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33

De olho no retrovisor

análises para compreender
as mídias digitais em 2013
De olho no retrovisor
2013 foi o ano em que você passou a acompanhar os
principais acontecimentos do mundo digital numa das
seções mais tradicionais do Scup Ideas, O Monitor.
Durante 47 semanas, você conheceu tendências como o
marketing em tempo real, a explosão dos vídeos curtos na
publicidade e a integração entre TV e internet.
Leu análises únicas sobre as manifestações que tomaram
as ruas do país com a ajuda das mídias sociais, a decisão
das Organizações Globo de tirar seus links do Facebook
e a invasão das respostas automáticas no SAC feito pelo
Twitter.
Entendeu ainda cada movimentação da maior plataforma
social da atualidade no intrincado - e ao mesmo tempo
fascinante - mundo dos negócios digitais, a retomada dos
blogs e os desafios de empresas jornalísticas e agências
para sobreviver na era da internet.
Viu o renascimento do Yahoo, a queda da Blackberry,
as esperanças da Microsoft nos dispositivos móveis, a
ascensão do Tumblr e a veneração ao Big Data.
Nesta retrospectiva, você poderá lembrar de tudo isso - e
muito mais - numa seleção especial de 33 textos escritos
ao longo do ano por nossa talentosa equipe. Também
terá a oportunidade de se preparar para 2014 com um
artigo inédito com previsões e tendências feitas por
profissionais e estudiosos das mídias sociais.
Que venham os desafios do ano que chega!

Por eliseu barreira junior

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Realização :
Claudia Gasparini , Eliseu Barreira Junior,
Lucas Moschione e Thayane Veiga
Imagens: Shutterstock e Wikimedia Commons

Expediente
Sumário

26

Impulsionadas pelo
boom do setor,
jovens empresas oferecem
soluções para produtores e
distribuidores de conteúdo. Que
categorias de startups mais têm
atraído o interesse dos investidores?

frases do ano												 8
yahoo: vida além do facebook? 										 14
as marcas estão prontas para anunciar no instagram? 						

18

por que o twitter é tão popular entre os políticos? 							
	
arianna huffington: o que ela quer com o brasil? 							

21

para onde vão os investimentos em marketing de conteúdo?

					

26

o 11 de setembro inaugurou a era do big data? 							

29

como a crise econômica afetará o marketing brasileiro? 						

33

microsoft: as lições da renúncia de steve ballmer 							

35

por que o facebook quer levar internet para todos? 							

37

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24
Sumário

54

Aplicativos que
permitem a gravação
e o compartilhamento
de pequenos filmes são
a mais nova aposta do
Facebook e outros gigantes
da internet.

linkedIn: recrutam-se adolescentes 									 40
a nova indústria da TV 											 42
facebook: a caminho da transparência? 									 45
a invasão das respostas automáticas no twitter 							

48

a nova chance dos blogs 											 51
a explosão dos vídeos curtos 										 54
já pensou se a moda pega? 										 57
do facebook para as ruas: por que as mídias sociais mobilizaram o brasil 				

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58
Sumário

80

O que está por trás
da decisão da Globo
de tirar seus links do
Facebook?

o “fim” da playboy e o futuro do jornalismo								

62

analista de redes sociais precisa ser bom em matemática?						

65

futebol e redes sociais: um gol de placa?

67

								

candy crush: a saga de uma obsessão									 69
qual é o segredo das campanhas de sucesso no facebook?						

71

a tv vai salvar o twitter ou o twitter vai salvar a tv?							

74

a reinvenção da publicidade na era do facebook							

77

facebook: uma ameaça global?									 	
80

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Sumário

83
Inspiradas na viralização de
uma imagem, marcas decidem
declarar apoio ao casamento gay
em suas páginas no Facebook.
Como lidar com os riscos e
oportunidades trazidos pelo
marketing social?

as empresas devem apoiar causas nas redes sociais?							

83

o que o futuro reserva ao facebook?									 85
lições do marketing em tempo real no oscar								

88

como “curtir” algo no facebook revela muito sobre você						

90

os desafios do próximo papa nas redes sociais								
93	
					
		
o crescimento do twitter em 2012 									 95
uso de mídias sociais no trabalho 									 97
a busca social do facebook 										 99
perspectiva: o que 2014 reserva para as mídias sociais?					

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102
Frases do ano
Retrospectiva 2013

Frases do ano

“Estou disposto a fazer esse
investimento apenas porque
acredito que será bom para o mundo”
Mark Zuckerberg, criador do Facebook, sobre o seu
projeto “Internet.org“, destinado a conectar países em
desenvolvimetno à rede mundial de computadores.

“Nós percebemos uma redução
no número de usuários diários.
Especificamente os mais jovens”
David Ebersman, diretor financeiro do Facebook,
sugerindo que os adolescentes não estão
acessando o site como antes.

“Nós não competimos com o Facebook”
Jack Dorsey, criador do Twitter. Ele acha que
sua rede social tem pouco espaço para o
relacionamento pessoal, principal foco do Facebook.

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9
Retrospectiva 2013

Frases do ano

“Eu espiono”
Barack Obama, presidente dos EUA, fazendo piada no
Twitter no auge do escândalo de espionagem
que abalou seu governo em julho de 2013.

“Meus esforços estão focados em
garantir que o meu povo tenha acesso
global a qualquer tipo de informação,
como é de seu #direito”
Hassan Rouhani, presidente do Irã respondendo ao
tuíte de um dos criadores do Twitter, que o questionou
sobre o uso de mídias sociais em território iraniano.

“As redes sociais libertarão a China”
Eric Schmidt, presidente do Google,
prevendo o impacto que as mídias digitiais
terão sobre a ditadura do país asiático.

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10
Retrospectiva 2013

Frases do ano

“O Governo Federal tem interesse em
popularizar ainda mais a internet”
Dilma Rousseff, que discutiu o papel da web no Brasil em
sua coluna semanal “Conversa com a Presidenta“.

“Não há cultura de internet
maior do que a do Brasil”
Ben Smith, editor do Buzzfeed,
site de entretenimento que ganhou
em outubro de 2013 uma versão tupiniquim.

“Vamos esquecer toda essa confusão”
Pelé, querendo colocar panos quentes
a discussão sobre os protestos que tomaram
o territ;ório brasileiro em junho de 2013.

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11
Retrospectiva 2013

Frases do ano

“A privacidade talvez
seja uma aberração”
Vint Cerf, vice-presidente do Google,
falando sobre o futuro da internet e como as
inovações tecnologicas impactarão nossas vidas.

“Veneramos os dados e tentamos
aprender com eles, mas não devemos
segui-los cegamente”

“A compra do Washington Post
pelo dono da Amazon entrará para
a história como ‘O dia em que a
imprensa virou mídia’”

Kenneth Cukier, editor de dados da revista
The Economist, sobre a importância de encarar
o Big Data com responsabilidade.

Alberto Dines, jornalista e escritor brasileiro,
sobre o siginificado da aquisição do
jornal americano por Jeff Bezos.

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12
Retrospectiva 2013
Retrospectiva 2013

Yahoo: vida além do Facebook?
A multinacional que brilhou nos anos 90 deu uma guinada, ultrapassou o Google
em visitas e chegou a 800 milhões de usuários. Como o Yahoo voltou ao jogo?
Por Claudia gasparini
18 de outubro de 2013

Redesenho do logotipo e da página inicial do site.
Novos formatos e modelos de anúncios. Vinte startups
compradas em um ano. Nos últimos tempos, o Yahoo
não para. Prestes a completar duas décadas de
existência, a empresa parece ter recobrado as forças
que perdeu nos últimos tempos. O Yahoo quer voltar
ao jogo – e mostrar que existe vida além do Facebook.
Em pouco tempo, a multinacional passou de um
nome desgastado no mercado de tecnologia a um
player revitalizado, capaz de ultrapassar o Google
em número de visitas únicas, em julho de 2013, nos
Estados Unidos. Os números provam uma realidade
de grande carga simbólica: o Google foi um dos
principais responsáveis pela perda de fôlego do Yahoo
no início dos anos 2000. Depois de dois anos de
queda, a audiência do site cresceu e, pela primeira vez,
atingiu a marca global de 800 milhões de usuários.
Mas qual é o motivo de um retorno tão intenso? Para a
perplexidade dos analistas, não há dados consistentes
que justifiquem os picos de visitas aos sites da
organização desde o fim do ano passado. Nem mesmo

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14
Retrospectiva 2013
a tão noticiada aquisição do Tumblr pela empresa,
em maio de 2013, poderia explicar o crescimento: os
estudos realizados não contam as visitas ao microblog
como parte do tráfego nos domínios do Yahoo. Assim, as
razões continuam obscuras.
Na dúvida, podem culpar Marissa Mayer. Excolaboradora do Google, a incansável executiva de
38 anos assumiu a presidência do Yahoo em julho de
2012 e, desde então, não para de efetuar mudanças
radicais na estrutura de gestão da empresa. Abraçando
um desafio que à época repelia a maior parte dos
executivos, ela providenciou a cura de antigos males que
abatiam o negócio e o distanciavam cada vez mais da
inovação e da competitividade.
O primeiro passo de Marissa foi tentar renovar a
imagem da marca. Percebido por muitos como antigo
e ultrapassado, o Yahoo perdia tanto na quantidade
de usuários quanto na qualidade dos candidatos a
trabalhar na empresa. Para mudar o cenário, a jovem
CEO apostou em ações de branding e aquisições
estratégicas como a do Tumblr, rede social popular entre
adolescentes.
O velho Yahoo, nascido em 1994 como o jurássico site
“Jerry’s Guide to the World Wide Web”, não existe mais
– e Marissa quer deixar isso bem claro. Até o logotipo
da empresa, nunca alterado desde a sua fundação, foi
descartado e substituído.
Outra estratégia importante posta em prática nessa
nova fase do Yahoo tem sido a aquisição frequente de
startups. Foram vinte, desde outubro de 2012. Além do
Tumblr, destacam-se as compras do Summly, aplicativo
que sumariza notícias criado por um adolescente de 17
anos, e da startup de área móvel Stamped.
Ao atrair jovens empresas, o Yahoo não pensa apenas
em agregar seus produtos e soluções ao portfólio da
empresa. Marissa quer as pessoas, as mentes por trás
dos empreendimentos que adquire. Muitos talentos se
tornaram colaboradores do Yahoo após venderem à
multinacional os negócios que criaram. Para o Yahoo,
foi a chance de arejar seus quadros de funcionários e
incrementar seu time de desenvolvedores.

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15
Retrospectiva 2013
Além das formas de contratação e aquisição de
talentos, as políticas internas da empresa também
sofreram alterações importantes. Uma das mais
polêmicas e notórias foi a extinção do home office: a
presidente exigiu que os funcionários que trabalhavam
remotamente voltassem a comparecer presencialmente
à sede da empresa em Sunnyvale, na Califórnia. Entre
outros objetivos, Marissa queria ampliar a integração
e otimizar as decisões tomadas em equipe. Ainda que
aparentemente impopular, a medida vingou – e não
manchou a imagem da líder. No segundo trimestre de
2013, Marissa era aprovada por 84% dos funcionários
– a melhor avaliação de todos os CEOs do Yahoo em 5
anos.
As muitas realizações notáveis da jovem executiva
podem ser o ingrediente secreto por trás da nova fase
do Yahoo. No entanto, se os resultados atingidos até
agora são grandes, maiores ainda serão os desafios
a seguir. As conquistas em termos de reputação e
imagem são inegáveis, mas muito pode ser esperado em
ganhos financeiros. O Yahoo tem crescido muito menos
do que o resto da indústria, e a sua principal fonte
de lucro, os anúncios multimídia, continua caindo. Na
semana passada, a empresa divulgou uma ligeira queda
de receitas e um lucro 91% menor no terceiro trimestre
de 2013.
Sem dúvida, o Yahoo precisa recuperar o prestígio no
mercado publicitário e transformar a sua crescente base
usuária em dinheiro. Em 2013, a participação do Yahoo
no negócio de anúncios do tipo display deve cair para
7,7% (ante 8,6% no ano passado), enquanto Google
e Facebook aumentarão suas fatias para 41,1% (ante
40.9%) e 7,1% (ante 5,9%), respectivamente.
Marissa quer virar o jogo se reaproximando dos
publicitários. Durante muito tempo, o setor a viu como
uma pessoa que não se importava com publicidade,
tendo escolhido dar atenção apenas ao desenvolvimento
de novos produtos. Agora, a líder promove uma série de
encontros com executivos de agências e montou uma
estratégia para criar oportunidades de negócio junto a
eles.
Muito ainda pode – e precisa – ser feito. O ponto positivo
é que não falta energia para a tarefa. Marissa dorme

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16
Retrospectiva 2013
de 4 a 6 horas por noite, decidiu ficar apenas algumas
semanas de licença-maternidade quando teve seu
primeiro filho e já declarou que suas prioridades na vida
são “Deus, a família e o Yahoo – nessa ordem”. A batalha
continua – e seus desdobramentos poderão mudar o
destino dos investimentos em marketing e publicidade
nos próximos anos.

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17
Retrospectiva 2013

As marcas estão prontas para
anunciar no Instagram?
Mídia social comprada pelo Facebook libera espaço para peças publicitárias.
O que o Instagram espera dos anunciantes?
Agora é oficial: o Instagram passará a exibir anúncios

por Eliseu Barreira Junior em breve. Comprada pelo Facebook por quase 1 bilhão
11 DE OUTUBRO DE 2013

de dólares em 2012, essa é a primeira tentativa de Mark
Zuckerberg de fazer dinheiro com a popular plataforma
social de fotos e vídeos.
Mais do que qualquer outra companhia de internet em
busca de um modelo de negócios sustentável, o Instagram
terá o desafio de introduzir propagandas que preservem
seu principal ativo: o apelo emocional de conteúdos
imagéticos.
Para não colocar em risco a experiência com o serviço – e
afastar usuários –, a empresa prometeu que mostrará
apenas anúncios que sejam “divertidos, belos e criativos”. A
maior dificuldade será conciliar alta qualidade com escala.
As marcas estão prontas para atuar nesse cenário?
O Instagram aposta que sim. Segundo analistas, a empresa
deverá lucrar 400 milhões de dólares com publicidade
dentro de três ou quatro anos. Com mais de 150 milhões

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18
Retrospectiva 2013
de usuários, a plataforma tem uma audiência significativa
para oferecer aos anunciantes, superando o Pinterest (70
milhões de usuários), que começou a testar uma estratégia
de promoção de posts recentemente, e o Tumblr (50 milhões
de usuários). Hoje, o Instagram possui um público três
vezes maior que o Twitter tinha quando começou a vender
anúncios, em outubro de 2010.
Considerada uma mina de ouro, essa audiência pode colocar
em xeque os planos do Instagram. Meses atrás, a atualização
dos termos de uso da empresa provocou uma gritaria entre
usuários. As mudanças previam o uso de dados dos perfis,
como nome, “curtidas” e fotos, em publicidades e promoções.
Depois de muitas reclamações, a companhia veio a público e
anunciou que reescreveria o documento.
Para evitar que a introdução de anúncios na mídia social
provoque uma nova polêmica, a empresa tem dado passos
calculados. Um deles foi a inclusão de um recurso para a
produção de vídeos curtos de 15 segundos – uma unidade
padrão de publicidade no mundo da TV. Sucesso de público,
a iniciativa permitiu que diversas marcas realizassem ações
de marketing no Instagram. Os usuários começaram assim
a conviver com formatos publicitários em seus feeds. A
empresa não recebeu nada por isso, mas conseguiu colocar
sua audiência diante dessa nova possibilidade.
Outro passo importante foi a escolha do momento para
anunciar a exibição de peças publicitárias no Instagram.
Enquanto o mundo estava distraído com a notícia do IPO do
Twitter, um post no blog da empresa apresentou a novidade.
Ocupados em discutir o negócio do site dos 140 caracteres,
analistas de tecnologia e blogueiros especializados fizeram
registros mais breves do movimento do Instagram.
Por fim, o modelo de publicidade adotado buscou levar em
consideração a relação passional que os usuários têm com
a plataforma. Inicialmente restrito aos Estados Unidos, o
sistema de anúncios do Instagram está calcado em algumas
premissas:
- As peças publicitárias deverão ser tão naturais quanto as
fotos e vídeos das marcas que as pessoas já seguem;
- A mídia social fornecerá ferramentas para que os
anúncios sejam ocultados e os usuários expliquem por que
não quiseram vê-los; e
- Para não poluir as timelines, será mostrado um número
baixo de fotos e vídeos apenas de marcas com uma grande
presença no serviço.

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19
Retrospectiva 2013
O sucesso desse modelo está, principalmente, nas mãos das
marcas. Nas palavras de Kevin Systrom, CEO do Instagram,
a publicidade deve ser tão “saborosa” quanto o conteúdo.
Numa entrevista, ele citou a experiência proporcionada por
anúncios da revista de moda Vogue como um bom exemplo a
ser seguido. De acordo com o líder, há estudos que mostram
que a satisfação das pessoas diminui quando as propagandas
são tiradas de publicações como essa. Systrom espera que o
mesmo aconteça com a mídia social.
Essa afirmação mostra que apenas marcas com equipes de
produção de conteúdo acima da média devem triunfar no
Instagram. Criatividade, alto investimento e imaginação serão
pré-requisitos para quem deseja anunciar lá. Os publicitários
deverão seduzir por imagens, deixando de lado o apoio do
texto e do discurso comercial.
A aposta do Instagram é alta. Ao mesmo tempo em que
precisa gerar dinheiro, a empresa quer continuar a brindar
o público com experiências únicas. Parece difícil conciliar
esse idealismo com as demandas dos investidores. Afinal
de contas, nenhuma mídia social foi criada para ser uma
máquina de ads. Três anos depois de sua criação, o
Instagram precisa encarar a idade adulta. Infelizmente, não é
possível manter a pureza da infância para sempre.

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20
Retrospectiva 2013

Por que o Twitter é tão popular
entre os políticos?
Volta da presidente brasileira ao microblog reacende a pergunta: qual é o valor
da rede dos 140 caracteres para quem governa – ou quer governar?
por Claudia Gasparini
4 DE OUTUBRO DE 2013

Dilma Rousseff está de volta ao Twitter. A retomada
da conta oficial no microblog da presidente, inativa há
quase três anos, faz parte de uma estratégia para melhorar
a comunicação digital do governo federal. O objetivo é,
a um só tempo, fazer-se mais presente na rede – uma
necessidade sentida sobretudo após as manifestações de
junho – e preparar-se para as eleições de 2014.
O microblog não é a única mídia social em que Dilma está
investindo. Recentemente, tuítes da governante também
anunciaram uma reformulação de sua página oficial no
Facebook, uma conta do Palácio do Planalto no Instagram e
um novo portal para comunicação com o governo federal.
Mas é inegável a importância central do perfil no Twitter
para a estratégia de comunicação da presidente.
Importância essa que está longe de passar despercebida
por outras figuras políticas brasileiras. Comparada a Barack
Obama, a ex-senadora Marina Silva articulou habilmente
sua presença nas mídias sociais para conquistar projeção

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21
Retrospectiva 2013
nas eleições presidenciais de 2010, com ênfase no Twitter.
Mesmo fora do poder, Marina segue recorrendo ao microblog
para mobilizar adeptos e realizar movimentos políticos.
Para citar o exemplo mais recente, a ex-senadora convocou
esta semana um “tuitaço” para pressionar o TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) a aprovar o registro do seu partido, o Rede
Sustentabilidade.
Essa tendência pode ser generalizada. Sem exagero, é válido
afirmar que o Twitter é a mídia social favorita dos políticos
do continente americano: dos 15 políticos mais seguidos do
planeta, 10 são provenientes das Américas.
O presidente dos Estados Unidos e autor do tuíte mais
compartilhado de todos os tempos, Barack Obama, é o
governante mais acompanhado no microblog, com mais
de 37 milhões de seguidores. O perfil de Hugo Chávez, expresidente da Venezuela, é o 3º mais popular do mundo,
mantendo sua base de 4,2 milhões de seguidores mesmo
após a morte do político em março de 2013. Os presidentes
latino-americanos Cristina Kirchner, da Argentina, Enrique
Peña Nieto, do México, e Juan Manuel Santos, da Colômbia,
também figuram na lista dos 15 políticos mais seguidos no
Twitter. Dilma Rousseff aparece em 13º lugar, acompanhada
por 1,9 milhões de pessoas.
Mas o que explica a popularidade das mídias sociais, e em
particular do Twitter, entre os políticos das Américas?
Antes de tudo, a resposta passa pelo fato de que aqui
predominam tanto populações jovens – as mais familiarizadas
com as novas tecnologias – quanto regimes democráticos.
Entre outras explicações possíveis, essa combinação
certamente contribui para a criação de um ambiente
favorável à intersecção entre política e mídias sociais de
forma geral.
A partir desse ponto, também podemos refletir sobre
oportunidades especificamente trazidas pelo Twitter para
quem está – ou quer estar – no poder.
Uma conta no microblog – obrigatoriamente pessoal, com
o nome e o rosto do político, e jamais do seu “Palácio” ou
“Prefeitura” – é um espaço de exercício de personalidade. Isso
é extremamente importante em tempos de internet. Com
a rede e as mídias sociais, começou-se a esperar algo que
nunca foi tão cobrado das figuras públicas: a sensação da sua
presença.
Os tuítes de um governante são uma representação por
excelência da sua proximidade no dia a dia das pessoas.

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22
Retrospectiva 2013
Superamos há muito tempo a fase de mandar cartas para
algum órgão de comunicação oficial, torcendo para obter
alguma resposta. Hoje queremos sentir que conhecemos
pessoalmente nossos representantes, a ponto de os
chamarmos pelo nome, de cobrá-los e elogiá-los diretamente.
É aí que cabe a pergunta: quantas outras formas de
comunicação são tão naturais e intimistas quanto um tuíte?
A cerca de um ano das eleições presidenciais, os políticos
brasileiros começam a se aquecer para a disputa. A
proporção direta entre menções no Twitter e sucesso nas
eleições foi demonstrada por estudos recentes. Já tendo
testemunhado a contribuição das mídias sociais para a
ascensão de Marina Silva em 2010, essa correlação chega a
ser quase intuitiva para os brasileiros.
O Twitter pode servir como um palanque com capacidade
infinita de espectadores. Qualquer que seja o resultado das
eleições, 2014 será um ano de vitória para quem souber
trabalhar sua estratégia nesse ambiente, ganhando a
confiança dos eleitores e reforçando sua presença na esfera
pública aos poucos, de tuíte em tuíte.

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23
Retrospectiva 2013

Arianna Huffington: o que ela
quer com o Brasil?
Três anos depois de divulgar a intenção de expandir seus negócios para a
América Latina, Arianna Huffington anuncia a chegada de seu site ao Brasil.
Na galeria dos grandes empreendedores do

por Eliseu Barreira Junior mundo digital, destaca-se o nome da grega Arianna
4 de outubro de 2013

Huffington. Natural de Atenas, formada em economia
pela Universidade de Cambridge e voz influente entre os
democratas norte-americanos, Arianna criou em 2005 um
dos sites de notícia e opinião mais prestigiados do mundo:
o Huffington Post.
Num contexto em que as empresas jornalísticas estão
lutando para sobreviver na era da internet, ela desenvolveu
uma publicação digital lucrativa, que só perde em audiência
para o poderoso The New York Times e vale mais de 300
milhões de dólares.
Na semana passada, veio à tona a notícia de que o
HuffPost finalmente terá uma edição no Brasil. Três anos
depois de divulgar a intenção de expandir seus negócios
para a América Latina, Arianna anunciou uma parceria
com o Grupo Abril que colocará o site em seu nono país e
quinto continente.

