fase impecável, ganhou os três jogos inclusive do
poderoso Manchester United da Inglaterra por 3x1, o Vasco perderia a final para o Corinthians
em pleno Maracanã na disputa por pênaltis.
A insatisfação e a fogueira de vaidades começavam a tomar conta do clube. De acordo
com o jornal O LANCE! em sua edição de 10 de março de 2000 a derrota no final do Rio-São
Paulo para o Palmeiras por 4x0, aonde Romário saiu machucado, atiçou ainda mais a intriga
entre o grupo, descontente com as regalias dadas ao jogador pela diretoria, além de provocar a
demissão de Antônio Lopes do cargo de treinador. Ainda sobre este assunto o a gota d’água
aconteceu durante o jogo Vasco 3x0 Bangu pelo Campeonato Carioca em São Januário.
Romário, que já havia tirado a braçadeira de capitão de Edmundo, tornara-se também o
batedor oficial de pênaltis do time por ordens da diretoria. Após Romário perder uma cobrança
de pênalti durante o primeiro tempo Edmundo, em entrevista no intervalo a um repórter da TV
Globo, fez a seguinte declaração sobre o assunto: “O“Rei” mandou o “Príncipe” bater. ”em
alusão a relação de Romário com Eurico Miranda. Edmundo acabou multado pela diretoria por
essa afirmação. Porém alguns dias depois, no dia 29 de março, Romário, após a vitória do
Vasco por 4x1 sobre o Olaria, aonde além de acertar uma cobrança de pênalti e marcar três
gols resolveu retrucar Edmundo também em uma entrevista exibida pela TV Globo: “Agora
todos estão felizes no reino: O “rei”, o “príncipe” e o “bobo da corte”. Essa briga de vaidades
acabou dividindo e desunindo mais o grupo vascaíno. O Vasco novamente chegaria à final do
Campeonato Carioca contra o Flamengo. Edmundo foi de novo suspenso por 15 dias por suas
declarações pela diretoria e Romário se machucou na véspera dos jogos. Resultado: Vasco bi
vice-carioca após levar um verdadeiro passeio do Flamengo nas duas partidas.
“Basta de Fracasso! ” dizia a matéria sobre o Vasco publicada no Guia do Brasileiro
Placar em Julho pelo jornalista MONTEIRO (2000).
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“O vascaíno quer esquecer o primeiro semestre e as eternas promessas dos dirigentes. Um
time formado para ganhar tudo perdeu o Mundial, o Rio - São Paulo, A Copa do Brasil e o
Estadual (...) Oswaldo vem ocupar a vaga que nem Antônio Lopes, nem Abel Braga, nem Alcir
Portela e nem Tita conseguiram preencher no primeiro semestre. Com seu estilo apaziguador,
promete tirar o máximo de craques polêmicos como Felipe e Romário (...) É verdade que
Oswaldo gostaria de contar com Edmundo para completar o enredo, mas Eurico Miranda, às
voltas com disputas ferrenhas com o Flamengo por reforços, jurou que o Animal não veste
mais a camisa do clube”. (MONTEIRO, 2000 p.98)
Após alardear as contratações de Alex e Edílson, o vice-presidente Eurico Miranda
teve de se contentar com as vindas de Juninho Paulista e Euller, já que os dois primeiros
preferiram o rival Flamengo segundo reportagem de COSTA (2000) publicada na Revista
Placar em outubro. Ainda neste mês, o Vasco ganha notoriedade nas manchetes esportivas de
jornais especializados como o LANCE! por romper a parceria com o Nations Bank e o
patrocínio com a Proctors e Gamble, começando a perder receita. Assim começa a atrasar
salários e direitos de imagens dos jogadores em mais de três meses.
O Vasco fez uma campanha irregular na Copa João Havelange e na Copa Mercosul,
mas em ambas chegou a final. Após o empate em 2x2 com o Cruzeiro pela semifinal da Copa
João Havelange, partida que havia sido adiada duas vezes por manobras políticas dos
dirigentes vascaínos que não aceitavam jogar com pelo menos 72 horas de descanso entre as
partidas, o jornal O LANCE! noticiou, em sua edição de 17 de dezembro, a demissão de
Oswaldo de Oliveira por Eurico Miranda, já eleito presidente, por não aceitar que o dirigente
interferisse em sua programação de treinamento. Foi contratado então o 6º técnico da
temporada, Joel Santana.
Em sua edição de 21 de dezembro o jornal O LANCE! publicou que o Vasco sagrou-se
campeão da Taça Mercosul, com uma virada histórica sobre o Palmeiras por 4x3, quebrando o
jejum de 21 meses sem títulos, apesar da confusão estabelecida por causa da troca de técnicos
ocorrida há poucos dias antes. O último título havia sido em março de 1999.
Após eliminar o Cruzeiro por 3x1 em pleno Mineirão no dia 23 de dezembro, o Vasco
foi para a final contra o até então desconhecido São Caetano. Após empate de 1x1 na primeira
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partida, disputada no Parque Antártica no dia 27 de dezembro, há um tumulto que acaba
impedindo a realização da segunda partida no dia 30 de dezembro. Na final da Copa João
Havelange, durante a 2ª partida da final, Romário sentiu uma lesão na virilha e saiu do jogo
aos 23 do primeiro tempo. Estourou então um conflito na torcida entre os torcedores a favor de
Edmundo e os torcedores a favor de Romário, que acarretou na queda do alambrado de São
Januário ferindo 300 pessoas. Enquanto as pessoas eram atendidas, o presidente do Vasco
Eurico Miranda tentava a continuação da partida encerrada após ordem do governador
Anthony Garotinho. Após proferir xingamentos públicos ao governador, Eurico ordenou aos
jogadores para que eles dessem a volta olímpica comemorando o título. Essa tragédia de São
Januário só serviu para denegrir ainda mais a imagem do clube e do dirigente. Em julgamento
ocorrido em 2001, Eurico Miranda e Antônio Calçada foram considerados culpados pela
superlotação em São Januário e o clube teve de pagar indenização às famílias feridas,
conforme noticiado no jornal O LANCE! em setembro.O jornalista RIBEIRO (2001), com o
sugestivo título de “A Casa Caiu” escreveu sobre esse acontecimento na edição de Janeiro da
Revista Placar.
“Por 23 minutos, Vasco e São Caetano conseguiram sepultar a imagem de que a Copa João
Havelange foi um fracasso completo, em todos os sentidos. Estádio cheio, jogo emocionante.
(...). Até que...bem, vocês sabem o que aconteceu. Uma briga na Força Jovem (uns criticando
e outros elogiando Romário, que deixava o campo por um túnel em frente à torcida
organizada), o tumulto, o alambrado rompido e as pessoas, esmagadas, despencando no
gramado. Mais de 200 feridos, muitas fraturas, três em estado grave. Uma tragédia. (...) Mas
os cartolas do futebol brasileiro não se abalaram com o sofrimento desses torcedores.
Enquanto estes eram levados de maca para as ambulâncias e helicópteros do Corpo de
Bombeiro, os dirigentes de Vasco, São Caetano, da federação estadual do Rio e do Clube dos
13 discutiam o prosseguimento do jogo. Sem alambrado, sem segurança, sem clima. (...). No
cenário, que se tornou tragicômico, reinava o deputado federal Eurico Miranda, que assume
este mês a presidência do Vasco. Um sujeito que se considera acima da lei em seu
“território”, São Januário. Depois de limpar o gramado pessoalmente, empapado de suor, ele
proclamou: “Vamos recomeçar o jogo”. E todos obedeceram. O comando da polícia era a
30
favor; o cancelamento do jogo traria conseqüências imprevisíveis em relação ao
comportamento da massa. Instantes depois, o coronel Paulo Gomes, comandante do Corpo de
Bombeiros, que havia acatado as ordens de Eurico, comunicava constrangido que o
governador Anthony Garotinho telefonou, determinando que a partida fosse encerrada. (...)
“Incompetente, frouxo, imbecil” Esse era Eurico Miranda vituperando contra Garotinho.
(...)”. (RIBEIRO, 2001 p. 52 e 53)
Uma nova partida foi marcada para o dia 18 de janeiro de 2001, apesar dos protestos de
todos que consideravam o São Caetano o legítimo campeão. Eurico Miranda ordenou lei do
silêncio no clube, aonde nenhum jogador poderia falar com a imprensa. O Vasco venceu a 2ª
partida por 3x1 e sagrou-se tetra campeão brasileiro, mas, novamente, Eurico Miranda voltou
a polemizar. O Vasco entrou em campo com a logomarca do SBT estampada em seu uniforme,
sendo que a Rede Globo detinha os direitos exclusivos de transmissão do jogo. E, como o SBT
não havia liberado o uso de sua logomarca, o clube estava violando o art. 27 – A da lei que diz:
Artigo 27-A parágrafo 4: “A Infringência a este artigo implicará a inabilitação da
entidade de prática desportiva para a percepção dos benefícios que trata o artigo 18
(isenções fiscais e repasses de recursos públicos federais), bem como a suspensão prevista no
art. 48, IV, enquanto perdurar a transgressão”.
Parágrafo 5: “Ficam detentoras de concessão, permissão ou autorização
para exploração de serviço de radiofusão sonora e de sons e imagens, bem como de televisão
por assinatura, impedidas de patrocinar entidades de prática desportiva. ”
Artigo 48 – Com o objetivo de manter a ordem desportiva, o respeito aos atos
emanados de seus poderes internos, poderão ser aplicadas, pelas entidades do desporto e de
prática desportiva, as seguintes sanções:
I – Advertência;
II – Censura escrita;
III – Multa;
IV – Suspensão
V – Desfiliação ou desvinculação
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Parágrafo 1: “A aplicação das sanções previstas neste artigo não prescinde do
processo adminstrativo no qual sejam asseguradas o contraditório e a ampla defesa. ”
Parágrafo 2: “As penalidades de que tratam os incisos IV e V deste artigo
somente poderão ser aplicadas após decisão definitiva da Justiça Desportiva”
A pena prevista para essa infração era de suspensão do clube de jogos, o que não
aconteceu. Esta matéria foi publicada no jornal O LANCE! do dia 19 de janeiro, página 8 pelo
jornalista BARRETO (2001). Ainda em janeiro o Vasco se desfiliou do Clube dos 13 como
represália aos protestos sofridos pelo título brasileiro.
O que se viu em 2001 foi mais turbulência e problemas. Apesar de entrar o ano como o
melhor time do país, segundo noticiado pelo jornalista GARCIA (2001) da Revista Placar em
fevereiro, o clube não conseguia manter bons resultados e começava a apresentar sinais de
asfixia financeira. Em março o clube rompeu contrato com a Kappa, fornecedora de material
esportivo desde 1995, e passou a usar uniformes remendados com tarjas pretas. Mesmo com
boas campanhas na Taça Libertadores e Campeonato Carioca, o clube chegou a ficar vinte
jogos sem perder, sofreu com a insatisfação dos jogadores com a falta de dinheiro, que se
agravava a cada dia chegando a sofrer seguidas ameaças de greve por parte dos jogadores que
ameaçavam não treinar ou jogar enquanto não houvesse uma solução para a situação.Enquanto
isso o Vasco começava a cair, perdendo a terceira final consecutiva para o Flamengo e sendo
eliminado nas quartas-de-final da Taça Libertadores pelo Boca Juniors da Argentina.
Sem dinheiro para investir em contratações, o Vasco apostou na categoria de base para
formar o time, conforme noticiou a Revista Placar em seu Guia do Brasileiro publicado em
agosto. O jornalista MONTEIRO (2001) escreveu o seguinte sobre o Vasco:
“(...) O time entra com o status de atual campeão, mas com a imagem arranhada depois de
tantas reclamações de salários atrasados, imbróglios com a justiça – como nos casos de
Júnior Baiano, Juninho Pernambucano e Edmundo – e, principalmente, pela terceira derrota
seguida para o Flamengo na decisão do Carioca (...) Porém, em campo, os jogadores tentam
deixar isso de lado e mostram confiança num bom desempenho no Campeonato Brasileiro(...)
O ambiente anda meio conturbado, mas não há dúvidas de que a equipe continua forte e que
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tem grandes chances de fazer bonito na competição. Só falta superar os problemas internos e
mostrar em campo a força que tem no papel”. (MONTEIRO, 2001 p.112)
O Vasco faz um campeonato irregular e termina em 11º lugar. Sem patrocínio e
fornecedor de material esportivo o Vasco criou sua própria grife de uniforme, a VG Vasco.
O jornalista ROMANO (2001) publicou na Revista Placar, edição de novembro, uma
matéria sobre o Vasco com o título “SOS Salvem o Vasco” aonde diz que o clube sofreu 33
processos trabalhistas de jogadores durante o ano requerendo indenizações e perdeu 27 deles.
Nesses processos perdeu alguns passes de jogadores importantes para o elenco e não recebe
nenhum dinheiro pelas transferências destes. Perdeu também, na justiça, a causa que movia
contra a Vasco da Gama Licenciamentos S/A e teria que pagar R$ 89 milhões de reais de
multa recisória. Eurico Miranda entrou em conflito com a Rede Globo, pelo ocorrido no jogo
contra o São Caetano, e teve menos jogos do clube transmitidos ao vivo, recebendo menos
cotas de transmissão. A situação financeira do clube se agravou muito, com uma dívida
estimada em mais de 50 milhões de reais, chegando ao ponto que Romário teve de emprestar
dinheiro para que o clube quitasse salários e prêmios. Jogadores ficaram endividados e outros
que estão começando denunciaram dizendo que eram obrigados a assinar contratos no valor de
R$ 300,00 reais declarados mas pediam anonimato com medo de represália de Eurico Miranda.
“Eles falam que é para não pagarmos tanto imposto, mas que receberemos o acordado
(1.500, segundo os pratas-da-casa). Só que não estamos vendo nem os 300 reais. Isso não é
justo”. (ROMANO, 2001 p.23)
“(...). Hoje a euforia ficou para trás e o que se vê em São Januário são fisionomias
preocupadas e abatidas. As dívidas com os atletas de futebol são astronômicas (...) e as
dificuldades se tornam cada vez mais evidentes(...)” (ROMANO, 2001 p.23)
“PLACAR ouviu fontes do clube e estima que as dívidas do clube podem chegar a 50
milhões de reais. O fim da era Eurico pode ser a única saída para o clube começar a sair
desse buraco”. (ROMANO, 2001 p.23)
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“(...) Além das dívidas, outro problema que o Vasco vem enfrentando é a dificuldade
para conseguir dinheiro. Ninguém quer fazer negócio com o Eurico”. (ROMANO, 2001 p.24)
“O mercado está fechado para ele, ninguém quer fazer negócio com o Eurico”.
(ROMANO, 2001 p.24)
“Há mais de 160 ações cíveis contra o clube, ele conseguiu acabar com uma
instituição de 103 anos ficando menos de um ano no comando”. (ROMANO, 2001 p.24)
Dizia Hércules Figueiredo Sant’ Ana, candidato derrotado por Eurico. Eurico Miranda
e Antônio Calçada sofreram um processo de indisponibilização de seus bens, por 22 sócios
beneméritos e diretores do clube, até que o clube fosse ressarcido. Processo este que continua
até os dias de hoje. Nem mesmo o Conselho Deliberativo, formado por membros da situação
após manobra de Eurico para afastar a oposição, não apoiava mais a administração, sendo 60%
contrários a permanência do dirigente. (ROMANO, 2001)
No final do ano mais tumulto. O jornal o LANCE! publicou em sua edição do dia 05 de
dezembro que o presidente do Vasco e deputado federal Eurico Miranda era acusado na CPI
do Futebol sendo réu nas seguintes acusações:
Uso de laranja – depósito de R$ 13.535.499, 18 milhões de reais na conta de Aremithas
José de Lima.
Falsidade Ideológica – uso do nome de Aremithas para abrir conta bancária, sendo
titular artificial.
Apropriação Indébita – Uso do dinheiro do clube para financiar campanha política de
Eurico
Crime de Ordem Fiscal.
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Estimou-se ainda que R$ 20 milhões de reais do Vasco da Gama estariam depositados
em contas de terceiros. A CPI do Futebol pediu a sua cassação e a quebra do decoro
parlamentar do dirigente no dia 06 de dezembro de 2001.
Matéria da Revista Placar escrita pelo jornalista ROMANO (2002) em março de 2002
sobre o Vasco:
“O Vasco entrou em 2001 sendo considerado o melhor time do Brasil. Mas o ano passado
não foi dos melhores em São Januário. O primeiro a zarpar foi Juninho Pernambucano,
depois se foram Júnior Baiano, Juninho Paulista, Jorginho, Odvan, Fabiano Eller...”.
(ROMANO, 2002 p.19)
O Vasco entrava em 2002 com técnico novo, Evaristo de Macedo, o 9º desde 2000, e
continuava a prestigiar a categoria de base, e tendo Romário e Euller como destaques do
elenco.
Com a ajuda do grupo mexicano Nova Media, o clube conseguiu recuperar sua marca e
chegar a um acordo com a Vasco da Gama Licenciamentos S/A e a dívida de R$ 89 milhões
foi perdoada, segundo noticiado no site oficial do clube no dia 16 de março.
