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Valoração de Serviços
Ecossistêmicos
Ângela Terumi Fushita
Vitor Vieira Vasconcelos
Disciplina: Planejamento e Política Ambiental
Bacharelado em Planejamento Territorial
Universidade Federal do ABC
Setembro, 2020
São Bernardo do Campo - SP 1
Conteúdo
•Contextos de valoração de
serviços ecossistêmicos
•Valor de uso e de não-uso
•Métodos de valoração
2
a) Tomada de decisão para investimentos público ou
privados
• Incorporação de externalidades
b) A valoração das medidas mitigadoras ou
compensatórias no caso de impactos ambientais em
licenciamento ambiental
c) Multas e indenizações por crimes ambientais
d) Políticas de pagamento por serviços ecossistêmicos
Contextos de Valoração de Serviços
Ecossistêmicos
Por que sintetizar em valores monetários?
• Porque os tomadores de decisão precisam decidir entre
investir recursos escassos em conservação ou outros
programas
• Permite avaliar custo-benefício das medidas tomadas
• Permite contrabalançar as mudanças entre diferentes
serviços ecossistêmicos frente a distintos padrões de
intervenção (trade-off)
• Permite internalizar externalidades ambientais
(impactos que antes não eram considerados)
• Permite analisar equidade da distribuição dos benefícios
• Permite modelar ações de agentes de mercado
• Ética utilitarista: agentes tomam decisão que lhes traga
maior benefício
MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment (Island Press, 2003)
Porque não sintetizar a valores monetários?
• Ecocentrismo: os seres vivos têm valor por si mesmos
(valor intrínseco) que não pode ser expressado em valores
monetários
• Exemplo:
 Você não estimaria um valor para
sua mãe
 Comunidades indígenas
consideram a terra como
divindade mãe
 Carta do Cacique Seattle para o
Presidente Americano (1885)
recusando-se a vender as terras
indígenas
Índios Guarani-Kaowá
• “A terra é uma extensão do próprio corpo”
• Conflitos com os pecuaristas em
Mato Grosso do Sul
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https://racismoambiental.net.br/wp-content/uploads/2017/04/consea-guarani-kaiowa-1034x1024.jpg
http://www.pucsp.br/ecopolitica/galeria/galeria_ed4.htmlhttps://linhaslivres.wordpress.com/tag/guarani-kaiowa/
• Éticas não-utilitaristas: existem valores intrínsecos de
dignidade (éticos, culturais e religiosos) que não podem
ser valorados (Kant, 1788)
• O que pode ser valorado ou não varia em cada cultura
• Reduzir tudo ao valor monetário poderia levar a falhas
de mercado
• Necessidade de estabelecer padrões mínimos de
segurança (safe minimum standards) por lei ou nos
esquemas de decisão
• Exemplo: direitos humanos, limites de poluição
MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment (Island Press, 2003)
Porque não sintetizar a valores monetários?
Valor total dos Serviços
Ecossistêmicos
Valor Total
Valor de Uso Valor de Não-Uso
Uso Direto Uso Indireto Valor de Opção
Valor de Opção
(strictu sensu)
Valor de
Quase-Opção Valor de Legado
Valor de Existência
MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment ,
Island Press, 2003.
PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Gráfica Editora Midiograf, 2001
• Valor de Uso = preço do uso efetivo ou potencial que o
recurso pode prover
 Uso Direto: preço do recurso
 Uso Indireto: preço do serviço ecossistêmico derivado
• Valor de Opção = valor da disponibilidade do recurso ambiental
para uso futuro
• Valor de Quase-Opção = valor de reter as opções de uso futuro do
recurso, dado uma hipótese de crescente conhecimento científico,
técnico, econômico ou social sobre as possibilidades futuras do
recurso ambiental sob investigação
• Valo de Legado = valor de disponibilidade para as gerações futuras
Valor de Não-Uso ou Valor Intrínseco ou Valor de Existência
Reflete um valor que reside nos recursos ambientais (valor que o
meio ambiente tem por si mesmo), independentemente de uma
relação com os seres humanos, de uso efetivo no presente ou de
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• Altruísmo com outros seres vivos:
Quanto você pagaria para que a Ararinha-Azul não fosse extinta?