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24
Retrospectiva 2013
O crescente acesso à internet e o fortalecimento de nossa
economia nos últimos anos chamaram a atenção da
jornalista. “Estou particularmente animada com a parceria
que vai possibilitar o uso de vários recursos para dar ainda
mais voz ao Brasil por meio de uma nova plataforma”, disse
Arianna.
Especula-se que o HuffPost Brasil entrará no ar em
dezembro. Como já ocorre em outros países, a edição
nacional deverá combinar agregação de conteúdo,
reportagens exclusivas e muitos blogueiros. Além disso, o
material produzido aqui poderá ser traduzido e publicado nas
versões internacionais do site.
Para os jornalistas brasileiros, essa será uma chance ímpar
de lidar com uma nova mentalidade de monetização de
conteúdo digital. No HuffPost, as receitas não vêm apenas
de banners. O dinheiro chega através de parcerias, anúncios
vinculados a conteúdos específicos, blogs patrocinados
e ações que conectam a imagem de marcas com causas
sociais.
“O jornalismo não precisa ser salvo, mas precisa de novos e
criativos modelos de receita”, afirmou certa vez a criadora
do HuffPost. Chegou a hora de trazer para o Brasil as lições
que colocaram o site – e o nome de Arianna – no panteão da
internet. Não podemos desperdiçar essa oportunidade.

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25
Retrospectiva 2013

Para onde vão os investimentos
em marketing de conteúdo?
Como jovens empresas que oferecem soluções para produtores e distribuidores
de conteúdo têm atraído o interesse de investidores.
por Claudia Gasparini
26 DE SETEMBRO DE 2013

Novos negócios e oportunidades estão
transformando o ecossistema do marketing de conteúdo.
É verdade que, com algumas exceções, os investimentos na
área tendem a ser modestos: raramente chegam a mais de
10 milhões de dólares. Mas cresce o interesse em se injetar
capital nesse jovem mercado. Afinal, precisamos cada vez
mais de soluções para otimizar e acelerar processos de
compra, venda, produção e distribuição de conteúdo online – e essa necessidade só tende a aumentar.
Nick Gregg, executivo da StrategyEye, analisou as
categorias de startups ligadas ao universo do marketing de
conteúdo que, nos últimos anos, têm recebido as maiores
fatias de investimento de capital de risco. O resultado
da reflexão é um painel de tendências: as áreas que
recebem mais apostas financeiras provavelmente também
serão aquelas com potencial de “dar o tom” do setor nos
próximos anos.

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26
Retrospectiva 2013
A primeira área de atração de capital é a que envolve
a amplificação do conteúdo. Trata-se de um serviço de
intermediação tecnológica entre produtores de conteúdo
na web e canais de publicação de grande alcance. A ideia é
permitir a exposição de um conteúdo de marca numa rede
de alta visibilidade, como USA Today, The New York Times e
CNN – que inclusive fazem uso de tal serviço.
Empresas que atuam como agentes dessa troca recebem de
cada cliente pequenas taxas de CPC (Cost Per Click). Em larga
escala, porém, a soma desses ganhos minúsculos garante a
rentabilidade do modelo. Tanto é que startups da categoria
têm recebido investimentos da ordem de 15 milhões de
dólares, como a Taboola.
Outra tendência que não tem passado despercebida pelos
investidores é a publicidade nativa. De forma alternativa aos
anúncios convencionais, esse tipo de solução não apresenta
uma mensagem de venda explícita. A premissa é a seguinte: a
marca cria uma peça de conteúdo que será divulgada por um
publisher na qualidade de conteúdo editorial patrocinado.
O anunciante define a temática, o público e o ambiente em
que deseja estar, num modelo híbrido que tem “borrado” a
fronteira entre conteúdo e publicidade.
Um bom exemplo é a presença de uma seção patrocinada
pela IBM no site da prestigiada revista Forbes. No último
semestre, investimentos milionários têm sido injetados em
jovens empresas que oferecem soluções para distribuição
de publicidade nativa em grandes publishers: as startups
Sharethrough e Genesis Media, por exemplo, receberam
aportes financeiros de 11 milhões e 3 milhões de dólares,
respectivamente.
Uma terceira área em evidência é o real-time bidding,
isto é, a compra em tempo real de anúncios on-line com
base em informações contextuais do usuário, como idade,
gênero, localização e etc. Startups que transitam por esse
universo têm recebido altos investimentos de venture capital,
sobretudo aquelas que prestam serviços dentro do contexto
mobile ou das mídias sociais. Um investimento de 9 milhões
de dólares foi destinado à Apsalar, que oferece serviços de
real-time bidding com foco em mensuração de resultados
para campanhas em dispositivos móveis.
Paralelamente, a atenção dos investidores têm sido atraída
por startups que desenvolvem soluções para a produção,
publicação e curadoria de conteúdo. É o caso de empresas
como o HubSpot, que busca cobrir todo o processo de
produção e distribuição de artigos e outros materiais para

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27
Retrospectiva 2013
marcas – e recebeu um incentivo de 35 milhões de dólares
no ano passado.
Além disso, existe no mercado uma miríade de ferramentas
que ajudam a curar conteúdo, ou seja, o trabalho de
selecionar e disseminar conteúdos já existentes. A aquisição
do Tumblr, uma mídia social fortemente sustentada por essa
atividade, por 1 bilhão de dólares pelo Yahoo! é um exemplo
da atratividade de empreendimentos que se baseiam em
curadoria.
Em linhas gerais, é possível perceber que o foco das apostas
tem sido predominantemente negócios que dão escala à
produção e à distribuição do conteúdo nas mídias digitais.
Essas soluções têm importância crítica, e faz sentido que
atraiam incentivos financeiros. No entanto, também é válido
afirmar que, dentro de pouco tempo, ganharão (mais) relevo
negócios que facilitem o estabelecimento de relações com o
público por meio do conteúdo.
Em breve, conquistar eficiência e alcance da mensagem não
será mais o bastante. De que adianta conseguir falar a um
consumidor se ele vê a sua proposta com desconfiança e
ceticismo? Soluções para construir relacionamentos com
base na confiança da audiência provavelmente serão a
próxima fase do mercado e, claro, o próximo pote de ouro
dos investidores.

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28
Retrospectiva 2013

O 11 de setembro inaugurou
a era do Big Data?
Doze anos depois dos atentados às Torres Gêmeas, a análise de
grandes volumes de dados se tornou uma poderosa arma de guerra.
Como os atentados de 11 de setembro de 2001

por Eliseu Barreira Junior mudaram o mundo? Doze anos depois de presenciarmos
13 DE SETEMBRO DE 2013

mais de 3 mil vidas serem ceifadas por fanáticos religiosos
nos Estados Unidos, essa pergunta está longe de receber
uma resposta definitiva. Não há dúvidas de que o mundo
nunca mais foi o mesmo. Mas é impreciso determinar
de que maneira o maior ataque terrorista já visto pela
humanidade alterou – ou determinou – o percurso da
História.
Que o ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center
gerou mais dilemas do que transformações, é difícil
discordar. Ainda não sabemos como lidar com a ameaça
terrorista sem ferir a soberania de países e os direitos
civis. Ainda não sabemos como julgar, condenar e prender
pessoas dispostas a matar por uma causa. Ainda não
sabemos como superar o preconceito e a intolerância
contra seguidores do Islã. Ainda não sabemos como
diminuir o fosso que separa o Ocidente do Oriente.

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29
Retrospectiva 2013
Em meio a tantas incertezas, porém, é possível apontar
com clareza uma profunda mudança trazida pelo 11 de
setembro: o mundo passou a dar valor aos segredos do Big
Data. Definido originalmente nos anos 2000 por um analista
da Gartner, o termo é usado para descrever a análise de
gigantescos volumes de dados que geramos quando fazemos
ligações telefônicas, trocamos e-mails, realizamos uma busca
na internet, compartilhamos um post numa rede social ou
compramos algo numa loja. Graças à inteligência gerada a
partir desses rastros, é possível prever comportamentos,
identificar padrões e descobrir o porquê de muitas coisas.
Antes restrito a um círculo de nerds do mundo da
computação, o Big Data se tornou mainstream. Também
pudera. Capa de revista de circulação nacional, descrito
como o novo petróleo do século XXI e equiparado ao ouro
no Fórum Econômico Mundial de Davos, ele já movimenta 70
bilhões de dólares, valor que deve crescer 40% ao ano até
2015.
Um estudo do McKinsey’s Business Technology Office
apontou cinco benefícios do Big Data. Primeiro, ele dá
transparência à informação e torna seu uso muito mais
frequente. Segundo, permite a coleta e o armazenamento
de informações detalhadas sobre absolutamente quase
tudo. Terceiro, ajuda as empresas a oferecer para seus
clientes o que eles realmente precisam. Quarto, possibilita
análises sofisticadas que podem melhorar substancialmente
a tomada de decisão. Quinto, pode ser usado para melhorar
o desenvolvimento de uma nova geração de produtos e
serviços.
No mundo pós-11 de setembro, o Big Data também se
converteu numa poderosa arma de guerra. É falacioso dizer
que ele não seria um fenômeno tão amplo sem os atentados
que destruíram as Torres Gêmeas. Mas o papel central da
ameaça terrorista nessa revolução dos dados não deve ser
ignorado.
Em busca de formas mais certeiras para caçar homensbomba e evitar novos atentados, a inteligência do governo
dos EUA começou a investir pesado na indústria de software
e formar alianças com empresas de tecnologia para
monitorar as atividades de qualquer pessoa ao redor do
planeta sem precisar enviar espiões a campo.
Segundo o Biometrics Research Group, o departamento de
Defesa dos EUA, é responsável por grande parte dos gastos
com pesquisa em Big Data atualmente. Dos 30 projetos
conduzidos pelos militares, 9 estão focados na melhoria de
algoritmos, espionagem e vigilância. Só em 2012, agências

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30
Retrospectiva 2013
federais do país gastaram 5 bilhões de dólares com pesquisas
em Big Data – o investimento deve chegar a 8 bilhões de
dólares em 2017.
Esses gastos têm permitido ao governo norte-americano
processar dados sobre habitantes de qualquer região
do globo – inclusive da presidente Dilma Rousseff. Um
documento da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla
em inglês), vazado pelo ex-agente do órgão Edward Snowden,
mostrou que, em março de 2013, havia 97 bilhões de
informações recolhidas de redes no mundo todo.
Para analistas, tal aparato de vigilância não seria tão forte
sem a cooperação de empresas de Big Data, como Google
e Facebook. “Ao pedir – e, em vários casos, coagir – o Vale
do Silício a fornecer portas de entrada para seus bancos
de dados e servidores, a agência teve acesso a quase todos
os cantos da web”, disse a revista Foreign Policy. Após
as revelações de que colaboraram com a NSA, tais sites
garantiram que a privacidade de seus usuários não está em
xeque e que apenas informações solicitadas judicialmente
são liberadas.
Sem dúvida, a ameaça à privacidade e naturalidade das
decisões do cidadão-consumidor é um dos principais
desdobramentos da era do Big Data. Os dados de que uma
empresa dispõe podem ser repassados para terceiros,
mesmo que para evitar crimes? Não seremos privados
de fazer escolhas “fora da caixa” caso o algoritmo de um
software passe a influenciar nossos hábitos de consumo?
Especialistas têm apontado diferentes caminhos para a
sociedade lidar com questões desse tipo. Há quem defenda
a criação de uma legislação específica para regular o uso do
Big Data, a redefinição do que se entende por privacidade
ou até que o bom senso seja colocado de lado em nome da
veneração cega aos dados.
Para evitar que a humanidade assista a um novo 11 de
setembro, tem muita gente disposta a levar a devoção ao
Big Data adiante. Doze anos depois daquela terça-feira
sombria, ficou certamente mais fácil tomar ações preventivas
e identificar potenciais terroristas por causa da captura e do
processamento de enormes volumes de dados.
O grande problema é que vivemos num mundo em que
governos não precisam mais descobrir a razão para que
terroristas se tornem terroristas, alerta Evgeny Morozov
em artigo para a Slate. Basta recolher dados sobre
absolutamente tudo, relacioná-los e se concentrar em prever

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Retrospectiva 2013
quando isso acontecerá para que alguma medida seja
tomada.
“Em outras palavras, não precisamos perguntar por que as
coisas são como são, desde que possamos influenciá-las
para que sejam o que desejamos que sejam. E isso é triste. O
abandono da compreensão como um objetivo útil de política
pública poderia tornar impossíveis as reformas políticas
sérias”, escreveu Morozov.
O Big Data pode ser útil para afastar a ameaça terrorista, mas
não eliminará o risco de que um 11 de setembro se repita
caso seu agente causador não seja atacado. Enquanto não
investigarmos as raízes do problema, o mundo continuará
refém do medo. Infelizmente, os dados pouco nos ajudarão
com isso.

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Retrospectiva 2013

Como a crise econômica afetará o
marketing brasileiro?
Alta do dólar e inflação abalam a confiança na economia do país. O que norteará
os investimentos na publicidade em tempos difíceis?
por Claudia Gasparini
30 DE AGOSTO DE 2013

Confiança é tudo. A economia de um país pode ir mal,
mas, quando começa a ser alvo de desânimo por parte de
consumidores e empresários, é hora de se preocupar de
verdade.
O descrédito com o cenário econômico do Brasil em 2013
já é uma realidade. Segundo uma sondagem da Fundação
Getúlio Vargas, o sentimento de confiança na economia do
país chegou este ano a níveis tão baixos que chega a ser
comparável ao registrado na época da crise mundial de
2008 e 2009.
O sentimento de desânimo vem a bordo de uma onda de
índices econômicos preocupantes, como alta do dólar,
desvalorização do real, inflação e projeções frustrantes
para o PIB deste ano.
O mais grave é que existe uma lógica de retroalimentação
nesse mecanismo: quanto mais se acredita que a situação
está ruim, pior ela fica.

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33
Retrospectiva 2013
Por isso, confiança é tudo. Num cenário em que ela falseia,
certos investimentos naturalmente tendem a se retrair.
Um estudo coordenado pelo Projeto Inter-Meios apontou
que o crescimento na injeção de capital em mídia para o
primeiro semestre foi bem abaixo do esperado, atingindo
2,4% em relação ao período anterior.
Os meios em que o faturamento com anúncios mais caiu
foram guias e listas (-28,6%), revistas (-8,7%) e jornais
(-4,6%). A pesquisa aponta que a internet também perdeu
investimentos (-15,1%), mas considerou somente publicidade
em displays ou banners. A queda provavelmente não seria
reportada se houvesse sido incluída a participação de players
como Google e Facebook, que permanecem em franca
expansão.
Do ponto de vista do anunciante, quanto mais preciso, barato
e objetivo for o “tiro”, mais favorecido será o canal – ainda
mais em tempos de incertezas.
Assim, é natural que sejam privilegiadas mídias que aceitem
investimentos de todos os tamanhos, em formatos que
acomodem métricas ligadas diretamente aos objetivos
do negócio. Também é muito bem-vinda a possibilidade
de segmentar anúncios de acordo com interesses e
características do público-alvo.
Em tempos de “cinto apertado”, o mercado navega seguindo
dois faróis: a eficiência no aproveitamento de recursos e a
retenção dos clientes já conquistados.
O primeiro ponto é intuitivo: para manter o negócio de pé, é
melhor injetar dinheiro em alternativas eficientes e certeiras,
que assegurem o maior retorno possível com o menor custo
necessário.
O segundo fator que norteia a decisão das empresas é a
necessidade de preservar a base de clientes que elas já
possuem. Já que conseguir novos compradores em tempos
de crise pode ser um desafio, a palavra de ordem é reter.
Assim, áreas como atendimento e relacionamento com
o cliente passam a ser especialmente valiosas para as
empresas.
Confiança, de fato, é tudo: confiança de que os investimentos
trarão um retorno certo, confiança de que as fontes de
receita já conquistadas não se dissiparão. Toda crise é
alimentada pela insegurança da maioria. E é para a minoria
que souber oferecer garantias que ela se revelará menos
amarga.

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Retrospectiva 2013

Microsoft: as lições da renúncia
de Steve Ballmer
Sucessor de Bill Gates não resistiu à pressão e anunciou sua renúncia ao cargo de
CEO da Microsoft. O que é possível aprender com o acontecimento?
Quando Steve Ballmer assumiu a presidência executiva

por Eliseu Barreira Junior da Microsoft em janeiro de 2000, a empresa dominava
30 DE AGOSTO DE 2013

o setor de computação. Naquela época, a vasta maioria
dos computadores de mesa e laptops usava o sistema
operacional Windows. O grande desafio do sucessor de
Bill Gates era manter a empresa no topo e buscar novas
fontes de receita.
Desde então, Ballmer apostou no lançamento de novos
produtos, como o MSN Messenger, o Bing, o Xbox e
o Kinect. Apesar de bem-sucedidas, nenhuma dessas
iniciativas foi capaz de manter a influência absoluta da
Microsoft no mundo da tecnologia. A empresa mostrou
dificuldades para se adaptar à era da computação móvel
e viu gigantes como Apple e Google emergirem como
protagonistas da revolução dos tablets e smartphones.
Na semana passada, Ballmer não resistiu à pressão e
anunciou sua renúncia ao cargo de CEO da Microsoft.
Embora tenha feito um bom trabalho para manter o

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Retrospectiva 2013
lucrativo negócio da Microsoft na computação convencional,
Ballmer vacilou em aproveitar o entusiasmo dos
consumidores por aparelhos equipados com telas de toque
– um mercado que ainda está em disputa. “Não há chance de
que o iPhone conquiste fatia de mercado significativa”, previu
erroneamente o executivo em 2007.
A mudança de comando na empresa de Bill Gates acontece
num momento delicado. A fatia da Apple no mercado de
computação deve superar a da Microsoft até o fim do ano. Já
o Windows 8, principal aposta de Ballmer para virar o jogo,
acumula críticas tanto de usuários de tablets quanto de PCs.
As dificuldades da Microsoft deixam uma lição importante
para empresas de todos os segmentos, segundo análise
de Paul Krugman. O prêmio Nobel de Economia classifica a
Microsoft como “uma companhia que se saiu tão bem com
seu monopólio sobre os sistemas operacionais que perdeu
o foco, enquanto a Apple – ainda vagueando pelo deserto
depois de tantos anos – estava alerta a novas oportunidades”.
Para ele, viver de um monopólio impede uma empresa
de inovar: “A destruição criativa significa que monopólios
não duram para sempre, mas não que sejam inofensivos
enquanto duram. Isso valia para a Microsoft ontem; pode
valer para a Apple, o Google, ou uma empresa que ainda não
está em nosso radar, amanhã”.

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Retrospectiva 2013

Por que o Facebook quer levar
internet para todos?
Empresas de tecnologia como Google e Facebook querem levar internet para todo
o planeta. O que está por trás dessa iniciativa ambiciosa?
Não faltam motivos para acreditar que a internet é

por Eliseu Barreira Junior um direito humano. A internet transforma a socialização.
23 DE AGOSTO DE 2013

Como nos conectaríamos com amigos e familiares
virtualmente sem ela? A internet alimenta mobilizações
populares. O que seria dos protestos que tomaram
conta das ruas do Brasil em junho sem ela? A internet
permite o surgimento de novos empreendedores.
Quantos empregos deixariam de ser gerados sem ela? A
internet torna as relações entre empresas e clientes mais
transparentes. O que seria do atendimento ao consumidor
sem ela? A internet aumenta o acesso à informação.
Como saberíamos que a nossa privacidade é violada por
governos sem ela? A internet ajuda a derrubar ditadores. O
que seria da Primavera Árabe sem ela?
Em nome desse direito, defendido pela ONU, gigantes do
mundo da tecnologia têm investido pesado em iniciativas
que pretendem tornar o mundo mais conectado. Depois
de o Google lançar um projeto que leva internet para áreas

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37
Retrospectiva 2013
remotas do planeta por meio de balões, chegou a vez do
Facebook.
Na semana passada, Mark Zuckerberg, criador da maior mídia
social da atualidade, anunciou o projeto Internet.org, em
parceria com empresas como Nokia, Qualcomm, Samsung
e Ericsson. O objetivo principal: reduzir os custos do acesso
à rede em nações em desenvolvimento. “Atualmente, dois
terços da população mundial não têm acesso à internet.
Imagine um mundo onde todos nós podemos estar
conectados”, disse Zuckerberg.
Essas boas intenções, porém, despertam algumas dúvidas.
Além da crença de que a internet é um direito humano, o que
motiva as empresas de tecnologia a promover iniciativas do
tipo? A principal razão é a busca por novos mercados. Não é
de hoje que essas organizações, obrigadas a prestar contas
aos investidores de Wall Street, estão sendo pressionadas
a aumentar suas bases de usuários fora de mercados
saturados como Estados Unidos e Europa.
Ingressar com força em países da Ásia, África e América Latina
é o próximo passo obrigatório que Zuckerberg e companhia
devem tomar para crescer. Antes disso, é preciso levar
internet a esses lugares. O novo Internet.org pretende fazê-lo
investindo em ferramentas que aprimorem a transmissão e
reduzam o custo do fornecimento de dados.
A segunda dúvida trazida por tais ações está relacionada ao
papel da internet no desenvolvimento de uma comunidade
carente. O acesso universal à web é realmente o melhor
caminho para melhorar a vida de nações pobres? Uma das
alegações de Zuckerberg para lançar o Internet.org é a de
que a rede promove o desenvolvimento econômico. Essa
crença está baseada num estudo da consultoria McKinsey
que apontou um crescimento de 21% no PIB de países
desenvolvidos nos últimos cinco anos por causa da internet.
Bill Gates, fundador da Microsoft, parece discordar: “Quando
uma criança tem diarreia, não há nenhum site no mundo que
a alivie”, disse em entrevista à Bloomberg Businessweek. Para
ele, antes de conectar as pessoas, é preciso garantir outros
direitos básicos, como o atendimento de saúde de qualidade.
Sem precisar recorrer a estudos, Gates fala com
conhecimento de causa. À frente de uma fundação que
ajuda crianças e adultos carentes, ele já investiu mais de três
bilhões de dólares para o tratamento de portadores de Aids,
tuberculose e malária.
Isso nos leva a um terceiro questionamento: a internet é

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Retrospectiva 2013
realmente um direito humano, como o direito à saúde,
educação, moradia, informação e expressão? Para Vint Cerf,
considerado um dos pais da internet e vice-presidente do
Google, não.
Em artigo publicado no The New York Times, em janeiro
de 2012, Cerf defende que existe um critério mais elevado
para que alguma coisa seja considerada um direito humano.
“Em sentido amplo, ela deve ser uma daquelas coisas das
quais nós, seres humanos, precisamos a fim de poder levar
uma vida saudável, dotada de sentido, como uma existência
sem tortura ou liberdade de consciência. É um erro colocar
determinada tecnologia nessa categoria”, escreveu.
Segundo Cerf, a internet é apenas um meio transitório
para que direitos básicos como o de expressão e acesso à
informação sejam praticados.
Por fim, é possível questionar a extensão do papel da
iniciativa privada na promoção do acesso à web ao redor do
mundo. Google, Facebook e outras empresas de tecnologia
não estariam tomando a dianteira num processo que deveria
ser de responsabilidade do Estado?
A verdade é que, em muitas nações pobres, governantes
corruptos não investem em internet com medo de
fortalecer seus dissidentes. Sem a ajuda da iniciativa privada,
dificilmente seriam criados instrumentos mínimos para
garantir a liberdade de expressão.
Por outro lado, a força de algumas corporações poderia
criar uma dependência perigosa para a população, apontam
analistas mais radicais. Para eles, um país desconectado
e dominado por um tirano é tão ruim quanto uma nação
conectada com a ajuda do Google.
Apesar de todas essas dúvidas, é inegável que a internet
trará benefícios para as comunidades afetadas por ações
de empresas de tecnologia. Sim, existem interesses
mercadológicos por trás das ações. Sim, existem medidas
humanitárias mais urgentes do que o acesso à rede. Sim,
existe o risco de a iniciativa privada tomar para si um papel
que deveria ser do Estado. Mas não faltam motivos para
acreditar que vale a pena correr esses riscos para garantir
o direito de nos comunicarmos, lutarmos por uma causa e
vivermos num mundo mais aberto.