Eurico Miranda aprontou mais uma. Na partida Vasco x Portuguesa pelo Torneio Rio
São Paulo, ele ordenou a saída de Roberto Dinamite da tribuna de honra do clube. Roberto é o
maior ídolo vascaíno e candidato à presidência em 2003. O jornal O LANCE! publicou na
edição de 03 de março a insatisfação entre torcedores e dirigentes vascaínos com o caso. O
presidente Eurico Miranda arranjou mais desafetos quando resolveu imortalizar a camisa 11
em homenagem a Romário. Enquanto isso a equipe não conseguia corresponder em campo,
sendo apenas 6º colocado no Torneio Rio São Paulo. Pelo Campeonato Carioca, após o Vasco
perder por 4x1 para o Bangu em São Januário, o site www.futbrasil.com.br noticiou que
Eurico acusou os jogadores de corpo-mole e novamente decretou a lei do silêncio. A equipe
ainda perderia para o Volta Redonda e Botafogo e terminaria em 5º lugar. A torcida ficaria
insatisfeita com o time. Com isso a diretoria despede Evaristo de Macedo e recontrata Antônio
Lopes para o cargo de técnico.
35
Sem dinheiro o Vasco perdeu Romário e Euller para a disputa do Brasileiro e Ramón
passou a ser o principal jogador. CALDAS (2002) publicou na Revista Placar de agosto, em
seu Guia do Brasileiro a realidade que o clube estava vivendo naquele momento:
“O que pensar de uma equipe que tem como principal estrela o goleiro? (...) E,
terceiro que, se tratando do Vasco de Eurico Miranda, algo está mudando. Disposta a reduzir
a folha salarial a cerca de R$ 450 mil (já foi de mais de R$ 2 milhões), a diretoria é mais uma
à aderir à valorização da prata-da-casa, desculpa da vez entre os cartolas para a falta de
planejamento. (...) Antônio Lopes encontrou um elenco renovado e disposto a fazer a torcida
esquecer estrelas como Romário, Euller e Juninho Paulista. Antes da Copa dos Campeões, o
Vasco foi buscar vários jogadores em times do interior do estado, principalmente no
Americano, mas poucos devem se destacar. ” (CALDAS, 2002 p.108)
Enquanto a equipe fazia uma campanha ruim no brasileiro, Eurico Miranda continuava
a polemizar. Criticou o Brasileiro de pontos corridos, o novo calendário proposto pela CBF,
continuava a processar a Rede Globo. Para piorar sua situação, Eurico teve apenas 26 mil
votos e não se reelegeu deputado federal. Isso mostrava a insatisfação dos torcedores com o
dirigente. Tal insatisfação aumentou quando Eurico Miranda cortou a cota de ingressos
cortesia para as torcidas organizadas.
O jornal O LANCE! do dia 16 de setembro noticiou que após o empate no clássico
com o Botafogo em 1x1, válido pelo Campeonato Brasileiro, Souza Léo Lima e Wellington
foram agredidos pela torcida em São Januário por conta da insatisfação com o time. Nem a
contratação de Petkovic melhorou a situação do time. O Vasco passou o Brasileiro inteiro
próximo à zona de rebaixamento, só conseguindo se livrar nas três últimas rodadas. A equipe
terminaria em um modesto 15º lugar.
Em entrevista ao Jornal O LANCE! Em 03/12/02, o presidente Eurico Miranda admitiu
ao jornalista LEITE (2002) que perdeu forças com a não reeleição para deputado, que a
família o pressiona para renunciar e que o clube não vai se adaptar à medida provisória 39 por
considerá-la a falência para os clubes brasileiros e ainda, aproveitou para atacar Roberto
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Dinamite, candidato da oposição à presidência em 2003, dizendo que ele não é capacitado para
dirigir o clube.
“Perdi forças, mas não fiquei abalado pela não reeleição. Sempre disse que era
deputado para defender o Vasco”. (LEITE, 2002 p.13)
“Realmente minha família questiona, mas eu virei presidente porque quis e, por isso,
tenho obrigação de ir até o fim”. (LEITE, 2002 p.13)
“(...) esta MP é a falência dos clubes. Além do mais, não sou eu que não admite esta
hipótese, mas sim o Conselho do Vasco”. (LEITE, 2002 p.13)
“Roberto Dinamite não é competente para dirigir o Vasco”. (LEITE, 2002 p.13)
Para acabar o ano, em dezembro a Rede Globo provou que o Vasco lhe deve R$ 65
milhões de reais, desmentindo o presidente Eurico Miranda que dizia que a dívida era da
empresa com o clube conforme noticiado no Jornal O LANCE! de 25 de dezembro.
Em um debate esportivo promovido pela ESPN Brasil em 20.11.02, alguns jornalistas
deram suas opiniões sobre o modelo administrativo do Vasco da Gama:
“O Flamengo e o Vasco não souberam usar o dinheiro da parceria, eles o
roubaram” – Márcio Guedes, jornalista do Jornal O Dia.
“No Brasil temos clubes grandes, o Palmeiras é um clube grande, o Botafogo, o Vasco
é um clube grande (...), mas que esse ano tiveram times pequenos” – Cláudio Carsughi,
jornalista de ESPN Brasil
“O Vasco da Gama é muito problemático, porque a ditadura Eurico Miranda e
Calçada ficou lá por 20 anos e não há grandes líderes de oposição...” – Márcio Guedes,
jornalista do jornal O Dia.
37
“(...) O Vasco da Gama quando o Calçada era o presidente era no esquema
“parlamentarista”, quem mandava era o “primeiro ministro” Eurico. Agora passou a ser
presidencialista, com o Eurico Miranda. ” – Eliseu Godói, jornalista da TV Aratu, Bahia
Mas nem tudo são notícias ruins. Em outubro de 2002, o Vasco da Gama arrendou o
Fla-Barra e com isso passou a possuir uma excelente estrutura para treinamento, já que a
Vasco-Barra possui dois campos para treinamento e jogos treinos, piscinas, quadras e
departamento técnico. O investimento nas categorias de base do clube também é bem feito e
vem dando resultado com muitos títulos e a esperança de que possa melhorar assim a atual
situação do clube. Foi também comprada toda a área próxima a São Januário e transformada
em concentração para os jogadores em vésperas de jogo. O Vasco arranjou também um
contrato com a Umbro, fabricante de material esportivo que vai pagar R$ 250 mil por mês. A
folha salarial abaixou também e hoje é de R$ 650 mil reais mensais.
A afirmação do jornalista Paulo Vinícius Coelho, no debate da ESPN, anima um
pouco os torcedores vascaínos quanto ao futuro do clube com o novo calendário:
“Hoje, alguns clubes dão passos para se tornar clubes nacionais, serem de fato os grandes
daqui há 10, 15 anos (...) O Vasco tem uma torcida fenomenal e um potencial imenso para ser
um destes clubes...”
38
2.3 AS MEDIDAS PROVISÓRIAS E A NOVA REALIDADE PARA O
FUTEBOL BRASILEIRO
A Medida Provisória 39 foi uma proposta para tentar a modernização do modelo
administrativo do futebol brasileiro, tentando torná-lo próximo do modelo europeu.
O projeto que previa a conversão da proposta 39 em lei foi da autoria do deputado
federal Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ) criada em março à partir de um projeto
desenvolvido pelo deputado Geraldo Althoff (PT-RS) e foi assinada pelo então Presidente da
República em julho de 2002.
O ponto principal da Medida Provisória 39 é o que obrigava os clubes a se
transformarem em empresas, ganhando assim benefícios do governo para reorganizar suas
dívidas. Segundo o secretário executivo do Esporte e Turismo, José Luiz Portella, verificou-se
a intenção do governo em relação à Medida Provisória 39 em entrevista publicada no Jornal O
LANCE ! em 19 de setembro:
“O governo se preocupa em equacionar os problemas dos clubes. Não é intervenção, mas
indução”.
“É preciso que o projeto tenha um sólido embasamento na legislação, caso contrário corre-se
o risco de repetirmos a Lei Pelé, que prevê uma série de coisas que não são cumpridas”
Disse José Luiz Portella, em entrevista concedida ao Jornal O LANCE! em 15 de
março de 2003, agora já como ex-Ministro do Esporte e Turismo.
A Medida Provisória 39 também responsabilizaria os maus dirigentes por
administrações prejudiciais a seu clube, exceto em caso de danos contraídos de gestões
anteriores.
A transformação de um clube em empresa prevê o clube como um negócio, tendo o
futebol profissional emergindo como o melhor negócio do clube atraindo receitas e mantendo
39
uma imagem forte da marca, prevê ainda mudanças a nível gerencial e a transformação do
clube em sociedade comercial. (MELO NETO, 1998)
Para AMIR SOMOGGI (2002) o futebol brasileiro se parece mais com o espanhol
pelas características de sua legislação esportiva e dívidas de seus clubes. Em 15 de outubro de
1990 foi promulgada a Lei do Esporte na Espanha, para melhorar a situação do futebol
espanhol que vinha de um período obscuro na década de 80 com estádios vazios e pouca renda.
Foi criada a LFP, Liga de Futebol Profissional, que obrigou todos os clubes a se
transformarem em SAD (Sociedades Autônomas Desportivas) para poderem participar da liga.
Os clubes deveriam apresentar balancetes anuais e ainda repassar 15% de seu orçamento de
despesa no início da temporada para poderem ter o aval de disputar o campeonato espanhol.
Dez anos após a criação dessa lei a liga Espanhola foi considerada a melhor do mundo, com
investimentos girando em torno de U$ 400 milhões. Mas, mesmo com esses números
impressionantes os clubes espanhóis não podem ser considerados exemplos de gestão
profissional, sendo que apenas o Barcelona se preocupou em realizar uma gestão profissional
esportiva. O Real Madrid, por exemplo, até a eleição do atual presidente Florentino Pérez
devia U$ 250 milhões. Essa dívida foi sendo sanada aos poucos graças a um excelente
trabalho de marketing e planejamento.
O clube divide suas atividades em departamentos – futebol, marketing, informática,
futebol amador e outros -, tendo acima as diretorias, as vice-presidências, o presidente e o
conselho.
Este é o modelo empresarial do futebol brasileiro, baseado no modelo clássico de
administração.
O que diferencia o clube empresa é seu estilo de administração. Tal diferença existe
pelo estilo de gerenciamento dos clubes, como determina a legislação em vigor. Esse
embasamento entre administração e legislação é que é o fundamental para o sucesso da
medida. Com a futura mudança proposta pela Medida Provisória 39 os clubes ficariam livres,
podendo mudar sua forma de gestão.
Para um clube empresa ter sucesso em seu processo empresarial, ele deve ser
estruturado, rentável e ter pessoas conscientes ligadas a ele. Sem contar o retorno financeiro,
aonde o clube precisa faturar para impor-se como força do futebol e ser aspirante a títulos,
40
além de um projeto de marketing que busque receitas alternativas para o clube através de
ações direcionadas e não somente depender de uma única fonte de receita.
Esta obrigatoriedade em tornar-se clube empresa está gerando debate entre todos.
Durante o Seminário de Esportes e Cultura, organizado por universidades públicas do Rio de
Janeiro em 12.09.02, esse foi o principal ponto de discussão. Walter de Mattos Júnior, editor e
presidente do Lance! defendeu a obrigatoriedade da transformação dos clubes em empresas,
aproximando do modelo europeu, enquanto os outros membros da mesa discordaram quanto à
obrigatoriedade, mas concordaram que os clubes devem ter uma gestão mais transparente.
A MP 39 não foi aprovada no Congresso Nacional conforme publicado pelo Jornal O
LANCE! em 06 de novembro de 2002 pois os deputados não concordaram com a não
fiscalização das contas da CBF e das federações. Uma nova Medida Provisória foi feita, com o
texto modificado, aonde a CBF e as Federações estaduais também deveriam prestar contas de
suas receitas. A nova Medida Provisória, a 79, foi encaminhada ao governo em março de 2003
e assinada pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva em abril, sofrendo posterior votação no
congresso e sendo aprovada.
41
3. METODOLOGIA
Este estudo visou analisar fatos da administração de um clube tradicional e de um
clube emergente do futebol brasileiro.
Foi feito um paralelo de caráter comparativo entre as duas administrações, observando
atos e atitudes dos dirigentes para verificar se houve alguma relação entre elas ou se diferem
totalmente e, se houve influência no desempenho do específico time. Foram analisadas
reportagens publicadas em jornais, revistas ou Internet, debates esportivos e mesas redondas
além de publicações relacionadas à administração dos respectivos clubes e ao processo de
transformação dos clubes em clubes-empresa, que permitiu a análise proposta nesta pesquisa.
3.1 SELEÇÃO DOS SUJEITOS
O objeto de estudo desta pesquisa foram os clubes Vasco da Gama, uma das forças do
futebol brasileiro com seu modelo administrativo passional, autoritário e considerado
polêmico por muitos, e o São Caetano, um clube emergente que começa a ganhar seu espaço
no futebol brasileiro fruto de um projeto pré-estabelecido por sua administração.
Os clubes foram escolhidos aleatoriamente por apresentar boa representatividade
dentro do futebol brasileiro durante o período proposto pelo estudo.
3.2 INSTRUMENTOS DO ESTUDO
Constitui-se de análises de reportagens em jornais, revistas ou Internet pertinentes a
cada time em relação à administração, resultados da equipe em campo procurando estabelecer
um paralelo que possibilitasse um estudo dentro do que foi proposto na pesquisa.
42
3.3 COLETA DE INFORMAÇÕES
A coleta de informações foi realizada durante o ano de 2002 pelo autor, através da
leitura de notícias que eram consideradas pertinentes ao conteúdo e que seriam úteis para a
realização do estudo sobre a administração brasileira dos clubes brasileiros.
43
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO CRÍTICA DOS FATOS
Nesta parte serão apresentadas ponderações críticas, fruto de uma análise
qualitativa dos artigos publicados relacionados ao tema, verificando a influência dos atos e
atitudes dos dirigentes no desempenho do time durante o período de 1997-2002 e, por
conseqüente, se houver mudança na estrutura administrativa do clube se essa transição será
tranqüila ou o clube terá que reconsiderar o modelo administrativo atual e adaptá-lo.
Esta parte foi dividida em três sessões, aonde a primeira será relacionada aos
resultados apresentados pelos clubes nas competições no período de 1997-2002, a segunda
será relacionada com a estrutura administrativa e a terceira com a transição proposta pela nova
MP
4.1 RESULTADOS APRESENTADOS PELOS CLUBES
Clube de Regatas Vasco da Gama
Campeonato Posição
Rio São Paulo – 1997 6º
Carioca 1997 2º
Copa do Brasil – 1997 12º
Seletivo Supercopa - 1997 1º
Supercopa – 1997 6º
Brasileiro – 1997 1º
Rio São Paulo – 1998 5º
Taça Libertadores - 1998 1º
Copa do Brasil – 1998 3º
Carioca – 1998 1º
Brasileiro – 1998 10º
Mundial Interclubes - 1998 2º
Mercosul – 1998 9º
Interamericana – 1998 2º
Rio São Paulo - 1999 1º
Copa do Brasil – 1999 9º
Carioca – 1999 2º
Taça Libertadores – 1999 9º
Ramón de Carranza - 1999 4º
Mercosul – 1999 10º
Brasileiro – 1999 6º
Seletiva Libertadores - 1999 5º
44
Mundial Clubes Fifa - 2000 2º
Rio São Paulo – 2000 2º
Carioca – 2000 2º
Copa do Brasil – 2000 9º
Brasileiro – 2000 1º
Mercosul – 2000 1º
Rio São Paulo – 2001 6º
Carioca – 2001 2º
Taça Libertadores – 2001 5º
Brasileiro – 2001 11º
Mercosul – 2001 11º
Rio São Paulo – 2002 6º
Carioca – 2002 5º
Copa do Brasil – 2002 5º
Copa dos Campeões - 2002 8º
Brasileiro – 2002 15º
Associação Desportiva São Caetano
Campeonato Posição
Paulista Série A3 - 1997 4º
Paulista Série A3 - 1998 1º
Brasileiro Série C - 1998 2º
Paulista Série A2 - 1999 2º
Brasileiro Série B - 1999 3º
Paulista Série A2 – 2000 1º
Brasileiro Série B - 2000 2º
Brasileiro Série A - 2000 2º
Paulista Série A1 – 2001 5º
Taça Libertadores – 2001 10º
Brasileiro Série A – 2001 2º
Rio – São Paulo - 2002 4º
Copa dos Campeões – 2002 7º
Taça Libertadores – 2002 2º
Brasileiro – 2002 6º
Dentro dos resultados apresentados acima nota-se situações distintas entre o Vasco e o
São Caetano.
Durante o período de 1997-2000 o Vasco, impulsionado pela parceria com o Nations
Bank, apresentou resultados mais consistentes conseguindo vários títulos e sempre chegando
entre os melhores dos campeonatos que disputou. Apresentou uma equipe mais competitiva
formada por jogadores de melhor nível técnico e, apresentava uma marca forte, o que
despertou o investimento de vários parceiros. Com os investimentos necessários e um
planejamento estratégico que previa teto salarial condizente com situação do clube e prêmios
45
para vitórias e conquistas, a equipe alcançou o título da Taça Libertadores, maior conquista da
história do clube, e chegou a disputar o Mundial de Clubes no Japão em dezembro de 1998,
sendo derrotado pela superioridade técnica do Real Madrid da Espanha.
Mas a partir de 2000, apesar de alcançar seus dois últimos títulos neste ano, o Vasco
começou a apresentar problemas extra-campo que começaram a prejudicar a equipe. O
primeiro problema foi o aumento excessivo do teto salarial, com a contratação de jogadores
caros para formar uma equipe imbatível em campo. Tal investimento deu errado, o time não
ganhou os títulos e com isso não teve o retorno esperado o que começou a abalar as finanças
do clube. Outro problema detectado foi a fogueira de vaidades entre alguns jogadores, fruto de
regalias dadas pelos dirigentes a alguns jogadores, o que acabou rachando o elenco e fazendo
com que o desempenho do clube fosse prejudicado.