• Estratégias de Conservação de Espécies Bandeira
• Métodos:
 Bens com cotação de mercado
 Bens substitutos
 Preferência revelada
 Preferência declarada (relativa)
Valoração de Serviços Ecossistêmicos
Mercado Real
Mercado Substituto
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Valoração Contingente
Métodos de Bens Substitutos
• Método do Custo Evitado
 Exemplo: preço de implementar uma nova fonte de água para a
cidade
• Método da Produção Sacríficada
 Doença
o Despesas médicas
o Licenças de trabalho (custo da hora trabalhada)
 Morte
o Custo da hora de trabalho até o fim da vida produtiva
o Valor das indenizações nas empresas de seguro
Métodos de Bens Substitutos
• Custo de Recuperação / Reposição
 PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
• Custo de Controle
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Fava D’Anta
Espécies de Potencial Valor Econômico
Exemplo: Fava D’Anta -> Extração da Rutina
•Produtividade por Árvore: R$30,00/ano
 Carvoeijamento: R$0,50 a R$1,00 por árvore
 Mais lucrativo que silvicultura, em algumas regiões
•Eliminação dos atravessadores
•Extração da rutina -> Salto para R$200,00/quilo.
Evolução dos preços e da produção de Fava d’Anta em MG
2004 2005 2006 2008 Crescimento
Preço/Quilo R$0,05 R$0,50 R$0,80 a 1,00 R$1,29 2580%
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Vasconcelos, V.V. Impactos e Custos Ambientais da Agricultura Moderna. Universidade Federal de Lavras. 2008
Aumento imediato de 10 vezes no lucro
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NETO, L. G. - Produtividade e Competitividade Dependem do Aumento de Hectares Irrigados,
Revista dos Agrônomos - Março de 2000, Ano III, N.1, p.14-20
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 Referência da ABNT para valoração de bens:
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• Utilizado em:
 Unidades de Conservação
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• Contexto específico: difícil de ser generalizado para
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• Difícil avaliar o efeito de substituição, caso o lugar seja
degradado
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(Relativa - Valoração Contingente)
• Quanto você pagaria por…. ?
• Por quanto você venderia …. ?
• Por quanto você aceitaria trabalhar com esse risco ambiental?
• Valore de 1 a 10 o que é mais importante para você:
A – (…) Bem com preço de mercado
B – (…) Bem ambiental impactado
C – (…)
• Público:
 Local
 Especialistas
• Pesquisa:
 Individual
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Preços
Hedônicos
Custo de
Viagem
Mercado Real
MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human
Well-being: A Framework for Assessment , Island Press, 2003.
Questões Complexas
• Pressupostos imperfeitos de mercado
 Oferta X Demanda
 Emoção do consumidor
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o Está acostumado a usar o ambiente sem custos
 Adaptação econômica, tecnológica e social
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serviços ecossistêmicos?
• O futuro é incerto -> quanto mais à frente, maior o risco
• O agente prefere um lucro menor com baixo risco, em curto prazo
do que um lucro maior com alto risco a longo prazo
• Empreendimentos privados dificilmente planejam com horizontes
maiores que 30-50 anos
• Financiamentos bancários usualmente restringem-se a 20 anos
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relação ao tempo futuro
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MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for
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Obrigado!