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Retrospectiva 2013

LinkedIn: recrutam-se adolescentes
A rede profissional mais conhecida do planeta passou a aceitar o cadastro
de adolescentes. Qual é o significado da novidade para o mercado?
por Claudia Gasparini
23 DE AGOSTO DE 2013

O LinkedIn deixou de ser coisa de gente grande:
a rede profissional mais conhecida do planeta passou
a aceitar o cadastro de adolescentes. Nos EUA, 14 anos
passou a ser a idade mínima para você se cadastrar no
site. Até agora, apenas maiores de 18 eram admitidos.
Além disso, haverá páginas e seções destinadas a ajudar
estudantes a pesquisar e escolher carreiras e instituições
de ensino.
Com a novidade, faculdades e universidades poderão ter
páginas no LinkedIn, alimentando uma espécie de “vitrine”
da escola, com a possibilidade de publicar posts, responder
dúvidas e destacar informações sobre ex-alunos que
conduzem carreiras bem-sucedidas. Páginas de instituições
de ensino e de empresas comuns serão muito parecidas –
afinal, qual será a diferença entre um egresso de sucesso e
um consumidor satisfeito, por exemplo?
A notícia chama a atenção porque demonstra o interesse
do LinkedIn em incluir em sua base de usuários os jovens,
um público em expansão que anda muito disputado, como
bem sabe o Facebook. A novidade provavelmente não trará
retornos financeiros imediatos para o LinkedIn, mas é certo
que o investimento compensará no longo prazo: espera-se

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40
Retrospectiva 2013
que os jovens se transformem com o tempo em clientes de
serviços pagos, e que as instituições de ensino e recrutadores
se interessem em comprar funcionalidades premium do site.
Hoje, o LinkedIn tem cerca de 30 milhões de estudantes
universitários e profissionais recém-graduados, o que
representa 13% do total de pessoas que estão no site. A
maioria dos usuários desse grupo são dos Estados Unidos,
Índia, Brasil, Reino Unido e Canadá.
A estratégia do LinkedIn tem sido recebida por alguns com
desconfiança e pessimismo, sobretudo no que se refere
à privacidade dos jovens usuários. A rede social também
foi alvo de críticas por quem vê na proposta uma forma de
pressão sobre adolescentes já estressados com o vestibular e
outras dificuldades próprias da faixa etária.

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Retrospectiva 2013

A nova indústria da TV
Longe de ser vilã, a internet ajudará a manter a televisão mais viva do que nunca.
O que isso significa para produtores de conteúdo, anunciantes e espectadores?
por Claudia Gasparini
e Eliseu Barreira Junior
16 DE AGOSTO DE 2013

Se você vê TV regularmente, já está acostumado. Não
há meio de comunicação que mais goste de explorar finais
inesperados, reviravoltas no enredo e outras inversões da
expectativa do telespectador para provocar emoções. Pois
finalmente chegou a vez de a própria indústria da televisão
– bem como seus anunciantes – se depararem com um
plot twist digno de último capítulo de novela das 8.
Passemos logo à revelação: a internet, reconhecida por
muitos como a grande vilã do meio audiovisual, na verdade
é uma personagem “do bem” na história da televisão.
Como um cordeiro na pele de lobo, a web está longe de
aniquilar a TV. É ela que vai salvar a velha mídia do século
XX da obsolência e do esquecimento.
Não é o que previam (ou ainda preveem) alguns
especialistas na história recente da mídia. O pesadelo
descrito por eles quase sempre gira em torno das
seguintes linhas: o público abandonaria a TV por preferir
vídeos na internet, cada vez mais acessíveis de qualquer
lugar por dispositivos móveis, computadores e laptops.
Afinal, quem vai ficar esperando o dia e o horário do
programa se existe uma abundância de downloads e
streamings à disposição na web? Os anunciantes não

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Retrospectiva 2013
pensariam duas vezes, e o descaso do público com a
televisão os afastaria terminantemente. Falências e a ruína
geral da indústria se seguiriam.
O drama não para por aí. Para aumentar ainda mais o
desconforto das emissoras tradicionais, fala-se muito sobre
o ingresso de novos tipos de players no mercado, que se
especializaram em difundir séries, filmes e outros conteúdos
audiovisuais pela internet. A Netflix, um dos exemplos mais
lembrados da categoria, tem mais assinantes nos Estados
Unidos do que qualquer outra empresa de TV a cabo,
inclusive a poderosa HBO. No Brasil, a empresa vai pelo
mesmo caminho.
Em meio a tanto pânico, um alento: a desconfiança da
televisão frente à web não tem fundamentos convincentes.
A queda na audiência pode ser explicada por vários
outros fatores, como o aumento do número de canais
disponibilizados pela TV a cabo, responsável por um
incremento na concorrência interna por espectadores.
Porém, perceber isso não é o bastante. Mais que parar de
ter medo da internet, a TV deveria enxergar na rede seu
potencial como aliada estratégica.
Comecemos pelo fator audiência. Uma pesquisa anual
da Deloitte deste ano demonstrou que a oferta de mais
plataformas para se ver conteúdo em vídeo – como tablets,
laptops e outros aparelhos – na verdade pode estar
intensificando o consumo de TV em geral. Assim, a Netflix e
outras supostas “substitutas” da televisão apenas apresentam
mais uma maneira para pessoas apaixonadas pela telinha
assistirem aos seus programas favoritos. A lógica é fácil de
entender: mais telas, mais espectadores. A TV, numa acepção
ampla, ganha muito nesse contexto.
Isso faz sentido se entendermos televisão não como o
aparelho tradicional – aquela caixa luminosa que obedece
a um controle remoto – , mas sim como um nome genérico
para a oferta de conteúdos audiovisuais orientados para a
informação e para o entretenimento.
Outro elemento da internet que dá força à TV é o fenômeno
da segunda tela. De acordo com uma pesquisa da comScore,
73% dos usuários de internet brasileiros navegam em sites e
mídias sociais por meio de laptops, smartphones ou tablets
enquanto acompanham seus programas prediletos.
Esse cenário revela duas grandes oportunidades para
publicitários e produtores de conteúdo. Primeira, é possível
apostar no engajamento do telespectador, que não se

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43
Retrospectiva 2013
incomoda em dividir a atenção com outro aparelho. Segunda,
graças ao hábito do público de comentar o que está vendo,
as emissoras podem prever comportamentos e mudar o
rumo de suas atrações mais facilmente.
A importância do monitoramento das conversas ligadas à
programação da TV já chama a atenção de gigantes como a
Nielsen. A empresa desenvolveu uma métrica em parceria
com o Twitter que mostra a influência das postagens na rede
social sobre a audiência de uma atração. No Brasil, já existem
startups, como Tuilux, Qual Canal e TV Square, que prometem
oferecer o “ibope social” de um programa.
A expectativa é que os índices de audiência das mídias sociais
passem a influenciar a venda de espaços comerciais durante
os programas. Além disso, o monitoramento deve permitir a
criação de propagandas mais relevantes e certeiras.
Os negócios promissores no mercado de TV estão na mira
de titãs do mundo digital. O Google teria feito contato com
emissoras de televisão paga para discutir a possibilidade
de sua programação ser transmitida pela internet, segundo
reportagem do The Wall Street Journal. A Apple tem seu
próprio projeto nessa linha: criar uma oferta premium de TV
sem anúncios. A Intel está desenvolvendo um serviço para
o consumo de programas sob demanda. Já Netflix, Amazon
e outros distribuidores on-line reservaram 750 milhões de
dólares para produzir conteúdos exclusivos e se diferenciar
da TV a cabo em 2013.
As emissoras sabem dos riscos dessa movimentação. A Globo
já oferece seu conteúdo no portal Globo.TV+ e monitora o
que falam de seus programas nas mídias sociais. Disney, 21st
Century Fox e NBCUniversal decidiram manter o comando do
site Hulu, grande concorrente do Netflix, depois de colocá-lo
à venda.
A disputa pelo controle remoto está só começando. De um
lado, observamos empresas de mídia tradicionais buscando
se adaptar aos novos hábitos dos telespectadores. De outro,
companhias de internet e tecnologia tentando conquistar seu
espaço numa indústria em transição. Ainda é cedo para dizer
quem será o vencedor. Até agora, temos apenas uma certeza:
a televisão está mais viva do que nunca.

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44
Retrospectiva 2013

Facebook: a caminho da
transparência?
Rede social de Mark Zuckerberg decide explicar alguns dos segredos do News Feed.
Estamos diante de uma empresa mais transparente com seus usuários?
por Claudia Gasparini
9 DE AGOSTO DE 2013

O Facebook anunciou mudanças que podem tirar a
razão, pelo menos em parte, daqueles que o criticam por
“esconder a sete chaves” as regras de funcionamento do
seu algoritmo. Na última terça-feira, a maior rede social da
atualidade explicou alguns dos segredos que determinam
o ranking de posts no News Feed, isto é, os fatores
determinantes da ordem dos updates que você recebe
quando entra no site.
As informações foram divulgadas num post do “Facebook
for Business”, blog oficial do Facebook para comunicações
com empresas e indivíduos que usam o site para fins
profissionais. Segundo o site, a publicação desta semana
foi apenas a primeira de uma série (chamada “News Feed
FYI”) que se destinará a notificar, esclarecer e justificar as
principais atualizações feitas no algoritmo do Facebook.
Assinado por Lars Backstrom, responsável pela engenharia
do News Feed, o texto justificou a “retomada” das
atualizações no blog e as informações sobre o algoritmo

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45
Retrospectiva 2013
como uma resposta a demandas de clientes. Eis um trecho
do que Backstrom escreveu:
“Estamos continuamente trabalhando para melhorar o News
Feed e, de tempos em tempos, atualizamos o algoritmo que
determina quais histórias vão aparecer primeiro. Ouvimos de
nossos usuários e proprietários de páginas que precisamos
melhorar a comunicação desses updates. A partir de hoje,
vamos tentar mudar isso.”
De caráter introdutório, o post esclareceu apenas
parcialmente algumas regras, não mudando o fato de que
grande parte do funcionamento do sistema permanece
obscura. Ainda assim, para alguns analistas, a novidade
pode representar um passo em direção a uma relação
mais transparente entre o Facebook e as empresas que o
exploram como plataforma para fazer marketing.
Além de prometer o aperfeiçoamento de sua comunicação
com as empresas, a rede social também adiantou algumas
das atualizações operadas em seu News Feed. As novidades
foram apresentadas em um evento para a imprensa que
ocorreu na Califórnia no início da semana. Vamos aos
updates, reportados pelo TechCrunch:
“Story Bumping”: já implementada, esta atualização “joga
para cima” atualizações um pouco mais antigas que você
não ainda viu. A ideia é dar uma nova chance a conteúdos
relevantes que seriam perdidos se o critério de ordenação no
News Feed fosse meramente cronológico.
“Last Actor”: também já presente no sistema, o mecanismo
prioriza as atualizações das pessoas com quem você mais
interagiu recentemente ou cujos perfis você visualizou mais
vezes.
“Chronological By Actor”: ainda em fase de testes, a mudança
determinaria quais posts de uma determinada pessoa são
sobre um evento em tempo real (como comentários ao vivo
sobre uma partida de futebol, por exemplo) e os colocaria
na ordem cronológica, com o mais recente no topo. Não por
acaso, o sistema lembra muito o Twitter. Já tendo incorporado
as hashtags, típicas do microblog, o Facebook pretende
desferir outro golpe no concorrente ao criar uma alternativa
a uma de suas entregas mais valiosas: as atualizações em
real time. Outra flecha lançada contra o Twitter são os
experimentos que o site de Zuckerberg está fazendo com a
possibilidade de ter seus próprios Trending Topics.

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46
Retrospectiva 2013
As novidades vêm numa época de “vacas gordas” para o
Facebook. Como já informamos na edição passada d’O
Monitor, as ações da empresa alcançaram o recorde de 38
dólares na Nasdaq, graças aos bons resultados em suas
vendas de anúncios para dispositivos móveis. Como se não
bastasse, com esse novo marco na bolsa o Facebook se
tornou a 10ª empresa de tecnologia mais valiosa do mundo.

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47
Retrospectiva 2013

A invasão das respostas
automáticas no Twitter
Por que o uso de respostas automáticas está se tornando cada vez
mais comum no SAC 2.0?
por Claudia Gasparini
2 DE AGOSTO DE 2013

Uma nova e lamentável tendência está se instalando
no uso profissional do Twitter: a invasão dos robôs. Em
busca de escala e redução do tempo de atendimento,
muitas empresas estão apostando em respostas e tweets
programados. O resultado dessa automatização? Um
consumidor indisposto com a marca – e mais insatisfeito
do que nunca.
Nos Estados Unidos, a onda de interações “robóticas”
geradas por grandes marcas já vem chamando a atenção
dos analistas há algum tempo. Recentemente, o Bank of
America protagonizou uma cena nada lisonjeira diante de
seus milhares de seguidores no Twitter.
O @BofA_Help, perfil corporativo destinado a sanar
dúvidas e ajudar clientes do banco, começou a responder
automaticamente a uma série de críticas com a seguinte
mensagem, repetida incessantemente: “Por favor nos avise
se precisar de ajuda”.

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48
Retrospectiva 2013
O episódio, comentado por uma reportagem recente da NBC
News, expôs publicamente o banco a uma espiral de piadas e
críticas. O perfil @OccupyLA escreveu: “Vocês podem ajudar
parando de roubar as casas das pessoas!!”. A resposta do
robô da empresa caiu como uma luva para o fracasso: “Será
um prazer analisar sua conta”.
Receber respostas automáticas de uma marca pode ser a
última gota para quem está bravo com algum serviço ou
produto – o que é normalmente o caso de quem procura SAC
pelo Twitter.
Por esse motivo, Frank Eliason, um dos profissionais de SAC
mais conhecidos e respeitados do mundo (veja a entrevista
exclusiva que fizemos com Frank), vê os recentes “shows de
vergonha” no Twitter com grande preocupação.
Frank foi a estrela da ação “ComcastCares”, um programa
de atendimento ao cliente que virou case justamente ao
humanizar o SAC feito no Twitter pela Comcast, empresa de
TV a cabo, internet e telefone dos Estados Unidos.
A Comcast tinha um histórico difícil de relacionamento com o
consumidor, chegando a ser escolhida como “a pior empresa
dos EUA” em 2010. Mas Frank virou o jogo, pilotando um
perfil no Twitter que não apenas tirava as dúvidas dos clientes
da Comcast, como também compartilhava fotos e mensagens
pessoais como qualquer outro usuário.
Nada pode ser mais contrário ao ideal de Frank, hoje diretor
no CitiGroup, quanto as máquinas que têm sido programadas
para “atender” consumidores na web. O que aconteceu nesse
meio tempo para chegarmos a tal situação?
O Twitter foi, até recentemente, o canal ideal para o
desenvolvimento de uma relação pessoal, informal e
“calorosa” entre marcas e consumidores. Ficaram famosos
casos de empresas que fizeram surpresas ou agrados
especiais a clientes que manifestaram sua insatisfação
ou fizeram pedidos a marcas no microblog. A rede de
restaurantes Morton’s, por exemplo, surpreendeu o executivo
Peter Shankman no aeroporto com a entrega de um prato
que ele mencionou no Twitter durante um voo.
Hoje, o Twitter já não é uma grande novidade quando se
fala em SAC. Se, antes, o microblog atendia bem a um grupo
pequeno de usuários adeptos à tecnologia, atualmente ele
está sendo usado por mais pessoas, muitas em busca de
“atendimentos VIP”, como o recebido por Peter Shankman.
Para atender mais gente gastando menos, a opção de muitas
empresas foi criar mecanismos de automação.

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49
Retrospectiva 2013
O velho trade-off entre escala e qualidade aparece, mais uma
vez, no centro do problema. Se as empresas querem reduzir
o custo e o tempo necessários para um bom atendimento
nas mídias sociais, elas terão que encarar as consequências –
nada encorajadoras.
Mas, se a ideia é manter um relacionamento consistente com
o cliente, precisarão assumir o investimento necessário para
fazer isso acontecer.
O que sai mais caro, afinal?

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Retrospectiva 2013

A nova chance dos blogs
Ao contrário do que diziam as previsões, as empresas mais lucrativas do mundo
estão blogando mais em 2013. O que isso significa?
por Claudia Gasparini
26 DE JULHO DE 2013

Em 2008, a respeitadíssima revista de tecnologia Wired
anunciou que os blogs estavam sendo varridos pela
tempestade avassaladora trazida por sites como Twitter,
Facebook e Flickr. “Está pensando em lançar o seu próprio
blog? Aqui está um conselho de amigo: não faça isso”,
recomendava o artigo.
Na semana passada, um relatório divulgado pela University
of Massachusetts Dartmouth revelou que nem todo
mundo levou esse conselho tão a sério. Segundo o estudo,
nos últimos cinco anos, houve um aumento de 100%
em relação ao uso de blogs pelo grupo Fortune 500,
formado pelas empresas mais rentáveis do planeta. Os
comportamentos e escolhas dessas organizações refletem
uma tendência que merece ser observada de perto: ao
contrário do que diziam previsões, os blogs continuam
vivos e importantes no ecossistema digital.
Hoje, 34% das organizações que se classificam nesse
seleto grupo estão ativas na blogosfera. O número em si
não é tão grande, mas representa mais que o dobro da
estatística de 2008, quando as empresas blogueiras eram
apenas 16%. Além disso, consolida o aumento estável no
emprego dessas plataformas no decorrer de meia década.

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51
Retrospectiva 2013
Hoje, essas ferramentas são usadas por 171 empresas entre
as Fortune 500 –entre elas, Walmart e Exxon, que ocupam
respectivamente o 1º e o 2º lugar da lista.
É importante frisar que não se trata de um uso meramente
“burocrático” dessas ferramentas. A pesquisa apurou o
nível de interatividade dos blogs: se aceitavam comentários,
se disponibilizavam “assinaturas” por e-mail ou RSS e se
mantinham as postagens atualizadas. Em 2013, 79% das
empresas que blogam são impecáveis em todos esses
quesitos. Quem decidiu blogar está blogando direito.
Segundo os próprios pesquisadores que elaboraram
o estudo, a adoção dessa ferramenta mais madura de
publicação pode significar o retorno do on-line ao diálogo
de profundidade, à liderança de ideias (thought leadership)
e à produção de conteúdo original pelas marcas. Foram
justamente esses os princípios que orientaram o trabalho das
primeiras grandes empresas a adotarem o blog, como a IBM
e a Ford.
Não para nossa surpresa, as mídias sociais são mais
populares do que os blogs entre as Fortune 500. Em 2013,
77% delas usam Twitter, 70% estão no Facebook e 69%
podem ser encontradas no YouTube, por exemplo. Mas o
que é notável no estudo deste ano, como frisa um artigo na
Marketing Land, é que o sucesso das plataformas sociais
não enterrou o blog como um todo, como insistiam muitas
previsões na imprensa nacional e internacional.
É verdade que cada vez menos gente bloga por hobby. A
popularidade daqueles sites que atualizávamos à maneira de
um diário no início dos anos 2000 sofreu um nocaute pelas
plataformas que surgiram mais recentemente.
Não é de causar espanto. Experimente escrever um post
de blog sobre os assuntos de que você fala diariamente
no Facebook ou no Twitter. Reclamações sobre filas no
supermercado, comentários sobre o último capítulo da
novela e fotos da última receita que você fez com Nutella, por
exemplo, até podem provocar reações como likes e RTs. Mas
nada disso seria suficiente para gerar audiência para um blog
comum. Sem público para ouvir o que você tem a dizer, para
que continuar ali?
“Facebook, Twitter e Tumblr fazem blogs parecerem tão
2004”, dizia o artigo da Wired que citei no início deste texto.
O declínio do blog pessoal, porém, não pode ser confundido
com a derrocada desse tipo de formato de modo geral.

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Retrospectiva 2013
O blog corporativo vai muito bem, obrigado. Longe da
decadência, o que o tempo traça nos gráficos é uma linha
moderada, porém constante de crescimento do uso dessa
ferramenta pelas organizações mais influentes do mundo.
Quando se fala em marketing de conteúdo, o reinado
absoluto e exclusivo das mídias sociais mais “jovens” não
passa de uma ilusão desgastada. Longa vida aos veteranos.

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53
Retrospectiva 2013

A explosão dos vídeos curtos
Aplicativos que permitem a gravação e o compartilhamento de pequenos filmes
são a mais nova aposta do Facebook e outros gigantes da internet.
por Claudia Gasparini
5 DE JULHO DE 2013

Vídeos de poucos segundos são o futuro da
memória. Foi com essa afirmação pouco modesta que
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, e Kevin Systrom,
executivo-chefe do Instagram, apresentaram, há algumas
semanas, um novo recurso do popular aplicativo de
fotos. Agora, o Instagram também permite o registro e o
compartilhamento de pequenos filmes – quase “tweets
audiovisuais”.
A tendência em direção a esse tipo de conteúdo é mais
que evidente. Comprado pelo Twitter, o aplicativo Vine
foi um dos primeiros a oferecer ao usuário ferramentas
simples para produzir e compartilhar vídeos nas mídias
sociais, com duração de 6 segundos. Aos poucos, o
aplicativo se tornou um dos mais baixados da iOS App
Store e recentemente foi lançada sua versão para Android.
Sem perder tempo, Zuckerberg e Systrom anunciaram
que o Instagram passaria a incluir entre seus recursos a
produção de filmes curtos (a diferença é que, em vez de
6, eles duram 15 segundos). O sucesso foi estrondoso.
Menos de 24 horas depois do lançamento, o aplicativo já
contava com 5 milhões de vídeos publicados.