O período entre 2000-2002 mostrou-se turbulento para o Vasco da Gama. Imbróglios
judiciais, atraso de salários, perda de parceria e patrocínios, diminuição de receita, saída de
jogadores importantes, diminuição de torcida em seus jogos, dirigentes denunciados em CPI’s,
times formados por jogadores medianos acabaram fazendo com que o Vasco se tornasse uma
equipe mediana que apresentou campanhas sem brilho nos campeonatos que disputou. A
equipe ainda se tornou um investimento de risco, apontado por vários jornalistas e membros
do próprio, por ações polêmicas e às vezes até por inação de seus dirigentes o que acabou
arranhando um pouco o prestígio do clube.
Já o São Caetano em 1997 não conseguiu a promoção à Série A2 do campeonato
Paulista, ficando assim inativo até o ano subseqüente.
Entre 1998-2000 o que se viu, no entanto, foi uma ascensão do São Caetano pelas
divisões de acesso tanto no campeonato paulista quanto no brasileiro tendo seu ponto de maior
destaque o vice-campeonato brasileiro em 2000. Tal ascensão se deveu à montagem de
equipes competitivas e dentro de um planejamento estratégico prontamente pré-estabelecido
conhecido como “São Caetano 2000”. Fruto da parceria com a prefeitura de São Caetano do
Sul, o clube dispunha da estrutura necessária para obter os resultados almejados, além de uma
política financeira que só permitia ao clube gastar o que arrecadava.
Em 2001, após um planejamento mal realizado o clube teve desempenhos pífios na
Taça Libertadores e no Campeonato Paulista mas recuperou-se no Campeonato Brasileiro
46
após reforçar o time e pré-estabelecer um planejamento com pré-temporada além de ter sua
estrutura reformada o que permitiu o clube a usar seu próprio estádio nos jogos o que lhe dava
retorno financeiro esperado e ajudava o clube em suas finanças.
Em 2002 com sua estrutura administrativa consolidada como modelo, sendo inclusive
copiada por alguns clubes de menor expressão no Brasil, o São Caetano atingiu o ápice
máximo de seus resultados com o vice-campeonato da Taça Libertadores, consolidando-se
como força do futebol brasileiro.
4.2 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DOS CLUBES
A diferença de estrutura dos clubes observada neste estudo revela a atual situação que
os clubes apresentam.
O Vasco apresentou, no período proposto pelo estudo, uma estrutura administrativa
passional e amadora aonde os dirigentes extasiados com o dinheiro da parceria não se
preocuparam muito em como administrá-lo, mas sim em gastá-lo.
Entre 1997-1999, o clube ainda manteve suas finanças sob controle e conseguiu
reforçar seu elenco e torná-lo milionário, fruto dos investimentos feitos como contratações de
jogadores, renovações de salários entre outros apresentados neste projeto, apesar de seus
dirigentes cometerem alguns atos polêmicos como dispensarem jogadores às vésperas das
finais do Carioca, barrar jogadores por declarações públicas contra eles entre outras.
O Vasco, neste período, apresentava uma certa preocupação com a situação financeira
do clube, já que possuía teto salarial estipulado e premiações para os jogadores em caso de
conquistas ou vitórias. Mas o dinheiro que era gasto aqui não era o que era arrecadado e sim o
dinheiro que vinha da parceria pela exploração da marca Vasco da Gama.
Em 2000, o amadorismo dos dirigentes vascaínos tornou-se gritante. Querendo fazer
com que seu vice fosse eleito, o presidente vascaíno extrapolou as finanças com contratações
de jogadores caros, mas o time não deu o retorno esperado e com isso o clube começou a
balançar financeiramente. Com o fim da parceria no mesmo ano, o clube não conseguiu
cumprir seus compromissos financeiros com seus jogadores. Com atitudes polêmicas, como
47
no caso da queda do alambrado de São Januário durante a 2ª partida da Copa João Havelange,
a imagem do clube começou a ficar arranhada.
Em 2001-2002 a situação administrativa do clube tornou-se ainda mais caótica com as
indiciações dos dirigentes vascaínos em CPI’s, brigas judiciais contra a TV Globo, processos
judiciais movidos por jogadores contra o Clube, além de várias ações cíveis movidas contra os
dirigentes por membros do próprio clube tornando o clube desacreditado frente ao mercado de
investimentos nacional e internacional, tanto é que o clube não arranjou mais parceiros ou
patrocínios restringindo assim suas fontes de receita às cotas de transmissão de TV, que
mesmo assim tornaram-se menores devido ao processo movido pelo clube contra a TV Globo.
Esse período afetou tanto a estrutura do clube que colocou o clube com uma dívida
estimada de R$ 50 milhões, sendo que este valor pode ser maior fruto de processos contra o
clube que ainda estão em andamento. Um outro exemplo de como o clube foi afetado é em
relação à média de público apresentado no Campeonato Brasileiro. Em 2000, o clube foi a
terceira melhor média de público com 16905 torcedores por jogo. Já em 2002, esse número
caiu para menos de 7000 pois o clube, em hora nenhuma, apresentou um time competitivo e
nem conseguiu se manter entre os primeiros acontecendo totalmente o contrário, um time
mediano brigando para não ser rebaixado á segunda divisão.
Já o São Caetano apresentou neste período uma administração mais profissional, aonde
o que era gasto era o que clube arrecadava e não mais que isso.
Entre 1997-1999 o São Caetano apresentou uma equipe competitiva e bem estruturada
administrativamente que conseguiu alcançar os objetivos propostos em seu projeto que visava
a ascensão do clube até o ano 2000.
Em 2000, com o vice-campeonato brasileiro o São Caetano conseguia alcançar a etapa
maior do projeto estipulado por seus dirigentes, que era de colocar o clube no cenário nacional.
Em 2001-2002 colhendo frutos de suas boas campanhas, o São Caetano viu suas
receitas aumentarem, fazendo com que o clube conseguisse melhores contratos de patrocínio,
publicidades, reformasse seu estádio adequando-o ás normas impostas pela CBF, contratou
jogadores mais baratos mas do mesmo nível dos que deixaram o clube mantendo a força do
clube, ingressou o mercado internacional com a venda de jogadores para o exterior além das
boas participações na Taça Libertadores, além de trazer jogadores que atuavam no exterior.
48
Com uma administração mais profissional o clube conseguiu se firmar como força do
futebol brasileiro e, ainda teve seu modelo administrativo copiado por vários clubes de menor
expressão do futebol brasileiro, completando assim o projeto proposto no início de 1997. É
certo que o clube tem uma ajuda da prefeitura de São Caetano do Sul, mas não há a
interferência dela na administração do clube, apenas a ajuda estrutural para o clube.
Neste caso nota-se que os dirigentes influenciaram o clube positivamente, seguindo
todo um planejamento que ajudou o São Caetano a atingir seus objetivos.
4.3 TRANSIÇÃO DOS CLUBES À REALIDADE PROPOSTA PELA NOVA MP
Em um clube empresa torna-se obrigatório a apresentação dos balanços financeiros
anuais. De acordo com a MP 39 apresentada pelo governo, se não houver responsabilidade nas
aplicações das receitas e despesas, os dirigentes podem ser punidos. Ainda serão processados
aqueles clubes empresas que não recolherem os tributos e que não estiverem em dia com a
Receita Federal e, somente os clubes que estejam com sua situação regularizada terão
benefícios fiscais, empréstimos e financiamentos do governo.
O clube ainda deve ser rentável, ter uma marca forte para atrair novos investidores e,
ter um planejamento com objetivos pré-estabelecidos deixando de lado o imediatismo de
resultados, fato comum no futebol brasileiro. Além disso o clube deve apresentar uma
administração profissional e gestora ao invés de uma administração passional e amadora. O
clube também deve apresentar várias formas de receitas para gerir seus próprios recursos.
Possuindo tudo isso o clube estará encaminhando para o sucesso administrativo, já que terá
recursos necessários para uma gestão tranqüila. Caso o clube não se adapte a essas normas ele
estará fadado ao fracasso administrativo, correndo o risco de ter dívidas astronômicas, marca
fraca e pouco rentável e até mesmo de falir.
Em relação a área administrativa pode-se afirmar que o São Caetano nasceu de um
projeto arrojado e moderno baseado na administração voltada para objetivos pré-estabelecidos
que não é mais promessa e sim uma realidade pronta para alçar vôos ainda maiores e que tem
uma estrutura necessária para uma transição tranqüila para se tornar um clube empresa.
49
O Vasco hoje é um clube que depende quase que exclusivamente do direito de
transmissão de seus jogos para obter receitas já que suas médias de público são pífias, não
apresenta parceiros, patrocinador ou qualquer investidor. Algumas ações e inações de seus
dirigentes também contribuíram para tornar o clube desacreditado para o mercado investidor
brasileiro. Para realizar a transição proposta pela Medida Provisória, transformar-se em clube
empresa, o clube terá que adotar uma política administrativa mais profissional e menos
passional, para conseguir novamente recuperar a credibilidade que possuía.
50
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, que teve como objetivo principal fazer uma análise da
administração do futebol brasileiro para ver se os clubes conseguirão se adaptar à nova
realidade proposta pela MP do congresso permite observar o seguinte quadro sobre o tema
proposto.
Os clubes considerados “grandes” do futebol brasileiro, neste estudo representado pelo
Clube de Regatas Vasco da Gama, que possuem uma administração passional e amadora terão
que reciclar sua estrutura administrativa se quiser sobreviver à nova realidade do futebol
brasileiro.
Endividados, com formas de arrecadação de receitas reduzidas e escassas, sem times
competitivos esses times se não mudarem logo terão um futuro negro à frente aonde podem,
inclusive, não conseguirem se recuperar e correndo o risco de acabarem ou falirem.
O que a maioria dos clubes considerados “grandes” tem em comum é uma parceria fracassada,
exemplos do Vasco com a Nations Bank, Grêmio e Flamengo com a ISL, Corinthians com a
Hicks Muse, aonde os dirigentes extasiados com os milhões de dólares vindos dessas parcerias
não se preocuparam em fazer um projeto ou planejamento para o futuro do clube e, se durante
a parceria esses times tinham times recheados de jogadores caros, quando a parceria acabou o
que se viu foi a debandada desses jogadores seja por atraso de salários, por propostas
consideradas irrecusáveis e os clubes formando times medianos ou fracos, fruto do mau
planejamento administrativo de seus dirigentes. Hoje, apresentam como maior fonte de renda,
senão a única, os direitos de transmissões de seus jogos pagos pelas emissoras de TV.
Alguns dirigentes de clubes “grandes” ainda acham que a transformação dos clubes em
empresa, com a apresentação de balancetes financeiros, um campeonato nacional de nove
meses nos moldes europeus será o fim para o futebol brasileiro. Mas eles só dizem isso por
receio ás punições impostas pelo governo caso o clube não torne suas contas transparentes, já
que não poderão mais manipular as receitas do clube como quiserem. Ao invés disso querem
que o governo crie um modo de perdoar suas altas dívidas para que tudo continue como está,
51
mas, esquecem que o clube empresa terá benefícios do governo, desde que sua situação esteja
regularizada.
Os clubes considerados “emergentes” por sua vez, aqui representados pela Associação
Desportiva São Caetano, apresentam uma administração mais profissional com objetivos pré-
estabelecidos dentro de um projeto administrativo bem planejado.
Esses clubes não apresentaram parcerias que lhes deu dinheiro. Eles apresentam mais
formas de receitas como vendas de carnê, promoções entre outras formas. Além de apresentar
times competitivos e assim estarem sempre com seus estádios cheios o que já aumenta sua
receita. Uma outra forma encontrada por esses clubes para conseguir dinheiro, mesmo que não
seja a melhor, é a formação e a venda de jogadores criados em suas categorias de base para o
exterior. Um jogador é formado a custo mínimo de reais e vendido para o exterior pouco
tempo depois por milhões de dólares. Essa preocupação com as categorias de base é pouco
observada nos clubes de ponta já que, mesmo sem dinheiro, eles preferem contar com
jogadores de nome mesmo que estejam em decadência.
Para comprovar o sucesso dos clubes “emergentes” vale lembrar que os dois últimos
campeões brasileiros são o Atlético Paranaense e o Santos, que mesmo que seja considerado
como clube “grande” foi campeão com um time formado por meninos oriundos de suas
categorias de base, e clubes como Juventude, Vitória, Coritiba e próprio São Caetano vêm
figurando cada vez mais entre os melhores do Brasil. Há ainda outros times como o
Brasiliense, de Brasília, e o Marília, de São Paulo, que vem em uma ascensão rápida dentro do
futebol brasileiro. O Brasiliense, inclusive, chegou à final da Copa do Brasil contra o
Corinthians, depois de eliminar clubes como o Fluminense e o Atlético Mineiro.
Esses clubes “emergentes” por já apresentarem uma administrativa mais profissional e
menos passional terão uma transição tranqüila para a nova realidade proposta pela MP do
congresso e, assim, poderão estar dando passos largos para se transformarem em forças do
futebol brasileiro dentro de poucos anos.
Por fim, acredita-se que a importância dessa pesquisa foi proporcionar conhecimentos
sobre a realidade da estrutura administrativa dos clubes do futebol brasileiro tomando como
exemplo dois clubes e como será a transição para se tornarem clube-empresa conforme
determina a Medida Provisória do congresso.
52
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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. “Pequena Campeã”, Lancepress, Jornal O Lance!, 19/01/01, p.16
. “Senadores em guerra com Eurico”; Lancepress, www.lancenet.com.br; 04/12/2001
. “Transparência, só com clube-empresa”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 22/03/2003
. “Um ataque para conquistar o mundo”, Agência, Revista do Vasco, Janeiro – 2000, p. 8
54
. “Uma tribuna histórica”, Agência, Revista do Vasco, Fevereiro – 2000, p. 16
. “Vascaínos tumultuam a CPI”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 04/12/2001
. “Vasco da Gama: O Time de São Januário busca o título mundial para calar a boca do rival”,
Lancepress, Jornal O Lance! Guia Primeiro Mundial de Clubes da FIFA, 05/01/2000 p.8 e 9
. “Vasco faz grande acordo e recupera sua marca”, Agência Vasco da Gama,
www.crvascodagama.com, 16/03/2002
. “Vasco fecha parceria com banco americano”, Lancepress, Jornal O Lance!, 08/04/1998, p.8
. “Vasco Licenciamentos: O melhor dos Casamentos”, Agência, Revista do Vasco, Janeiro –
2000, p. 40
. “Vasco-Barra agrada”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 02/01/2003
. “Voto Vinculado” Agência, Revista Placar, Setembro – 1998 p.34
. BARRETO, M. “Deputado quer cassar Eurico”, Jornal O Lance!, n 1174, 19/01/01, p.8
. BARRETO, M. “Patrocínio à Revelia”, Jornal O Lance!, nº 1174 19/01/01, p.8
. BARRETO, M. “Provocação Pela TV” Jornal O Lance!, nº 1174 19/01/01, p.8
. CALDAS, L. “Vasco: Antônio Lopes V, a Missão”, Guia Brasileirão Placar 2002, nº 1233
agosto - 02, p.108
. CARMONA, L. “Mundial Interclubes: De Cabeça Erguida”, Revista do Vasco, Fevereiro –
2000, p. 8
. COELHO, P.V “Pizza para Todos”, Revista Placar, nº 1129 julho – 1997, p. 36
. CUNHA, A. “Edmundo: Quero ser o melhor jogador do mundo”, Jornal O Globo Esportes,
22/12/1997 p.3
. D’ANGELO, D.A. “O Futebol Empresa” 2002
. DAFLON, R. “A Conquista do Novo Mundo” Revista Placar, nº 1143 setembro – 1998, p.
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. DAFLON, R. “Dossiê: Tudo o que você sempre quis saber sobre Eurico Miranda (Mas não
tinha coragem de perguntar a ele com medo de levar uma porrada), Revista Placar, nº 1134
dezembro – 1997, p. 76
55
. FONTENELLE, A. e XAVIER FILHO, S. “Miragem Azul”, Revista Placar, nº 1171
janeiro – 2001, p. 56
. FONTENELLE, A. e XAVIER FILHO, S. “O Estrago do São Caê no Mercado Financeiro”,
Revista Placar, nº 1171 janeiro – 2001, p. 57
. GARCIA, S. “Edmundo: Craque sob Pressão”, Revista Placar, nº 1133 novembro – 1997, p.
41
. GARCIA, S. “O Bacalhau Arrombou a Festa”, Revista Placar, nº 1135 janeiro – 1998, p. 63
. GARCIA, S. “Rio de Lágrimas”, Placar nº 1122, dezembro - 1996, p.54
. GOMIDE, F. “Trabalho Sério dá Resultado”, World Sports Magazine, 2001
. LEITE, A. “Falamos com ... Eurico Miranda”, Jornal O Lance!, 03/12/02, p.13
. MELO NETO, F. P., Marketing Esportivo, Record; 1995
. MELO NETO, F.P., Administração e Marketing de clubes esportivos: A base para a criação
do clube empresa; Sprint; 1998
. MONTEIRO, E. “Vasco: Basta de Fracasso”, Guia Brasileirão 2000 Placar, nº 1165 julho –
2000, p. 98
. MONTEIRO, E. “Vasco: Na Briga pelo Bi”, Guia Brasileirão 2001 Placar, nº 1189 julho -
01, p.112
. ORRO, F. “Dever Cumprido”, Jornal O Lance!, nº 1174 19/01/01, p.9
. ORRO, F. “Jair: Vice não é prêmio”, Jornal O Lance!, nº 1174 19/01/01, p.10
. OTTONI, A. e RODRIGUES, J.L. “Cheguei! – Operação Animal”, Revista Placar, nº 1150
abril – 1999, p. 39
. PALATTA, R “São Caetano: Cadê o fogo de palha? ”, Guia Brasileirão 2002, agosto - 02,
p.100
. PIZUTTO, R. “São Caetano: Pela Porta da Frente” , Guia Brasileirão 2001 Placar, nº 1189
Julho - 01, p.100
. RIBEIRO, A “Bate Bola: Jair Picerni, Revista Placar, 29/10/2001 p.84
. RIBEIRO, A. “A Casa Caiu”, Revista Placar, nº 1171 janeiro – 2001, p. 53
56
. RIZEK, A. “O Azulão é o modelo para Etti Jundiaí, CFZ, Malutrom e tantos outros times
novos”, Revista Placar, 21/12/2001 p.23
. RIZEK, A., “Um giro nas arquibancadas do Anacleto Campanella revela uma torcida alegre
na vitória e indiferente na derrota”, Revista Placar, 14.12.2001 p.44
. ROMANO, L. “Vasco: Um ano para mudar”, Guia Placar 2002, nº 1216 março - 2002 p. 19
. ROMANO, L., “S.O.S: Salvem o Vasco”, Revista Placar, 09/11/01, p. 23
. UNZELTE, C. “Mundial Interclubes: Duelo para a História”, Revista Placar, nº 1145
novembro – 1998, p. 59
. XAVIER Filho, S. “TV Esporte: Você Decide”, Revista Placar, nº 1133 novembro – 1997, p.