Ângela Terumi Fushita
Vitor Vieira Vasconcelos
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  • 1. Valoração de Serviços Ecossistêmicos Ângela Terumi Fushita Vitor Vieira Vasconcelos Disciplina: Planejamento e Política Ambiental Bacharelado em Planejamento Territorial Universidade Federal do ABC Setembro, 2020 São Bernardo do Campo - SP 1
  • 2. Conteúdo •Contextos de valoração de serviços ecossistêmicos •Valor de uso e de não-uso •Métodos de valoração 2
  • 3. a) Tomada de decisão para investimentos público ou privados • Incorporação de externalidades b) A valoração das medidas mitigadoras ou compensatórias no caso de impactos ambientais em licenciamento ambiental c) Multas e indenizações por crimes ambientais d) Políticas de pagamento por serviços ecossistêmicos Contextos de Valoração de Serviços Ecossistêmicos
  • 4. Por que sintetizar em valores monetários? • Porque os tomadores de decisão precisam decidir entre investir recursos escassos em conservação ou outros programas • Permite avaliar custo-benefício das medidas tomadas • Permite contrabalançar as mudanças entre diferentes serviços ecossistêmicos frente a distintos padrões de intervenção (trade-off) • Permite internalizar externalidades ambientais (impactos que antes não eram considerados) • Permite analisar equidade da distribuição dos benefícios • Permite modelar ações de agentes de mercado • Ética utilitarista: agentes tomam decisão que lhes traga maior benefício MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment (Island Press, 2003)
  • 5. Porque não sintetizar a valores monetários? • Ecocentrismo: os seres vivos têm valor por si mesmos (valor intrínseco) que não pode ser expressado em valores monetários • Exemplo:  Você não estimaria um valor para sua mãe  Comunidades indígenas consideram a terra como divindade mãe  Carta do Cacique Seattle para o Presidente Americano (1885) recusando-se a vender as terras indígenas
  • 6. Índios Guarani-Kaowá • “A terra é uma extensão do próprio corpo” • Conflitos com os pecuaristas em Mato Grosso do Sul 6 https://racismoambiental.net.br/wp-content/uploads/2017/04/consea-guarani-kaiowa-1034x1024.jpg http://www.pucsp.br/ecopolitica/galeria/galeria_ed4.htmlhttps://linhaslivres.wordpress.com/tag/guarani-kaiowa/
  • 7. • Éticas não-utilitaristas: existem valores intrínsecos de dignidade (éticos, culturais e religiosos) que não podem ser valorados (Kant, 1788) • O que pode ser valorado ou não varia em cada cultura • Reduzir tudo ao valor monetário poderia levar a falhas de mercado • Necessidade de estabelecer padrões mínimos de segurança (safe minimum standards) por lei ou nos esquemas de decisão • Exemplo: direitos humanos, limites de poluição MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment (Island Press, 2003) Porque não sintetizar a valores monetários?
  • 8. Valor total dos Serviços Ecossistêmicos Valor Total Valor de Uso Valor de Não-Uso Uso Direto Uso Indireto Valor de Opção Valor de Opção (strictu sensu) Valor de Quase-Opção Valor de Legado Valor de Existência MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment , Island Press, 2003. PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Gráfica Editora Midiograf, 2001
  • 9. • Valor de Uso = preço do uso efetivo ou potencial que o recurso pode prover  Uso Direto: preço do recurso  Uso Indireto: preço do serviço ecossistêmico derivado
  • 10. • Valor de Opção = valor da disponibilidade do recurso ambiental para uso futuro • Valor de Quase-Opção = valor de reter as opções de uso futuro do recurso, dado uma hipótese de crescente conhecimento científico, técnico, econômico ou social sobre as possibilidades futuras do recurso ambiental sob investigação • Valo de Legado = valor de disponibilidade para as gerações futuras
  • 11. Valor de Não-Uso ou Valor Intrínseco ou Valor de Existência Reflete um valor que reside nos recursos ambientais (valor que o meio ambiente tem por si mesmo), independentemente de uma relação com os seres humanos, de uso efetivo no presente ou de possibilidades de uso futuro • Altruísmo com outros seres vivos: Quanto você pagaria para que a Ararinha-Azul não fosse extinta? • Estratégias de Conservação de Espécies Bandeira