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54
Retrospectiva 2013
Demorou só um pouco mais do que 6 segundos para que o
Vine sentisse o peso da chegada do concorrente: o número
de links postados no microblog caiu em quase meio milhão
no dia seguinte ao anúncio do Instagram.
Até o Yahoo! entrou para a corrida. Há alguns dias a empresa
anunciou a compra do Qwiki, aplicativo para iPhone que
permite fazer e compartilhar vídeos de pequena duração. O
tamanho da aposta? Entre 40 e 50 milhões de dólares.
O sucesso é merecido. Microfilmes são um espaço
extremamente maleável para se produzir conteúdo,
principalmente se você deseja imprimir uma veia cômica ou
excêntrica à sua narrativa, como tem sido feito por muitos
usuários até agora.
Herdeiro dos gifs, o microvídeo tem a seu favor três
características muito importantes:
É uma imagem. Todos nós estamos cansados de saber que
conteúdos imagéticos são incrivelmente populares no meio
digital. Assim, os filminhos feitos com smartphones, por
mais simples e amadores que sejam, têm um grande apelo
por serem visuais. Os filtros e efeitos, no caso do Instagram,
permitem incrementar ainda mais a estética do conteúdo.
Se mexe. Por mais que fotos, infográficos e outras imagens
estáticas também sejam valorizados, é inegável o apelo
exercido por conteúdos em movimento. Veja, por exemplo,
o sucesso dos gifs animados ou a grande audiência de
sites de compartilhamento de vídeos, como o YouTube. A
proximidade com a “vida real” é um grande atrativo.
É breve. Para muita gente, falta disposição, concentração
ou mesmo paciência para se fixar em uma única peça de
conteúdo por algum tempo. Vídeos de poucos segundos
se concluem rapidamente e transmitem uma mensagem
instantânea. É o sonho dos ansiosos: basta se deter um
pouco na imagem e, pronto, já se entendeu a mensagem
e – principalmente – já se pode rolar a tela para o conteúdo
seguinte.
É certo dizer que os filminhos que podemos fazer com
esse tipo de aplicativo combinam muito bem com o
comportamento típico ou talvez estereotipado de um usuário
de internet. Mas é indispensável fazer duas considerações.
A primeira é lembrar que esse formato não é unânime. Fotos
fixas são e sempre serão populares nas mídias sociais (há
gente que até se decepcionou com a novidade dos vídeos no

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Retrospectiva 2013
Instagram, como esta blogueira do The New York Times). Da
mesma forma, vídeos mais longos também têm seu objetivo
e seu público, e conteúdos escritos, como este que você está
lendo, possuem espaço cativo nas telas de muita gente.
A segunda observação é que esse conteúdo tão atraente e
fácil de digerir não precisa ser necessariamente raso. Mesmo
dentro do limite de poucos segundos, os pequenos filmes
podem ser desenvolvidos de forma excepcionalmente criativa
– por usuários comuns, figuras públicas, influenciadores e,
claro, marcas.
Não por acaso, são cada vez mais numerosas as empresas
que estão estabelecendo perfis nesses aplicativos, tentando
se adiantar à concorrência. Sendo early-adopters, as marcas
que já estão no Vine, por exemplo, ganham experiência
com o formato antes das outras, aperfeiçoando seu uso
da tecnologia e aprendendo a criar narrativas cada vez
mais inteligentes e originais. Explorar as funções de vídeo
do Instagram, por exemplo, pode “mudar o jogo” para as
empresas, segundo a Fast Company.
A oportunidade está aí e implora para ser explorada.
Não apenas anúncios, mas também vídeos institucionais,
promoções, clipes, trailers e praticamente qualquer conteúdo
pode estar contido nos segundos de um microfilme. Com
pouco tempo, muito pode ser feito. E quem começar antes
provavelmente fará mais.

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56
Retrospectiva 2013

Já pensou se a moda pega?
Autoridades dos EUA mandam prender jovem que brincou com a morte do
presidente Barack Obama nas redes sociais. A decisão fere a liberdade de expressão?
Ameaçar o presidente dos EUA, Barack Obama, pelo

por Eliseu Barreira Junior Twitter pode dar cadeia. Segundo reportagem do The New
5 DE JULHO DE 2013

York Times, um morador do Alabama foi preso depois de
postar no microblog, mais de uma vez, que mataria Obama.
Agentes do Serviço Secreto americano repreenderam o
jovem de 26 anos, mas ele prosseguiu com as postagens.
Mês passado, foi condenado a um ano de prisão. Para
alguns advogados, a decisão fere a liberdade de expressão
nas redes sociais. Eles dizem que plataformas como o
Twitter facilitam a publicação de coisas que não devem
ser levadas a sério ou ao pé da letra. As autoridades dos
EUA discordam. Além do rapaz do Alabama, pelo menos
outras três pessoas se viram encrencadas com a Justiça
do país por causa de “brincadeiras” do tipo. Aqui no Brasil,
circularam notícias de que o governo monitora ameaças à
presidente Dilma Rousseff nas redes sociais, mas não se
sabe se alguém já foi punido por isso. O fato é que hoje
absolutamente tudo que postamos no mundo digital pode
ser usado contra nós. Até aquelas piadas de mau gosto
que muita gente poderia guardar para si.

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Retrospectiva 2013

Do Facebook para as ruas: por que as
mídias sociais mobilizaram o Brasil
O que seria dos protestos que sacudiram o país sem plataformas como
o Twitter e o Facebook?
por Claudia Gasparini e
Eliseu Barreira Junior
21 DE JUNHO DE 2013

É curioso – e raro – ter a consciência de que os dias
que estamos vivendo serão lembrados e descritos, em
detalhes, pela História. Contrariando um dos lugarescomuns favoritos da nossa cultura, protestar mudou sim
alguma coisa. E não falamos aqui somente da decisão
oficial de ceder às exigências dos manifestantes e revogar
o aumento na tarifa do transporte. Falamos de uma
experiência nova na nossa relação com o poder público.
Falamos da recuperação, ainda que imperfeita, do debate
sobre causas coletivas.
Que o brasileiro tem motivos múltiplos para estar
insatisfeito, é difícil discordar. Uma jovem participante das
manifestações do dia 13 de junho, em São Paulo, declarou
emblematicamente à reportagem da TV Folha que não via
razões para não estar lá. O folclórico brasileiro alegre e
festeiro não viu muita graça na Copa das Confederações e
discutiu política por dias a fio, do nascer ao pôr do sol. Mas,
já que os nossos problemas são antigos e crônicos, por
que saímos às ruas só agora?

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Retrospectiva 2013
Entre as respostas, é impossível não incluir as mídias sociais.
O papel da internet como catalisadora de manifestações,
que nos rendeu comparações com outros cenários como
a Primavera Árabe e o movimento Occupy Wall Street, tem
sido tão importante e evidente que poucos não o admitiram.
Também, pudera: entre 13 e 21 de junho, os protestos foram
o tema de cerca de 2.000.000 de menções em plataformas
como Facebook, Twitter e YouTube, de acordo com o
monitoramento das manifestações que fizemos com o Scup
(aberto ao público de acordo com estas instruções). Por dia,
no período considerado, 132.000.000 de pessoas foram
potencialmente atingidas pelas mensagens, o equivalente a
70% da população brasileira.
Toda essa multidão fiel a seus feeds e timelines fez com
que os veículos de comunicação tradicionais assumissem
um papel secundário para a difusão e interpretação dos
acontecimentos. Mais que isso, relatos, vídeos e fotos sobre
o protesto postados nas mídias sociais transformaram de
tal forma a compreensão do que estava se passando que
a própria imprensa teve eventualmente que adaptar seu
discurso para acompanhar o movimento da opinião pública.
Sem as mídias sociais, temos muitos motivos para
acreditar que a manifestação teria sido menos conhecida
e reconhecida. Suas lideranças provavelmente teriam
permanecido únicas e bem delimitadas. O movimento teria
pauta e foco muito claros. Muito provavelmente, a opinião
predominante sobre o assunto seria alinhada à da imprensa.
Talvez não tivéssemos visto milhares de pessoas tomarem
as ruas nem suspendido nossas rotinas para refletir e rever
(confirmando ou não) nossas posições políticas.
Com as mídias sociais, o que testemunhamos foi a eclosão
de um fenômeno mainstream, foco de atenção nacional e
internacional, virando tema obrigatório de praticamente
todas as conversas. Pessoas que nunca falam de política
começaram a opinar apaixonadamente sobre o tema. Mesmo
públicos a quem o assunto supostamente não interessaria
foram envolvidos (veja como exemplo o teste “Quais causas
te mobilizam?” no site da revista “Capricho”). Tomando
cidades em quase todas as regiões do país, e não apenas
capitais, uma grande onda “contra tudo” borrou os limites
entre lideranças, opiniões e motivações para exigir mudanças.
Como o impacto das mídias sociais pode ter sido tão
decisivo? Um estudo da Universidade de Oxford sobre
as manifestações massivas que tomaram a Espanha em
maio de 2011 pode nos ajudar a entender a explosão dos
protestos brasileiros. Os pesquisadores analisaram quase
582 mil mensagens postadas por 88 mil ativistas no Twitter

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59
Retrospectiva 2013
durante 30 dias e concluíram que o movimento ganhou
força no país europeu por meio de dois processos paralelos:
o recrutamento de usuários, iniciado aleatoriamente pelos
primeiros participantes, e a difusão de informações.
Como os espanhóis, a grande maioria dos manifestantes
brasileiros foi exposta a inúmeras mensagens pedindo
participação e engajamento num curtíssimo espaço
de tempo. Para muitos, era impossível ficar alheio aos
acontecimentos. O gigantesco volume de postagens acabou
tornando urgente, aos olhos de muitos usuários das
mídias sociais, a adesão às manifestações. Num contexto
assim, o recrutamento aos protestos atinge um efeito
cascata em resposta ao comportamento coletivo, dizem os
pesquisadores de Oxford. Isso porque a tendência é sermos
fortemente influenciados por quem nos rodeia.
Uma análise publicada pela pesquisadora brasileira Raquel
Recuero no começo da semana vai ao encontro dessa
tese. “Os inúmeros relatos, vídeos, fotografias e mensagens
acabaram sendo a faísca que faltava para criar uma
mobilização de grandes proporções”, escreveu Raquel.
“Quanto piores os relatos que chegam dos protestos, mais
material sobre eles se encontra na rede”. Ela mostra que,
num primeiro momento, as postagens em torno da hashtag
#passelivre no Twitter formavam uma rede em que havia
um único centro de indivíduos participantes. Quando o
termo chegou aos Trending Topics não existia mais um único
grupo, mas vários atores falando do assunto. Em outras
palavras, o que se viu foi uma escalada na conversação entre
comunidades diferentes daquela inicial.
Os protestos não teriam chegado às ruas, porém, sem
a disposição das pessoas em receber as mensagens
compartilhadas. Conforme disse à Folha o sociólogo
espanhol Manuel Castells, autor de “A galáxia da internet”,
“não basta um manifesto no Facebook para mobilizar
milhares de pessoas”. Para ele, isso depende do nível de
descontentamento popular e da capacidade de mobilização
de imagens e palavras. Um exemplo de causa que não
“pegou” nas mídias digitais é a doação de dinheiro para a
UNICEF, fundo da ONU para a infância. Os mais de 200 mil
likes na página da instituição dificilmente se convertiam em
colaborações financeiras. Em abril, a entidade decidiu lançar
uma campanha no Facebook ironizando o engajamento
estritamente virtual das pessoas com a causa. Dizia a
mensagem: “Curtir não salva vidas”.
Com tantas discussões ocorrendo simultaneamente, sobram
dúvidas sobre o futuro do movimento brasileiro. A verdade é
que o cenário atual mistura sentimentos controversos. Mas é

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Retrospectiva 2013
bom que as pessoas estejam podendo falar sobre o assunto
– dentro e fora das mídias sociais. Afinal de contas, isso é um
sinal de vitalidade democrática.
De qualquer modo, ainda é cedo para avaliar as
consequências dos protestos. Estamos testemunhando
um momento em que o debate público emergente tem a
oportunidade de reverberar numa escala sem precedentes
e desafiar as relações de poder de um modo imprevisível. A
conferir nos livros de História do futuro.

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61
Retrospectiva 2013

O “fim” da Playboy e
o futuro do jornalismo
Demissões e extinção de revistas revelam que a crise chegou às redações do país.
Por que a salvação dos jornalistas pode estar no marketing de conteúdo?
Trabalhei quase dois anos como repórter na

por Eliseu Barreira Junior redação da revista Época, da editora Globo. Lá, tive a
14 DE JUNHO DE 2013

oportunidade de aprender sobre o ofício com alguns dos
principais jornalistas do país. Gente que me ensinou a fazer
grandes matérias, entrevistas e infográficos dos quais me
orgulho até hoje. Vivi a emoção do fechamento, participei
da cobertura de acontecimentos históricos como a morte
de Osama bin Laden e conheci pessoas extraordinárias.
Durante essa experiência, percebi que nunca fui um
jornalista romântico, tomado pela síndrome de Clark
Kent. Jamais acreditei que mudaria o mundo ou seria um
arauto da verdade. Sempre vi com desconfiança a ideia de
que editores são juízes do que o público deve ler. Jornais
e revistas têm o papel de consolidar fatos, informar e
transmitir visões de mundo, mas não possuem o direito de
controlar os desejos de suas audiências.
Com o surgimento de novas tecnologias, os veículos de
comunicação tiveram de encarar essa realidade. Os leitores

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62
Retrospectiva 2013
que até então consumiam passivamente a informação
ganharam poder. Poder para atropelar os jornalistas,
questionar, produzir e consumir seu próprio conteúdo. Um
poder transformador fascinante que colocou em xeque
não só o modelo de negócio das empresas de mídia, como
também trouxe à tona a dificuldade de reação dessas
organizações diante das mudanças – e de um público que
perdeu o status de mero observador.
Foi nesse contexto que decidi sair da revista Época em
setembro de 2011. Sentia que o jornalismo tradicional não
estava preparado para a necessidade de se reinventar, de
reconhecer as diferenças entre o mundo off-line e o on-line,
entre o mundo que um dia se preocupou com o que saía na
capa da Time e o que passou a se informar pelos posts de
140 caracteres do Twitter. Eu queria viver essa mudança e
ajudar a impulsioná-la.
Nos últimos dois anos, acompanhei de longe as diferentes
estratégias adotadas pelas empresas jornalísticas do Brasil
e do exterior para se manterem vivas em sociedades cada
vez mais conectadas. Infelizmente, nada de muito animador
aconteceu. Na prática, vi a tentativa de ajustar modelos
antigos às novas plataformas digitais, a extinção de vários
jornais e revistas, a demissão de dezenas de colegas e o
encolhimento de publicações.
As notícias mais recentes são tristes. O Jornal da Tarde
acabou em outubro passado. O Estadão extinguiu diversos
cadernos. A Folha cortou postos e anunciou que seu produto
impresso ficará mais enxuto. A editora Abril reduziu o número
de suas unidades de negócios e pode fechar pelo menos
10 revistas. Caso se confirmem os boatos que circularam
na semana que passou, títulos como Playboy, Contigo! e
Capricho sairão das bancas em breve (depois do barulho
em torno do assunto, a empresa desmentiu a história). Sem
dúvida, a crise está batendo à porta das redações do país. Ao
mesmo tempo em que representa o fim de uma era, ela pode
marcar o início de um caminho promissor para jornalistas
profissionais.
Isso porque sabemos contar boas histórias, criar interesse
em torno de temas à primeira vista desinteressantes, vender
ideias e dar forma a diferentes tipos de conteúdo. No mundo
das redes sociais, esse conhecimento é essencial para marcas
e empresas que desejam construir comunidades, criar
vínculos genuínos com diferentes públicos e ser reconhecidas
não só pelo valor de seus produtos e serviços, mas também
pelo conhecimento que compartilham. O chamado branded
content, ou conteúdo de marca, tem ganhado força dentro
de empresas não midiáticas e criado ambientes favoráveis

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63
Retrospectiva 2013
para a atuação de jornalistas.
Os números não mentem. Em 2012, empresas norteamericanas gastaram 44 bilhões de dólares com produção
e distribuição de conteúdo, um aumento de 9% em relação
ao ano anterior, segundo o Custom Content Council. Se
considerarmos o orçamento de marketing, publicidade
e comunicação das organizações, veremos que 39% dos
investimentos ocorreram em marketing de conteúdo.
No mundo das empresas B2B (Business-to-Business), a
importância do branded content é enorme: 91% usam
ebooks, blogs, vídeos e webinários como parte de sua
estratégia de comunicação, contra 86% das empresas B2C
(Business-to-Consumer).
Atraídos por esse cenário, diversos jornalistas já têm ajudado
a construir a credibilidade de marcas e empresas como
Intel, Oracle, American Express e Kraft Foods. Nas palavras
de um ex-colunista de tecnologia do jornal USA Today, a
mídia tradicional é cada vez mais um lugar ruim para um
bom jornalista trabalhar. O fato é que em tempos de redes
sociais o produtor de conteúdo tem a possibilidade de dividir
conhecimento numa escala sem precedentes. Se antes só
existiam alguns grupos dominando o compartilhamento
da informação, agora mais pessoas e empresas podem se
transformar em narradoras de histórias.
Hoje, sou um jornalista desse novo mundo. Descobri que
nele é possível ser um entusiasta da abertura, da liberdade
e da divisão do conhecimento, três pilares que sempre
estiveram por trás do que considero bom jornalismo. A
crise nas empresas tradicionais de mídia não matará esse
ideal. Como disse Dan Lyons, que passou por títulos como
Forbes e Newsweek e atualmente trabalha com marketing
de conteúdo no Hubspot, na era da internet, não importa
onde você estará atuando, mas sobre o que você estará
escrevendo. No fim das contas, o valor do trabalho de um
jornalista residirá na missão que ele busca cumprir.

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64
Retrospectiva 2013

Analista de redes sociais precisa
ser bom em matemática?
Ter habilidade com números não é tudo na vida de quem trabalha com dados.

por Claudia Gasparini
7 DE JUNHO DE 2013

Ouvi de um amigo que a planilha é o símbolo máximo
da modernidade. De fato, talvez existam poucas coisas
tão representativas do nosso tempo quanto longas e
intrincadas tabelas de dados sobre o mundo. Se você não
usa diariamente o Excel no seu trabalho, pelo menos deve
ser íntimo das famigeradas spreadsheets do Google Docs.
Essa necessidade de organização e tabulação é mais do
que justificada. Com a web e as redes sociais, nós criamos
um mundo que gera um fluxo incessante de dados
desestruturados sobre si mesmo o tempo todo. Não sem
razão, portanto, é que a gestão do chamado big data é
uma das principais tendências do mundo da tecnologia e
dos negócios atualmente.
Na semana que passou, um executivo da IBM afirmou que
o analista de dados é o profissional do futuro. Mas qual é
o perfil desse indivíduo? Que habilidades são importantes
para realizar a entrega que se espera tão avidamente dele?

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65
Retrospectiva 2013
É comum que gestores acreditem que a facilidade para
“mexer com números” seja preponderante na hora de
arrumar uma grande bagunça de dados. Raciocínio lógico,
capacidade de interpretar dados numéricos, domínio de
métodos estatísticos e muitas outras competências ligadas ao
universo da matemática são, efetivamente, muito importantes
– e, em geral, muito mais lembradas do que quaisquer outras.
Mas, com o perdão do trocadilho, nem tudo nessa conta
são números. Quando se fala em redes sociais, também é
imprescindível o olhar crítico da psicologia, da comunicação,
da antropologia e da sociologia, que acrescentam à análise
dos dados um ingrediente sine qua non para qualquer
análise que se pretenda confiável: o contexto.
Todo mundo sabe que, além de um ponto no gráfico e
uma linha na tabela, o usuário do Facebook que escreveu
um comentário no mural da sua marca também é um ser
humano inserido num lugar, numa época e numa sociedade
com certas características que influenciam sua atitude.
Consequentemente, sem a interpretação das nuances da
linguagem, sem a composição de cenários netnográficos, sem
a inclusão da cultura e mesmo da política no processo de
discussão dos dados trazidos pelas redes sociais, nada fará
sentido de verdade.
Além disso, saber interpretar não apenas números, mas
também textos e imagens, é um componente essencial da
capacidade de enxergar “o grande quadro”, como alerta este
texto do blog da Harvard Business Review.
Mas não se engane: ser íntimo dos números continua sendo
(muito) importante. Ninguém irá a lugar algum na análise de
dados sem a benção de Pitágoras. Só não podemos esquecer
que há capacidades essenciais para uma compreensão
embasada e acertada da realidade que não têm nada a ver
com raciocínio matemático.
Em um mundo realmente produtivo, tira-se proveito da
colaboração equilibrada de todos os ângulos de visão do
problema para resolvê-lo. É só esse tipo de olhar que vai
ajudar o “profissional do futuro” a transformar dados em
valor – e caos em descoberta.

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66
Retrospectiva 2013

Futebol e redes sociais:
um gol de placa?
Craques como Neymar usam as redes sociais para estimular a indústria do
esporte favorito dos brasileiros. Quando mais gente vai entrar em campo?
por Claudia Gasparini
29 DE MAIO DE 2013

Brasileiro, diz o ditado, já nasce com uma bola no pé.
Também é verdade que nós já nascemos com um dedo no
botão “curtir”: já fomos chamados de “capital universal das
redes sociais” pelo The Wall Street Journal e marcamos
presença entre as nações que mais usam Facebook,
Twitter, YouTube e muitas outras plataformas. Mas qual é
a relação entre redes sociais e futebol, essas duas intensas
paixões nacionais que se refletem e se completam?
Para começar, um fato evidente: se amamos futebol e
amamos redes sociais, é uma decorrência lógica que o
esporte seja um dos assuntos que mais “bombam” nesses
espaços. Para citar um exemplo recente, basta ver a larga
repercussão no Twitter do anúncio da saída de Neymar do
Santos no último fim de semana.
Com o Scup, a A2 Comunicação já monitorou o impacto
de assuntos relacionados ao esporte nas redes sociais
e os resultados reforçam a popularidade do tema
nesses espaços (veja os estudos a respeito da volta de

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67
Retrospectiva 2013
Felipão para a seleção brasileira e sobre a participação do
Corinthians no Mundial de Clubes da Fifa em 2012 no Japão).
Mas, com tanta gente ligada em futebol nas redes sociais,
será que atletas e clubes estão sabendo usar esses espaços
de forma inteligente para injetar mais combustível social em
um esporte que já é, em sua essência, feito de encontros
entre as pessoas?
Afinal, o futebol é uma grande festa, um rito social, que passa
pela ida ao estádio, a conversa no bar, o encontro com os
amigos ao redor da televisão. Ver o jogo é apenas mais uma
etapa de um processo que se completa com as interações
sociais que ocorrem antes, durante e depois da partida.
O que as mídias sociais fazem é permitir ao torcedor uma
experiência ampliada de troca, participação e encontro em
torno do futebol.
Com quase 7 milhões de seguidores no Twitter, Neymar é
um exemplo emblemático da atração exercida pelo esporte
e seus ídolos nas redes sociais. Ele é também, sobretudo,
alguém que faz um uso quase sempre produtivo desse
poder. Apesar de alguns deslizes eventuais, o craque em
geral consegue dominar o espaço com habilidade para se
aproximar de seus fãs, dar notícias e fazer menções pagas
a marcas e patrocinadores. Foi pelo Instagram que Neymar
anunciou em primeira mão no sábado que ingressará no
Barcelona após dar adeus ao Santos.
A paixão pela bola e a afinidade com as redes sociais fazem
do brasileiro um indivíduo altamente capaz de estimular em
rede a indústria do futebol no país. Essa oportunidade é
atrativa tanto para grandes clubes que desejam consolidar
sua marca quanto para times menores e jogadores iniciantes
que pretendem projetar sua presença e ganhar espaço nas
discussões sobre o esporte.