118

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ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002

  • 1. Renato Lopes Moreira ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002 VIÇOSA – MG NOVEMBRO – 2003
  • 2. 2 SUMÁRIO Página RESUMO................................................................................................................. v 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01 1.1 – JUSTIFICATIVA..................................................................................... 04 1.2 – OBJETIVOS............................................................................................. 05 2 – REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 06 2.1 – A ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA SÃO CAETANO................................. 06 2.1.1 – HISTÓRICO.......................................................................................... 06 2.1.2 – FATOS ADMINISTRATIVOS............................................................. 07 2.2 – O CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA..................................... 13 2.1.2 – HISTÓRICO.......................................................................................... 13 2.2.2 – FATOS ADMINISTRATIVOS............................................................. 13 2.3 – AS MEDIDAS PROVISÓRIAS E A NOVA REALIDADE PARA O FUTEBOL BRASILEIRO........................................................................ 29 3 – METODOLOGIA.............................................................................................. 32 4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO CRÍTICA DOS FATOS........................................ 34 4.1 – RESULTADOS APRESENTADOS PELOS CLUBES........................... 34 4.2 – ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DOS CLUBES.............................. 37 4.3 – TRANSIÇÃO DOS CLUBES À REALIDADE PROPOSTA PELA MEDIDA PROVISÓRIA.......................................................................... 39 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 41 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 44
  • 3. 3 Renato Lopes Moreira ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002 Monografia apresentada à Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Educação Física, como requisito para Aprovação na disciplina EFI – 497 Seminário de Monografia APROVAÇÃO: ___/___/____ ___________________________ __________________________ Prof. Adílson Osés Prof. Newton Sanches Milani Prof. Avaliador Prof. Avaliador _________________________ Prof. Paulo Lanes Lobato Prof. Orientador
  • 4. 4 Renato Lopes Moreira ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002 VIÇOSA – MG NOVEMBRO – 2003
  • 5. 5 RESUMO A realização do presente estudo teve como objetivo realizar um estudo da estrutura administrativa do futebol brasileiro para saber como será a transição dos clubes brasileiros proposta pela Medida Provisória (MP) do congresso, que propõe a transformação dos clubes em clube-empresa, com apresentação de balancetes anuais de suas receitas para terem benefícios fiscais, empréstimos e financiamentos do governo, caso contrário os dirigentes poderão ser punidos. Os sujeitos do estudo foram o Clube de Regatas Vasco da Gama, um clube considerado “grande” do futebol brasileiro, e a Associação Desportiva São Caetano, um clube considerado “emergente”. O instrumento de estudo foi uma análise de fatos administrativos relacionados aos dois clubes no período entre 1997-2002 onde procurou observar se houve alguma influência nos resultados dos times dentro dos campeonatos e em sua estrutura e como será a transição do clube para transformar-se em clube empresa.Através dessa análise chegou-se a consideração de que os clubes “grandes” que apresentam uma estrutura administrativa passional e amadora têm que modificar sua estrutura se quiser tornar- se clubes empresas e desfrutar dos benefícios oferecidos pelo governo e os clubes “emergentes” que já têm uma administração mais profissional se adaptarão melhor à transformação em clube-empresa.
  • 6. 6 Renato Lopes Moreira ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO FUTEBOL BRASILEIRO ESTUDO DE CASO: A INFLUÊNCIA DAS ADMINISTRAÇÕES NOS RESULTADOS DOS CLUBES VASCO DA GAMA E SÃO CAETANO ENTRE 1997 – 2002 Monografia apresentada à Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Educação Física, como requisito para aprovação na disciplina EFI – 497 Seminário de Monografia . VIÇOSA – MG NOVEMBRO – 2003
  • 7. 7 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por cada dia de vida que tive desde a hora em que nasci, a minha família e amigos, a meus professores e colegas, desde o maternal até a universidade, pelos conselhos, aulas, convívios, conversas, brincadeiras, brigas, discussões e qualquer outro tipo de relacionamento que me ajudaram a crescer e me tornar o que sou hoje.
  • 8. 8 Dedico esta monografia à Rogério Moreira Campos e Melide Paoli Lopes Moreira, meus pais, pela educação que me deram e por serem meus exemplos de vida para todo o sempre.
  • 9. 9
  • 10. 10 1. INTRODUÇÃO O futebol no Brasil, há anos, deixou de ser somente um esporte qualquer e tem- se tornado cada vez mais parte da nossa cultura com milhões de adeptos e torcedores. Não é difícil achar campos de várzea ou até mesmo improvisados em ruas ou terrenos baldios, crianças com camisas de seus ídolos, discussões em bares ou esquinas temperadas pela paixão clubista que move o povo brasileiro. Se isso tudo já era visto naturalmente, após a conquista do Pentacampeonato pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002 serviu para impulsionar ainda mais este sentimento de euforia e afirmação do futebol brasileiro como o melhor do mundo dentro das “quatro” linhas. Fora das “quatro” linhas não é bem o que se tem visto. Atualmente o futebol brasileiro vem atravessando uma séria crise financeira. Os altos investimentos feitos por algumas multinacionais não trouxeram o resultado esperado, provocando uma retração financeira do mercado brasileiro. Isso tudo leva a uma reflexão sobre como os clubes são administrados, o que pode ser melhorado, se o modelo administrativo atual é o ideal ou se deve haver uma modernização administrativa do futebol brasileiro. A administração esportiva do futebol brasileiro torna-se assunto discutível por alguns acontecimentos nos últimos anos como Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI’s), denúncia contra dirigentes e técnicos, guerra de liminares, viradas de mesa, campeonatos estaduais deficitários, problemas salariais, mídia, calendário e arbitragens suspeitas. Esse é o retrato do futebol brasileiro. Um futebol que chegou a ter várias multinacionais, Parmalat, Hicks Muse, ISL, Nations Bank entre outras, atuando em parceria com clubes mas que, por causa da ação de dirigentes que viam a parceria como mais uma mina a ser explorada, acabaram deixando o mercado brasileiro conseqüência do modelo de administração esportiva brasileira que ainda é amadora e passional aonde os dirigentes, desde os de grandes clubes até os pequenos, ainda não entenderam que o futebol se tornou um grande negócio, necessitando
  • 11. 11 de melhor planejamento estratégico, e como produto, se oferecido com qualidade, pode dar um excelente retorno. Um projeto desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas, sob encomenda da CBF em 2001, resultou em um diagnóstico para o futebol brasileiro e as seguintes recomendações para a modernização: - Transparência e ética - Modernização organizacional - Mudanças na legislação - Melhoria na infraestrutura (estádios, transporte, segurança) - Profissionalização e qualificação de dirigente - Ranking nacional de clubes - Racionalização do calendário Diante desse quadro verificou-se a necessidade de mudança no perfil da atividade administrativa esportiva brasileira. Porém a tentativa de transformar os clubes brasileiros em empresas, como aconteceu na Europa, por meio de leis, as Leis Zico (Lei 8.672) e Pelé (Lei 9.615) e a mais recente a MP, encontram sérias dificuldades pois os dirigentes tentam manter a situação atual aonde podem gerir/manipular os recursos com o mínimo de responsabilidade, o que não será aceito em um clube empresa. (D’ANGELO, 2002) Um clube ao se transformar em empresa deve ter um planejamento estratégico a curto, médio e longo prazo aonde torna-se necessário o controle e a avaliação do clube na parte das finanças, marketing e recursos humanos, além de uma administração mais profissional. Também deixa de lado o imediatismo de resultados, tão cobrado atualmente. Quando um clube se transforma em empresa torna-se obrigatório a apresentação dos balanços financeiros anuais para que ele possa ter benefícios fiscais, empréstimos e financiamentos do governo. De acordo com a Medida Provisória 39 apresentada pelo governo, se não houver responsabilidade nas aplicações das receitas e despesas, os dirigentes podem ser punidos. Ainda serão processados aqueles clubes empresas que não recolherem os tributos e que não estiverem em dia com a Receita Federal. Porém, ao invés de se adaptarem à essa medida os dirigentes
  • 12. 12 querem que o governo crie um mecanismo de ajuda aos clubes. No Brasil já há alguns clubes empresas caso do União São João, desde 1994, do Vitória, desde 1997 e do Bahia, desde 1998. Hoje em dia, o gerador de receitas para o futebol brasileiro é o direito de transmissão de seus jogos, ficando os clubes presos à TV Globo, que é vista pelos próprios clubes como parceira. Outra fonte de receita é a venda de jogadores para o exterior. Após a conquista do penta mais de 700 jogadores deixaram o país para jogar em outros países, principalmente México, Rússia e Ásia. Mas por que deixar o Brasil para atuar em países de menor representação esportiva mundial? É que, apesar de apresentar os mesmos problemas financeiros que o Brasil, esses países tem o futebol administrado profissionalmente. Um exemplo a ser considerado é o Barcelona, da Espanha. Ele apresenta pelo menos 10 diferentes fontes de receitas, sendo que apenas 30% são provenientes da transmissão de jogos, enquanto 70% vêem de bilheterias, sócios, patrocínios, publicidade entre outros. O Barcelona não apresenta patrocínio em sua camisa há décadas e consegue ser um dos clubes mais ricos do mundo. Só para efeito comparativo, conforme publicado na Revista Sports Magazine na sua edição de número 3, com o modelo administrativo de clube empresa, o Manchester United da Inglaterra, com 17 milhões de torcedores espalhados pelo mundo, lucrou U$ 184 milhões de dólares em 2000, enquanto o Flamengo, com o modelo administrativo passional e amador brasileiro, com 25,6 milhões de torcedores espalhados somente no Brasil apresentou uma dívida de R$ 200 milhões de reais no mesmo ano. Olhando pelo lado financeiro e administrativo, o futebol europeu é melhor que o brasileiro, que apresenta maior potencialidade que o europeu mais que não é explorada da maneira correta. A transformação dos clubes em empresas não é solução única. Em Portugal, os clubes foram obrigados a se tornarem S/A’s e o Benfica, por exemplo, tornou-se inexpressivo e luta contra suas dívidas. Na Itália, enquanto Napoli e Sampdoria lutam contra a falência o Juventus, por exemplo, continua poderoso e rico. Na Inglaterra, aonde os exemplos são mais empolgantes, os clubes lançaram ações na bolsa de valores devido ao sucesso de sua estrutura. A transformação dos clubes brasileiros em empresa deve ser acompanhada de várias outras iniciativas, principalmente relacionados à modernização das gestões e moralização do futebol. Para um melhor estudo da administração esportiva brasileira, foram escolhidos dois clubes de futebol com modelos administrativos diferentes. O primeiro foi o Clube de Regatas
  • 13. 13 Vasco da Gama, 4 vezes campeão brasileiro, que é conhecido por ter uma administração autoritária e polêmica pelos atos de seus dirigentes e o outro foi a Associação Desportiva São Caetano, um clube considerado de menor porte, mas com uma administração muito elogiada. 1.1 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO: A administração esportiva do futebol brasileiro é um tema atual e tem sido bastante discutida, principalmente após grandes clubes mal administrados vem apresentando desempenho ruim nos últimos anos. Enquanto isso, times de menor expressão ou considerados “pequenos” vem se firmando cada vez mais como forças do futebol brasileiro e mundial, tudo isso fruto de uma administração competente e responsável. Pesa também a favor deste estudo a mudança proposta no final do ano passado pelo Congresso, com a aprovação da Medida Provisória 39 que visa regularizar a situação dos clubes brasileiros adequando-os a uma administração mais profissional. A mudança de calendário também colabora para isso, pois agora com o Campeonato Brasileiro de 9 meses acabam-se os “times de semestre” e os clubes serão obrigados a fazer um melhor planejamento, pois a arrecadação dependerá mais do que nunca do público nos estádios. Este estudo torna-se discutível para ver se o modelo atual administrativo utilizado pelos clubes, sejam eles “grandes” ou “pequenos”, servirá para adaptar-se ao novo modelo proposto ou se terá que haver mudanças.
  • 14. 14 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO: 1.2.1 OBJETIVO GERAL Este estudo visa analisar a administração do futebol brasileiro a partir de um estudo de dois casos distintos: O “poderoso” Vasco da Gama, cheio de títulos, que possui uma administração considerada autoritária e polêmica por suas atitudes e o “emergente” São Caetano, nova força do futebol brasileiro, cuja administração é vista como modelo e que vem servindo de exemplo para outros clubes do Brasil. 1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO a. Verificar como os clubes brasileiros são administrados atualmente b. Relatar acontecimentos administrativos ocorridos nos clubes no período de 1997- 2002 c. Diagnosticar possíveis problemas administrativos existentes nestes clubes no período referido acima d. Verificar se a adaptação do clube para se tornar clube-empresa será tranqüila ou se o clube terá que passar por uma mudança administrativa para alcançar tal objetivo
  • 15. 15 2. REVISÃO DE LITERATURA Neste capítulo, foi examinada a administração dos clubes Vasco e São Caetano julgada relevante para a elaboração do presente estudo. O capítulo está dividido em três partes. A primeira referiu-se à Associação Desportiva São Caetano, aonde foi mencionado um breve histórico com o relato de fatos administrativos pertinentes ao clube. A segunda referiu-se ao Clube de Regatas Vasco da Gama, sendo feita nos mesmos moldes da primeira parte. A terceira parte referiu-se à MP 39, proposta pelo governo aonde foram feitas considerações sobre a mesma. 2.1 – A ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SÃO CAETANO 2.1.1 HISTÓRICO A Associação Desportiva São Caetano foi fundada em 04 de dezembro de 1989 após uma fusão do SAAD Esporte Clube com a Sociedade Esportiva e Recreativa Jabaquara. Após uma rápida ascensão às divisões paulistas o clube passou por um período de ostracismo, mas recuperou-se depois. Apareceu para o Brasil em 2000, quando disputou a final da Copa João Havelange contra o Vasco, apresentando um futebol considerado ofensivo e alegre e um time com um conjunto muito forte, mas sem estrelas. Em 2001, começou a se firmar como força do futebol brasileiro ao disputar sua segunda final de Campeonato Brasileiro consecutiva, desta vez contra o Atlético Paranaense. Em 2002, veio a afirmação novamente com uma boa campanha no Campeonato Brasileiro e, principalmente, com o vice-campeonato da Taça Libertadores da América.
  • 16. 16 2.1.2 FATOS ADMINISTRATIVOS O jornalista GOMIDE (2001) publicou na revista Sports Magazine, em sua segunda edição em 2001, que foi em 1997 com a volta de Luís Olinto Tortorello à prefeitura de São Caetano do Sul que o clube passasse por um processo de reestruturação total visando a disputa da série A-3. A administração do clube, nas mãos de Nairo de Souza, seria voltada para o cumprimento de objetivos estabelecidos juntamente com a política esportiva desenvolvida pela prefeitura da cidade. Luís Olinto Tortorello acabou nomeado Vice-Diretor de Futebol. Com o alicerce administrativo de volta o São Caetano buscou fortalecer-se ainda mais estruturalmente e, assim, fechou contrato com a Datha Representações. A empresa tinha como missão buscar contrato de publicidades e um patrocínio forte para o clube. Estava criado o projeto “São Caetano 2000”, que tinha como objetivo inserir o clube entre as principais forças do futebol paulista e brasileiro até a virada do século. Pelo projeto o clube teria ajuda da prefeitura nas categorias de base e no futebol profissional. Os jornalistas FONTENELLE e XAVIER FILHO (2001) também escreveram à Revista Placar, edição de janeiro de 2001, a matéria “Miragem Azul” que dizia que com um projeto estrutural planejado, os objetivos traçados e estrutura para isso, o estádio Anacleto Campanella com 15.000 lugares que é propriedade da prefeitura da cidade, e um patrocinador forte arranjado pela Datha, a Cônsul, uma empresa internacional que rende ao clube R$ 150 mil mensais, o São Caetano esperava não ter fim igual a Internacional de Limeira em 1986 e Bragantino em 1990, que chegaram a ser campeões paulistas mas, sem uma estrutura sólida, praticamente desapareceram. “O São Caetano garante que veio para ficar. Mas nada indica que ele possa superar o destino efêmero dos bragantinos da vida”. (FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001, p.56). Em 1998 e 1999, impulsionados pelo sucesso do projeto 2000 e de sua estrutura o São Caetano tem novamente um crescimento meteórico nas divisões paulistas e brasileiras.