  • 12. • Métodos:  Bens com cotação de mercado  Bens substitutos  Preferência revelada  Preferência declarada (relativa) Valoração de Serviços Ecossistêmicos Mercado Real Mercado Substituto Mercado Hipotético Valoração Contingente
  • 13. Métodos de Bens Substitutos • Método do Custo Evitado  Exemplo: preço de implementar uma nova fonte de água para a cidade • Método da Produção Sacríficada  Doença o Despesas médicas o Licenças de trabalho (custo da hora trabalhada)  Morte o Custo da hora de trabalho até o fim da vida produtiva o Valor das indenizações nas empresas de seguro
  • 14. Métodos de Bens Substitutos • Custo de Recuperação / Reposição  PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas • Custo de Controle  Medidas mitigadoras • Custo de oportunidade  Uso da área não-degradada para outro fim
  • 16. Espécies de Potencial Valor Econômico Exemplo: Fava D’Anta -> Extração da Rutina •Produtividade por Árvore: R$30,00/ano  Carvoeijamento: R$0,50 a R$1,00 por árvore  Mais lucrativo que silvicultura, em algumas regiões •Eliminação dos atravessadores •Extração da rutina -> Salto para R$200,00/quilo. Evolução dos preços e da produção de Fava d’Anta em MG 2004 2005 2006 2008 Crescimento Preço/Quilo R$0,05 R$0,50 R$0,80 a 1,00 R$1,29 2580% Produção (em quilos) 80.000 500.000 625% Valor Total R$4.000,00 R$250.000,00 R$500.000,00 12.400% Vasconcelos, V.V. Impactos e Custos Ambientais da Agricultura Moderna. Universidade Federal de Lavras. 2008 Aumento imediato de 10 vezes no lucro do produtor
  • 17. Custos por Escassez Hídrica NETO, L. G. - Produtividade e Competitividade Dependem do Aumento de Hectares Irrigados, Revista dos Agrônomos - Março de 2000, Ano III, N.1, p.14-20
  • 18. Preferência revelada Preços Hedônicos • Preço de propriedades  Atributos ambientais semelhantes  Proximidade  Referência da ABNT para valoração de bens: NBR 14.653 • Custo de viagem
  • 19. Custos de Viagem • Valor do gasto da população em viagens e serviços turísticos • Utilizado em:  Unidades de Conservação  Áreas de visitação turística. Ex: Praias • Contexto específico: difícil de ser generalizado para outras áreas • Difícil avaliar o efeito de substituição, caso o lugar seja degradado
  • 20. Métodos de Preferência Declarada (Relativa - Valoração Contingente) • Quanto você pagaria por…. ? • Por quanto você venderia …. ? • Por quanto você aceitaria trabalhar com esse risco ambiental? • Valore de 1 a 10 o que é mais importante para você: A – (…) Bem com preço de mercado B – (…) Bem ambiental impactado C – (…) • Público:  Local  Especialistas • Pesquisa:  Individual  Por consenso de grupos (abordagens participativas)
  • 21. Valoração contingente Mudança na produtividade Métodos baseados em custos Preços Hedônicos Custo de Viagem Mercado Real MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment , Island Press, 2003.
  • 22. Questões Complexas • Pressupostos imperfeitos de mercado  Oferta X Demanda  Emoção do consumidor o Gosta de receber mas não de pagar o Está acostumado a usar o ambiente sem custos  Adaptação econômica, tecnológica e social
  • 23. Como considerar os benefícios futuros dos serviços ecossistêmicos? • O futuro é incerto -> quanto mais à frente, maior o risco • O agente prefere um lucro menor com baixo risco, em curto prazo do que um lucro maior com alto risco a longo prazo • Empreendimentos privados dificilmente planejam com horizontes maiores que 30-50 anos • Financiamentos bancários usualmente restringem-se a 20 anos • Taxa de desconto como modelagem para a menor preferência em relação ao tempo futuro • Como incorporar a sustentabilidade para as gerações futuras? MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment , Island Press, 2003
  • 24. Obrigado! Ângela Terumi Fushita Vitor Vieira Vasconcelos 24