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68
Retrospectiva 2013

Candy Crush: A saga de uma obsessão
Por que Candy Crush Saga é o jogo mais popular do Facebook – e por que você
vai esquecê-lo em breve.
Por Claudia Gasparini
17 DE MAIO DE 2013

Talvez você nunca tenha jogado Candy Crush Saga,
mas com certeza não conseguiu passar totalmente imune
a essa febre. Mesmo sem jamais ter arrastado o dedo por
fileiras de docinhos, você é perseguido diariamente por
eles nos celulares de outros passageiros do metrô, nas
atualizações do seus amigos no Facebook ou nos iPads de
pessoas em restaurantes, aeroportos e salas de espera. A
sensação é a de que por toda parte há telas com balinhas
multicoloridas explodindo freneticamente em cascata.
Exagero? Alucinação?
Infelizmente, nenhum dos dois. Lançado no Facebook no
fim do ano passado, o Candy Crush Saga já é o jogo mais
popular da rede social, com 45,6 milhões de usuários
mensais. Mais um número da epidemia: se somarmos todo
o tempo que já foi gasto no Candy Crush por jogadores ao
redor do mundo, o resultado ultrapassa 100 mil anos, de
acordo com a King, empresa britânica que produz o game.
A receita gerada por tamanha coqueluche não é divulgada
publicamente, mas com os dados anteriores não é difícil
imaginar o seu volume.
A popularidade assombrosa de Candy Crush é tributária
de alguns fatores comuns à maioria dos jogos do tipo.

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69
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[Scup] Retrospectiva: mídias sociais em 2013