  • 17. 17 Mas, foi em 2000 o ápice do sucesso do São Caetano no futebol brasileiro. Após um primeiro semestre razoável no paulista, o clube disputou o módulo amarelo da Copa João Havelange, chegando à final contra o Paraná e ganhando assim o direito de disputar a fase final contra as equipes da 1ª divisão ou módulo azul. O prefeito Luís Tortorello, aproveitando a boa campanha do clube e usando-a como cabo eleitoral, reelegeu-se prefeito com 78% do voto popular. Ele é considerado o principal sustentáculo do clube por todos dentro do clube, conforme notou-se na afirmação do supervisor Carlinhos Baptista indagado sobre o futuro do São Caetano quando Luís Tortorello deixar prefeitura de São Caetano do Sul: “O Futuro a Deus pertence, mas ainda bem que o mandato dele está só se iniciando”. (FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001, p.56) Como seu estádio não atendia às especificações de 30 mil lugares, o São Caetano teve que mandar seus jogos no Parque Antártica. Após eliminar Fluminense, Palmeiras e Grêmio, chegava a final contra o “todo poderoso” Vasco da Gama. Após um empate em 1x1 no primeiro jogo, durante a segunda partida, ocorrida dia 30/12, o alambrado de São Januário cedeu ferindo 300 pessoas e com o árbitro encerrando a partida, apesar do comum acordo entre dirigentes dos clubes em continuá-la. Os dirigentes do São Caetano poderiam recorrer judicialmente para o clube ser declarado o campeão, mas a afirmação do seu vice-presidente, Luiz de Paula, publicada na matéria do jornalista RIBEIRO (2001) entitulada “A Casa Caiu” na Revista Placar edição de janeiro traduz o pensamento do clube: “Se o Vasco é campeão, o São Caetano é vice. Estamos na Taça Libertadores que era tudo que queríamos. Vamos comemorar de qualquer jeito”. (RIBEIRO, 2001 p.54) Uma segunda partida é disputada no dia 18/01/2001 e o Vasco vence por 3x1. Após a derrota, muitos jornalistas esportivos classificaram o São Caetano como “meteoro”, duvidando do futuro do clube. Estas foram publicadas pelos jornalistas FONTENELLE e XAVIER FILHO (2001) pela Revista Placar em janeiro de 2001:
  • 18. 18 “(...) A vez é do São Caetano. Em três anos saiu da Terceirona paulista para a final do Brasileiro. Como os antecessores, o Azulão teve ascensão meteórica, mas não tem tradição de títulos nem grande torcida. Se despencar, ninguém segura (...)”. (FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001 p. 56) “O São Caetano vitorioso: Cena que voltaremos a ver nos próximos anos? ” (FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001 p. 57) Afirmação essa que logo foi rebatida pelo presidente do clube, Nairo de Souza, publicada na mesma Revista Placar de Janeiro de 2001: “Não somos o Bragantino. O São Caetano veio para ficar”. (FONTENELLE E XAVIER FILHO, 2001 p. 56) A primeira parte do projeto estava concluída. Salienta MELO NETO (1998) ”se o clube deixa de investir no futebol profissional, ele deixa de faturar. A falta de vitórias afeta sua imagem projetada na mídia, as empresas parceiras se ressentem e os associados deixam de pagar a mensalidade”. Ainda segundo a reportagem “Miragem Azul”, publicada pela Revista Placar em janeiro de 2001, a direção do São Caetano começou a colher os frutos da boa campanha que o time havia realizado. Viu o valor de suas cotas de TV aumentarem de R$ 4 mil para R$ 150 mil, aumentou a arrecadação de sócios para R$ 37 mil, colocou placas no estádio, começou a negociar jogadores com o exterior, casos de César vendido para a Lazio da Itália, Wagner para o Cerezo Ozaka do Japão e Adhemar para o Stuttgart da Alemanha, além de já possuir dois bingos, benefício da Lei Zico que o clube soube explorar, e arrumar um melhor contrato de fornecimento de material esportivo. Com o dinheiro arrecadado o São Caetano contratou jogadores baratos, mas do mesmo nível do que os que saíram e aumentou a capacidade do Anacleto Campanella para 30 mil lugares, com a ajuda da prefeitura, adequando-se ás normas da CBF. Essa parceria Prefeitura - São Caetano foi explica-se da seguinte forma em matéria
  • 19. 19 publicada pelo jornalista GOMIDE (2001) na revista Sports Magazine, em sua segunda edição: A prefeitura fornece parte da infraestrutura para o futebol, como estádio, ônibus para transporte entre outros e o clube arca com a manutenção. A eliminação precoce no Campeonato Paulista, ficou em 5º lugar, e na Taça Libertadores de 2001, eliminado nas oitavas de final pelo Palmeiras nos pênaltis, deixou o futuro do São Caetano em dúvida. As reportagens referindo-se ao clube como “meteoro” voltaram a aparecer, apesar dos dirigentes sempre estarem falando o contrário. “Não tínhamos um plano correto no primeiro semestre, nos prejudicamos com as viagens e por isso perdemos pontos que nos tiraram do Paulista e da Libertadores. Pode ter certeza que estaremos mais fortes agora”. (PIZUTTO, 2001 p.100) Disse o técnico Jair Picerni à Guia Placar de Julho. O jornalista PIZUTTO (2001) na reportagem “São Caetano: Pela Porta da Frente” publicada no Guia do Brasileiro de 2001 ainda colocava o time como incógnita. “Repetir a campanha do ano passado, quando conseguiu o vice no Brasileiro eliminando Fluminense, Palmeiras e Grêmio, não parece um sonho impossível para o São Caetano, mesmo entrando direto na divisão principal neste ano (...)”. (PIZUTTO, 2001 p.100) Com a manutenção do mesmo treinador, Jair Picerni que dirigia o time desde 1998, e do mesmo elenco mais reforçado o São Caetano novamente chegou à final, mas agora contra o Atlético Paranaense, outro clube emergente do futebol brasileiro. A diferença agora é que o São Caetano decidiria o campeonato no Anacleto Campanella, fruto do investimento da diretoria na estrutura do clube. O São Caetano foi mais uma vez vice-campeão, mas já era encarado pela mídia como uma realidade do futebol brasileiro. O Técnico Jair Picerni, em entrevista ao jornalista RIBEIRO (2001) da Revista Placar em 29.10.01, falou sobre o clube:
  • 20. 20 “Ficamos entre os oito melhores da Libertadores e estamos entre os oito melhores do Brasileiro deste ano, além do vice-campeonato do ano passado. São cinco anos de profissionalismo, subindo de divisões, e já estamos nessa condição. Tudo isso que está acontecendo é parte de um projeto que está dando resultado, de um clube intermediário que quer chegar a ser grande. Esse trabalho vem dando resultado porque tem todo o respaldo da diretoria. Não são algumas pessoas que fazem o São Caetano, mas sim uma filosofia. Jogamos de igual para igual com todas as equipes consideradas grandes e em pouco tempo seremos uma delas. ” (RIBEIRO, 2001 p.84) O jornalista RIZEK (2001), da Revista Placar em sua edição de dezembro de 2001, também falou sobre o São Caetano: “Já escreveram que o Corinthians é uma torcida que tem um time. Pois já está na hora de criar um bordão para o São Caetano, o time sem torcida que lotou um estádio” (RIZEK, 2001 p.44) A afirmação do clube veio em 2002. Com uma estrutura administrativa modelo, seguida por vários clubes emergentes do Brasil, segundo noticiado na revista Placar em 21 de dezembro de 2001, o São Caetano foi vice-campeão da Taça Libertadores, 3º lugar no Rio São Paulo e 6º lugar no Brasileiro. A matéria “São Caetano: Cadê o Fogo de Palha” escrita pelo jornalista PALLATA (2002) para o Guia do Campeonato Brasileiro de 2002 da Revista Placar em agosto já encarava o São Caetano como realidade do futebol brasileiro e um dos candidatos ao título. “Vice nos últimos dois Brasileiros; finalista da Libertadores. O Azulão é favorito sim”. (PALLATA, 2002 p.100) “Obra do acaso? Os números estão aí para provar o contrário. Raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Pois caiu. E pode continuar caindo. O São Caetano perdeu a decisão do Brasileirão de 2000 para o Vasco, mas não morreu. No ano passado, lá estava ele lá de
  • 21. 21 novo, decidindo com o Atlético Paranaense. Perdeu novamente, mas continuou firme. Tanto que chegou às finais da Taça Libertadores deste ano, superando muita equipe com “mais camisa”(...). (PALLATA, 2002 p.100) “(...) na média, o Azulão é o melhor time do Brasil, disparado, nos últimos dois anos. E não há o menor exagero nessa afirmação. A fórmula não mudou. Mesmo técnico, mesma base. Se algum jogador é vendido, outra da posição, e teoricamente do mesmo nível, é contratado. (...)” (PALLATA, 2002 p.100) Mesmo com a mudança no comando da equipe, saindo Jair Picerni e entrando Mário Sérgio, manteve-se a mesma filosofia do clube. O São Caetano chegou ainda a ser apontado pelo ranking da ESPN Internacional como o 10º melhor time do mundo no mês de julho. O presidente do clube, Nairo de Souza, se referiu assim quanto a sua administração à frente do São Caetano para o jornalista GOMIDE (2001) da revista Sport Magazine de janeiro de 2001: “Administro o São Caetano como se fosse minha própria casa, o administrador esportivo tem que gerir limitado à suas despesas”. (GOMIDE, 2001) Tal afirmação pode parecer passional mas retrata, não mais que isso, a preocupação do dirigente quanto ao clube que está a frente. O São Caetano é um clube gerado como uma empresa com previsão e planejamento de gastos anuais e que não apresenta participação de empresas parceiras ou co-gestoras. O clube conta hoje atualmente com 6.000 sócios, número considerado ideal pela diretoria, apresenta uma folha salarial de R$ 200 mil e têm todos seus salários em dias, inclusive os funcionários da área social.
  • 22. 22 2.2 – O CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA 2.2.1 HISTÓRICO O Clube de Regatas Vasco da Gama foi fundado em 21 de agosto de 1898 e acumula uma vasta história de títulos e conquistas. Além de ser um clube tradicional do Brasil, ainda faz parte da história do futebol como sendo o primeiro clube carioca a admitir jogadores negros e pobres em seu elenco, no ano de 1923. É também o primeiro clube brasileiro a vencer uma competição internacional, a Copa dos Campeões Sul Americanos em 1948 disputada no Chile. Este título veio de forma inédita e o time vascaíno da época foi considerado o “Expresso da Vitória” sendo, inclusive, base para a seleção vice-campeã mundial em 1950 na Copa do Mundo disputada no Brasil. O Vasco hoje possui 22 títulos de Campeão Carioca, é tetra campeão brasileiro, campeão da Libertadores e possui uma torcida com mais de 8 milhões de torcedores, demonstrando sua grandeza no futebol brasileiro. 2.2.2 FATOS ADMINISTRATIVOS A matéria da Revista Placar de Dezembro de 1996, “Porque o Rio Afundou no Brasileiro”, publicada pelo jornalista GARCIA (1996) mostrava porque os times cariocas entrariam no ano de 1997 como incógnitas. O Vasco entraria desacreditado em 1997 pela má campanha no ano anterior, aonde apresentou um time formado por jogadores veteranos e renegados, além de uma divisão política com o protesto da torcida chamando o vice-presidente do clube, Eurico Miranda, de “Eurico, 171”, referência ao código penal por estelionato, o clube parecia ter um futuro obscuro pela frente. Logo no começo do ano, o clube foi prejudicado pela arbitragem durante a Copa do Brasil, nas partidas contra o Atlético Paranaense. O Diretor Geral de Arbitragem da CBF, Ivens Mendes, “vendeu” a arbitragem para o Atlético, com o intuito dela expulsar Edmundo, principal jogador do Vasco, na partida de Curitiba. Foi então realizada uma CPI do Apito e
  • 23. 23 descobriu-se uma máfia da arbitragem com uma suspeita de participação do vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda. Essa matéria foi publicada pela Revista Placar na sua edição em julho de 1997 pelo jornalista COELHO (1997). Após o 2º lugar no Campeonato Carioca, o Vasco entrava no Campeonato Brasileiro sem patrocinador e o time desacreditado tendo Edmundo como seu principal jogador. Conforme reportagem publicada pelo jornalista GARCIA (1997) na Revista Placar em novembro de 1997 o Vasco chegava a final contra o Palmeiras, tendo a melhor campanha e com Edmundo se destacando e tendo mordomias e regalias dadas pela diretoria, causando descontentamento entre alguns jogadores durante o campeonato. A Revista Placar publicou em janeiro de 1998 uma matéria intitulada “O Bacalhau Arrombou a Festa” aonde os jornalistas GARCIA e DAFLON (1997) fizeram uma retrospectiva sobre o Brasileiro de 1997 e abordaram a manobra política que ajudou o Vasco a sagrar-se tri-campeão brasileiro. Na 1ª partida da final, a primeira jogada nos bastidores. Edmundo, que entrara pendurado com dois cartões amarelos, receberia o 3º amarelo estando assim automaticamente suspenso da próxima partida. Orientado pela comissão técnica e diretoria o jogador forçou o cartão vermelho, que lhe daria direito a um julgamento. Três dias depois haveria o julgamento e por um placar de 6x1 Edmundo foi condenado a pagar R$ 120,00 de multa, estando assim livre para jogar a partida decisiva. Beneficiado por essa manobra política o Vasco sagrou-se tri-campeão brasileiro. Ainda em 1997, o jornalista CUNHA (1997) do jornal O Globo publicou no dia 22/12/1997 que o Vasco vendeu Edmundo a Fiorentina da Itália por U$ 8 milhões dólares. Em 1998 como era ano do seu centenário, o clube investiu cerca de U$ 19 milhões de dólares em contratações de jogadores como Luisão e Donizete, e renovações de contratos para reforçar seu elenco para a disputa da Taça Libertadores, eleita pela diretoria como competição prioritária do primeiro semestre. Essa matéria foi publicada pela Revista Placar em sua edição de fevereiro de 1998, no Guia dos Campeonatos Estaduais pelo jornalista GARCIA (1998). Na edição do dia 08 de abril de 1998 a agência LANCEPRESS do jornal O LANCE! publicou que o clube fecharia um contrato de parceria com o Nations Bank of América, criando a Vasco da Gama Licenciamentos S/A que exploraria a marca Vasco da Gama e
  • 24. 24 administraria a parceria. Esta parceria será tratada de forma minuciosa mais à frente, quando foram dadas melhores informações sobre a mesma. O clube sagrou-se campeão carioca daquele ano, apesar das acusações de outros clubes do estado quanto a um possível favorecimento ao clube da Federação Carioca de Futebol e de seu presidente, Eduardo Vianna, amigo pessoal de Eurico Miranda conforme publicação do jornal O Globo feita pelo jornalista CUNHA (1998) em 20 de abril de 1998 e pela Revista Placar em sua edição de julho. Essa relação é considerada promíscua e nociva por todos da imprensa carioca. O Vasco venceria a Taça Libertadores da América e adquiria assim o direito de disputar o Mundial Interclubes contra o campeão europeu em dezembro. Essa matéria foi publicada pelo jornalista DAFLON (1998) na Revista Placar de Setembro de 1998. Ainda nesta edição da revista, trazia uma reportagem sobre dirigentes que usavam os clubes como fonte eleitoral e acabou citando o nome de Eurico Miranda, que aproveitando das boas campanhas do Vasco, elegeu-se deputado federal com 105.969 votos. O vice-presidente usava o gabinete do presidente e São Januário, estádio do Vasco, como gabinete eleitoral, além de conceder livre acesso aos seus cabos eleitorais em dia de jogo além de colocar funcionários do clube utilizando jalecos ou blusas com seu número estampado. A Revista Placar, em suas edições de novembro e dezembro de 1998 publicariam matérias sobre o Vasco e sua preparação para o Mundial escritas pelo jornalista UNZELTE (1998). O Clube ficaria em 10º lugar no Brasileiro, onde atuou com um time misto, e perderia o Mundial Interclubes para o Real Madri, da Espanha, por 2x1. O clube havia viajado duas semanas antes para o Japão para a disputa do Mundial para se adaptar, mas o sonho de ser campeão mundial no ano do centenário estava acabado. “Está Mais Fácil”, este foi o título da matéria publicada pelo jornalista GARCIA (1999) da Revista Placar em fevereiro de 1999 sobre o Vasco no Guia dos Estaduais. A euforia econômica do clube continuava e, logo em janeiro após gastar U$ 3,5 milhões de dólares em reforços, o Vasco sagrava-se campeão do Torneio Rio – São Paulo. A equipe, a esta altura, apresentava em sua base jogadores formados pelo clube desde 1997, jogadores contratados, o mesmo técnico, Antônio Lopes dirigia a equipe desde 1996, e uma boa estrutura administrativa.