  • 1. 33 De olho no retrovisor análises para compreender as mídias digitais em 2013
  • 2. De olho no retrovisor 2013 foi o ano em que você passou a acompanhar os principais acontecimentos do mundo digital numa das seções mais tradicionais do Scup Ideas, O Monitor. Durante 47 semanas, você conheceu tendências como o marketing em tempo real, a explosão dos vídeos curtos na publicidade e a integração entre TV e internet. Leu análises únicas sobre as manifestações que tomaram as ruas do país com a ajuda das mídias sociais, a decisão das Organizações Globo de tirar seus links do Facebook e a invasão das respostas automáticas no SAC feito pelo Twitter. Entendeu ainda cada movimentação da maior plataforma social da atualidade no intrincado - e ao mesmo tempo fascinante - mundo dos negócios digitais, a retomada dos blogs e os desafios de empresas jornalísticas e agências para sobreviver na era da internet. Viu o renascimento do Yahoo, a queda da Blackberry, as esperanças da Microsoft nos dispositivos móveis, a ascensão do Tumblr e a veneração ao Big Data. Nesta retrospectiva, você poderá lembrar de tudo isso - e muito mais - numa seleção especial de 33 textos escritos ao longo do ano por nossa talentosa equipe. Também terá a oportunidade de se preparar para 2014 com um artigo inédito com previsões e tendências feitas por profissionais e estudiosos das mídias sociais. Que venham os desafios do ano que chega! Por eliseu barreira junior ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil
  • 3. Realização : Claudia Gasparini , Eliseu Barreira Junior, Lucas Moschione e Thayane Veiga Imagens: Shutterstock e Wikimedia Commons Expediente
  • 4. Sumário 26 Impulsionadas pelo boom do setor, jovens empresas oferecem soluções para produtores e distribuidores de conteúdo. Que categorias de startups mais têm atraído o interesse dos investidores? frases do ano 8 yahoo: vida além do facebook? 14 as marcas estão prontas para anunciar no instagram? 18 por que o twitter é tão popular entre os políticos? arianna huffington: o que ela quer com o brasil? 21 para onde vão os investimentos em marketing de conteúdo? 26 o 11 de setembro inaugurou a era do big data? 29 como a crise econômica afetará o marketing brasileiro? 33 microsoft: as lições da renúncia de steve ballmer 35 por que o facebook quer levar internet para todos? 37 ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 24
  • 5. Sumário 54 Aplicativos que permitem a gravação e o compartilhamento de pequenos filmes são a mais nova aposta do Facebook e outros gigantes da internet. linkedIn: recrutam-se adolescentes 40 a nova indústria da TV 42 facebook: a caminho da transparência? 45 a invasão das respostas automáticas no twitter 48 a nova chance dos blogs 51 a explosão dos vídeos curtos 54 já pensou se a moda pega? 57 do facebook para as ruas: por que as mídias sociais mobilizaram o brasil ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 58
  • 6. Sumário 80 O que está por trás da decisão da Globo de tirar seus links do Facebook? o “fim” da playboy e o futuro do jornalismo 62 analista de redes sociais precisa ser bom em matemática? 65 futebol e redes sociais: um gol de placa? 67 candy crush: a saga de uma obsessão 69 qual é o segredo das campanhas de sucesso no facebook? 71 a tv vai salvar o twitter ou o twitter vai salvar a tv? 74 a reinvenção da publicidade na era do facebook 77 facebook: uma ameaça global? 80 ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil
  • 7. Sumário 83 Inspiradas na viralização de uma imagem, marcas decidem declarar apoio ao casamento gay em suas páginas no Facebook. Como lidar com os riscos e oportunidades trazidos pelo marketing social? as empresas devem apoiar causas nas redes sociais? 83 o que o futuro reserva ao facebook? 85 lições do marketing em tempo real no oscar 88 como “curtir” algo no facebook revela muito sobre você 90 os desafios do próximo papa nas redes sociais 93 o crescimento do twitter em 2012 95 uso de mídias sociais no trabalho 97 a busca social do facebook 99 perspectiva: o que 2014 reserva para as mídias sociais? ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 102
  • 9. Retrospectiva 2013 Frases do ano “Estou disposto a fazer esse investimento apenas porque acredito que será bom para o mundo” Mark Zuckerberg, criador do Facebook, sobre o seu projeto “Internet.org“, destinado a conectar países em desenvolvimetno à rede mundial de computadores. “Nós percebemos uma redução no número de usuários diários. Especificamente os mais jovens” David Ebersman, diretor financeiro do Facebook, sugerindo que os adolescentes não estão acessando o site como antes. “Nós não competimos com o Facebook” Jack Dorsey, criador do Twitter. Ele acha que sua rede social tem pouco espaço para o relacionamento pessoal, principal foco do Facebook. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 9
  • 10. Retrospectiva 2013 Frases do ano “Eu espiono” Barack Obama, presidente dos EUA, fazendo piada no Twitter no auge do escândalo de espionagem que abalou seu governo em julho de 2013. “Meus esforços estão focados em garantir que o meu povo tenha acesso global a qualquer tipo de informação, como é de seu #direito” Hassan Rouhani, presidente do Irã respondendo ao tuíte de um dos criadores do Twitter, que o questionou sobre o uso de mídias sociais em território iraniano. “As redes sociais libertarão a China” Eric Schmidt, presidente do Google, prevendo o impacto que as mídias digitiais terão sobre a ditadura do país asiático. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 10
  • 11. Retrospectiva 2013 Frases do ano “O Governo Federal tem interesse em popularizar ainda mais a internet” Dilma Rousseff, que discutiu o papel da web no Brasil em sua coluna semanal “Conversa com a Presidenta“. “Não há cultura de internet maior do que a do Brasil” Ben Smith, editor do Buzzfeed, site de entretenimento que ganhou em outubro de 2013 uma versão tupiniquim. “Vamos esquecer toda essa confusão” Pelé, querendo colocar panos quentes a discussão sobre os protestos que tomaram o territ;ório brasileiro em junho de 2013. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 11
  • 12. Retrospectiva 2013 Frases do ano “A privacidade talvez seja uma aberração” Vint Cerf, vice-presidente do Google, falando sobre o futuro da internet e como as inovações tecnologicas impactarão nossas vidas. “Veneramos os dados e tentamos aprender com eles, mas não devemos segui-los cegamente” “A compra do Washington Post pelo dono da Amazon entrará para a história como ‘O dia em que a imprensa virou mídia’” Kenneth Cukier, editor de dados da revista The Economist, sobre a importância de encarar o Big Data com responsabilidade. Alberto Dines, jornalista e escritor brasileiro, sobre o siginificado da aquisição do jornal americano por Jeff Bezos. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 12
  • 14. Retrospectiva 2013 Yahoo: vida além do Facebook? A multinacional que brilhou nos anos 90 deu uma guinada, ultrapassou o Google em visitas e chegou a 800 milhões de usuários. Como o Yahoo voltou ao jogo? Por Claudia gasparini 18 de outubro de 2013 Redesenho do logotipo e da página inicial do site. Novos formatos e modelos de anúncios. Vinte startups compradas em um ano. Nos últimos tempos, o Yahoo não para. Prestes a completar duas décadas de existência, a empresa parece ter recobrado as forças que perdeu nos últimos tempos. O Yahoo quer voltar ao jogo – e mostrar que existe vida além do Facebook. Em pouco tempo, a multinacional passou de um nome desgastado no mercado de tecnologia a um player revitalizado, capaz de ultrapassar o Google em número de visitas únicas, em julho de 2013, nos Estados Unidos. Os números provam uma realidade de grande carga simbólica: o Google foi um dos principais responsáveis pela perda de fôlego do Yahoo no início dos anos 2000. Depois de dois anos de queda, a audiência do site cresceu e, pela primeira vez, atingiu a marca global de 800 milhões de usuários. Mas qual é o motivo de um retorno tão intenso? Para a perplexidade dos analistas, não há dados consistentes que justifiquem os picos de visitas aos sites da organização desde o fim do ano passado. Nem mesmo ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 14
  • 15. Retrospectiva 2013 a tão noticiada aquisição do Tumblr pela empresa, em maio de 2013, poderia explicar o crescimento: os estudos realizados não contam as visitas ao microblog como parte do tráfego nos domínios do Yahoo. Assim, as razões continuam obscuras. Na dúvida, podem culpar Marissa Mayer. Excolaboradora do Google, a incansável executiva de 38 anos assumiu a presidência do Yahoo em julho de 2012 e, desde então, não para de efetuar mudanças radicais na estrutura de gestão da empresa. Abraçando um desafio que à época repelia a maior parte dos executivos, ela providenciou a cura de antigos males que abatiam o negócio e o distanciavam cada vez mais da inovação e da competitividade. O primeiro passo de Marissa foi tentar renovar a imagem da marca. Percebido por muitos como antigo e ultrapassado, o Yahoo perdia tanto na quantidade de usuários quanto na qualidade dos candidatos a trabalhar na empresa. Para mudar o cenário, a jovem CEO apostou em ações de branding e aquisições estratégicas como a do Tumblr, rede social popular entre adolescentes. O velho Yahoo, nascido em 1994 como o jurássico site “Jerry’s Guide to the World Wide Web”, não existe mais – e Marissa quer deixar isso bem claro. Até o logotipo da empresa, nunca alterado desde a sua fundação, foi descartado e substituído. Outra estratégia importante posta em prática nessa nova fase do Yahoo tem sido a aquisição frequente de startups. Foram vinte, desde outubro de 2012. Além do Tumblr, destacam-se as compras do Summly, aplicativo que sumariza notícias criado por um adolescente de 17 anos, e da startup de área móvel Stamped. Ao atrair jovens empresas, o Yahoo não pensa apenas em agregar seus produtos e soluções ao portfólio da empresa. Marissa quer as pessoas, as mentes por trás dos empreendimentos que adquire. Muitos talentos se tornaram colaboradores do Yahoo após venderem à multinacional os negócios que criaram. Para o Yahoo, foi a chance de arejar seus quadros de funcionários e incrementar seu time de desenvolvedores. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 15
  • 16. Retrospectiva 2013 Além das formas de contratação e aquisição de talentos, as políticas internas da empresa também sofreram alterações importantes. Uma das mais polêmicas e notórias foi a extinção do home office: a presidente exigiu que os funcionários que trabalhavam remotamente voltassem a comparecer presencialmente à sede da empresa em Sunnyvale, na Califórnia. Entre outros objetivos, Marissa queria ampliar a integração e otimizar as decisões tomadas em equipe. Ainda que aparentemente impopular, a medida vingou – e não manchou a imagem da líder. No segundo trimestre de 2013, Marissa era aprovada por 84% dos funcionários – a melhor avaliação de todos os CEOs do Yahoo em 5 anos. As muitas realizações notáveis da jovem executiva podem ser o ingrediente secreto por trás da nova fase do Yahoo. No entanto, se os resultados atingidos até agora são grandes, maiores ainda serão os desafios a seguir. As conquistas em termos de reputação e imagem são inegáveis, mas muito pode ser esperado em ganhos financeiros. O Yahoo tem crescido muito menos do que o resto da indústria, e a sua principal fonte de lucro, os anúncios multimídia, continua caindo. Na semana passada, a empresa divulgou uma ligeira queda de receitas e um lucro 91% menor no terceiro trimestre de 2013. Sem dúvida, o Yahoo precisa recuperar o prestígio no mercado publicitário e transformar a sua crescente base usuária em dinheiro. Em 2013, a participação do Yahoo no negócio de anúncios do tipo display deve cair para 7,7% (ante 8,6% no ano passado), enquanto Google e Facebook aumentarão suas fatias para 41,1% (ante 40.9%) e 7,1% (ante 5,9%), respectivamente. Marissa quer virar o jogo se reaproximando dos publicitários. Durante muito tempo, o setor a viu como uma pessoa que não se importava com publicidade, tendo escolhido dar atenção apenas ao desenvolvimento de novos produtos. Agora, a líder promove uma série de encontros com executivos de agências e montou uma estratégia para criar oportunidades de negócio junto a eles. Muito ainda pode – e precisa – ser feito. O ponto positivo é que não falta energia para a tarefa. Marissa dorme ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 16
  • 17. Retrospectiva 2013 de 4 a 6 horas por noite, decidiu ficar apenas algumas semanas de licença-maternidade quando teve seu primeiro filho e já declarou que suas prioridades na vida são “Deus, a família e o Yahoo – nessa ordem”. A batalha continua – e seus desdobramentos poderão mudar o destino dos investimentos em marketing e publicidade nos próximos anos. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 17
  • 18. Retrospectiva 2013 As marcas estão prontas para anunciar no Instagram? Mídia social comprada pelo Facebook libera espaço para peças publicitárias. O que o Instagram espera dos anunciantes? Agora é oficial: o Instagram passará a exibir anúncios por Eliseu Barreira Junior em breve. Comprada pelo Facebook por quase 1 bilhão 11 DE OUTUBRO DE 2013 de dólares em 2012, essa é a primeira tentativa de Mark Zuckerberg de fazer dinheiro com a popular plataforma social de fotos e vídeos. Mais do que qualquer outra companhia de internet em busca de um modelo de negócios sustentável, o Instagram terá o desafio de introduzir propagandas que preservem seu principal ativo: o apelo emocional de conteúdos imagéticos. Para não colocar em risco a experiência com o serviço – e afastar usuários –, a empresa prometeu que mostrará apenas anúncios que sejam “divertidos, belos e criativos”. A maior dificuldade será conciliar alta qualidade com escala. As marcas estão prontas para atuar nesse cenário? O Instagram aposta que sim. Segundo analistas, a empresa deverá lucrar 400 milhões de dólares com publicidade dentro de três ou quatro anos. Com mais de 150 milhões ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 18
  • 19. Retrospectiva 2013 de usuários, a plataforma tem uma audiência significativa para oferecer aos anunciantes, superando o Pinterest (70 milhões de usuários), que começou a testar uma estratégia de promoção de posts recentemente, e o Tumblr (50 milhões de usuários). Hoje, o Instagram possui um público três vezes maior que o Twitter tinha quando começou a vender anúncios, em outubro de 2010. Considerada uma mina de ouro, essa audiência pode colocar em xeque os planos do Instagram. Meses atrás, a atualização dos termos de uso da empresa provocou uma gritaria entre usuários. As mudanças previam o uso de dados dos perfis, como nome, “curtidas” e fotos, em publicidades e promoções. Depois de muitas reclamações, a companhia veio a público e anunciou que reescreveria o documento. Para evitar que a introdução de anúncios na mídia social provoque uma nova polêmica, a empresa tem dado passos calculados. Um deles foi a inclusão de um recurso para a produção de vídeos curtos de 15 segundos – uma unidade padrão de publicidade no mundo da TV. Sucesso de público, a iniciativa permitiu que diversas marcas realizassem ações de marketing no Instagram. Os usuários começaram assim a conviver com formatos publicitários em seus feeds. A empresa não recebeu nada por isso, mas conseguiu colocar sua audiência diante dessa nova possibilidade. Outro passo importante foi a escolha do momento para anunciar a exibição de peças publicitárias no Instagram. Enquanto o mundo estava distraído com a notícia do IPO do Twitter, um post no blog da empresa apresentou a novidade. Ocupados em discutir o negócio do site dos 140 caracteres, analistas de tecnologia e blogueiros especializados fizeram registros mais breves do movimento do Instagram. Por fim, o modelo de publicidade adotado buscou levar em consideração a relação passional que os usuários têm com a plataforma. Inicialmente restrito aos Estados Unidos, o sistema de anúncios do Instagram está calcado em algumas premissas: - As peças publicitárias deverão ser tão naturais quanto as fotos e vídeos das marcas que as pessoas já seguem; - A mídia social fornecerá ferramentas para que os anúncios sejam ocultados e os usuários expliquem por que não quiseram vê-los; e - Para não poluir as timelines, será mostrado um número baixo de fotos e vídeos apenas de marcas com uma grande presença no serviço. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 19
  • 20. Retrospectiva 2013 O sucesso desse modelo está, principalmente, nas mãos das marcas. Nas palavras de Kevin Systrom, CEO do Instagram, a publicidade deve ser tão “saborosa” quanto o conteúdo. Numa entrevista, ele citou a experiência proporcionada por anúncios da revista de moda Vogue como um bom exemplo a ser seguido. De acordo com o líder, há estudos que mostram que a satisfação das pessoas diminui quando as propagandas são tiradas de publicações como essa. Systrom espera que o mesmo aconteça com a mídia social. Essa afirmação mostra que apenas marcas com equipes de produção de conteúdo acima da média devem triunfar no Instagram. Criatividade, alto investimento e imaginação serão pré-requisitos para quem deseja anunciar lá. Os publicitários deverão seduzir por imagens, deixando de lado o apoio do texto e do discurso comercial. A aposta do Instagram é alta. Ao mesmo tempo em que precisa gerar dinheiro, a empresa quer continuar a brindar o público com experiências únicas. Parece difícil conciliar esse idealismo com as demandas dos investidores. Afinal de contas, nenhuma mídia social foi criada para ser uma máquina de ads. Três anos depois de sua criação, o Instagram precisa encarar a idade adulta. Infelizmente, não é possível manter a pureza da infância para sempre. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 20
  • 21. Retrospectiva 2013 Por que o Twitter é tão popular entre os políticos? Volta da presidente brasileira ao microblog reacende a pergunta: qual é o valor da rede dos 140 caracteres para quem governa – ou quer governar? por Claudia Gasparini 4 DE OUTUBRO DE 2013 Dilma Rousseff está de volta ao Twitter. A retomada da conta oficial no microblog da presidente, inativa há quase três anos, faz parte de uma estratégia para melhorar a comunicação digital do governo federal. O objetivo é, a um só tempo, fazer-se mais presente na rede – uma necessidade sentida sobretudo após as manifestações de junho – e preparar-se para as eleições de 2014. O microblog não é a única mídia social em que Dilma está investindo. Recentemente, tuítes da governante também anunciaram uma reformulação de sua página oficial no Facebook, uma conta do Palácio do Planalto no Instagram e um novo portal para comunicação com o governo federal. Mas é inegável a importância central do perfil no Twitter para a estratégia de comunicação da presidente. Importância essa que está longe de passar despercebida por outras figuras políticas brasileiras. Comparada a Barack Obama, a ex-senadora Marina Silva articulou habilmente sua presença nas mídias sociais para conquistar projeção ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 21
  • 22. Retrospectiva 2013 nas eleições presidenciais de 2010, com ênfase no Twitter. Mesmo fora do poder, Marina segue recorrendo ao microblog para mobilizar adeptos e realizar movimentos políticos. Para citar o exemplo mais recente, a ex-senadora convocou esta semana um “tuitaço” para pressionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a aprovar o registro do seu partido, o Rede Sustentabilidade. Essa tendência pode ser generalizada. Sem exagero, é válido afirmar que o Twitter é a mídia social favorita dos políticos do continente americano: dos 15 políticos mais seguidos do planeta, 10 são provenientes das Américas. O presidente dos Estados Unidos e autor do tuíte mais compartilhado de todos os tempos, Barack Obama, é o governante mais acompanhado no microblog, com mais de 37 milhões de seguidores. O perfil de Hugo Chávez, expresidente da Venezuela, é o 3º mais popular do mundo, mantendo sua base de 4,2 milhões de seguidores mesmo após a morte do político em março de 2013. Os presidentes latino-americanos Cristina Kirchner, da Argentina, Enrique Peña Nieto, do México, e Juan Manuel Santos, da Colômbia, também figuram na lista dos 15 políticos mais seguidos no Twitter. Dilma Rousseff aparece em 13º lugar, acompanhada por 1,9 milhões de pessoas. Mas o que explica a popularidade das mídias sociais, e em particular do Twitter, entre os políticos das Américas? Antes de tudo, a resposta passa pelo fato de que aqui predominam tanto populações jovens – as mais familiarizadas com as novas tecnologias – quanto regimes democráticos. Entre outras explicações possíveis, essa combinação certamente contribui para a criação de um ambiente favorável à intersecção entre política e mídias sociais de forma geral. A partir desse ponto, também podemos refletir sobre oportunidades especificamente trazidas pelo Twitter para quem está – ou quer estar – no poder. Uma conta no microblog – obrigatoriamente pessoal, com o nome e o rosto do político, e jamais do seu “Palácio” ou “Prefeitura” – é um espaço de exercício de personalidade. Isso é extremamente importante em tempos de internet. Com a rede e as mídias sociais, começou-se a esperar algo que nunca foi tão cobrado das figuras públicas: a sensação da sua presença. Os tuítes de um governante são uma representação por excelência da sua proximidade no dia a dia das pessoas. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 22
  • 23. Retrospectiva 2013 Superamos há muito tempo a fase de mandar cartas para algum órgão de comunicação oficial, torcendo para obter alguma resposta. Hoje queremos sentir que conhecemos pessoalmente nossos representantes, a ponto de os chamarmos pelo nome, de cobrá-los e elogiá-los diretamente. É aí que cabe a pergunta: quantas outras formas de comunicação são tão naturais e intimistas quanto um tuíte? A cerca de um ano das eleições presidenciais, os políticos brasileiros começam a se aquecer para a disputa. A proporção direta entre menções no Twitter e sucesso nas eleições foi demonstrada por estudos recentes. Já tendo testemunhado a contribuição das mídias sociais para a ascensão de Marina Silva em 2010, essa correlação chega a ser quase intuitiva para os brasileiros. O Twitter pode servir como um palanque com capacidade infinita de espectadores. Qualquer que seja o resultado das eleições, 2014 será um ano de vitória para quem souber trabalhar sua estratégia nesse ambiente, ganhando a confiança dos eleitores e reforçando sua presença na esfera pública aos poucos, de tuíte em tuíte. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 23
  • 24. Retrospectiva 2013 Arianna Huffington: o que ela quer com o Brasil? Três anos depois de divulgar a intenção de expandir seus negócios para a América Latina, Arianna Huffington anuncia a chegada de seu site ao Brasil. Na galeria dos grandes empreendedores do por Eliseu Barreira Junior mundo digital, destaca-se o nome da grega Arianna 4 de outubro de 2013 Huffington. Natural de Atenas, formada em economia pela Universidade de Cambridge e voz influente entre os democratas norte-americanos, Arianna criou em 2005 um dos sites de notícia e opinião mais prestigiados do mundo: o Huffington Post. Num contexto em que as empresas jornalísticas estão lutando para sobreviver na era da internet, ela desenvolveu uma publicação digital lucrativa, que só perde em audiência para o poderoso The New York Times e vale mais de 300 milhões de dólares. Na semana passada, veio à tona a notícia de que o HuffPost finalmente terá uma edição no Brasil. Três anos depois de divulgar a intenção de expandir seus negócios para a América Latina, Arianna anunciou uma parceria com o Grupo Abril que colocará o site em seu nono país e quinto continente. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 24
  • 25. Retrospectiva 2013 O crescente acesso à internet e o fortalecimento de nossa economia nos últimos anos chamaram a atenção da jornalista. “Estou particularmente animada com a parceria que vai possibilitar o uso de vários recursos para dar ainda mais voz ao Brasil por meio de uma nova plataforma”, disse Arianna. Especula-se que o HuffPost Brasil entrará no ar em dezembro. Como já ocorre em outros países, a edição nacional deverá combinar agregação de conteúdo, reportagens exclusivas e muitos blogueiros. Além disso, o material produzido aqui poderá ser traduzido e publicado nas versões internacionais do site. Para os jornalistas brasileiros, essa será uma chance ímpar de lidar com uma nova mentalidade de monetização de conteúdo digital. No HuffPost, as receitas não vêm apenas de banners. O dinheiro chega através de parcerias, anúncios vinculados a conteúdos específicos, blogs patrocinados e ações que conectam a imagem de marcas com causas sociais. “O jornalismo não precisa ser salvo, mas precisa de novos e criativos modelos de receita”, afirmou certa vez a criadora do HuffPost. Chegou a hora de trazer para o Brasil as lições que colocaram o site – e o nome de Arianna – no panteão da internet. Não podemos desperdiçar essa oportunidade. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 25
  • 26. Retrospectiva 2013 Para onde vão os investimentos em marketing de conteúdo? Como jovens empresas que oferecem soluções para produtores e distribuidores de conteúdo têm atraído o interesse de investidores. por Claudia Gasparini 26 DE SETEMBRO DE 2013 Novos negócios e oportunidades estão transformando o ecossistema do marketing de conteúdo. É verdade que, com algumas exceções, os investimentos na área tendem a ser modestos: raramente chegam a mais de 10 milhões de dólares. Mas cresce o interesse em se injetar capital nesse jovem mercado. Afinal, precisamos cada vez mais de soluções para otimizar e acelerar processos de compra, venda, produção e distribuição de conteúdo online – e essa necessidade só tende a aumentar. Nick Gregg, executivo da StrategyEye, analisou as categorias de startups ligadas ao universo do marketing de conteúdo que, nos últimos anos, têm recebido as maiores fatias de investimento de capital de risco. O resultado da reflexão é um painel de tendências: as áreas que recebem mais apostas financeiras provavelmente também serão aquelas com potencial de “dar o tom” do setor nos próximos anos. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 26
  • 27. Retrospectiva 2013 A primeira área de atração de capital é a que envolve a amplificação do conteúdo. Trata-se de um serviço de intermediação tecnológica entre produtores de conteúdo na web e canais de publicação de grande alcance. A ideia é permitir a exposição de um conteúdo de marca numa rede de alta visibilidade, como USA Today, The New York Times e CNN – que inclusive fazem uso de tal serviço. Empresas que atuam como agentes dessa troca recebem de cada cliente pequenas taxas de CPC (Cost Per Click). Em larga escala, porém, a soma desses ganhos minúsculos garante a rentabilidade do modelo. Tanto é que startups da categoria têm recebido investimentos da ordem de 15 milhões de dólares, como a Taboola. Outra tendência que não tem passado despercebida pelos investidores é a publicidade nativa. De forma alternativa aos anúncios convencionais, esse tipo de solução não apresenta uma mensagem de venda explícita. A premissa é a seguinte: a marca cria uma peça de conteúdo que será divulgada por um publisher na qualidade de conteúdo editorial patrocinado. O anunciante define a temática, o público e o ambiente em que deseja estar, num modelo híbrido que tem “borrado” a fronteira entre conteúdo e publicidade. Um bom exemplo é a presença de uma seção patrocinada pela IBM no site da prestigiada revista Forbes. No último semestre, investimentos milionários têm sido injetados em jovens empresas que oferecem soluções para distribuição de publicidade nativa em grandes publishers: as startups Sharethrough e Genesis Media, por exemplo, receberam aportes financeiros de 11 milhões e 3 milhões de dólares, respectivamente. Uma terceira área em evidência é o real-time bidding, isto é, a compra em tempo real de anúncios on-line com base em informações contextuais do usuário, como idade, gênero, localização e etc. Startups que transitam por esse universo têm recebido altos investimentos de venture capital, sobretudo aquelas que prestam serviços dentro do contexto mobile ou das mídias sociais. Um investimento de 9 milhões de dólares foi destinado à Apsalar, que oferece serviços de real-time bidding com foco em mensuração de resultados para campanhas em dispositivos móveis. Paralelamente, a atenção dos investidores têm sido atraída por startups que desenvolvem soluções para a produção, publicação e curadoria de conteúdo. É o caso de empresas como o HubSpot, que busca cobrir todo o processo de produção e distribuição de artigos e outros materiais para ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 27
  • 28. Retrospectiva 2013 marcas – e recebeu um incentivo de 35 milhões de dólares no ano passado. Além disso, existe no mercado uma miríade de ferramentas que ajudam a curar conteúdo, ou seja, o trabalho de selecionar e disseminar conteúdos já existentes. A aquisição do Tumblr, uma mídia social fortemente sustentada por essa atividade, por 1 bilhão de dólares pelo Yahoo! é um exemplo da atratividade de empreendimentos que se baseiam em curadoria. Em linhas gerais, é possível perceber que o foco das apostas tem sido predominantemente negócios que dão escala à produção e à distribuição do conteúdo nas mídias digitais. Essas soluções têm importância crítica, e faz sentido que atraiam incentivos financeiros. No entanto, também é válido afirmar que, dentro de pouco tempo, ganharão (mais) relevo negócios que facilitem o estabelecimento de relações com o público por meio do conteúdo. Em breve, conquistar eficiência e alcance da mensagem não será mais o bastante. De que adianta conseguir falar a um consumidor se ele vê a sua proposta com desconfiança e ceticismo? Soluções para construir relacionamentos com base na confiança da audiência provavelmente serão a próxima fase do mercado e, claro, o próximo pote de ouro dos investidores. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 28
  • 29. Retrospectiva 2013 O 11 de setembro inaugurou a era do Big Data? Doze anos depois dos atentados às Torres Gêmeas, a análise de grandes volumes de dados se tornou uma poderosa arma de guerra. Como os atentados de 11 de setembro de 2001 por Eliseu Barreira Junior mudaram o mundo? Doze anos depois de presenciarmos 13 DE SETEMBRO DE 2013 mais de 3 mil vidas serem ceifadas por fanáticos religiosos nos Estados Unidos, essa pergunta está longe de receber uma resposta definitiva. Não há dúvidas de que o mundo nunca mais foi o mesmo. Mas é impreciso determinar de que maneira o maior ataque terrorista já visto pela humanidade alterou – ou determinou – o percurso da História. Que o ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center gerou mais dilemas do que transformações, é difícil discordar. Ainda não sabemos como lidar com a ameaça terrorista sem ferir a soberania de países e os direitos civis. Ainda não sabemos como julgar, condenar e prender pessoas dispostas a matar por uma causa. Ainda não sabemos como superar o preconceito e a intolerância contra seguidores do Islã. Ainda não sabemos como diminuir o fosso que separa o Ocidente do Oriente. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 29
  • 30. Retrospectiva 2013 Em meio a tantas incertezas, porém, é possível apontar com clareza uma profunda mudança trazida pelo 11 de setembro: o mundo passou a dar valor aos segredos do Big Data. Definido originalmente nos anos 2000 por um analista da Gartner, o termo é usado para descrever a análise de gigantescos volumes de dados que geramos quando fazemos ligações telefônicas, trocamos e-mails, realizamos uma busca na internet, compartilhamos um post numa rede social ou compramos algo numa loja. Graças à inteligência gerada a partir desses rastros, é possível prever comportamentos, identificar padrões e descobrir o porquê de muitas coisas. Antes restrito a um círculo de nerds do mundo da computação, o Big Data se tornou mainstream. Também pudera. Capa de revista de circulação nacional, descrito como o novo petróleo do século XXI e equiparado ao ouro no Fórum Econômico Mundial de Davos, ele já movimenta 70 bilhões de dólares, valor que deve crescer 40% ao ano até 2015. Um estudo do McKinsey’s Business Technology Office apontou cinco benefícios do Big Data. Primeiro, ele dá transparência à informação e torna seu uso muito mais frequente. Segundo, permite a coleta e o armazenamento de informações detalhadas sobre absolutamente quase tudo. Terceiro, ajuda as empresas a oferecer para seus clientes o que eles realmente precisam. Quarto, possibilita análises sofisticadas que podem melhorar substancialmente a tomada de decisão. Quinto, pode ser usado para melhorar o desenvolvimento de uma nova geração de produtos e serviços. No mundo pós-11 de setembro, o Big Data também se converteu numa poderosa arma de guerra. É falacioso dizer que ele não seria um fenômeno tão amplo sem os atentados que destruíram as Torres Gêmeas. Mas o papel central da ameaça terrorista nessa revolução dos dados não deve ser ignorado. Em busca de formas mais certeiras para caçar homensbomba e evitar novos atentados, a inteligência do governo dos EUA começou a investir pesado na indústria de software e formar alianças com empresas de tecnologia para monitorar as atividades de qualquer pessoa ao redor do planeta sem precisar enviar espiões a campo. Segundo o Biometrics Research Group, o departamento de Defesa dos EUA, é responsável por grande parte dos gastos com pesquisa em Big Data atualmente. Dos 30 projetos conduzidos pelos militares, 9 estão focados na melhoria de algoritmos, espionagem e vigilância. Só em 2012, agências ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 30
  • 31. Retrospectiva 2013 federais do país gastaram 5 bilhões de dólares com pesquisas em Big Data – o investimento deve chegar a 8 bilhões de dólares em 2017. Esses gastos têm permitido ao governo norte-americano processar dados sobre habitantes de qualquer região do globo – inclusive da presidente Dilma Rousseff. Um documento da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), vazado pelo ex-agente do órgão Edward Snowden, mostrou que, em março de 2013, havia 97 bilhões de informações recolhidas de redes no mundo todo. Para analistas, tal aparato de vigilância não seria tão forte sem a cooperação de empresas de Big Data, como Google e Facebook. “Ao pedir – e, em vários casos, coagir – o Vale do Silício a fornecer portas de entrada para seus bancos de dados e servidores, a agência teve acesso a quase todos os cantos da web”, disse a revista Foreign Policy. Após as revelações de que colaboraram com a NSA, tais sites garantiram que a privacidade de seus usuários não está em xeque e que apenas informações solicitadas judicialmente são liberadas. Sem dúvida, a ameaça à privacidade e naturalidade das decisões do cidadão-consumidor é um dos principais desdobramentos da era do Big Data. Os dados de que uma empresa dispõe podem ser repassados para terceiros, mesmo que para evitar crimes? Não seremos privados de fazer escolhas “fora da caixa” caso o algoritmo de um software passe a influenciar nossos hábitos de consumo? Especialistas têm apontado diferentes caminhos para a sociedade lidar com questões desse tipo. Há quem defenda a criação de uma legislação específica para regular o uso do Big Data, a redefinição do que se entende por privacidade ou até que o bom senso seja colocado de lado em nome da veneração cega aos dados. Para evitar que a humanidade assista a um novo 11 de setembro, tem muita gente disposta a levar a devoção ao Big Data adiante. Doze anos depois daquela terça-feira sombria, ficou certamente mais fácil tomar ações preventivas e identificar potenciais terroristas por causa da captura e do processamento de enormes volumes de dados. O grande problema é que vivemos num mundo em que governos não precisam mais descobrir a razão para que terroristas se tornem terroristas, alerta Evgeny Morozov em artigo para a Slate. Basta recolher dados sobre absolutamente tudo, relacioná-los e se concentrar em prever ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 31
  • 32. Retrospectiva 2013 quando isso acontecerá para que alguma medida seja tomada. “Em outras palavras, não precisamos perguntar por que as coisas são como são, desde que possamos influenciá-las para que sejam o que desejamos que sejam. E isso é triste. O abandono da compreensão como um objetivo útil de política pública poderia tornar impossíveis as reformas políticas sérias”, escreveu Morozov. O Big Data pode ser útil para afastar a ameaça terrorista, mas não eliminará o risco de que um 11 de setembro se repita caso seu agente causador não seja atacado. Enquanto não investigarmos as raízes do problema, o mundo continuará refém do medo. Infelizmente, os dados pouco nos ajudarão com isso. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 32
  • 33. Retrospectiva 2013 Como a crise econômica afetará o marketing brasileiro? Alta do dólar e inflação abalam a confiança na economia do país. O que norteará os investimentos na publicidade em tempos difíceis? por Claudia Gasparini 30 DE AGOSTO DE 2013 Confiança é tudo. A economia de um país pode ir mal, mas, quando começa a ser alvo de desânimo por parte de consumidores e empresários, é hora de se preocupar de verdade. O descrédito com o cenário econômico do Brasil em 2013 já é uma realidade. Segundo uma sondagem da Fundação Getúlio Vargas, o sentimento de confiança na economia do país chegou este ano a níveis tão baixos que chega a ser comparável ao registrado na época da crise mundial de 2008 e 2009. O sentimento de desânimo vem a bordo de uma onda de índices econômicos preocupantes, como alta do dólar, desvalorização do real, inflação e projeções frustrantes para o PIB deste ano. O mais grave é que existe uma lógica de retroalimentação nesse mecanismo: quanto mais se acredita que a situação está ruim, pior ela fica. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 33
  • 34. Retrospectiva 2013 Por isso, confiança é tudo. Num cenário em que ela falseia, certos investimentos naturalmente tendem a se retrair. Um estudo coordenado pelo Projeto Inter-Meios apontou que o crescimento na injeção de capital em mídia para o primeiro semestre foi bem abaixo do esperado, atingindo 2,4% em relação ao período anterior. Os meios em que o faturamento com anúncios mais caiu foram guias e listas (-28,6%), revistas (-8,7%) e jornais (-4,6%). A pesquisa aponta que a internet também perdeu investimentos (-15,1%), mas considerou somente publicidade em displays ou banners. A queda provavelmente não seria reportada se houvesse sido incluída a participação de players como Google e Facebook, que permanecem em franca expansão. Do ponto de vista do anunciante, quanto mais preciso, barato e objetivo for o “tiro”, mais favorecido será o canal – ainda mais em tempos de incertezas. Assim, é natural que sejam privilegiadas mídias que aceitem investimentos de todos os tamanhos, em formatos que acomodem métricas ligadas diretamente aos objetivos do negócio. Também é muito bem-vinda a possibilidade de segmentar anúncios de acordo com interesses e características do público-alvo. Em tempos de “cinto apertado”, o mercado navega seguindo dois faróis: a eficiência no aproveitamento de recursos e a retenção dos clientes já conquistados. O primeiro ponto é intuitivo: para manter o negócio de pé, é melhor injetar dinheiro em alternativas eficientes e certeiras, que assegurem o maior retorno possível com o menor custo necessário. O segundo fator que norteia a decisão das empresas é a necessidade de preservar a base de clientes que elas já possuem. Já que conseguir novos compradores em tempos de crise pode ser um desafio, a palavra de ordem é reter. Assim, áreas como atendimento e relacionamento com o cliente passam a ser especialmente valiosas para as empresas. Confiança, de fato, é tudo: confiança de que os investimentos trarão um retorno certo, confiança de que as fontes de receita já conquistadas não se dissiparão. Toda crise é alimentada pela insegurança da maioria. E é para a minoria que souber oferecer garantias que ela se revelará menos amarga. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 34
  • 35. Retrospectiva 2013 Microsoft: as lições da renúncia de Steve Ballmer Sucessor de Bill Gates não resistiu à pressão e anunciou sua renúncia ao cargo de CEO da Microsoft. O que é possível aprender com o acontecimento? Quando Steve Ballmer assumiu a presidência executiva por Eliseu Barreira Junior da Microsoft em janeiro de 2000, a empresa dominava 30 DE AGOSTO DE 2013 o setor de computação. Naquela época, a vasta maioria dos computadores de mesa e laptops usava o sistema operacional Windows. O grande desafio do sucessor de Bill Gates era manter a empresa no topo e buscar novas fontes de receita. Desde então, Ballmer apostou no lançamento de novos produtos, como o MSN Messenger, o Bing, o Xbox e o Kinect. Apesar de bem-sucedidas, nenhuma dessas iniciativas foi capaz de manter a influência absoluta da Microsoft no mundo da tecnologia. A empresa mostrou dificuldades para se adaptar à era da computação móvel e viu gigantes como Apple e Google emergirem como protagonistas da revolução dos tablets e smartphones. Na semana passada, Ballmer não resistiu à pressão e anunciou sua renúncia ao cargo de CEO da Microsoft. Embora tenha feito um bom trabalho para manter o ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 35
  • 36. Retrospectiva 2013 lucrativo negócio da Microsoft na computação convencional, Ballmer vacilou em aproveitar o entusiasmo dos consumidores por aparelhos equipados com telas de toque – um mercado que ainda está em disputa. “Não há chance de que o iPhone conquiste fatia de mercado significativa”, previu erroneamente o executivo em 2007. A mudança de comando na empresa de Bill Gates acontece num momento delicado. A fatia da Apple no mercado de computação deve superar a da Microsoft até o fim do ano. Já o Windows 8, principal aposta de Ballmer para virar o jogo, acumula críticas tanto de usuários de tablets quanto de PCs. As dificuldades da Microsoft deixam uma lição importante para empresas de todos os segmentos, segundo análise de Paul Krugman. O prêmio Nobel de Economia classifica a Microsoft como “uma companhia que se saiu tão bem com seu monopólio sobre os sistemas operacionais que perdeu o foco, enquanto a Apple – ainda vagueando pelo deserto depois de tantos anos – estava alerta a novas oportunidades”. Para ele, viver de um monopólio impede uma empresa de inovar: “A destruição criativa significa que monopólios não duram para sempre, mas não que sejam inofensivos enquanto duram. Isso valia para a Microsoft ontem; pode valer para a Apple, o Google, ou uma empresa que ainda não está em nosso radar, amanhã”. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 36
  • 37. Retrospectiva 2013 Por que o Facebook quer levar internet para todos? Empresas de tecnologia como Google e Facebook querem levar internet para todo o planeta. O que está por trás dessa iniciativa ambiciosa? Não faltam motivos para acreditar que a internet é por Eliseu Barreira Junior um direito humano. A internet transforma a socialização. 23 DE AGOSTO DE 2013 Como nos conectaríamos com amigos e familiares virtualmente sem ela? A internet alimenta mobilizações populares. O que seria dos protestos que tomaram conta das ruas do Brasil em junho sem ela? A internet permite o surgimento de novos empreendedores. Quantos empregos deixariam de ser gerados sem ela? A internet torna as relações entre empresas e clientes mais transparentes. O que seria do atendimento ao consumidor sem ela? A internet aumenta o acesso à informação. Como saberíamos que a nossa privacidade é violada por governos sem ela? A internet ajuda a derrubar ditadores. O que seria da Primavera Árabe sem ela? Em nome desse direito, defendido pela ONU, gigantes do mundo da tecnologia têm investido pesado em iniciativas que pretendem tornar o mundo mais conectado. Depois de o Google lançar um projeto que leva internet para áreas ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 37
  • 38. Retrospectiva 2013 remotas do planeta por meio de balões, chegou a vez do Facebook. Na semana passada, Mark Zuckerberg, criador da maior mídia social da atualidade, anunciou o projeto Internet.org, em parceria com empresas como Nokia, Qualcomm, Samsung e Ericsson. O objetivo principal: reduzir os custos do acesso à rede em nações em desenvolvimento. “Atualmente, dois terços da população mundial não têm acesso à internet. Imagine um mundo onde todos nós podemos estar conectados”, disse Zuckerberg. Essas boas intenções, porém, despertam algumas dúvidas. Além da crença de que a internet é um direito humano, o que motiva as empresas de tecnologia a promover iniciativas do tipo? A principal razão é a busca por novos mercados. Não é de hoje que essas organizações, obrigadas a prestar contas aos investidores de Wall Street, estão sendo pressionadas a aumentar suas bases de usuários fora de mercados saturados como Estados Unidos e Europa. Ingressar com força em países da Ásia, África e América Latina é o próximo passo obrigatório que Zuckerberg e companhia devem tomar para crescer. Antes disso, é preciso levar internet a esses lugares. O novo Internet.org pretende fazê-lo investindo em ferramentas que aprimorem a transmissão e reduzam o custo do fornecimento de dados. A segunda dúvida trazida por tais ações está relacionada ao papel da internet no desenvolvimento de uma comunidade carente. O acesso universal à web é realmente o melhor caminho para melhorar a vida de nações pobres? Uma das alegações de Zuckerberg para lançar o Internet.org é a de que a rede promove o desenvolvimento econômico. Essa crença está baseada num estudo da consultoria McKinsey que apontou um crescimento de 21% no PIB de países desenvolvidos nos últimos cinco anos por causa da internet. Bill Gates, fundador da Microsoft, parece discordar: “Quando uma criança tem diarreia, não há nenhum site no mundo que a alivie”, disse em entrevista à Bloomberg Businessweek. Para ele, antes de conectar as pessoas, é preciso garantir outros direitos básicos, como o atendimento de saúde de qualidade. Sem precisar recorrer a estudos, Gates fala com conhecimento de causa. À frente de uma fundação que ajuda crianças e adultos carentes, ele já investiu mais de três bilhões de dólares para o tratamento de portadores de Aids, tuberculose e malária. Isso nos leva a um terceiro questionamento: a internet é ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 38
  • 39. Retrospectiva 2013 realmente um direito humano, como o direito à saúde, educação, moradia, informação e expressão? Para Vint Cerf, considerado um dos pais da internet e vice-presidente do Google, não. Em artigo publicado no The New York Times, em janeiro de 2012, Cerf defende que existe um critério mais elevado para que alguma coisa seja considerada um direito humano. “Em sentido amplo, ela deve ser uma daquelas coisas das quais nós, seres humanos, precisamos a fim de poder levar uma vida saudável, dotada de sentido, como uma existência sem tortura ou liberdade de consciência. É um erro colocar determinada tecnologia nessa categoria”, escreveu. Segundo Cerf, a internet é apenas um meio transitório para que direitos básicos como o de expressão e acesso à informação sejam praticados. Por fim, é possível questionar a extensão do papel da iniciativa privada na promoção do acesso à web ao redor do mundo. Google, Facebook e outras empresas de tecnologia não estariam tomando a dianteira num processo que deveria ser de responsabilidade do Estado? A verdade é que, em muitas nações pobres, governantes corruptos não investem em internet com medo de fortalecer seus dissidentes. Sem a ajuda da iniciativa privada, dificilmente seriam criados instrumentos mínimos para garantir a liberdade de expressão. Por outro lado, a força de algumas corporações poderia criar uma dependência perigosa para a população, apontam analistas mais radicais. Para eles, um país desconectado e dominado por um tirano é tão ruim quanto uma nação conectada com a ajuda do Google. Apesar de todas essas dúvidas, é inegável que a internet trará benefícios para as comunidades afetadas por ações de empresas de tecnologia. Sim, existem interesses mercadológicos por trás das ações. Sim, existem medidas humanitárias mais urgentes do que o acesso à rede. Sim, existe o risco de a iniciativa privada tomar para si um papel que deveria ser do Estado. Mas não faltam motivos para acreditar que vale a pena correr esses riscos para garantir o direito de nos comunicarmos, lutarmos por uma causa e vivermos num mundo mais aberto. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 39
  • 40. Retrospectiva 2013 LinkedIn: recrutam-se adolescentes A rede profissional mais conhecida do planeta passou a aceitar o cadastro de adolescentes. Qual é o significado da novidade para o mercado? por Claudia Gasparini 23 DE AGOSTO DE 2013 O LinkedIn deixou de ser coisa de gente grande: a rede profissional mais conhecida do planeta passou a aceitar o cadastro de adolescentes. Nos EUA, 14 anos passou a ser a idade mínima para você se cadastrar no site. Até agora, apenas maiores de 18 eram admitidos. Além disso, haverá páginas e seções destinadas a ajudar estudantes a pesquisar e escolher carreiras e instituições de ensino. Com a novidade, faculdades e universidades poderão ter páginas no LinkedIn, alimentando uma espécie de “vitrine” da escola, com a possibilidade de publicar posts, responder dúvidas e destacar informações sobre ex-alunos que conduzem carreiras bem-sucedidas. Páginas de instituições de ensino e de empresas comuns serão muito parecidas – afinal, qual será a diferença entre um egresso de sucesso e um consumidor satisfeito, por exemplo? A notícia chama a atenção porque demonstra o interesse do LinkedIn em incluir em sua base de usuários os jovens, um público em expansão que anda muito disputado, como bem sabe o Facebook. A novidade provavelmente não trará retornos financeiros imediatos para o LinkedIn, mas é certo que o investimento compensará no longo prazo: espera-se ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 40
  • 41. Retrospectiva 2013 que os jovens se transformem com o tempo em clientes de serviços pagos, e que as instituições de ensino e recrutadores se interessem em comprar funcionalidades premium do site. Hoje, o LinkedIn tem cerca de 30 milhões de estudantes universitários e profissionais recém-graduados, o que representa 13% do total de pessoas que estão no site. A maioria dos usuários desse grupo são dos Estados Unidos, Índia, Brasil, Reino Unido e Canadá. A estratégia do LinkedIn tem sido recebida por alguns com desconfiança e pessimismo, sobretudo no que se refere à privacidade dos jovens usuários. A rede social também foi alvo de críticas por quem vê na proposta uma forma de pressão sobre adolescentes já estressados com o vestibular e outras dificuldades próprias da faixa etária. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 41
  • 42. Retrospectiva 2013 A nova indústria da TV Longe de ser vilã, a internet ajudará a manter a televisão mais viva do que nunca. O que isso significa para produtores de conteúdo, anunciantes e espectadores? por Claudia Gasparini e Eliseu Barreira Junior 16 DE AGOSTO DE 2013 Se você vê TV regularmente, já está acostumado. Não há meio de comunicação que mais goste de explorar finais inesperados, reviravoltas no enredo e outras inversões da expectativa do telespectador para provocar emoções. Pois finalmente chegou a vez de a própria indústria da televisão – bem como seus anunciantes – se depararem com um plot twist digno de último capítulo de novela das 8. Passemos logo à revelação: a internet, reconhecida por muitos como a grande vilã do meio audiovisual, na verdade é uma personagem “do bem” na história da televisão. Como um cordeiro na pele de lobo, a web está longe de aniquilar a TV. É ela que vai salvar a velha mídia do século XX da obsolência e do esquecimento. Não é o que previam (ou ainda preveem) alguns especialistas na história recente da mídia. O pesadelo descrito por eles quase sempre gira em torno das seguintes linhas: o público abandonaria a TV por preferir vídeos na internet, cada vez mais acessíveis de qualquer lugar por dispositivos móveis, computadores e laptops. Afinal, quem vai ficar esperando o dia e o horário do programa se existe uma abundância de downloads e streamings à disposição na web? Os anunciantes não ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 42
  • 43. Retrospectiva 2013 pensariam duas vezes, e o descaso do público com a televisão os afastaria terminantemente. Falências e a ruína geral da indústria se seguiriam. O drama não para por aí. Para aumentar ainda mais o desconforto das emissoras tradicionais, fala-se muito sobre o ingresso de novos tipos de players no mercado, que se especializaram em difundir séries, filmes e outros conteúdos audiovisuais pela internet. A Netflix, um dos exemplos mais lembrados da categoria, tem mais assinantes nos Estados Unidos do que qualquer outra empresa de TV a cabo, inclusive a poderosa HBO. No Brasil, a empresa vai pelo mesmo caminho. Em meio a tanto pânico, um alento: a desconfiança da televisão frente à web não tem fundamentos convincentes. A queda na audiência pode ser explicada por vários outros fatores, como o aumento do número de canais disponibilizados pela TV a cabo, responsável por um incremento na concorrência interna por espectadores. Porém, perceber isso não é o bastante. Mais que parar de ter medo da internet, a TV deveria enxergar na rede seu potencial como aliada estratégica. Comecemos pelo fator audiência. Uma pesquisa anual da Deloitte deste ano demonstrou que a oferta de mais plataformas para se ver conteúdo em vídeo – como tablets, laptops e outros aparelhos – na verdade pode estar intensificando o consumo de TV em geral. Assim, a Netflix e outras supostas “substitutas” da televisão apenas apresentam mais uma maneira para pessoas apaixonadas pela telinha assistirem aos seus programas favoritos. A lógica é fácil de entender: mais telas, mais espectadores. A TV, numa acepção ampla, ganha muito nesse contexto. Isso faz sentido se entendermos televisão não como o aparelho tradicional – aquela caixa luminosa que obedece a um controle remoto – , mas sim como um nome genérico para a oferta de conteúdos audiovisuais orientados para a informação e para o entretenimento. Outro elemento da internet que dá força à TV é o fenômeno da segunda tela. De acordo com uma pesquisa da comScore, 73% dos usuários de internet brasileiros navegam em sites e mídias sociais por meio de laptops, smartphones ou tablets enquanto acompanham seus programas prediletos. Esse cenário revela duas grandes oportunidades para publicitários e produtores de conteúdo. Primeira, é possível apostar no engajamento do telespectador, que não se ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 43
  • 44. Retrospectiva 2013 incomoda em dividir a atenção com outro aparelho. Segunda, graças ao hábito do público de comentar o que está vendo, as emissoras podem prever comportamentos e mudar o rumo de suas atrações mais facilmente. A importância do monitoramento das conversas ligadas à programação da TV já chama a atenção de gigantes como a Nielsen. A empresa desenvolveu uma métrica em parceria com o Twitter que mostra a influência das postagens na rede social sobre a audiência de uma atração. No Brasil, já existem startups, como Tuilux, Qual Canal e TV Square, que prometem oferecer o “ibope social” de um programa. A expectativa é que os índices de audiência das mídias sociais passem a influenciar a venda de espaços comerciais durante os programas. Além disso, o monitoramento deve permitir a criação de propagandas mais relevantes e certeiras. Os negócios promissores no mercado de TV estão na mira de titãs do mundo digital. O Google teria feito contato com emissoras de televisão paga para discutir a possibilidade de sua programação ser transmitida pela internet, segundo reportagem do The Wall Street Journal. A Apple tem seu próprio projeto nessa linha: criar uma oferta premium de TV sem anúncios. A Intel está desenvolvendo um serviço para o consumo de programas sob demanda. Já Netflix, Amazon e outros distribuidores on-line reservaram 750 milhões de dólares para produzir conteúdos exclusivos e se diferenciar da TV a cabo em 2013. As emissoras sabem dos riscos dessa movimentação. A Globo já oferece seu conteúdo no portal Globo.TV+ e monitora o que falam de seus programas nas mídias sociais. Disney, 21st Century Fox e NBCUniversal decidiram manter o comando do site Hulu, grande concorrente do Netflix, depois de colocá-lo à venda. A disputa pelo controle remoto está só começando. De um lado, observamos empresas de mídia tradicionais buscando se adaptar aos novos hábitos dos telespectadores. De outro, companhias de internet e tecnologia tentando conquistar seu espaço numa indústria em transição. Ainda é cedo para dizer quem será o vencedor. Até agora, temos apenas uma certeza: a televisão está mais viva do que nunca. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 44
  • 45. Retrospectiva 2013 Facebook: a caminho da transparência? Rede social de Mark Zuckerberg decide explicar alguns dos segredos do News Feed. Estamos diante de uma empresa mais transparente com seus usuários? por Claudia Gasparini 9 DE AGOSTO DE 2013 O Facebook anunciou mudanças que podem tirar a razão, pelo menos em parte, daqueles que o criticam por “esconder a sete chaves” as regras de funcionamento do seu algoritmo. Na última terça-feira, a maior rede social da atualidade explicou alguns dos segredos que determinam o ranking de posts no News Feed, isto é, os fatores determinantes da ordem dos updates que você recebe quando entra no site. As informações foram divulgadas num post do “Facebook for Business”, blog oficial do Facebook para comunicações com empresas e indivíduos que usam o site para fins profissionais. Segundo o site, a publicação desta semana foi apenas a primeira de uma série (chamada “News Feed FYI”) que se destinará a notificar, esclarecer e justificar as principais atualizações feitas no algoritmo do Facebook. Assinado por Lars Backstrom, responsável pela engenharia do News Feed, o texto justificou a “retomada” das atualizações no blog e as informações sobre o algoritmo ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 45
  • 46. Retrospectiva 2013 como uma resposta a demandas de clientes. Eis um trecho do que Backstrom escreveu: “Estamos continuamente trabalhando para melhorar o News Feed e, de tempos em tempos, atualizamos o algoritmo que determina quais histórias vão aparecer primeiro. Ouvimos de nossos usuários e proprietários de páginas que precisamos melhorar a comunicação desses updates. A partir de hoje, vamos tentar mudar isso.” De caráter introdutório, o post esclareceu apenas parcialmente algumas regras, não mudando o fato de que grande parte do funcionamento do sistema permanece obscura. Ainda assim, para alguns analistas, a novidade pode representar um passo em direção a uma relação mais transparente entre o Facebook e as empresas que o exploram como plataforma para fazer marketing. Além de prometer o aperfeiçoamento de sua comunicação com as empresas, a rede social também adiantou algumas das atualizações operadas em seu News Feed. As novidades foram apresentadas em um evento para a imprensa que ocorreu na Califórnia no início da semana. Vamos aos updates, reportados pelo TechCrunch: “Story Bumping”: já implementada, esta atualização “joga para cima” atualizações um pouco mais antigas que você não ainda viu. A ideia é dar uma nova chance a conteúdos relevantes que seriam perdidos se o critério de ordenação no News Feed fosse meramente cronológico. “Last Actor”: também já presente no sistema, o mecanismo prioriza as atualizações das pessoas com quem você mais interagiu recentemente ou cujos perfis você visualizou mais vezes. “Chronological By Actor”: ainda em fase de testes, a mudança determinaria quais posts de uma determinada pessoa são sobre um evento em tempo real (como comentários ao vivo sobre uma partida de futebol, por exemplo) e os colocaria na ordem cronológica, com o mais recente no topo. Não por acaso, o sistema lembra muito o Twitter. Já tendo incorporado as hashtags, típicas do microblog, o Facebook pretende desferir outro golpe no concorrente ao criar uma alternativa a uma de suas entregas mais valiosas: as atualizações em real time. Outra flecha lançada contra o Twitter são os experimentos que o site de Zuckerberg está fazendo com a possibilidade de ter seus próprios Trending Topics. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 46
  • 47. Retrospectiva 2013 As novidades vêm numa época de “vacas gordas” para o Facebook. Como já informamos na edição passada d’O Monitor, as ações da empresa alcançaram o recorde de 38 dólares na Nasdaq, graças aos bons resultados em suas vendas de anúncios para dispositivos móveis. Como se não bastasse, com esse novo marco na bolsa o Facebook se tornou a 10ª empresa de tecnologia mais valiosa do mundo. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 47
  • 48. Retrospectiva 2013 A invasão das respostas automáticas no Twitter Por que o uso de respostas automáticas está se tornando cada vez mais comum no SAC 2.0? por Claudia Gasparini 2 DE AGOSTO DE 2013 Uma nova e lamentável tendência está se instalando no uso profissional do Twitter: a invasão dos robôs. Em busca de escala e redução do tempo de atendimento, muitas empresas estão apostando em respostas e tweets programados. O resultado dessa automatização? Um consumidor indisposto com a marca – e mais insatisfeito do que nunca. Nos Estados Unidos, a onda de interações “robóticas” geradas por grandes marcas já vem chamando a atenção dos analistas há algum tempo. Recentemente, o Bank of America protagonizou uma cena nada lisonjeira diante de seus milhares de seguidores no Twitter. O @BofA_Help, perfil corporativo destinado a sanar dúvidas e ajudar clientes do banco, começou a responder automaticamente a uma série de críticas com a seguinte mensagem, repetida incessantemente: “Por favor nos avise se precisar de ajuda”. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 48
  • 49. Retrospectiva 2013 O episódio, comentado por uma reportagem recente da NBC News, expôs publicamente o banco a uma espiral de piadas e críticas. O perfil @OccupyLA escreveu: “Vocês podem ajudar parando de roubar as casas das pessoas!!”. A resposta do robô da empresa caiu como uma luva para o fracasso: “Será um prazer analisar sua conta”. Receber respostas automáticas de uma marca pode ser a última gota para quem está bravo com algum serviço ou produto – o que é normalmente o caso de quem procura SAC pelo Twitter. Por esse motivo, Frank Eliason, um dos profissionais de SAC mais conhecidos e respeitados do mundo (veja a entrevista exclusiva que fizemos com Frank), vê os recentes “shows de vergonha” no Twitter com grande preocupação. Frank foi a estrela da ação “ComcastCares”, um programa de atendimento ao cliente que virou case justamente ao humanizar o SAC feito no Twitter pela Comcast, empresa de TV a cabo, internet e telefone dos Estados Unidos. A Comcast tinha um histórico difícil de relacionamento com o consumidor, chegando a ser escolhida como “a pior empresa dos EUA” em 2010. Mas Frank virou o jogo, pilotando um perfil no Twitter que não apenas tirava as dúvidas dos clientes da Comcast, como também compartilhava fotos e mensagens pessoais como qualquer outro usuário. Nada pode ser mais contrário ao ideal de Frank, hoje diretor no CitiGroup, quanto as máquinas que têm sido programadas para “atender” consumidores na web. O que aconteceu nesse meio tempo para chegarmos a tal situação? O Twitter foi, até recentemente, o canal ideal para o desenvolvimento de uma relação pessoal, informal e “calorosa” entre marcas e consumidores. Ficaram famosos casos de empresas que fizeram surpresas ou agrados especiais a clientes que manifestaram sua insatisfação ou fizeram pedidos a marcas no microblog. A rede de restaurantes Morton’s, por exemplo, surpreendeu o executivo Peter Shankman no aeroporto com a entrega de um prato que ele mencionou no Twitter durante um voo. Hoje, o Twitter já não é uma grande novidade quando se fala em SAC. Se, antes, o microblog atendia bem a um grupo pequeno de usuários adeptos à tecnologia, atualmente ele está sendo usado por mais pessoas, muitas em busca de “atendimentos VIP”, como o recebido por Peter Shankman. Para atender mais gente gastando menos, a opção de muitas empresas foi criar mecanismos de automação. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 49