  • 25. 25 Em abril, A revista Placar traz uma matéria escrita pelos jornalistas OTTONI e RODRIGUES (1999) entitulada “Cheguei! ”, dizendo que com o dinheiro da parceria, o Vasco repatriaria Edmundo da Fiorentina por U$ 13,5 milhões de dólares. A parceria Vasco-Nations Bank funcionava da seguinte forma: O clube recebia dinheiro do banco para seus compromissos, mas o dinheiro era usado para contratar jogadores, negociar salários, e teria sua imagem explorada. Segundo o vice-presidente Eurico Miranda esse era o melhor contrato de parceria já firmado por um clube no Brasil. Os valores exatos da parceria nunca foram divulgados, destoando versões: “Já pagamos U$ 45 milhões de dólares por um contrato de 13 anos” dizia Fernando Antônio Gonçalves, presidente da Vasco da Gama Licenciamentos S/A. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.40) “O contrato é de 15 anos. Recebemos U$ 30 milhões de dólares no ato e mais R$ 15 milhões de reais meses depois” segundo Antônio Soares Calçada, presidente do Vasco da Gama. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.41) “Sou o único a não falar em números. Assinamos por 25 anos. Valores é que nunca saíram da minha boca”, afirmava Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco da Gama. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.41) “Eu sei que R$ 17 milhões de reais foram depositados em conta de terceiros” versão de Agathyrno Gomes, ex-presidente do Vasco da Gama em matéria publicada na revista Placar na edição de novembro de 2001 pelo jornalista ROMANO (2001) dando sua versão sobre a parceria. “É preciso ter muito cuidado para não abalar as finanças do clube. Mas o Edmundo é maior jogador do Brasil, ama o Vasco e é amado pela torcida, que grita seu nome em todos os jogos e conta os dias para a volta.”. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.40)
  • 26. 26 Justificava o presidente Antônio Soares Calçada, nesta mesma matéria sobre o possível retorno de Edmundo ao Vasco. Tal preocupação se tornava válida já que o Vasco era a menor folha salarial dos quatro clubes grandes do Rio de Janeiro, pagando em média entre R$ 800 mil à R$ 1 milhão de reais de salários, com um teto salarial de R$ 60 mil reais e prêmios por conquistas de até R$ 1 milhão de reais para serem divididos entre o elenco. Edmundo voltou em 30 de abril recebendo um salário entre U$ 125.000 e U$ 166.000 mil dólares mensais. (OTTONI e RODRIGUES, 1999 p.41) O Vasco, ainda em abril, anunciaria um contrato de patrocínio com a Proctors & Gamble no valor de R$ 250 mil dólares mensais segundo noticiados no jornal O LANCE! pela agência LANCEPRESS. Mas tanto investimento não deu o retorno esperado. O Vasco chegaria a final do Campeonato Carioca contra o Flamengo mais sairia derrotado, assim como na Copa do Brasil e Taça Libertadores, eliminado em ambas nas oitavas-de-final por Goiás e Palmeiras respectivamente. Mesmo diante de todos esses fracassos a Revista Placar, em seu Guia do Campeonato Brasileiro publicado em Julho, ainda trazia o Vasco como força maior do futebol brasileiro ao colocar como título “Cada Vez Mais Forte”, fruto dos investimentos feitos pelo time em matéria publicada pelo jornalista FASANELLO (1999). Durante a disputa do Campeonato Brasileiro, em jogo contra o Paraná em São Januário, após ter dois jogadores do Vasco expulsos, o vice-presidente Eurico Miranda invadiu o campo aos 35 minutos do segundo tempo acabando com o jogo conforme noticiou o repórter SIMON (1999) do jornal O LANCE! em sua edição de 23 de setembro de 1999. O clube ainda entraria com um recurso pedindo uma punição para o árbitro Paulo César de Oliveira. Após classificar-se em 3º na fase classificatória o Vasco enfrentaria o Vitória pelas quartas-de-final. Porém, segundo publicado na edição do dia 13 de novembro de 1999, Edmundo acabou afastado do time 15 dias por indisciplina, reclamou publicamente de salários atrasados, pelo vice-presidente Eurico Miranda. Sem seu melhor jogador o Vasco acabou eliminado em casa e terminou o campeonato em 6º lugar. 2000 seria um ano importante para o Vasco por ser ano eleitoral. O vice-presidente Eurico Miranda seria candidato à presidente da situação. O presidente Antônio Calçada,
  • 27. 27 aproveitando disso e da disputa do Mundial de Clubes da FIFA, contratou Romário, desafeto de Edmundo, além de outros jogadores de nome, tornando o time, no papel, quase imbatível segundo o que dizia na reportagem do Jornal O LANCE! no Guia do Primeiro Mundial de Clubes da FIFA, publicado em 05 de Janeiro de 2000. A folha salarial pulou para U$ 2,6 milhões de dólares. Após uma primeira fase impecável, ganhou os três jogos inclusive do poderoso Manchester United da Inglaterra por 3x1, o Vasco perderia a final para o Corinthians em pleno Maracanã na disputa por pênaltis. A insatisfação e a fogueira de vaidades começavam a tomar conta do clube. De acordo com o jornal O LANCE! em sua edição de 10 de março de 2000 a derrota no final do Rio-São Paulo para o Palmeiras por 4x0, aonde Romário saiu machucado, atiçou ainda mais a intriga entre o grupo, descontente com as regalias dadas ao jogador pela diretoria, além de provocar a demissão de Antônio Lopes do cargo de treinador. Ainda sobre este assunto o a gota d’água aconteceu durante o jogo Vasco 3x0 Bangu pelo Campeonato Carioca em São Januário. Romário, que já havia tirado a braçadeira de capitão de Edmundo, tornara-se também o batedor oficial de pênaltis do time por ordens da diretoria. Após Romário perder uma cobrança de pênalti durante o primeiro tempo Edmundo, em entrevista no intervalo a um repórter da TV Globo, fez a seguinte declaração sobre o assunto: “O“Rei” mandou o “Príncipe” bater. ”em alusão a relação de Romário com Eurico Miranda. Edmundo acabou multado pela diretoria por essa afirmação. Porém alguns dias depois, no dia 29 de março, Romário, após a vitória do Vasco por 4x1 sobre o Olaria, aonde além de acertar uma cobrança de pênalti e marcar três gols resolveu retrucar Edmundo também em uma entrevista exibida pela TV Globo: “Agora todos estão felizes no reino: O “rei”, o “príncipe” e o “bobo da corte”. Essa briga de vaidades acabou dividindo e desunindo mais o grupo vascaíno. O Vasco novamente chegaria à final do Campeonato Carioca contra o Flamengo. Edmundo foi de novo suspenso por 15 dias por suas declarações pela diretoria e Romário se machucou na véspera dos jogos. Resultado: Vasco bi vice-carioca após levar um verdadeiro passeio do Flamengo nas duas partidas. “Basta de Fracasso! ” dizia a matéria sobre o Vasco publicada no Guia do Brasileiro Placar em Julho pelo jornalista MONTEIRO (2000).
  • 28. 28 “O vascaíno quer esquecer o primeiro semestre e as eternas promessas dos dirigentes. Um time formado para ganhar tudo perdeu o Mundial, o Rio - São Paulo, A Copa do Brasil e o Estadual (...) Oswaldo vem ocupar a vaga que nem Antônio Lopes, nem Abel Braga, nem Alcir Portela e nem Tita conseguiram preencher no primeiro semestre. Com seu estilo apaziguador, promete tirar o máximo de craques polêmicos como Felipe e Romário (...) É verdade que Oswaldo gostaria de contar com Edmundo para completar o enredo, mas Eurico Miranda, às voltas com disputas ferrenhas com o Flamengo por reforços, jurou que o Animal não veste mais a camisa do clube”. (MONTEIRO, 2000 p.98) Após alardear as contratações de Alex e Edílson, o vice-presidente Eurico Miranda teve de se contentar com as vindas de Juninho Paulista e Euller, já que os dois primeiros preferiram o rival Flamengo segundo reportagem de COSTA (2000) publicada na Revista Placar em outubro. Ainda neste mês, o Vasco ganha notoriedade nas manchetes esportivas de jornais especializados como o LANCE! por romper a parceria com o Nations Bank e o patrocínio com a Proctors e Gamble, começando a perder receita. Assim começa a atrasar salários e direitos de imagens dos jogadores em mais de três meses. O Vasco fez uma campanha irregular na Copa João Havelange e na Copa Mercosul, mas em ambas chegou a final. Após o empate em 2x2 com o Cruzeiro pela semifinal da Copa João Havelange, partida que havia sido adiada duas vezes por manobras políticas dos dirigentes vascaínos que não aceitavam jogar com pelo menos 72 horas de descanso entre as partidas, o jornal O LANCE! noticiou, em sua edição de 17 de dezembro, a demissão de Oswaldo de Oliveira por Eurico Miranda, já eleito presidente, por não aceitar que o dirigente interferisse em sua programação de treinamento. Foi contratado então o 6º técnico da temporada, Joel Santana. Em sua edição de 21 de dezembro o jornal O LANCE! publicou que o Vasco sagrou-se campeão da Taça Mercosul, com uma virada histórica sobre o Palmeiras por 4x3, quebrando o jejum de 21 meses sem títulos, apesar da confusão estabelecida por causa da troca de técnicos ocorrida há poucos dias antes. O último título havia sido em março de 1999. Após eliminar o Cruzeiro por 3x1 em pleno Mineirão no dia 23 de dezembro, o Vasco foi para a final contra o até então desconhecido São Caetano. Após empate de 1x1 na primeira
  • 29. 29 partida, disputada no Parque Antártica no dia 27 de dezembro, há um tumulto que acaba impedindo a realização da segunda partida no dia 30 de dezembro. Na final da Copa João Havelange, durante a 2ª partida da final, Romário sentiu uma lesão na virilha e saiu do jogo aos 23 do primeiro tempo. Estourou então um conflito na torcida entre os torcedores a favor de Edmundo e os torcedores a favor de Romário, que acarretou na queda do alambrado de São Januário ferindo 300 pessoas. Enquanto as pessoas eram atendidas, o presidente do Vasco Eurico Miranda tentava a continuação da partida encerrada após ordem do governador Anthony Garotinho. Após proferir xingamentos públicos ao governador, Eurico ordenou aos jogadores para que eles dessem a volta olímpica comemorando o título. Essa tragédia de São Januário só serviu para denegrir ainda mais a imagem do clube e do dirigente. Em julgamento ocorrido em 2001, Eurico Miranda e Antônio Calçada foram considerados culpados pela superlotação em São Januário e o clube teve de pagar indenização às famílias feridas, conforme noticiado no jornal O LANCE! em setembro.O jornalista RIBEIRO (2001), com o sugestivo título de “A Casa Caiu” escreveu sobre esse acontecimento na edição de Janeiro da Revista Placar. “Por 23 minutos, Vasco e São Caetano conseguiram sepultar a imagem de que a Copa João Havelange foi um fracasso completo, em todos os sentidos. Estádio cheio, jogo emocionante. (...). Até que...bem, vocês sabem o que aconteceu. Uma briga na Força Jovem (uns criticando e outros elogiando Romário, que deixava o campo por um túnel em frente à torcida organizada), o tumulto, o alambrado rompido e as pessoas, esmagadas, despencando no gramado. Mais de 200 feridos, muitas fraturas, três em estado grave. Uma tragédia. (...) Mas os cartolas do futebol brasileiro não se abalaram com o sofrimento desses torcedores. Enquanto estes eram levados de maca para as ambulâncias e helicópteros do Corpo de Bombeiro, os dirigentes de Vasco, São Caetano, da federação estadual do Rio e do Clube dos 13 discutiam o prosseguimento do jogo. Sem alambrado, sem segurança, sem clima. (...). No cenário, que se tornou tragicômico, reinava o deputado federal Eurico Miranda, que assume este mês a presidência do Vasco. Um sujeito que se considera acima da lei em seu “território”, São Januário. Depois de limpar o gramado pessoalmente, empapado de suor, ele proclamou: “Vamos recomeçar o jogo”. E todos obedeceram. O comando da polícia era a
  • 30. 30 favor; o cancelamento do jogo traria conseqüências imprevisíveis em relação ao comportamento da massa. Instantes depois, o coronel Paulo Gomes, comandante do Corpo de Bombeiros, que havia acatado as ordens de Eurico, comunicava constrangido que o governador Anthony Garotinho telefonou, determinando que a partida fosse encerrada. (...) “Incompetente, frouxo, imbecil” Esse era Eurico Miranda vituperando contra Garotinho. (...)”. (RIBEIRO, 2001 p. 52 e 53) Uma nova partida foi marcada para o dia 18 de janeiro de 2001, apesar dos protestos de todos que consideravam o São Caetano o legítimo campeão. Eurico Miranda ordenou lei do silêncio no clube, aonde nenhum jogador poderia falar com a imprensa. O Vasco venceu a 2ª partida por 3x1 e sagrou-se tetra campeão brasileiro, mas, novamente, Eurico Miranda voltou a polemizar. O Vasco entrou em campo com a logomarca do SBT estampada em seu uniforme, sendo que a Rede Globo detinha os direitos exclusivos de transmissão do jogo. E, como o SBT não havia liberado o uso de sua logomarca, o clube estava violando o art. 27 – A da lei que diz: Artigo 27-A parágrafo 4: “A Infringência a este artigo implicará a inabilitação da entidade de prática desportiva para a percepção dos benefícios que trata o artigo 18 (isenções fiscais e repasses de recursos públicos federais), bem como a suspensão prevista no art. 48, IV, enquanto perdurar a transgressão”. Parágrafo 5: “Ficam detentoras de concessão, permissão ou autorização para exploração de serviço de radiofusão sonora e de sons e imagens, bem como de televisão por assinatura, impedidas de patrocinar entidades de prática desportiva. ” Artigo 48 – Com o objetivo de manter a ordem desportiva, o respeito aos atos emanados de seus poderes internos, poderão ser aplicadas, pelas entidades do desporto e de prática desportiva, as seguintes sanções: I – Advertência; II – Censura escrita; III – Multa; IV – Suspensão V – Desfiliação ou desvinculação
  • 31. 31 Parágrafo 1: “A aplicação das sanções previstas neste artigo não prescinde do processo adminstrativo no qual sejam asseguradas o contraditório e a ampla defesa. ” Parágrafo 2: “As penalidades de que tratam os incisos IV e V deste artigo somente poderão ser aplicadas após decisão definitiva da Justiça Desportiva” A pena prevista para essa infração era de suspensão do clube de jogos, o que não aconteceu. Esta matéria foi publicada no jornal O LANCE! do dia 19 de janeiro, página 8 pelo jornalista BARRETO (2001). Ainda em janeiro o Vasco se desfiliou do Clube dos 13 como represália aos protestos sofridos pelo título brasileiro. O que se viu em 2001 foi mais turbulência e problemas. Apesar de entrar o ano como o melhor time do país, segundo noticiado pelo jornalista GARCIA (2001) da Revista Placar em fevereiro, o clube não conseguia manter bons resultados e começava a apresentar sinais de asfixia financeira. Em março o clube rompeu contrato com a Kappa, fornecedora de material esportivo desde 1995, e passou a usar uniformes remendados com tarjas pretas. Mesmo com boas campanhas na Taça Libertadores e Campeonato Carioca, o clube chegou a ficar vinte jogos sem perder, sofreu com a insatisfação dos jogadores com a falta de dinheiro, que se agravava a cada dia chegando a sofrer seguidas ameaças de greve por parte dos jogadores que ameaçavam não treinar ou jogar enquanto não houvesse uma solução para a situação.Enquanto isso o Vasco começava a cair, perdendo a terceira final consecutiva para o Flamengo e sendo eliminado nas quartas-de-final da Taça Libertadores pelo Boca Juniors da Argentina. Sem dinheiro para investir em contratações, o Vasco apostou na categoria de base para formar o time, conforme noticiou a Revista Placar em seu Guia do Brasileiro publicado em agosto. O jornalista MONTEIRO (2001) escreveu o seguinte sobre o Vasco: “(...) O time entra com o status de atual campeão, mas com a imagem arranhada depois de tantas reclamações de salários atrasados, imbróglios com a justiça – como nos casos de Júnior Baiano, Juninho Pernambucano e Edmundo – e, principalmente, pela terceira derrota seguida para o Flamengo na decisão do Carioca (...) Porém, em campo, os jogadores tentam deixar isso de lado e mostram confiança num bom desempenho no Campeonato Brasileiro(...) O ambiente anda meio conturbado, mas não há dúvidas de que a equipe continua forte e que
  • 32. 32 tem grandes chances de fazer bonito na competição. Só falta superar os problemas internos e mostrar em campo a força que tem no papel”. (MONTEIRO, 2001 p.112) O Vasco faz um campeonato irregular e termina em 11º lugar. Sem patrocínio e fornecedor de material esportivo o Vasco criou sua própria grife de uniforme, a VG Vasco. O jornalista ROMANO (2001) publicou na Revista Placar, edição de novembro, uma matéria sobre o Vasco com o título “SOS Salvem o Vasco” aonde diz que o clube sofreu 33 processos trabalhistas de jogadores durante o ano requerendo indenizações e perdeu 27 deles. Nesses processos perdeu alguns passes de jogadores importantes para o elenco e não recebe nenhum dinheiro pelas transferências destes. Perdeu também, na justiça, a causa que movia contra a Vasco da Gama Licenciamentos S/A e teria que pagar R$ 89 milhões de reais de multa recisória. Eurico Miranda entrou em conflito com a Rede Globo, pelo ocorrido no jogo contra o São Caetano, e teve menos jogos do clube transmitidos ao vivo, recebendo menos cotas de transmissão. A situação financeira do clube se agravou muito, com uma dívida estimada em mais de 50 milhões de reais, chegando ao ponto que Romário teve de emprestar dinheiro para que o clube quitasse salários e prêmios. Jogadores ficaram endividados e outros que estão começando denunciaram dizendo que eram obrigados a assinar contratos no valor de R$ 300,00 reais declarados mas pediam anonimato com medo de represália de Eurico Miranda. “Eles falam que é para não pagarmos tanto imposto, mas que receberemos o acordado (1.500, segundo os pratas-da-casa). Só que não estamos vendo nem os 300 reais. Isso não é justo”. (ROMANO, 2001 p.23) “(...). Hoje a euforia ficou para trás e o que se vê em São Januário são fisionomias preocupadas e abatidas. As dívidas com os atletas de futebol são astronômicas (...) e as dificuldades se tornam cada vez mais evidentes(...)” (ROMANO, 2001 p.23) “PLACAR ouviu fontes do clube e estima que as dívidas do clube podem chegar a 50 milhões de reais. O fim da era Eurico pode ser a única saída para o clube começar a sair desse buraco”. (ROMANO, 2001 p.23)
  • 33. 33 “(...) Além das dívidas, outro problema que o Vasco vem enfrentando é a dificuldade para conseguir dinheiro. Ninguém quer fazer negócio com o Eurico”. (ROMANO, 2001 p.24) “O mercado está fechado para ele, ninguém quer fazer negócio com o Eurico”. (ROMANO, 2001 p.24) “Há mais de 160 ações cíveis contra o clube, ele conseguiu acabar com uma instituição de 103 anos ficando menos de um ano no comando”. (ROMANO, 2001 p.24) Dizia Hércules Figueiredo Sant’ Ana, candidato derrotado por Eurico. Eurico Miranda e Antônio Calçada sofreram um processo de indisponibilização de seus bens, por 22 sócios beneméritos e diretores do clube, até que o clube fosse ressarcido. Processo este que continua até os dias de hoje. Nem mesmo o Conselho Deliberativo, formado por membros da situação após manobra de Eurico para afastar a oposição, não apoiava mais a administração, sendo 60% contrários a permanência do dirigente. (ROMANO, 2001) No final do ano mais tumulto. O jornal o LANCE! publicou em sua edição do dia 05 de dezembro que o presidente do Vasco e deputado federal Eurico Miranda era acusado na CPI do Futebol sendo réu nas seguintes acusações: Uso de laranja – depósito de R$ 13.535.499, 18 milhões de reais na conta de Aremithas José de Lima. Falsidade Ideológica – uso do nome de Aremithas para abrir conta bancária, sendo titular artificial. Apropriação Indébita – Uso do dinheiro do clube para financiar campanha política de Eurico Crime de Ordem Fiscal.