  • 50. Retrospectiva 2013 O velho trade-off entre escala e qualidade aparece, mais uma vez, no centro do problema. Se as empresas querem reduzir o custo e o tempo necessários para um bom atendimento nas mídias sociais, elas terão que encarar as consequências – nada encorajadoras. Mas, se a ideia é manter um relacionamento consistente com o cliente, precisarão assumir o investimento necessário para fazer isso acontecer. O que sai mais caro, afinal? ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 50
  • 51. Retrospectiva 2013 A nova chance dos blogs Ao contrário do que diziam as previsões, as empresas mais lucrativas do mundo estão blogando mais em 2013. O que isso significa? por Claudia Gasparini 26 DE JULHO DE 2013 Em 2008, a respeitadíssima revista de tecnologia Wired anunciou que os blogs estavam sendo varridos pela tempestade avassaladora trazida por sites como Twitter, Facebook e Flickr. “Está pensando em lançar o seu próprio blog? Aqui está um conselho de amigo: não faça isso”, recomendava o artigo. Na semana passada, um relatório divulgado pela University of Massachusetts Dartmouth revelou que nem todo mundo levou esse conselho tão a sério. Segundo o estudo, nos últimos cinco anos, houve um aumento de 100% em relação ao uso de blogs pelo grupo Fortune 500, formado pelas empresas mais rentáveis do planeta. Os comportamentos e escolhas dessas organizações refletem uma tendência que merece ser observada de perto: ao contrário do que diziam previsões, os blogs continuam vivos e importantes no ecossistema digital. Hoje, 34% das organizações que se classificam nesse seleto grupo estão ativas na blogosfera. O número em si não é tão grande, mas representa mais que o dobro da estatística de 2008, quando as empresas blogueiras eram apenas 16%. Além disso, consolida o aumento estável no emprego dessas plataformas no decorrer de meia década. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 51
  • 52. Retrospectiva 2013 Hoje, essas ferramentas são usadas por 171 empresas entre as Fortune 500 –entre elas, Walmart e Exxon, que ocupam respectivamente o 1º e o 2º lugar da lista. É importante frisar que não se trata de um uso meramente “burocrático” dessas ferramentas. A pesquisa apurou o nível de interatividade dos blogs: se aceitavam comentários, se disponibilizavam “assinaturas” por e-mail ou RSS e se mantinham as postagens atualizadas. Em 2013, 79% das empresas que blogam são impecáveis em todos esses quesitos. Quem decidiu blogar está blogando direito. Segundo os próprios pesquisadores que elaboraram o estudo, a adoção dessa ferramenta mais madura de publicação pode significar o retorno do on-line ao diálogo de profundidade, à liderança de ideias (thought leadership) e à produção de conteúdo original pelas marcas. Foram justamente esses os princípios que orientaram o trabalho das primeiras grandes empresas a adotarem o blog, como a IBM e a Ford. Não para nossa surpresa, as mídias sociais são mais populares do que os blogs entre as Fortune 500. Em 2013, 77% delas usam Twitter, 70% estão no Facebook e 69% podem ser encontradas no YouTube, por exemplo. Mas o que é notável no estudo deste ano, como frisa um artigo na Marketing Land, é que o sucesso das plataformas sociais não enterrou o blog como um todo, como insistiam muitas previsões na imprensa nacional e internacional. É verdade que cada vez menos gente bloga por hobby. A popularidade daqueles sites que atualizávamos à maneira de um diário no início dos anos 2000 sofreu um nocaute pelas plataformas que surgiram mais recentemente. Não é de causar espanto. Experimente escrever um post de blog sobre os assuntos de que você fala diariamente no Facebook ou no Twitter. Reclamações sobre filas no supermercado, comentários sobre o último capítulo da novela e fotos da última receita que você fez com Nutella, por exemplo, até podem provocar reações como likes e RTs. Mas nada disso seria suficiente para gerar audiência para um blog comum. Sem público para ouvir o que você tem a dizer, para que continuar ali? “Facebook, Twitter e Tumblr fazem blogs parecerem tão 2004”, dizia o artigo da Wired que citei no início deste texto. O declínio do blog pessoal, porém, não pode ser confundido com a derrocada desse tipo de formato de modo geral. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 52
  • 53. Retrospectiva 2013 O blog corporativo vai muito bem, obrigado. Longe da decadência, o que o tempo traça nos gráficos é uma linha moderada, porém constante de crescimento do uso dessa ferramenta pelas organizações mais influentes do mundo. Quando se fala em marketing de conteúdo, o reinado absoluto e exclusivo das mídias sociais mais “jovens” não passa de uma ilusão desgastada. Longa vida aos veteranos. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 53
  • 54. Retrospectiva 2013 A explosão dos vídeos curtos Aplicativos que permitem a gravação e o compartilhamento de pequenos filmes são a mais nova aposta do Facebook e outros gigantes da internet. por Claudia Gasparini 5 DE JULHO DE 2013 Vídeos de poucos segundos são o futuro da memória. Foi com essa afirmação pouco modesta que Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, e Kevin Systrom, executivo-chefe do Instagram, apresentaram, há algumas semanas, um novo recurso do popular aplicativo de fotos. Agora, o Instagram também permite o registro e o compartilhamento de pequenos filmes – quase “tweets audiovisuais”. A tendência em direção a esse tipo de conteúdo é mais que evidente. Comprado pelo Twitter, o aplicativo Vine foi um dos primeiros a oferecer ao usuário ferramentas simples para produzir e compartilhar vídeos nas mídias sociais, com duração de 6 segundos. Aos poucos, o aplicativo se tornou um dos mais baixados da iOS App Store e recentemente foi lançada sua versão para Android. Sem perder tempo, Zuckerberg e Systrom anunciaram que o Instagram passaria a incluir entre seus recursos a produção de filmes curtos (a diferença é que, em vez de 6, eles duram 15 segundos). O sucesso foi estrondoso. Menos de 24 horas depois do lançamento, o aplicativo já contava com 5 milhões de vídeos publicados. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 54
  • 55. Retrospectiva 2013 Demorou só um pouco mais do que 6 segundos para que o Vine sentisse o peso da chegada do concorrente: o número de links postados no microblog caiu em quase meio milhão no dia seguinte ao anúncio do Instagram. Até o Yahoo! entrou para a corrida. Há alguns dias a empresa anunciou a compra do Qwiki, aplicativo para iPhone que permite fazer e compartilhar vídeos de pequena duração. O tamanho da aposta? Entre 40 e 50 milhões de dólares. O sucesso é merecido. Microfilmes são um espaço extremamente maleável para se produzir conteúdo, principalmente se você deseja imprimir uma veia cômica ou excêntrica à sua narrativa, como tem sido feito por muitos usuários até agora. Herdeiro dos gifs, o microvídeo tem a seu favor três características muito importantes: É uma imagem. Todos nós estamos cansados de saber que conteúdos imagéticos são incrivelmente populares no meio digital. Assim, os filminhos feitos com smartphones, por mais simples e amadores que sejam, têm um grande apelo por serem visuais. Os filtros e efeitos, no caso do Instagram, permitem incrementar ainda mais a estética do conteúdo. Se mexe. Por mais que fotos, infográficos e outras imagens estáticas também sejam valorizados, é inegável o apelo exercido por conteúdos em movimento. Veja, por exemplo, o sucesso dos gifs animados ou a grande audiência de sites de compartilhamento de vídeos, como o YouTube. A proximidade com a “vida real” é um grande atrativo. É breve. Para muita gente, falta disposição, concentração ou mesmo paciência para se fixar em uma única peça de conteúdo por algum tempo. Vídeos de poucos segundos se concluem rapidamente e transmitem uma mensagem instantânea. É o sonho dos ansiosos: basta se deter um pouco na imagem e, pronto, já se entendeu a mensagem e – principalmente – já se pode rolar a tela para o conteúdo seguinte. É certo dizer que os filminhos que podemos fazer com esse tipo de aplicativo combinam muito bem com o comportamento típico ou talvez estereotipado de um usuário de internet. Mas é indispensável fazer duas considerações. A primeira é lembrar que esse formato não é unânime. Fotos fixas são e sempre serão populares nas mídias sociais (há gente que até se decepcionou com a novidade dos vídeos no ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 55
  • 56. Retrospectiva 2013 Instagram, como esta blogueira do The New York Times). Da mesma forma, vídeos mais longos também têm seu objetivo e seu público, e conteúdos escritos, como este que você está lendo, possuem espaço cativo nas telas de muita gente. A segunda observação é que esse conteúdo tão atraente e fácil de digerir não precisa ser necessariamente raso. Mesmo dentro do limite de poucos segundos, os pequenos filmes podem ser desenvolvidos de forma excepcionalmente criativa – por usuários comuns, figuras públicas, influenciadores e, claro, marcas. Não por acaso, são cada vez mais numerosas as empresas que estão estabelecendo perfis nesses aplicativos, tentando se adiantar à concorrência. Sendo early-adopters, as marcas que já estão no Vine, por exemplo, ganham experiência com o formato antes das outras, aperfeiçoando seu uso da tecnologia e aprendendo a criar narrativas cada vez mais inteligentes e originais. Explorar as funções de vídeo do Instagram, por exemplo, pode “mudar o jogo” para as empresas, segundo a Fast Company. A oportunidade está aí e implora para ser explorada. Não apenas anúncios, mas também vídeos institucionais, promoções, clipes, trailers e praticamente qualquer conteúdo pode estar contido nos segundos de um microfilme. Com pouco tempo, muito pode ser feito. E quem começar antes provavelmente fará mais. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 56
  • 57. Retrospectiva 2013 Já pensou se a moda pega? Autoridades dos EUA mandam prender jovem que brincou com a morte do presidente Barack Obama nas redes sociais. A decisão fere a liberdade de expressão? Ameaçar o presidente dos EUA, Barack Obama, pelo por Eliseu Barreira Junior Twitter pode dar cadeia. Segundo reportagem do The New 5 DE JULHO DE 2013 York Times, um morador do Alabama foi preso depois de postar no microblog, mais de uma vez, que mataria Obama. Agentes do Serviço Secreto americano repreenderam o jovem de 26 anos, mas ele prosseguiu com as postagens. Mês passado, foi condenado a um ano de prisão. Para alguns advogados, a decisão fere a liberdade de expressão nas redes sociais. Eles dizem que plataformas como o Twitter facilitam a publicação de coisas que não devem ser levadas a sério ou ao pé da letra. As autoridades dos EUA discordam. Além do rapaz do Alabama, pelo menos outras três pessoas se viram encrencadas com a Justiça do país por causa de “brincadeiras” do tipo. Aqui no Brasil, circularam notícias de que o governo monitora ameaças à presidente Dilma Rousseff nas redes sociais, mas não se sabe se alguém já foi punido por isso. O fato é que hoje absolutamente tudo que postamos no mundo digital pode ser usado contra nós. Até aquelas piadas de mau gosto que muita gente poderia guardar para si. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 57
  • 58. Retrospectiva 2013 Do Facebook para as ruas: por que as mídias sociais mobilizaram o Brasil O que seria dos protestos que sacudiram o país sem plataformas como o Twitter e o Facebook? por Claudia Gasparini e Eliseu Barreira Junior 21 DE JUNHO DE 2013 É curioso – e raro – ter a consciência de que os dias que estamos vivendo serão lembrados e descritos, em detalhes, pela História. Contrariando um dos lugarescomuns favoritos da nossa cultura, protestar mudou sim alguma coisa. E não falamos aqui somente da decisão oficial de ceder às exigências dos manifestantes e revogar o aumento na tarifa do transporte. Falamos de uma experiência nova na nossa relação com o poder público. Falamos da recuperação, ainda que imperfeita, do debate sobre causas coletivas. Que o brasileiro tem motivos múltiplos para estar insatisfeito, é difícil discordar. Uma jovem participante das manifestações do dia 13 de junho, em São Paulo, declarou emblematicamente à reportagem da TV Folha que não via razões para não estar lá. O folclórico brasileiro alegre e festeiro não viu muita graça na Copa das Confederações e discutiu política por dias a fio, do nascer ao pôr do sol. Mas, já que os nossos problemas são antigos e crônicos, por que saímos às ruas só agora? ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 58
  • 59. Retrospectiva 2013 Entre as respostas, é impossível não incluir as mídias sociais. O papel da internet como catalisadora de manifestações, que nos rendeu comparações com outros cenários como a Primavera Árabe e o movimento Occupy Wall Street, tem sido tão importante e evidente que poucos não o admitiram. Também, pudera: entre 13 e 21 de junho, os protestos foram o tema de cerca de 2.000.000 de menções em plataformas como Facebook, Twitter e YouTube, de acordo com o monitoramento das manifestações que fizemos com o Scup (aberto ao público de acordo com estas instruções). Por dia, no período considerado, 132.000.000 de pessoas foram potencialmente atingidas pelas mensagens, o equivalente a 70% da população brasileira. Toda essa multidão fiel a seus feeds e timelines fez com que os veículos de comunicação tradicionais assumissem um papel secundário para a difusão e interpretação dos acontecimentos. Mais que isso, relatos, vídeos e fotos sobre o protesto postados nas mídias sociais transformaram de tal forma a compreensão do que estava se passando que a própria imprensa teve eventualmente que adaptar seu discurso para acompanhar o movimento da opinião pública. Sem as mídias sociais, temos muitos motivos para acreditar que a manifestação teria sido menos conhecida e reconhecida. Suas lideranças provavelmente teriam permanecido únicas e bem delimitadas. O movimento teria pauta e foco muito claros. Muito provavelmente, a opinião predominante sobre o assunto seria alinhada à da imprensa. Talvez não tivéssemos visto milhares de pessoas tomarem as ruas nem suspendido nossas rotinas para refletir e rever (confirmando ou não) nossas posições políticas. Com as mídias sociais, o que testemunhamos foi a eclosão de um fenômeno mainstream, foco de atenção nacional e internacional, virando tema obrigatório de praticamente todas as conversas. Pessoas que nunca falam de política começaram a opinar apaixonadamente sobre o tema. Mesmo públicos a quem o assunto supostamente não interessaria foram envolvidos (veja como exemplo o teste “Quais causas te mobilizam?” no site da revista “Capricho”). Tomando cidades em quase todas as regiões do país, e não apenas capitais, uma grande onda “contra tudo” borrou os limites entre lideranças, opiniões e motivações para exigir mudanças. Como o impacto das mídias sociais pode ter sido tão decisivo? Um estudo da Universidade de Oxford sobre as manifestações massivas que tomaram a Espanha em maio de 2011 pode nos ajudar a entender a explosão dos protestos brasileiros. Os pesquisadores analisaram quase 582 mil mensagens postadas por 88 mil ativistas no Twitter ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 59
  • 60. Retrospectiva 2013 durante 30 dias e concluíram que o movimento ganhou força no país europeu por meio de dois processos paralelos: o recrutamento de usuários, iniciado aleatoriamente pelos primeiros participantes, e a difusão de informações. Como os espanhóis, a grande maioria dos manifestantes brasileiros foi exposta a inúmeras mensagens pedindo participação e engajamento num curtíssimo espaço de tempo. Para muitos, era impossível ficar alheio aos acontecimentos. O gigantesco volume de postagens acabou tornando urgente, aos olhos de muitos usuários das mídias sociais, a adesão às manifestações. Num contexto assim, o recrutamento aos protestos atinge um efeito cascata em resposta ao comportamento coletivo, dizem os pesquisadores de Oxford. Isso porque a tendência é sermos fortemente influenciados por quem nos rodeia. Uma análise publicada pela pesquisadora brasileira Raquel Recuero no começo da semana vai ao encontro dessa tese. “Os inúmeros relatos, vídeos, fotografias e mensagens acabaram sendo a faísca que faltava para criar uma mobilização de grandes proporções”, escreveu Raquel. “Quanto piores os relatos que chegam dos protestos, mais material sobre eles se encontra na rede”. Ela mostra que, num primeiro momento, as postagens em torno da hashtag #passelivre no Twitter formavam uma rede em que havia um único centro de indivíduos participantes. Quando o termo chegou aos Trending Topics não existia mais um único grupo, mas vários atores falando do assunto. Em outras palavras, o que se viu foi uma escalada na conversação entre comunidades diferentes daquela inicial. Os protestos não teriam chegado às ruas, porém, sem a disposição das pessoas em receber as mensagens compartilhadas. Conforme disse à Folha o sociólogo espanhol Manuel Castells, autor de “A galáxia da internet”, “não basta um manifesto no Facebook para mobilizar milhares de pessoas”. Para ele, isso depende do nível de descontentamento popular e da capacidade de mobilização de imagens e palavras. Um exemplo de causa que não “pegou” nas mídias digitais é a doação de dinheiro para a UNICEF, fundo da ONU para a infância. Os mais de 200 mil likes na página da instituição dificilmente se convertiam em colaborações financeiras. Em abril, a entidade decidiu lançar uma campanha no Facebook ironizando o engajamento estritamente virtual das pessoas com a causa. Dizia a mensagem: “Curtir não salva vidas”. Com tantas discussões ocorrendo simultaneamente, sobram dúvidas sobre o futuro do movimento brasileiro. A verdade é que o cenário atual mistura sentimentos controversos. Mas é ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 60
  • 61. Retrospectiva 2013 bom que as pessoas estejam podendo falar sobre o assunto – dentro e fora das mídias sociais. Afinal de contas, isso é um sinal de vitalidade democrática. De qualquer modo, ainda é cedo para avaliar as consequências dos protestos. Estamos testemunhando um momento em que o debate público emergente tem a oportunidade de reverberar numa escala sem precedentes e desafiar as relações de poder de um modo imprevisível. A conferir nos livros de História do futuro. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 61
  • 62. Retrospectiva 2013 O “fim” da Playboy e o futuro do jornalismo Demissões e extinção de revistas revelam que a crise chegou às redações do país. Por que a salvação dos jornalistas pode estar no marketing de conteúdo? Trabalhei quase dois anos como repórter na por Eliseu Barreira Junior redação da revista Época, da editora Globo. Lá, tive a 14 DE JUNHO DE 2013 oportunidade de aprender sobre o ofício com alguns dos principais jornalistas do país. Gente que me ensinou a fazer grandes matérias, entrevistas e infográficos dos quais me orgulho até hoje. Vivi a emoção do fechamento, participei da cobertura de acontecimentos históricos como a morte de Osama bin Laden e conheci pessoas extraordinárias. Durante essa experiência, percebi que nunca fui um jornalista romântico, tomado pela síndrome de Clark Kent. Jamais acreditei que mudaria o mundo ou seria um arauto da verdade. Sempre vi com desconfiança a ideia de que editores são juízes do que o público deve ler. Jornais e revistas têm o papel de consolidar fatos, informar e transmitir visões de mundo, mas não possuem o direito de controlar os desejos de suas audiências. Com o surgimento de novas tecnologias, os veículos de comunicação tiveram de encarar essa realidade. Os leitores ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 62
  • 63. Retrospectiva 2013 que até então consumiam passivamente a informação ganharam poder. Poder para atropelar os jornalistas, questionar, produzir e consumir seu próprio conteúdo. Um poder transformador fascinante que colocou em xeque não só o modelo de negócio das empresas de mídia, como também trouxe à tona a dificuldade de reação dessas organizações diante das mudanças – e de um público que perdeu o status de mero observador. Foi nesse contexto que decidi sair da revista Época em setembro de 2011. Sentia que o jornalismo tradicional não estava preparado para a necessidade de se reinventar, de reconhecer as diferenças entre o mundo off-line e o on-line, entre o mundo que um dia se preocupou com o que saía na capa da Time e o que passou a se informar pelos posts de 140 caracteres do Twitter. Eu queria viver essa mudança e ajudar a impulsioná-la. Nos últimos dois anos, acompanhei de longe as diferentes estratégias adotadas pelas empresas jornalísticas do Brasil e do exterior para se manterem vivas em sociedades cada vez mais conectadas. Infelizmente, nada de muito animador aconteceu. Na prática, vi a tentativa de ajustar modelos antigos às novas plataformas digitais, a extinção de vários jornais e revistas, a demissão de dezenas de colegas e o encolhimento de publicações. As notícias mais recentes são tristes. O Jornal da Tarde acabou em outubro passado. O Estadão extinguiu diversos cadernos. A Folha cortou postos e anunciou que seu produto impresso ficará mais enxuto. A editora Abril reduziu o número de suas unidades de negócios e pode fechar pelo menos 10 revistas. Caso se confirmem os boatos que circularam na semana que passou, títulos como Playboy, Contigo! e Capricho sairão das bancas em breve (depois do barulho em torno do assunto, a empresa desmentiu a história). Sem dúvida, a crise está batendo à porta das redações do país. Ao mesmo tempo em que representa o fim de uma era, ela pode marcar o início de um caminho promissor para jornalistas profissionais. Isso porque sabemos contar boas histórias, criar interesse em torno de temas à primeira vista desinteressantes, vender ideias e dar forma a diferentes tipos de conteúdo. No mundo das redes sociais, esse conhecimento é essencial para marcas e empresas que desejam construir comunidades, criar vínculos genuínos com diferentes públicos e ser reconhecidas não só pelo valor de seus produtos e serviços, mas também pelo conhecimento que compartilham. O chamado branded content, ou conteúdo de marca, tem ganhado força dentro de empresas não midiáticas e criado ambientes favoráveis ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 63
  • 64. Retrospectiva 2013 para a atuação de jornalistas. Os números não mentem. Em 2012, empresas norteamericanas gastaram 44 bilhões de dólares com produção e distribuição de conteúdo, um aumento de 9% em relação ao ano anterior, segundo o Custom Content Council. Se considerarmos o orçamento de marketing, publicidade e comunicação das organizações, veremos que 39% dos investimentos ocorreram em marketing de conteúdo. No mundo das empresas B2B (Business-to-Business), a importância do branded content é enorme: 91% usam ebooks, blogs, vídeos e webinários como parte de sua estratégia de comunicação, contra 86% das empresas B2C (Business-to-Consumer). Atraídos por esse cenário, diversos jornalistas já têm ajudado a construir a credibilidade de marcas e empresas como Intel, Oracle, American Express e Kraft Foods. Nas palavras de um ex-colunista de tecnologia do jornal USA Today, a mídia tradicional é cada vez mais um lugar ruim para um bom jornalista trabalhar. O fato é que em tempos de redes sociais o produtor de conteúdo tem a possibilidade de dividir conhecimento numa escala sem precedentes. Se antes só existiam alguns grupos dominando o compartilhamento da informação, agora mais pessoas e empresas podem se transformar em narradoras de histórias. Hoje, sou um jornalista desse novo mundo. Descobri que nele é possível ser um entusiasta da abertura, da liberdade e da divisão do conhecimento, três pilares que sempre estiveram por trás do que considero bom jornalismo. A crise nas empresas tradicionais de mídia não matará esse ideal. Como disse Dan Lyons, que passou por títulos como Forbes e Newsweek e atualmente trabalha com marketing de conteúdo no Hubspot, na era da internet, não importa onde você estará atuando, mas sobre o que você estará escrevendo. No fim das contas, o valor do trabalho de um jornalista residirá na missão que ele busca cumprir. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 64
  • 65. Retrospectiva 2013 Analista de redes sociais precisa ser bom em matemática? Ter habilidade com números não é tudo na vida de quem trabalha com dados. por Claudia Gasparini 7 DE JUNHO DE 2013 Ouvi de um amigo que a planilha é o símbolo máximo da modernidade. De fato, talvez existam poucas coisas tão representativas do nosso tempo quanto longas e intrincadas tabelas de dados sobre o mundo. Se você não usa diariamente o Excel no seu trabalho, pelo menos deve ser íntimo das famigeradas spreadsheets do Google Docs. Essa necessidade de organização e tabulação é mais do que justificada. Com a web e as redes sociais, nós criamos um mundo que gera um fluxo incessante de dados desestruturados sobre si mesmo o tempo todo. Não sem razão, portanto, é que a gestão do chamado big data é uma das principais tendências do mundo da tecnologia e dos negócios atualmente. Na semana que passou, um executivo da IBM afirmou que o analista de dados é o profissional do futuro. Mas qual é o perfil desse indivíduo? Que habilidades são importantes para realizar a entrega que se espera tão avidamente dele? ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 65
  • 66. Retrospectiva 2013 É comum que gestores acreditem que a facilidade para “mexer com números” seja preponderante na hora de arrumar uma grande bagunça de dados. Raciocínio lógico, capacidade de interpretar dados numéricos, domínio de métodos estatísticos e muitas outras competências ligadas ao universo da matemática são, efetivamente, muito importantes – e, em geral, muito mais lembradas do que quaisquer outras. Mas, com o perdão do trocadilho, nem tudo nessa conta são números. Quando se fala em redes sociais, também é imprescindível o olhar crítico da psicologia, da comunicação, da antropologia e da sociologia, que acrescentam à análise dos dados um ingrediente sine qua non para qualquer análise que se pretenda confiável: o contexto. Todo mundo sabe que, além de um ponto no gráfico e uma linha na tabela, o usuário do Facebook que escreveu um comentário no mural da sua marca também é um ser humano inserido num lugar, numa época e numa sociedade com certas características que influenciam sua atitude. Consequentemente, sem a interpretação das nuances da linguagem, sem a composição de cenários netnográficos, sem a inclusão da cultura e mesmo da política no processo de discussão dos dados trazidos pelas redes sociais, nada fará sentido de verdade. Além disso, saber interpretar não apenas números, mas também textos e imagens, é um componente essencial da capacidade de enxergar “o grande quadro”, como alerta este texto do blog da Harvard Business Review. Mas não se engane: ser íntimo dos números continua sendo (muito) importante. Ninguém irá a lugar algum na análise de dados sem a benção de Pitágoras. Só não podemos esquecer que há capacidades essenciais para uma compreensão embasada e acertada da realidade que não têm nada a ver com raciocínio matemático. Em um mundo realmente produtivo, tira-se proveito da colaboração equilibrada de todos os ângulos de visão do problema para resolvê-lo. É só esse tipo de olhar que vai ajudar o “profissional do futuro” a transformar dados em valor – e caos em descoberta. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 66
  • 67. Retrospectiva 2013 Futebol e redes sociais: um gol de placa? Craques como Neymar usam as redes sociais para estimular a indústria do esporte favorito dos brasileiros. Quando mais gente vai entrar em campo? por Claudia Gasparini 29 DE MAIO DE 2013 Brasileiro, diz o ditado, já nasce com uma bola no pé. Também é verdade que nós já nascemos com um dedo no botão “curtir”: já fomos chamados de “capital universal das redes sociais” pelo The Wall Street Journal e marcamos presença entre as nações que mais usam Facebook, Twitter, YouTube e muitas outras plataformas. Mas qual é a relação entre redes sociais e futebol, essas duas intensas paixões nacionais que se refletem e se completam? Para começar, um fato evidente: se amamos futebol e amamos redes sociais, é uma decorrência lógica que o esporte seja um dos assuntos que mais “bombam” nesses espaços. Para citar um exemplo recente, basta ver a larga repercussão no Twitter do anúncio da saída de Neymar do Santos no último fim de semana. Com o Scup, a A2 Comunicação já monitorou o impacto de assuntos relacionados ao esporte nas redes sociais e os resultados reforçam a popularidade do tema nesses espaços (veja os estudos a respeito da volta de ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 67
  • 68. Retrospectiva 2013 Felipão para a seleção brasileira e sobre a participação do Corinthians no Mundial de Clubes da Fifa em 2012 no Japão). Mas, com tanta gente ligada em futebol nas redes sociais, será que atletas e clubes estão sabendo usar esses espaços de forma inteligente para injetar mais combustível social em um esporte que já é, em sua essência, feito de encontros entre as pessoas? Afinal, o futebol é uma grande festa, um rito social, que passa pela ida ao estádio, a conversa no bar, o encontro com os amigos ao redor da televisão. Ver o jogo é apenas mais uma etapa de um processo que se completa com as interações sociais que ocorrem antes, durante e depois da partida. O que as mídias sociais fazem é permitir ao torcedor uma experiência ampliada de troca, participação e encontro em torno do futebol. Com quase 7 milhões de seguidores no Twitter, Neymar é um exemplo emblemático da atração exercida pelo esporte e seus ídolos nas redes sociais. Ele é também, sobretudo, alguém que faz um uso quase sempre produtivo desse poder. Apesar de alguns deslizes eventuais, o craque em geral consegue dominar o espaço com habilidade para se aproximar de seus fãs, dar notícias e fazer menções pagas a marcas e patrocinadores. Foi pelo Instagram que Neymar anunciou em primeira mão no sábado que ingressará no Barcelona após dar adeus ao Santos. A paixão pela bola e a afinidade com as redes sociais fazem do brasileiro um indivíduo altamente capaz de estimular em rede a indústria do futebol no país. Essa oportunidade é atrativa tanto para grandes clubes que desejam consolidar sua marca quanto para times menores e jogadores iniciantes que pretendem projetar sua presença e ganhar espaço nas discussões sobre o esporte. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 68
  • 69. Retrospectiva 2013 Candy Crush: A saga de uma obsessão Por que Candy Crush Saga é o jogo mais popular do Facebook – e por que você vai esquecê-lo em breve. Por Claudia Gasparini 17 DE MAIO DE 2013 Talvez você nunca tenha jogado Candy Crush Saga, mas com certeza não conseguiu passar totalmente imune a essa febre. Mesmo sem jamais ter arrastado o dedo por fileiras de docinhos, você é perseguido diariamente por eles nos celulares de outros passageiros do metrô, nas atualizações do seus amigos no Facebook ou nos iPads de pessoas em restaurantes, aeroportos e salas de espera. A sensação é a de que por toda parte há telas com balinhas multicoloridas explodindo freneticamente em cascata. Exagero? Alucinação? Infelizmente, nenhum dos dois. Lançado no Facebook no fim do ano passado, o Candy Crush Saga já é o jogo mais popular da rede social, com 45,6 milhões de usuários mensais. Mais um número da epidemia: se somarmos todo o tempo que já foi gasto no Candy Crush por jogadores ao redor do mundo, o resultado ultrapassa 100 mil anos, de acordo com a King, empresa britânica que produz o game. A receita gerada por tamanha coqueluche não é divulgada publicamente, mas com os dados anteriores não é difícil imaginar o seu volume. A popularidade assombrosa de Candy Crush é tributária de alguns fatores comuns à maioria dos jogos do tipo. ideas.scup.com @scup facebook.com/scupbrasil 69