  • 34. 34 Estimou-se ainda que R$ 20 milhões de reais do Vasco da Gama estariam depositados em contas de terceiros. A CPI do Futebol pediu a sua cassação e a quebra do decoro parlamentar do dirigente no dia 06 de dezembro de 2001. Matéria da Revista Placar escrita pelo jornalista ROMANO (2002) em março de 2002 sobre o Vasco: “O Vasco entrou em 2001 sendo considerado o melhor time do Brasil. Mas o ano passado não foi dos melhores em São Januário. O primeiro a zarpar foi Juninho Pernambucano, depois se foram Júnior Baiano, Juninho Paulista, Jorginho, Odvan, Fabiano Eller...”. (ROMANO, 2002 p.19) O Vasco entrava em 2002 com técnico novo, Evaristo de Macedo, o 9º desde 2000, e continuava a prestigiar a categoria de base, e tendo Romário e Euller como destaques do elenco. Com a ajuda do grupo mexicano Nova Media, o clube conseguiu recuperar sua marca e chegar a um acordo com a Vasco da Gama Licenciamentos S/A e a dívida de R$ 89 milhões foi perdoada, segundo noticiado no site oficial do clube no dia 16 de março. Eurico Miranda aprontou mais uma. Na partida Vasco x Portuguesa pelo Torneio Rio São Paulo, ele ordenou a saída de Roberto Dinamite da tribuna de honra do clube. Roberto é o maior ídolo vascaíno e candidato à presidência em 2003. O jornal O LANCE! publicou na edição de 03 de março a insatisfação entre torcedores e dirigentes vascaínos com o caso. O presidente Eurico Miranda arranjou mais desafetos quando resolveu imortalizar a camisa 11 em homenagem a Romário. Enquanto isso a equipe não conseguia corresponder em campo, sendo apenas 6º colocado no Torneio Rio São Paulo. Pelo Campeonato Carioca, após o Vasco perder por 4x1 para o Bangu em São Januário, o site www.futbrasil.com.br noticiou que Eurico acusou os jogadores de corpo-mole e novamente decretou a lei do silêncio. A equipe ainda perderia para o Volta Redonda e Botafogo e terminaria em 5º lugar. A torcida ficaria insatisfeita com o time. Com isso a diretoria despede Evaristo de Macedo e recontrata Antônio Lopes para o cargo de técnico.
  • 35. 35 Sem dinheiro o Vasco perdeu Romário e Euller para a disputa do Brasileiro e Ramón passou a ser o principal jogador. CALDAS (2002) publicou na Revista Placar de agosto, em seu Guia do Brasileiro a realidade que o clube estava vivendo naquele momento: “O que pensar de uma equipe que tem como principal estrela o goleiro? (...) E, terceiro que, se tratando do Vasco de Eurico Miranda, algo está mudando. Disposta a reduzir a folha salarial a cerca de R$ 450 mil (já foi de mais de R$ 2 milhões), a diretoria é mais uma à aderir à valorização da prata-da-casa, desculpa da vez entre os cartolas para a falta de planejamento. (...) Antônio Lopes encontrou um elenco renovado e disposto a fazer a torcida esquecer estrelas como Romário, Euller e Juninho Paulista. Antes da Copa dos Campeões, o Vasco foi buscar vários jogadores em times do interior do estado, principalmente no Americano, mas poucos devem se destacar. ” (CALDAS, 2002 p.108) Enquanto a equipe fazia uma campanha ruim no brasileiro, Eurico Miranda continuava a polemizar. Criticou o Brasileiro de pontos corridos, o novo calendário proposto pela CBF, continuava a processar a Rede Globo. Para piorar sua situação, Eurico teve apenas 26 mil votos e não se reelegeu deputado federal. Isso mostrava a insatisfação dos torcedores com o dirigente. Tal insatisfação aumentou quando Eurico Miranda cortou a cota de ingressos cortesia para as torcidas organizadas. O jornal O LANCE! do dia 16 de setembro noticiou que após o empate no clássico com o Botafogo em 1x1, válido pelo Campeonato Brasileiro, Souza Léo Lima e Wellington foram agredidos pela torcida em São Januário por conta da insatisfação com o time. Nem a contratação de Petkovic melhorou a situação do time. O Vasco passou o Brasileiro inteiro próximo à zona de rebaixamento, só conseguindo se livrar nas três últimas rodadas. A equipe terminaria em um modesto 15º lugar. Em entrevista ao Jornal O LANCE! Em 03/12/02, o presidente Eurico Miranda admitiu ao jornalista LEITE (2002) que perdeu forças com a não reeleição para deputado, que a família o pressiona para renunciar e que o clube não vai se adaptar à medida provisória 39 por considerá-la a falência para os clubes brasileiros e ainda, aproveitou para atacar Roberto
  • 36. 36 Dinamite, candidato da oposição à presidência em 2003, dizendo que ele não é capacitado para dirigir o clube. “Perdi forças, mas não fiquei abalado pela não reeleição. Sempre disse que era deputado para defender o Vasco”. (LEITE, 2002 p.13) “Realmente minha família questiona, mas eu virei presidente porque quis e, por isso, tenho obrigação de ir até o fim”. (LEITE, 2002 p.13) “(...) esta MP é a falência dos clubes. Além do mais, não sou eu que não admite esta hipótese, mas sim o Conselho do Vasco”. (LEITE, 2002 p.13) “Roberto Dinamite não é competente para dirigir o Vasco”. (LEITE, 2002 p.13) Para acabar o ano, em dezembro a Rede Globo provou que o Vasco lhe deve R$ 65 milhões de reais, desmentindo o presidente Eurico Miranda que dizia que a dívida era da empresa com o clube conforme noticiado no Jornal O LANCE! de 25 de dezembro. Em um debate esportivo promovido pela ESPN Brasil em 20.11.02, alguns jornalistas deram suas opiniões sobre o modelo administrativo do Vasco da Gama: “O Flamengo e o Vasco não souberam usar o dinheiro da parceria, eles o roubaram” – Márcio Guedes, jornalista do Jornal O Dia. “No Brasil temos clubes grandes, o Palmeiras é um clube grande, o Botafogo, o Vasco é um clube grande (...), mas que esse ano tiveram times pequenos” – Cláudio Carsughi, jornalista de ESPN Brasil “O Vasco da Gama é muito problemático, porque a ditadura Eurico Miranda e Calçada ficou lá por 20 anos e não há grandes líderes de oposição...” – Márcio Guedes, jornalista do jornal O Dia.
  • 37. 37 “(...) O Vasco da Gama quando o Calçada era o presidente era no esquema “parlamentarista”, quem mandava era o “primeiro ministro” Eurico. Agora passou a ser presidencialista, com o Eurico Miranda. ” – Eliseu Godói, jornalista da TV Aratu, Bahia Mas nem tudo são notícias ruins. Em outubro de 2002, o Vasco da Gama arrendou o Fla-Barra e com isso passou a possuir uma excelente estrutura para treinamento, já que a Vasco-Barra possui dois campos para treinamento e jogos treinos, piscinas, quadras e departamento técnico. O investimento nas categorias de base do clube também é bem feito e vem dando resultado com muitos títulos e a esperança de que possa melhorar assim a atual situação do clube. Foi também comprada toda a área próxima a São Januário e transformada em concentração para os jogadores em vésperas de jogo. O Vasco arranjou também um contrato com a Umbro, fabricante de material esportivo que vai pagar R$ 250 mil por mês. A folha salarial abaixou também e hoje é de R$ 650 mil reais mensais. A afirmação do jornalista Paulo Vinícius Coelho, no debate da ESPN, anima um pouco os torcedores vascaínos quanto ao futuro do clube com o novo calendário: “Hoje, alguns clubes dão passos para se tornar clubes nacionais, serem de fato os grandes daqui há 10, 15 anos (...) O Vasco tem uma torcida fenomenal e um potencial imenso para ser um destes clubes...”
  • 38. 38 2.3 AS MEDIDAS PROVISÓRIAS E A NOVA REALIDADE PARA O FUTEBOL BRASILEIRO A Medida Provisória 39 foi uma proposta para tentar a modernização do modelo administrativo do futebol brasileiro, tentando torná-lo próximo do modelo europeu. O projeto que previa a conversão da proposta 39 em lei foi da autoria do deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ) criada em março à partir de um projeto desenvolvido pelo deputado Geraldo Althoff (PT-RS) e foi assinada pelo então Presidente da República em julho de 2002. O ponto principal da Medida Provisória 39 é o que obrigava os clubes a se transformarem em empresas, ganhando assim benefícios do governo para reorganizar suas dívidas. Segundo o secretário executivo do Esporte e Turismo, José Luiz Portella, verificou-se a intenção do governo em relação à Medida Provisória 39 em entrevista publicada no Jornal O LANCE ! em 19 de setembro: “O governo se preocupa em equacionar os problemas dos clubes. Não é intervenção, mas indução”. “É preciso que o projeto tenha um sólido embasamento na legislação, caso contrário corre-se o risco de repetirmos a Lei Pelé, que prevê uma série de coisas que não são cumpridas” Disse José Luiz Portella, em entrevista concedida ao Jornal O LANCE! em 15 de março de 2003, agora já como ex-Ministro do Esporte e Turismo. A Medida Provisória 39 também responsabilizaria os maus dirigentes por administrações prejudiciais a seu clube, exceto em caso de danos contraídos de gestões anteriores. A transformação de um clube em empresa prevê o clube como um negócio, tendo o futebol profissional emergindo como o melhor negócio do clube atraindo receitas e mantendo
  • 39. 39 uma imagem forte da marca, prevê ainda mudanças a nível gerencial e a transformação do clube em sociedade comercial. (MELO NETO, 1998) Para AMIR SOMOGGI (2002) o futebol brasileiro se parece mais com o espanhol pelas características de sua legislação esportiva e dívidas de seus clubes. Em 15 de outubro de 1990 foi promulgada a Lei do Esporte na Espanha, para melhorar a situação do futebol espanhol que vinha de um período obscuro na década de 80 com estádios vazios e pouca renda. Foi criada a LFP, Liga de Futebol Profissional, que obrigou todos os clubes a se transformarem em SAD (Sociedades Autônomas Desportivas) para poderem participar da liga. Os clubes deveriam apresentar balancetes anuais e ainda repassar 15% de seu orçamento de despesa no início da temporada para poderem ter o aval de disputar o campeonato espanhol. Dez anos após a criação dessa lei a liga Espanhola foi considerada a melhor do mundo, com investimentos girando em torno de U$ 400 milhões. Mas, mesmo com esses números impressionantes os clubes espanhóis não podem ser considerados exemplos de gestão profissional, sendo que apenas o Barcelona se preocupou em realizar uma gestão profissional esportiva. O Real Madrid, por exemplo, até a eleição do atual presidente Florentino Pérez devia U$ 250 milhões. Essa dívida foi sendo sanada aos poucos graças a um excelente trabalho de marketing e planejamento. O clube divide suas atividades em departamentos – futebol, marketing, informática, futebol amador e outros -, tendo acima as diretorias, as vice-presidências, o presidente e o conselho. Este é o modelo empresarial do futebol brasileiro, baseado no modelo clássico de administração. O que diferencia o clube empresa é seu estilo de administração. Tal diferença existe pelo estilo de gerenciamento dos clubes, como determina a legislação em vigor. Esse embasamento entre administração e legislação é que é o fundamental para o sucesso da medida. Com a futura mudança proposta pela Medida Provisória 39 os clubes ficariam livres, podendo mudar sua forma de gestão. Para um clube empresa ter sucesso em seu processo empresarial, ele deve ser estruturado, rentável e ter pessoas conscientes ligadas a ele. Sem contar o retorno financeiro, aonde o clube precisa faturar para impor-se como força do futebol e ser aspirante a títulos,
  • 40. 40 além de um projeto de marketing que busque receitas alternativas para o clube através de ações direcionadas e não somente depender de uma única fonte de receita. Esta obrigatoriedade em tornar-se clube empresa está gerando debate entre todos. Durante o Seminário de Esportes e Cultura, organizado por universidades públicas do Rio de Janeiro em 12.09.02, esse foi o principal ponto de discussão. Walter de Mattos Júnior, editor e presidente do Lance! defendeu a obrigatoriedade da transformação dos clubes em empresas, aproximando do modelo europeu, enquanto os outros membros da mesa discordaram quanto à obrigatoriedade, mas concordaram que os clubes devem ter uma gestão mais transparente. A MP 39 não foi aprovada no Congresso Nacional conforme publicado pelo Jornal O LANCE! em 06 de novembro de 2002 pois os deputados não concordaram com a não fiscalização das contas da CBF e das federações. Uma nova Medida Provisória foi feita, com o texto modificado, aonde a CBF e as Federações estaduais também deveriam prestar contas de suas receitas. A nova Medida Provisória, a 79, foi encaminhada ao governo em março de 2003 e assinada pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva em abril, sofrendo posterior votação no congresso e sendo aprovada.
  • 41. 41 3. METODOLOGIA Este estudo visou analisar fatos da administração de um clube tradicional e de um clube emergente do futebol brasileiro. Foi feito um paralelo de caráter comparativo entre as duas administrações, observando atos e atitudes dos dirigentes para verificar se houve alguma relação entre elas ou se diferem totalmente e, se houve influência no desempenho do específico time. Foram analisadas reportagens publicadas em jornais, revistas ou Internet, debates esportivos e mesas redondas além de publicações relacionadas à administração dos respectivos clubes e ao processo de transformação dos clubes em clubes-empresa, que permitiu a análise proposta nesta pesquisa. 3.1 SELEÇÃO DOS SUJEITOS O objeto de estudo desta pesquisa foram os clubes Vasco da Gama, uma das forças do futebol brasileiro com seu modelo administrativo passional, autoritário e considerado polêmico por muitos, e o São Caetano, um clube emergente que começa a ganhar seu espaço no futebol brasileiro fruto de um projeto pré-estabelecido por sua administração. Os clubes foram escolhidos aleatoriamente por apresentar boa representatividade dentro do futebol brasileiro durante o período proposto pelo estudo. 3.2 INSTRUMENTOS DO ESTUDO Constitui-se de análises de reportagens em jornais, revistas ou Internet pertinentes a cada time em relação à administração, resultados da equipe em campo procurando estabelecer um paralelo que possibilitasse um estudo dentro do que foi proposto na pesquisa.
  • 42. 42 3.3 COLETA DE INFORMAÇÕES A coleta de informações foi realizada durante o ano de 2002 pelo autor, através da leitura de notícias que eram consideradas pertinentes ao conteúdo e que seriam úteis para a realização do estudo sobre a administração brasileira dos clubes brasileiros.
  • 43. 43 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO CRÍTICA DOS FATOS Nesta parte serão apresentadas ponderações críticas, fruto de uma análise qualitativa dos artigos publicados relacionados ao tema, verificando a influência dos atos e atitudes dos dirigentes no desempenho do time durante o período de 1997-2002 e, por conseqüente, se houver mudança na estrutura administrativa do clube se essa transição será tranqüila ou o clube terá que reconsiderar o modelo administrativo atual e adaptá-lo. Esta parte foi dividida em três sessões, aonde a primeira será relacionada aos resultados apresentados pelos clubes nas competições no período de 1997-2002, a segunda será relacionada com a estrutura administrativa e a terceira com a transição proposta pela nova MP 4.1 RESULTADOS APRESENTADOS PELOS CLUBES Clube de Regatas Vasco da Gama Campeonato Posição Rio São Paulo – 1997 6º Carioca 1997 2º Copa do Brasil – 1997 12º Seletivo Supercopa - 1997 1º Supercopa – 1997 6º Brasileiro – 1997 1º Rio São Paulo – 1998 5º Taça Libertadores - 1998 1º Copa do Brasil – 1998 3º Carioca – 1998 1º Brasileiro – 1998 10º Mundial Interclubes - 1998 2º Mercosul – 1998 9º Interamericana – 1998 2º Rio São Paulo - 1999 1º Copa do Brasil – 1999 9º Carioca – 1999 2º Taça Libertadores – 1999 9º Ramón de Carranza - 1999 4º Mercosul – 1999 10º Brasileiro – 1999 6º Seletiva Libertadores - 1999 5º
  • 44. 44 Mundial Clubes Fifa - 2000 2º Rio São Paulo – 2000 2º Carioca – 2000 2º Copa do Brasil – 2000 9º Brasileiro – 2000 1º Mercosul – 2000 1º Rio São Paulo – 2001 6º Carioca – 2001 2º Taça Libertadores – 2001 5º Brasileiro – 2001 11º Mercosul – 2001 11º Rio São Paulo – 2002 6º Carioca – 2002 5º Copa do Brasil – 2002 5º Copa dos Campeões - 2002 8º Brasileiro – 2002 15º Associação Desportiva São Caetano Campeonato Posição Paulista Série A3 - 1997 4º Paulista Série A3 - 1998 1º Brasileiro Série C - 1998 2º Paulista Série A2 - 1999 2º Brasileiro Série B - 1999 3º Paulista Série A2 – 2000 1º Brasileiro Série B - 2000 2º Brasileiro Série A - 2000 2º Paulista Série A1 – 2001 5º Taça Libertadores – 2001 10º Brasileiro Série A – 2001 2º Rio – São Paulo - 2002 4º Copa dos Campeões – 2002 7º Taça Libertadores – 2002 2º Brasileiro – 2002 6º Dentro dos resultados apresentados acima nota-se situações distintas entre o Vasco e o São Caetano. Durante o período de 1997-2000 o Vasco, impulsionado pela parceria com o Nations Bank, apresentou resultados mais consistentes conseguindo vários títulos e sempre chegando entre os melhores dos campeonatos que disputou. Apresentou uma equipe mais competitiva formada por jogadores de melhor nível técnico e, apresentava uma marca forte, o que despertou o investimento de vários parceiros. Com os investimentos necessários e um planejamento estratégico que previa teto salarial condizente com situação do clube e prêmios
  • 45. 45 para vitórias e conquistas, a equipe alcançou o título da Taça Libertadores, maior conquista da história do clube, e chegou a disputar o Mundial de Clubes no Japão em dezembro de 1998, sendo derrotado pela superioridade técnica do Real Madrid da Espanha. Mas a partir de 2000, apesar de alcançar seus dois últimos títulos neste ano, o Vasco começou a apresentar problemas extra-campo que começaram a prejudicar a equipe. O primeiro problema foi o aumento excessivo do teto salarial, com a contratação de jogadores caros para formar uma equipe imbatível em campo. Tal investimento deu errado, o time não ganhou os títulos e com isso não teve o retorno esperado o que começou a abalar as finanças do clube. Outro problema detectado foi a fogueira de vaidades entre alguns jogadores, fruto de regalias dadas pelos dirigentes a alguns jogadores, o que acabou rachando o elenco e fazendo com que o desempenho do clube fosse prejudicado. O período entre 2000-2002 mostrou-se turbulento para o Vasco da Gama. Imbróglios judiciais, atraso de salários, perda de parceria e patrocínios, diminuição de receita, saída de jogadores importantes, diminuição de torcida em seus jogos, dirigentes denunciados em CPI’s, times formados por jogadores medianos acabaram fazendo com que o Vasco se tornasse uma equipe mediana que apresentou campanhas sem brilho nos campeonatos que disputou. A equipe ainda se tornou um investimento de risco, apontado por vários jornalistas e membros do próprio, por ações polêmicas e às vezes até por inação de seus dirigentes o que acabou arranhando um pouco o prestígio do clube. Já o São Caetano em 1997 não conseguiu a promoção à Série A2 do campeonato Paulista, ficando assim inativo até o ano subseqüente. Entre 1998-2000 o que se viu, no entanto, foi uma ascensão do São Caetano pelas divisões de acesso tanto no campeonato paulista quanto no brasileiro tendo seu ponto de maior destaque o vice-campeonato brasileiro em 2000. Tal ascensão se deveu à montagem de equipes competitivas e dentro de um planejamento estratégico prontamente pré-estabelecido conhecido como “São Caetano 2000”. Fruto da parceria com a prefeitura de São Caetano do Sul, o clube dispunha da estrutura necessária para obter os resultados almejados, além de uma política financeira que só permitia ao clube gastar o que arrecadava. Em 2001, após um planejamento mal realizado o clube teve desempenhos pífios na Taça Libertadores e no Campeonato Paulista mas recuperou-se no Campeonato Brasileiro
  • 46. 46 após reforçar o time e pré-estabelecer um planejamento com pré-temporada além de ter sua estrutura reformada o que permitiu o clube a usar seu próprio estádio nos jogos o que lhe dava retorno financeiro esperado e ajudava o clube em suas finanças. Em 2002 com sua estrutura administrativa consolidada como modelo, sendo inclusive copiada por alguns clubes de menor expressão no Brasil, o São Caetano atingiu o ápice máximo de seus resultados com o vice-campeonato da Taça Libertadores, consolidando-se como força do futebol brasileiro. 4.2 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DOS CLUBES A diferença de estrutura dos clubes observada neste estudo revela a atual situação que os clubes apresentam. O Vasco apresentou, no período proposto pelo estudo, uma estrutura administrativa passional e amadora aonde os dirigentes extasiados com o dinheiro da parceria não se preocuparam muito em como administrá-lo, mas sim em gastá-lo. Entre 1997-1999, o clube ainda manteve suas finanças sob controle e conseguiu reforçar seu elenco e torná-lo milionário, fruto dos investimentos feitos como contratações de jogadores, renovações de salários entre outros apresentados neste projeto, apesar de seus dirigentes cometerem alguns atos polêmicos como dispensarem jogadores às vésperas das finais do Carioca, barrar jogadores por declarações públicas contra eles entre outras. O Vasco, neste período, apresentava uma certa preocupação com a situação financeira do clube, já que possuía teto salarial estipulado e premiações para os jogadores em caso de conquistas ou vitórias. Mas o dinheiro que era gasto aqui não era o que era arrecadado e sim o dinheiro que vinha da parceria pela exploração da marca Vasco da Gama. Em 2000, o amadorismo dos dirigentes vascaínos tornou-se gritante. Querendo fazer com que seu vice fosse eleito, o presidente vascaíno extrapolou as finanças com contratações de jogadores caros, mas o time não deu o retorno esperado e com isso o clube começou a balançar financeiramente. Com o fim da parceria no mesmo ano, o clube não conseguiu cumprir seus compromissos financeiros com seus jogadores. Com atitudes polêmicas, como
  • 47. 47 no caso da queda do alambrado de São Januário durante a 2ª partida da Copa João Havelange, a imagem do clube começou a ficar arranhada. Em 2001-2002 a situação administrativa do clube tornou-se ainda mais caótica com as indiciações dos dirigentes vascaínos em CPI’s, brigas judiciais contra a TV Globo, processos judiciais movidos por jogadores contra o Clube, além de várias ações cíveis movidas contra os dirigentes por membros do próprio clube tornando o clube desacreditado frente ao mercado de investimentos nacional e internacional, tanto é que o clube não arranjou mais parceiros ou patrocínios restringindo assim suas fontes de receita às cotas de transmissão de TV, que mesmo assim tornaram-se menores devido ao processo movido pelo clube contra a TV Globo. Esse período afetou tanto a estrutura do clube que colocou o clube com uma dívida estimada de R$ 50 milhões, sendo que este valor pode ser maior fruto de processos contra o clube que ainda estão em andamento. Um outro exemplo de como o clube foi afetado é em relação à média de público apresentado no Campeonato Brasileiro. Em 2000, o clube foi a terceira melhor média de público com 16905 torcedores por jogo. Já em 2002, esse número caiu para menos de 7000 pois o clube, em hora nenhuma, apresentou um time competitivo e nem conseguiu se manter entre os primeiros acontecendo totalmente o contrário, um time mediano brigando para não ser rebaixado á segunda divisão. Já o São Caetano apresentou neste período uma administração mais profissional, aonde o que era gasto era o que clube arrecadava e não mais que isso. Entre 1997-1999 o São Caetano apresentou uma equipe competitiva e bem estruturada administrativamente que conseguiu alcançar os objetivos propostos em seu projeto que visava a ascensão do clube até o ano 2000. Em 2000, com o vice-campeonato brasileiro o São Caetano conseguia alcançar a etapa maior do projeto estipulado por seus dirigentes, que era de colocar o clube no cenário nacional. Em 2001-2002 colhendo frutos de suas boas campanhas, o São Caetano viu suas receitas aumentarem, fazendo com que o clube conseguisse melhores contratos de patrocínio, publicidades, reformasse seu estádio adequando-o ás normas impostas pela CBF, contratou jogadores mais baratos mas do mesmo nível dos que deixaram o clube mantendo a força do clube, ingressou o mercado internacional com a venda de jogadores para o exterior além das boas participações na Taça Libertadores, além de trazer jogadores que atuavam no exterior.
  • 48. 48 Com uma administração mais profissional o clube conseguiu se firmar como força do futebol brasileiro e, ainda teve seu modelo administrativo copiado por vários clubes de menor expressão do futebol brasileiro, completando assim o projeto proposto no início de 1997. É certo que o clube tem uma ajuda da prefeitura de São Caetano do Sul, mas não há a interferência dela na administração do clube, apenas a ajuda estrutural para o clube. Neste caso nota-se que os dirigentes influenciaram o clube positivamente, seguindo todo um planejamento que ajudou o São Caetano a atingir seus objetivos. 4.3 TRANSIÇÃO DOS CLUBES À REALIDADE PROPOSTA PELA NOVA MP Em um clube empresa torna-se obrigatório a apresentação dos balanços financeiros anuais. De acordo com a MP 39 apresentada pelo governo, se não houver responsabilidade nas aplicações das receitas e despesas, os dirigentes podem ser punidos. Ainda serão processados aqueles clubes empresas que não recolherem os tributos e que não estiverem em dia com a Receita Federal e, somente os clubes que estejam com sua situação regularizada terão benefícios fiscais, empréstimos e financiamentos do governo. O clube ainda deve ser rentável, ter uma marca forte para atrair novos investidores e, ter um planejamento com objetivos pré-estabelecidos deixando de lado o imediatismo de resultados, fato comum no futebol brasileiro. Além disso o clube deve apresentar uma administração profissional e gestora ao invés de uma administração passional e amadora. O clube também deve apresentar várias formas de receitas para gerir seus próprios recursos. Possuindo tudo isso o clube estará encaminhando para o sucesso administrativo, já que terá recursos necessários para uma gestão tranqüila. Caso o clube não se adapte a essas normas ele estará fadado ao fracasso administrativo, correndo o risco de ter dívidas astronômicas, marca fraca e pouco rentável e até mesmo de falir. Em relação a área administrativa pode-se afirmar que o São Caetano nasceu de um projeto arrojado e moderno baseado na administração voltada para objetivos pré-estabelecidos que não é mais promessa e sim uma realidade pronta para alçar vôos ainda maiores e que tem uma estrutura necessária para uma transição tranqüila para se tornar um clube empresa.
  • 49. 49 O Vasco hoje é um clube que depende quase que exclusivamente do direito de transmissão de seus jogos para obter receitas já que suas médias de público são pífias, não apresenta parceiros, patrocinador ou qualquer investidor. Algumas ações e inações de seus dirigentes também contribuíram para tornar o clube desacreditado para o mercado investidor brasileiro. Para realizar a transição proposta pela Medida Provisória, transformar-se em clube empresa, o clube terá que adotar uma política administrativa mais profissional e menos passional, para conseguir novamente recuperar a credibilidade que possuía.
  • 50. 50 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo, que teve como objetivo principal fazer uma análise da administração do futebol brasileiro para ver se os clubes conseguirão se adaptar à nova realidade proposta pela MP do congresso permite observar o seguinte quadro sobre o tema proposto. Os clubes considerados “grandes” do futebol brasileiro, neste estudo representado pelo Clube de Regatas Vasco da Gama, que possuem uma administração passional e amadora terão que reciclar sua estrutura administrativa se quiser sobreviver à nova realidade do futebol brasileiro. Endividados, com formas de arrecadação de receitas reduzidas e escassas, sem times competitivos esses times se não mudarem logo terão um futuro negro à frente aonde podem, inclusive, não conseguirem se recuperar e correndo o risco de acabarem ou falirem. O que a maioria dos clubes considerados “grandes” tem em comum é uma parceria fracassada, exemplos do Vasco com a Nations Bank, Grêmio e Flamengo com a ISL, Corinthians com a Hicks Muse, aonde os dirigentes extasiados com os milhões de dólares vindos dessas parcerias não se preocuparam em fazer um projeto ou planejamento para o futuro do clube e, se durante a parceria esses times tinham times recheados de jogadores caros, quando a parceria acabou o que se viu foi a debandada desses jogadores seja por atraso de salários, por propostas consideradas irrecusáveis e os clubes formando times medianos ou fracos, fruto do mau planejamento administrativo de seus dirigentes. Hoje, apresentam como maior fonte de renda, senão a única, os direitos de transmissões de seus jogos pagos pelas emissoras de TV. Alguns dirigentes de clubes “grandes” ainda acham que a transformação dos clubes em empresa, com a apresentação de balancetes financeiros, um campeonato nacional de nove meses nos moldes europeus será o fim para o futebol brasileiro. Mas eles só dizem isso por receio ás punições impostas pelo governo caso o clube não torne suas contas transparentes, já que não poderão mais manipular as receitas do clube como quiserem. Ao invés disso querem que o governo crie um modo de perdoar suas altas dívidas para que tudo continue como está,
  • 51. 51 mas, esquecem que o clube empresa terá benefícios do governo, desde que sua situação esteja regularizada. Os clubes considerados “emergentes” por sua vez, aqui representados pela Associação Desportiva São Caetano, apresentam uma administração mais profissional com objetivos pré- estabelecidos dentro de um projeto administrativo bem planejado. Esses clubes não apresentaram parcerias que lhes deu dinheiro. Eles apresentam mais formas de receitas como vendas de carnê, promoções entre outras formas. Além de apresentar times competitivos e assim estarem sempre com seus estádios cheios o que já aumenta sua receita. Uma outra forma encontrada por esses clubes para conseguir dinheiro, mesmo que não seja a melhor, é a formação e a venda de jogadores criados em suas categorias de base para o exterior. Um jogador é formado a custo mínimo de reais e vendido para o exterior pouco tempo depois por milhões de dólares. Essa preocupação com as categorias de base é pouco observada nos clubes de ponta já que, mesmo sem dinheiro, eles preferem contar com jogadores de nome mesmo que estejam em decadência. Para comprovar o sucesso dos clubes “emergentes” vale lembrar que os dois últimos campeões brasileiros são o Atlético Paranaense e o Santos, que mesmo que seja considerado como clube “grande” foi campeão com um time formado por meninos oriundos de suas categorias de base, e clubes como Juventude, Vitória, Coritiba e próprio São Caetano vêm figurando cada vez mais entre os melhores do Brasil. Há ainda outros times como o Brasiliense, de Brasília, e o Marília, de São Paulo, que vem em uma ascensão rápida dentro do futebol brasileiro. O Brasiliense, inclusive, chegou à final da Copa do Brasil contra o Corinthians, depois de eliminar clubes como o Fluminense e o Atlético Mineiro. Esses clubes “emergentes” por já apresentarem uma administrativa mais profissional e menos passional terão uma transição tranqüila para a nova realidade proposta pela MP do congresso e, assim, poderão estar dando passos largos para se transformarem em forças do futebol brasileiro dentro de poucos anos. Por fim, acredita-se que a importância dessa pesquisa foi proporcionar conhecimentos sobre a realidade da estrutura administrativa dos clubes do futebol brasileiro tomando como exemplo dois clubes e como será a transição para se tornarem clube-empresa conforme determina a Medida Provisória do congresso.
  • 52. 52 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . “ Conselho aprovou contas de 2001”, Agência Vasco da Gama, www.crvascodagama.com, 04/01/2003 . “Ah, eu sou Vascão!”, Agência, Jornal O Globo Esportes, 22/12/1997 p.1 . “Animada, oposição se mobiliza para derrubar Eurico”, Agência Futbrasil, www.futbrasil.com.br, 10/10/2002 . “Briga de Bastidores” Agência, Jornal O Lance!, 23/09/1999 p. 16 . “Congresso rejeita MP desfigurada”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 06/11/2002 . “Conselho Deliberativo aprova contas de 2002”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 02/01/2003 . “CPI : Indiciamento de Eurico pela CPI é certo”; Lancepress, www.lancenet.com.br ; 29/11/2001 . “CPI contra Eurico”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 05/12/2001 . “CPI quer indiciamento de Eurico”, Lancepress, www.lancenet.com.br; 06/12/2001 . “CPI: cerco contra Eurico está se fechando”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 13/12/2001 . “Deputados desistem do processo de cassação de Eurico Miranda”, Agência Futbrasil, www.futbrasil.com.br, 07/06/2002 . “Dirigente vascaíno dispara contra Edmundo”, Agência Placar, www.placar.com.br, 06/12/2002 . “Dois caminhos para o futebol”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 19/09/2002 . “Entrevista: Eurico Miranda”, Agência, Revista do Vasco, Fevereiro – 2000, p. 18 . “Eurico acusa jogadores do Vasco de sacanagem e bebedeira”, Agência Futbrasil, www.futbrasil.com.br, 04/06/2002 . “Eurico afirma que é perseguido”, Lancepress, www.lancenet.com.br, 05/12/2001 . “Eurico Miranda critica Brasileiro de pontos corridos”, Agência Futbrasil, www.futbrasil.com.br, 30/08/2002
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